Vange era muito maior que isso tudo. Minha sincera e singela homenagem

olhos06bi2Escrevo sob forte emoção, fortes lembranças e muita tristeza. Muita.

Vange para mim é Vange e Cilmara, minha querida amiga do banco da faculdade. Agora precisamos apoiar Cilmara.

Vange era coragem, humor, força, criação. Uma das primeiras libertárias dessa hipocrisia sexual que impera. Quando assumiu sua sexualidade, foi posta de lado como cantora. É.

Mas aí ela saiu por aí, liderando, escrevendo, teatrando. Ultimamente não estávamos na mesma vibe política, mas sempre nos respeitamos, com muito amor que ela me mandava cada vez que nos comunicávamos, mais pelo Twitter, onde ela se destacou.

Fui feliz em indicá-la , lá em 1994, para que escrevesse uma coluna sobre o movimento gay, para a então recém-lançada Revista Sui Generis. Dali , ela foi pra o mundo, para a Folha de S. Paulo, para o ativismo.

Vou ter saudades das festas, do sorriso, da musicalidade, dos  cabelinhos enroladinhos, das reuniões de bruxinhas, alguns bruxinhos.

Escrevo agora. Não quero perder tempo em homenageá-la, tem de ser agora.

Vou atrás da Cilmara para abraçá-la, confortá-la, ela – essa grande companheira que tenho certeza Vange teve todos esses dias, anos, e como sei o quanto uma cuidava da outra.

Vá em paz, amiga. Vá em paz!Você não era gente para sofrer. Não era.

Meu beijo tardio. Beijo tardio, sereia. Beijo das grandes mulheres que você representou.

——–foto VejaA cantora Vange Leonel em 2005

Morre a cantora, escritora e ativista LGBT Vange Leonel
Causa da morte foi a metástase de um câncer no ovário

FONTE: ROLLING STONES

A cantora, escritora e ativista LGBT Vange Leonel morreu aos 51 anos na tarde desta segunda-feira, 14, em São Paulo. Há 20 dias ela descobriu um câncer no ovário, com metástase na membrana que envolve os órgãos da região abdominal. Vange estava internada no hospital Santa Isabel, setor particular da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A informação foi confirmada no Twitter da jornalista Cynara Menezes e pelo site da Veja SP.

Vange era casada há 28 anos com a jornalista Cilmara Bedaque. Juntas, elas mantinham um blog sobre cerveja no site da revista Carta Capital. “Um sentimento que deixa partir / Tendo a certeza da liberdade do amor. Ela então sonhou que era livre / Do cateter, das agulhas em suas veias, do buraco em seu peito. Eu só pude dizer: você é livre”, escreveu ela no Twitter.

A artista começou a carreira na música como vocalista da banda de rock pesado Nau, que em 1987 lançou o primeiro disco (homônimo). Como integrante do grupo, ela participou também da coletânea independente Não São Paulo II, que saiu pelo selo Baratos Afins.

Em 1991 chegava às lojas o primeiro disco solo dela, Vange, que teve grande sucesso comercial. O single “Noite Preta” foi tema de abertura da novela Vamp, exibida pela Rede Globo. Do álbum também faziam parte faixas como “Mulher Lobo” e “Esse Mundo”, além de uma versão para “Divino Maravilhoso”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Vermelho, segundo trabalho solo da cantora, chegou às lojas em 1995, mas não teve o mesmo êxito.

 

Como escritora, Vange lançou os livros Lésbicas (1999), Grrrls: Garotas Iradas (2001), As Sereias da Rive Gauche (2002) e Balada para as Meninas Perdidas (2003).

Um comentário sobre “Vange era muito maior que isso tudo. Minha sincera e singela homenagem

  1. Ronald Assumpção 14 de julho de 2014 / 20:13

    Lindo Marli querida… que ela descanse em paz. Sinto muito e de todo o coração. Um beijo

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