ARTIGO – A espera é difícil. Por Marli Gonçalves

esperaJá percebeu? Passamos a vida a esperar. No final de ano, nessa época, fica ainda mais patente porque mostra que todo o tempo esperamos. Ainda mais e demais de tudo e de todos, de todas as coisas, dos dias que virão, e até de nós mesmos. E depositamos esperança, que nada mais é do que esperar o algo que mais desejamos. Contagens regressivas diárias que fazemos às vezes até meio distraídos; algumas esperas até impulsionam quando possível, aceleramos para tentar chegar ao seu fim o mais rápido possível, quando então se transformarão em realidade – e isso é sempre muito concretoespera-1

O compasso da espera – essa pausa que, em uma orquestra, se aguarda a vez de o instrumento entrar e participar da música entoada. O difícil é preencher esse vazio, atento, para não desafinar, entrar na hora errada, estragar tudo. A espera é prima-irmã da angústia. Mãe da ansiedade. A espera não contém certezas.

Continuo escrevendo para você sentada em uma cadeira azul, ao lado de uma cama de hospital de onde ainda não consegui arrancar meu pai. A cadeira é só um pouco mais confortável do que a anterior, já que agora ele foi transferido para outra enfermaria.

Em hospitais, por exemplo, a espera tem uma dimensão fantástica. Esperamos melhoras, a eficácia dos medicamentos, diagnósticos mais precisos, a passagem das longas horas dos compridos dias e noites, que as nossas orações alcancem os céus, a cura, que vençamos os embates e os jogos mortais. Todos aqui especialmente esperam. Talvez daí, pelo menos neste onde me encontro, tantas filas, uma das maiores e mais comuns expressões e formas de espera.

10, 9, 8,7,6,5,4,3,2,1…a contagem regressiva para o Natal. De novo, 10, 9, 8,7,6,5,4,3,2,1…e lá vai o ano acabar e chegar outro; dele se esperam soluções para nossos desencantos e a realização de nossos planos. Meia noite. Poucos lembram que, se essa mágica fosse mesmo eficaz, a passagem de um minuto a outro em alguns estados onde vigora o horário de verão a faríamos uma hora depois.

Pouco adianta dizer que na sequência continuaremos esperando tudo da vida. Esperaremos sentados ou em pé. O Sol e a chuva, o calor e o frio. As estações e as grandes datas; os feriados.

Esperaremos muito das pessoas; ou menos. Esperaremos as pessoas certas, e as ocasiões para cada uma delas. Os dois lados da moeda. Seu amor vir te ver.

Esperando uns governos melhores e um país, enfim, minimamente decente, terra da qual possamos nos orgulhar.

Continuaremos contando com a boa vontade, a solidariedade, a proteção divina, algo que teremos como certo ou provável, uma chegada ou partida. Esperando uma brecha, uma oportunidade, reconhecimento de algo que talvez seja como sempre esperamos.

Esperar é esperança. Essa virtude que almeja a vida eterna e o reino dos céus.

Os nossos atos que depositamos na mão de Deus, esperando que ele os julgue e decida o quanto precisaremos esperar para sentir Sua glória.

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20160813_143252Marli Gonçalves, jornalista As mãos em oração, como a pequena esperança verde quase transparente que se esconde nas plantas, mexe suas antenas e parece sempre implorar misericórdia.

São Paulo, Feliz Natal a todos, e que 2017 seja ao menos um pouco do que esperamos

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E-MAILS:

MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR

4 comentários sobre “ARTIGO – A espera é difícil. Por Marli Gonçalves

  1. aguipar 18 de dezembro de 2016 / 21:34

    As espera são mesmo angustiantes, e às vezes, decepcionantes. Estava pensando em votar em 2018, e senti que não há ninguém confiável. Mesmo que seja, infelizmente é um governo de coalizão, e assim franciscano: é dando que se recebe. Quanto a seu pai, estamos torcendo por ele também e é um caso de se entregar nas mãos de Deus. Não há outra coisa a fazer. Imagino como você está. Que Deus lhe dê forças para fazer o melhor. São situações angustiantes mesmo!!! Eu espero o melhor para seu pai, que é estar em sua casa junto com você. Abração e fique com Deus!!!

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  2. José Silvério Vasconcelos Miranda 18 de dezembro de 2016 / 22:15

    Marli,
    sou ansioso e não gosto de esperar. Esperava que seu pai já tivesse deixado o hospital. Espero que deixe ainda antes do Natal e
    você saia dessacadeira azul. Dela não tenho muita experiência, mas do leito sou quase recordista. Tenha força ele vai sair dessa.

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  3. Maria de sa 18 de dezembro de 2016 / 23:20

    Os nossos atos que depositamos na mão de Deus, esperando que ele os julgue e decida o quanto precisaremos esperar para sentir Sua glória.Amen -Maria

    Curtido por 1 pessoa

  4. otvgomesblog 21 de dezembro de 2016 / 5:34

    Minha amiga!
    Assim é nossa vida…passamos por essa experiência neste ano.
    Que o Senhor Deus conceda a você é familiares a serenidade e a força necessária nessa espera.
    Ora e confia!

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