MARLI GONÇALVES Vamos tentar falar calma e mansamente. Mas se nos exaltarmos, pedimos desculpas de antemão. Vamos enumerar uns fatos dos últimos dias, em busca de algum ouvido que não seja mouco, e que entenda quão feia está a coisa, o quanto estamos chateados em sermos feitos de cordeiros calados, vistos como uma platéia cativa e silenciosa. Cadê o gerente da Taberna Brasil?
Vamos tomar satisfação, como se dizia antigamente, lembra? Pais sempre iam tomar satisfação quando seus filhos sofriam alguma coisa. Lembro de minha mãe subindo nas tamancas por mim, e de uma vez que ela enfrentou a mãe de uma amiga, que era uma bruxa da sociedade assim tipo Marta. A filha, coitadinha, penava, e a riqueza era o problema. Soube mais tarde que a herdeira destituiu a própria mãe quando alcançou 18 anos e como prometera que faria no tal dia da encrenca.
Estamos mais ou menos assim: enchendo o baldinho até o dia que ele vai transbordar. Um perigo. Quando isso acontecer vai sobrar para tudo quanto é lado, mas seria bom se conseguíssemos nos fazer ouvir antes disso. Seria bom para todo mundo. E não me venham falando em luta de classes, brigas partidárias, tucanos e estrelinhas, nem tentem desmerecer quem aponta. Não é porque é petista que tem de ser chucro; não é porque é tucano que tem que ficar em cima do muro. Não é porque é militar que pode tudo. É preciso apenas ser contemporâneo, suprapartidário, cidadão, ecumênico, patriota, ter amor à vida, querer um futuro mais desenvolvido e respeitável, um mundo melhor. Somos nós essa massa a clamar: CHEGA!
Sabe? Me diga se não estamos com muita vontade de pegar uns caras pelo colarinho e chacoalhar? Chacoalhar muito? Escuta aqui, está pensando que somos o quê? O tal Roberto Requião, por exemplo, que envergonha hoje a palavra senador tanto quanto envergonhou outras vezes a palavra governador, político, paranaense. Apodera-se do gravador de um repórter, ameaça bater nele, e ainda sai se vangloriando por isso. Apaga a fita e ainda canta de galo? Roubo e violação = crime. Censura=crime. Ameaça física=crime. E ele ainda ousou dizer na tribuna, que deveria ser sagrada, que “era provocação” (o garoto perguntava das aposentadorias que ele põe no bolso quando o monstro atacou), que está sendo vítima de bullyingpor parte da imprensa?
Deus que me perdoe – que há anos tive um confronto com ele e sei do que é capaz – mas fico pensando se um cara desses ousasse tocar em algo meu. Caneta, gravador, celular, fone de ouvido, fivela de cabelo ou um grampo enferrujado. As minhas unhas virariam garras de adamantium imediatamente. Ele ia ter que me sacudir do seu pescoço, como se eu fosse um colar de pérolas, tão grudada que eu ia estar nesses ossos. Isso na melhor das hipóteses, de eu me defender começando por cima.
Aí – veja bem que tudo isso nesses últimos dias – o outro, o de bigodes, com seus marimbondos de fogo encarapitados em todos os escalões, vem e diz que não deve ter sido nada, que esse sujeito truculento é um “cavalheiro”. Para acabar de cuspir em nossa cara indica um amigo cheio de defeitos para presidir a tal Comissão de Ética. E essa ainda terá entre um de seus membros aquele cavalheiro tão inocente, aquele anjo de candura, tão puro, de ações tão delicadas quando elefantes pisando na relva, Renan Calheiros.
Essas marcas marrons estão no tapete azul do Senado; não dá para passar e não pisar. Do outro lado, onde os tapetes são verdes, entre outros exemplos, há também marcas de sangue, do ódio e do preconceito que tem levado a vida de tantos de nós. Uma “bancada da bala” orgulhosa das relações com os fabricantes de armas. E ali vive também uma antiga erva daninha, o troglodita Jair Bolsonaro. Pensam que ele parou? Andou falando agora que sofre de preconceito heterossexual. Pode? Depois o chamam de enrustido e ele baba. Racismo=crime. Homofobia=crime. Não sei como ele não fez como o outro que mandou a gente se lixar!
E são eleitos e reeleitos, e não há informações e uma investigação clara de exatamente por que o conseguem, como, que métodos, que persuasão, que grupo representam, quem os financia e a quem interessam suas existências vis em locais-chave. Vem ano, sai ano e todos continuam lá. Fichas (es) corridas. E vamos levando até que aconteça algo mais grave, e aí a gente ficará se lamentando, escrevendo históricos, análises, críticas e manchetes.
Tudo tem limite. Fossem só estes os nossos problemas, acho até que poderia ficar chato. Mas, não. As companhias telefônicas, de energia, planos de saúde, seguros e outras nos tratam como escravos, de forma degradante, mantendo-nos amarrados aos pés das suas ricas mesas. Se ficar o bicho come; se correr, o bicho pega. Mas não há nem para onde. O tilintar das moedas só toca com as nossas sendo despendidas, na gasolina que não ia aumentar, nos preços que espicham sem controle, nas promessas que não vão ser cumpridas é nunca.
É a Taberna Brasil na melhor forma. O esculacho total. A ponto de lembrar um filme de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino às vezes, mas sem os gerentes que jogam porta afora pelos fundilhos os que exageram. Na verdade, recordei de uma cena antológica de Um drink no Inferno, onde o porteiro anuncia que ali havia mulheres de todo o tipo, enumerando-as durante minutos pela vagina, suas cores, formas, nomes.
Na Taberna Brasil, sem direção alguma, o porteiro gritaria um sem-número de verdades para nos definir, dizer como estamos nos comportando dentro desse boteco, assistindo paralisados aos shows no palquinho.
E garanto, nenhum desses nomes seria bom ou divertido como os do filme.
São Paulo, 2011, vivendo um campo de bate-bocas políticos inúteis, com tanta coisa para se fazer(*) Marli Gonçalves é jornalista. Lembro que essa história de Copas, Olimpíadas e aeroportos, trem-bala ainda vai dar pano para muita gente costurar smokings. Que temos um brasileiro preso em condições muito estranhas nos EUA. Que há muito pouco reconstruído das nossas tragédias. Que Delúbio voltar ao PT não fará a menor diferença para nós. E que o casamento já acabou. Inclusive o de certos partidos.
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um drink no inferno – um pouco para vocês
Esse filme se parece bastante com o que assistimos no Congresso, abusos de toda a ordem. Recebo mensagens do PSDB e demonstro de forma claríssima os abusos cometidos pelo governo contra o que poderia ser o melhor sistema de previdência (administrado pelo INSS), mas o governo como bom trapaceiro, tem sistematicamente transferido respensoabilidades para os contribuibuintes aposentados e pensionistas. O PSDB dá respostas de bêbado, não tem nada a haver com nada. E a festa continua. O governo não devolve nem assume publicamente a dívida de R$ 400 bi(atualizada até 1999-FHC – aqui não se incluem os desvios ocorridos desde 1923), a DRU-Desvinculação da Receitas da União que teve início com outro nome(a criança é a mesma), em 1993, Renúncias Previdenciárias que só aparecem na LDO em forma de estimativa, pois o governo como péssimo administrador nem faz ideia na realidade de tudo que é concedido. Resumo da misssa: o INSS arca com as renúncias que pertencem ao orçamento fiscal e ainda com o desvio de recursos da Seguridade (saúde+assistência social+previdência). Agora vem o Ministro Garibaldi, fazendo papel de retardado e total submissão vergonhosa ao governo dizendo haver déficit e sugerindo uma vergonhasa=ridícula reforma. QUANDO? QUANDO Cristo? essa porcaria será resolvida e a incompetência de políticos convenientes, Ministros com um mínimo de vergonha na cara irão contar a verdade para os brasileiros trabalhadores, isso esses trabalhadores que Dilma quer sacrificar (reduçãoi de carga horária com redução salarial) em benefício do setor público. Será que a palavra ‘resolta e vergonha de um país’ consegue mensurar o que se sente?
Explicações para quem não entende nada do assunto previdência:
Regime Geral de Previdência Social é administrado pela INSS e na cCF/88 TEMOS normatizado como Seguridade (saúde+assistência social+previdência). Preciso explicar que RGPS=Regime Geral de Previdência Social é dividido em Urbano = é aquela que todo o cidadão é compulsoriamente e antecipadamente PAGA para o INSS
REGPS Rural = não há contribuinção por essa razão o governo criou contribuinão (CSLL, COFINS…) como forma de arredação.
Regime Próprio de Previdência Social = esse é o sistema de previdência exclusivo do setor público e que garante, mesmo com um rombo de R$ 50 bi, aposentadorias integrais. O governo nem fala em reformar, por quê? Não tem peito para peitear os ocupantes do setor público e é muito mais fácil prejudicar o INSS.
Alguém já reparou que o governo NUNCA comenta sobre:
Rombo da Previdência do Regime Próprio?
sobre os desvios de recursos da Previdência Geral (INSS)?
sobre as renúncias previdenciárias que estão fragilizando o sistema/INSS para o futuro?
RTDU ISSO PORQUE O BRASILEIRO É IGNORANTE E ACOMODADO, SEMPRE ESPERANDO QUE ALGUMA BOA ALMA FAÇA O PAPEL DE TIRADENTES DO SÉCULO XXI.
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Lena, sempre com comentários e informações ! obrigada!
Beijocas
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Marli, o panorama caótico que voce descreveu, é o que me consome e revolta, simplesmente, porque eu não votei nesta tralha.De jeito nenhum.Mas, o resto, que são milhões, votaram.Como explicar esta excrescência? O que se passa na cabeça destas multidões sem rumo, sem noção e sem mãe?Voce grita, explana os absurdos,e os seus gritos nos alcançam.Quando alcançaremos este BASTA, QUE VOCE CLAMOU? Quando expurgaremos este lixo todo para o inferno, porque não são recicláveis? Eles nem recicláveis são. Este seu espaço, minha amiga, é o que todos nós temos, para não morrermos de indignação, gritando nosso apoio a voce.
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