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Murdoch pede desculpas por erros e lamenta não ter agido antes
DE SÃO PAULO
O magnata da mídia Rupert Murdoch encerrou nesta terça-feira seu depoimento ao Parlamento britânico pedindo reiteradas desculpas pelos erros de seu tabloide, o “News of the World”, nas escutas ilegais de milhares de telefones e lamentou não ter agido antes para evitar a proporção da crise.
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Murdoch compareceu ao lado do filho e presidente do braço europeu da News Corporation, James, no Comitê de Cultura, Mídia e Esportes da Câmara dos Comuns. Eles foram questionados sobre as escutas ilegais e o pagamento de propina a policiais, uma prática aparentemente comum entre os jornalistas do tabloide para obter informações exclusivas.
Os Murdochs passaram a maior parte das cerca de três horas de depoimento garantindo que não sabiam da extensão da prática em seus veículos e prometendo total cooperação com a investigação policial.
“Eu tenho 52 mil empregados, eu liderei por 57 anos e cometi meus erros. Eu liderei 200 jornais, de diferentes tamanhos, e segui diversas histórias de práticas errôneas”, disse Murdoch.
“Em nenhum momento eu fiquei tão enojado como quando ouvi o que aconteceu com a família Dowley e nunca fiquei tão irritado quando soube que o “News of the World” teria causado isso”, completou Murdoch, que chegou a pedir desculpas pessoalmente à família da menina Milly Dowley, sequestrada e assassinada.
Seu celular foi acessado por um detetive contratado pelo tabloide e algumas das mensagens foram apagadas, o que serviu de indicação para a família de que ela ainda estaria viva.
“Eu gostaria que eles soubessem o quando eu estou arrependido”, disse Murdoch.
“Ouvir as mensagens de seus celulares é errado, pagar policias é errado. São inconsistentes com a política da empresa e não há lugar para isso na minha empresa”, disse Murdoch.
“Dizer desculpa não é suficiente, por isso estamos cooperando para que a justiça seja feita. Tenho certeza que o comitê vai entender isso”, completou.
Murdoch disse ainda que gostaria de ter resolvido o problema dos grampos ilegais muito antes, mas que não sabia que o problema continuava depois da condenação, em 2007, de um jornalista e um detetive particular.
Na época, o editor de assuntos reais do tabloide Clive Goodman e o detetive particular Glenn Mulcaire foram condenados a quatro e seis meses de prisão, respectivamente, por interceptar ilegalmente mensagens de telefones de funcionários da família real.
Murdoch alega que, na época, a polícia determinou que era um caso isolado e a própria publicação fez um inquérito interno sobre o tema que mostrou não haver outros casos.
“Este país deu a mim, minhas companhias e meus empregos muitas oportunidades e estou grato a eles”, continuou Murdoch, que, em sua primeira declaração perante ao comitê, disse viver o dia “mais humilde” de sua vida.
“Acima de tudo, espero que entendamos os erros do passado e evitemos cometê-los de novo. Estou comprometido a fazer isso com toda minha força”, encerrou.
Creio que existe um erro de tradução da frase “This is the most humble day of my career” proferida por Murdoch. É verdade que “humble” quer dizer “humilde”, mas também quer dizer “humilhante”. Considerando que de humildade o Sr. Murdoch parece estar isento, suponho que ele quereria dizer “humilhante”, atendendo ao seu grande poder nos media e à arrogância que tem demonstrado ao longo da sua carreira, a ponto de se permitir autorizar escutas ilegais aos familiares de uma criança desaparecida.
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