ARTIGO – Mulheres, avante! Que a Força esteja com vocês, com todas nós. Por Marli Gonçalves

É visível, está diferente, mais forte, libertário, perceptível e especialmente até a quem ainda ousa tentar negar a força represada das mulheres e que tem vindo à tona em todos os setores da sociedade. Os ataques, entretanto, também estão mais violentos e precisam ser denunciados dia e noite. Nesse momento complicado, mundial e nacional, serão as mulheres que farão a diferença. Pode acreditar.

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Nós, mulheres, com o tempo – histórico, mas lento, muito lento – aprendemos a ser mais corajosas diante de tantas coisas que cotidianamente temos de enfrentar. Logo se tornará atávico, transmitido para as novas gerações – homens e mulheres – que já demonstram a compreensão de seu papel, da importância desse tema. Onde quer que estejamos ainda temos que nos impor mais, observar mais, buscarmos ser respeitadas, demonstrar coragem para reagirmos ou, ainda, até para sairmos incólumes (e até vivas) de algumas lutas desleais. Todo dia. Toda hora. Em qualquer lugar. Dentro e fora de casa.

Liberdade para os mamilos censurados até em fotos quando deles brota o leite que amamenta bebês. Vidas recuperadas de histórias pouco conhecidas que marcaram esse avanço premiadas em escolas de samba e blocos que esse ano trouxeram às avenidas e ruas carnavalescas muitos retratos desse avanço, contra o assédio e os abusos. Há uma geração chegando pronta que precisa ser respeitada, e ela vem poderosa, orgulhosa, cheia de si, destemida, em campo aberto.

Essa é a realidade que molda esse novo tempo. E esse avanço não vai parar. Mas a cada vez que essa força se torna mais clara, resoluta, visível, e isso ocorre de tempos em tempos, também cresce a adversidade, e é incrível e incompreensível que entre esses adversários ainda encontramos algumas … mulheres.

Exemplos diários, demonstrados com força nesses últimos dias com os ataques que mulheres jornalistas têm sofrido por terem feito revelações fundamentais para o cenário político nacional. Suas vidas pessoais devassadas, seus filhos ameaçados, referências estéticas e sexuais torpes, ao invés de argumentos – até porque eles não os tem, sempre obrigados a contrapor com mentiras e mais mentiras, e essas são desmascaradas muito rapidamente. Estamos sendo governados por um presidente que desrespeita as mulheres diariamente e a inteligência de todos, com termos chulos, descontrolados, que espalha entre seus correligionários teleguiados por robôs e por seus filhos moleques e malcriados, descontrolados. Esse comportamento não pode, não deve, não vai prosperar.

Não é uma guerra de sexos o tema de que tratamos. O quanto antes precisamos recolocar as coisas em seus lugares, discutir a humanidade, o comportamento de toda a sociedade com liberdade e ênfase, combater essa loucura que se espalha e coloca o país no topo dos países onde mais se matam mulheres apenas por serem mulheres. O feminicídio alcança níveis brutais, e os índices demonstram crescimento alarmante e com reações ainda fracas, como se não fosse assunto para todos. 1310 mulheres foram vítimas de violência doméstica ou por sua condição de gênero, em 2019. Em 2018, foram 1222, assassinadas. Em média, e apenas contando dados oficiais certamente incompletos e defasados, três a quatro mulheres são mortas a cada dia no Brasil, na maioria dos casos por companheiros e ex-companheiros, pessoas de seu convívio.

Se faz necessária a cada dia uma reflexão mais profunda sobre o tema, que se expande agora dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, instituído pela ONU em 1975. Mas falar sério, não só entre convertidos, o que ainda parece ser hábito.

Não apenas lamentando ocorridos, mas buscando se antecipar a eles, criando redes de proteção, sanções mais vigorosas, e especialmente apoio entre todos. Rechaçando dia e noite ataques vindos de quem for, nas ruas junto à sociedade civil, buscando espaços para alardear fatos e feitos femininos, consolidando as vitórias e a coragem necessária para buscar e consolidar os direitos pelos quais tantas mulheres se sacrificam diariamente.

Como costumo dizer, isso é feminismo. Simples de ser compreendido e respeitado. É pedir muito?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Quer saber o que queremos? Por Marli Gonçalves

Respeito. Em primeiro lugar, respeito. Antes de tudo o mais que se possa estar pensando para comemorar o Dia da Mulher, nos presenteiem com respeito, que é isso que mais está faltando para entender a dimensão e a realidade da condição feminina. A lista do que queremos e precisamos é longa, não está em nenhuma loja, e começa por entender que não estamos brincando quando falamos em busca de, no mínimo, igualdade, que já não é sem tempo.

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Desarme-se. Pronto? Posso falar? Me deem um pouco de sua atenção, todos aí do outro lado desse texto? Senhores e senhoras, meninos e meninas.

As mulheres já fizeram grandes avanços, e a luta por igualdade e conquistas hoje alcança outro patamar, mais complexo, muito mais ligado ao comportamento e cultura. Os espaços cada vez mais ocupados. Isso, sem dúvida, certamente acarretou e traz confusão entre valores, envolvendo sexo e a questão de gênero. Mas é hora de seguir adiante, por todos nós.

Têm acompanhado o noticiário que todo dia fala sobre a morte violenta de uma ou mais mulheres por seus companheiros ou ex-companheiros? Pois esse número é muito maior do que as que viram “notícia”. Têm sabido das que ficarão aleijadas para sempre por conta de ataques? Aleijadas, inclusive moralmente, porque a violência deixa sequelas e não só na pessoa atingida, mas em todos à sua volta. Em todos nós, envergonhados.

Ah! Não gosta da palavra feminicídio? Acha que é invenção da imprensa? Não é: trata exclusivamente da violência, o ódio, que atinge mortalmente a mulher, e apenas pela sua condição de ser uma mulher. Definição importante, porque foi só a partir de muita luta que se conseguiu chamar a atenção para esse problema tão grave. Pelo menos agora estão medindo, pesquisando, dando atenção, inclusive, ano após ano, revelando que os índices estão, na verdade, piorando. É preciso fazer alguma coisa para mudar. Já somos o quinto país do mundo mais violento contra a mulher, e isso não é para se orgulhar, mas para corar. Não gosta da palavra feminicídio? Tá bom, use outra: assassinato de mulheres.

Outra: mulheres agredidas e que não prestaram queixa não é porque gostam de apanhar. Mas porque têm medo, muito medo. Por não confiar – e com certa razão – nas autoridades que deveriam protegê-las. Várias, desse rio de sangue e horror, estavam sob medidas protetivas, mas quem as cumpre? Essa polícia que muitas vezes não aceita nem que se registre um boletim de ocorrência, esses juízes que liberam os agressores em poucas horas, porque eles vão lá e se dizem arrependidos?

A realidade é que ainda se teima em não admitir que a mulher ainda é tratada de forma diferente, como se menor fosse, e não só dentro de sua própria casa, mas na rua, no trabalho, na política, na lei, na sociedade.

Chega a ser vergonhosa a mínima participação na política nacional, só com algumas eleitas, muitas delas apenas desajustadas, justamente por negarem sua condição para chegar até ali. Vemos ainda a criminosa utilização das cotas partidárias em candidaturas fantasmas de mulheres apenas para a obtenção de recursos, apenas mais um dos assuntos atuais e cavernosos do país que trata tão mal a parcela que é mais da metade de sua população.

Por que ainda tantos e tantas de vocês não admitem, parecem não ter noção do desgaste que é todo dia ter de se reafirmar, século após século, ano após ano, dia após dia, suportando retrocessos ideológicos, a ignorância e as pedras no caminho?

É preciso garantir a liberdade de denunciar, de exigir respeito e chamar a atenção para o que é tão urgente.

Respeito. Respeite. É essa a noção básica do feminismo. Precisamos todos também falar sobre isso: o feminismo é sério, amplo; não é coisa só de mulher. É movimento de toda a sociedade que não se desenvolverá sem que se tenha noção da importância da igualdade de condições, e que se manifeste e esteja presente em todos os grandes temas.

Percebo, sim, aqui do meu posto de observação, que a coisa está tão confusa que até uma luta política tão importante como essa esteja infelizmente virando clichê. Virando qualquer coisa, sendo ridicularizada. Tudo baseado apenas em palavras vazias, grosseiras e mentirosas que só parecem pretender manter as mulheres acuadas e caladas. Repito, desistam. Não adianta. Precisamos todos nos acertar.

Respeito. Nos dê – a todos – esse presente, bem simples, aproveitando o Dia da Mulher, que foi para isso que foi criado, para que se pense mais seriamente. É só o que queremos: respeito. A partir daí virá a consideração.

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Marli Gonçalves, jornalista – Obrigada desde já pela atenção.

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Brasil, Dia da Mulher, 2019

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#ADEHOJE – EXPO #HEBE ETERNA. E, CONTRA A CORRUPA, PF ABRE AS PORTAS

#ADEHOJE – EXPO #HEBE ETERNA. E, CONTRA A CORRUPA, PF ABRE AS PORTAS

 

SÓ UM MINUTO – Hoje a PF passou recolhendo – em duas operações especiais – um monte de gente, e um monte de coisas. Paulo Preto, o Paulo Vieira de Souza, símbolo da corrupa que grassou também no PSDB foi preso de novo, na Lava Jato. Sobrou pro Aloysio Nunes, que teve suas coisas garimpadas também. Em outro front, até o presidente da Confederação Nacional da Indústria, CNI, Robson Andrade, foi preso. Aí as investigações são sobre corrupa no Sistema S.

A novela Bebianno teve fim, mas talvez ainda assistamos alguns capítulos especiais mais à frente.

Ontem fui à abertura da Exposição Hebe Eterna , no Farol Santander, em São Paulo. Vale a pena. Justa homenagem à apresentadora Hebe Camargo, que faria 90 anos no próximo dia 8 de março , a exposição com curadoria de Marcello Dantas é cheia de objetos e formas de interação. Bem legal. Não perca.

 

 

ARTIGO – Mulher é tudo de bom. Por Marli Gonçalves

circulo mulherEu sei que você já sabia disso. Todo mundo sabe ou deveria saber porque sempre tem uma por perto. Mas de vez em quando – ou melhor, sempre – é bem bom relembrar o fato pisando com o saltinho agulha, sambando com toda a ginga nas cabeças e corações dos que ainda não se deram conta da plenitude desse significado: mulher é tudo de bom. Não adianta bater, sufocar, espezinhar, humilhar, discriminar, matar: isso cada vez nos fará mais fortes. Vingamos umas às outras, tanto aqui na Terra quanto no Céu.mulher!

Falo com conhecimento de causa, sim, senhores. Não faz muito tempo que conseguimos sair por aí para dizer tudo isso bem na lata de quem teima em não reconhecer a extrema e diferenciada força das mulheres. Inclusive outras mulheres – ainda há muitas apegadas na barra de alguma perna de calça como se dizia antigamente. Ou ainda adormecidas aguardando o beijo redentor. A novidade é que esse beijo agora pode vir tanto de um príncipe quanto de uma princesa. Mulheres que amam mulheres hoje são visíveis. Brotam.

(Aliás, os movimentos LGBTS e outras letrinhas – com elas formando a palavra chave diversidade – estão dando de dez nos feministas. Vitórias reais como o uso do nome social, casamento civil, rede de proteção).

Nada disso era assim, gente, até há muito pouco tempo atrás, três, quatro décadas, no máximo. Vivi para ver e acompanhar uma parte dessas passadas largas, que vieram para acelerar o andar das primeiras heroínas que carregavam essa luta com seus sapatos apertados. Foram pulos, saltos – os bons e os errantes; vivi para ver o mundo se transformando de uma maneira magnífica. Minha geração foi especialmente privilegiada nisso, e como fui atrás desses caminhos desde bem cedo, logo pós-adolescência, posso dizer que ainda deu para aproveitar um pouco, embora ainda falte, e muito, para conquistar. Mas ainda tenho tempo e é muito legal ser precursora. Dá orgulho. Devo até ter sido importante para muitas mulheres. Continuarei.

Pois bem, as coisas estavam indo muito bem assim até que aqui no Brasil, que pelo menos é de onde acompanho, surgem alguns grupos específicos jogando brasa perigosa na questão feminina. Perigosa, porque os identifico como grupos essencialmente moralistas, maternais e assistencialistas; infelizmente só virtualmente em redes sociais: se tem uma coisa de que toda mulher precisa é de real assistência, seja social, moral, profissional ou de saúde.

Mulher, defenda-se. Como puder.Essas novas tipas creem firmemente que sem elas, nós, as coitadas das outras mulheres, não veremos a luz, não conseguiremos a libertação. A lanterna delas tem uma direção só. A tal luz já chega cheia de ranços políticos, posições intelectuais arcaicas, preconceitos ao contrário, com regras além das menstruais, e palavras de ordem difusas, muito difusas. Chegam a ser infantis. Gostam de causar, esse é o foco 1, provocação.

Nessa toada tem até marchinhas que não se poderia cantar. Outro dia uminha fez um tratado sobre turbantes-emponderamento-pertencimento-e-apropriação digno, este sim, do samba da crioula doida que teve seu antepassado histórico aviltado pelas patricinhas ambulantes brancas e alienadas. E aí aquilo vira uma massa que a galera passa para lá, passa para cá, inunda nosso caminho com essas bobagens, faz com que percamos tempo. Falam em diversidade, mas são rainhas do homogêneo. A esquerda estranhamente gosta muito de exércitos, tropas. Não entendo.Pela sobrevivência da mulher

As mulheres vão bem, sim, muito obrigada. De todas as cores, formatos, idades estão aí com sua linguagem especial, força, beleza, elegância, e cada uma com sua personalidade, propósito, tamanho de unha, cabelo, depilação e forma de encarar o mundo, muito além da decantada e santificada maternidade. Não precisam nem dependem mais de que ninguém fique soprando em suas orelhas o caminho do vento. Ela o sopra.

mulheresAlém de ter de aturar o lançamento da tal cerveja Rosa Vermelha Mulherarghhh! – começou há dias a apelação do Dia da Mulher. Principalmente gente querendo vender de um tudo para a beleza eterna. Pouco se fala dos índices alarmantes de mulheres assassinadas ou de que, durante o Carnaval do Rio de Janeiro, uma mulher foi agredida a cada 4 minutos, 2154 denúncias à PM. Pouco se fala até de um movimento que está rolando na rede e que convoca e programa uma greve internacional feminina para o próximo dia 8. Você sabia?

Pois é. Até me animei e fui espiar. Mas sabe como vai chamar o ato aqui de São Paulo, às 15 horas, na Praça da Sé? “Aposentadoria fica, Temer sai”.

Quem saiu fora fui eu.

Entendeu? Aqui não é feito para unir. É para dividir. No resto do mundo pelo menos é greve de mulheres para mulheres, pelas mulheres.

turma de mulheres

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20170227_154333Marli Gonçalves, jornalista – O movimento 8M internacional propõe que as mulheres parem. Tudo que fazem – as chatices de casa – o dia inteiro. O trabalho externo, por duas horas. Que não comprem nada. Que apitem ao meio dia e meia, mesma hora que tuitem algumas hashtags. Ah! Que usem roxo. Em casa e na roupa.

2017, que traga mais para as mulheres em todos os dias

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Agenda para quem pode. Amanhã, 8 de março, tem Marcha das Vadias 2014 em SP. Acabo de pegar esse post!

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Atenção, atenção mulherada! Amanhã, 8 de março, a Marcha das Vadias de SP estará nas ruas para marcar mais um ano de luta. O ato deste 8 de março de 2014 é uma realização conjunta de vários coletivos feministas e outros movimentos sociais, além de partido políticos. A concentração será no vão do MASP a partir das 9h. Se você ainda não tem uma turma definida, vem marchar com a gente!!!!! Procure pela faixa Marcha das Vadias que estará estendida ao lado do pilar esquerdo, no fundo do MASP (olhando de frente pro vão) a partir das 8h. A partir das 10h, sairemos todxs em marcha! A rua é nossa!!!!!

Mais informações:

https://www.facebook.com/MarchaDasVadiasSP

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JÁ LEU MEU ARTIGO DESTE ANOS SOBRE A DATA? AQUI

 

ARTIGO – COISAS QUE SÓ UMA MULHER, por Marli Gonçalves

jessica pequenaNão me admira que tantos que não nasceram assim queiram pegar todos os nossos trejeitos, realmente mesmo muito especiais. Tem coisas que só uma mulher pode; inclusive fazer, e fazemos. Não subestimem nunca, nem aquelas entre nós que se subjugam. Mulher é bicho forte, esperto, está sempre procurando a porta de saída. Vou contar mais segredos. rbolado 3

Precisamos sobreviver e é mais difícil – Ainda! Acredite! – para nós. Carregamos um pouco do mundo nas costas e talvez até seja isso que nos dá aquele volume e o molejo que enlouquece os pescoços masculinos que já agem independentes e se viram para nos ver passar. Temos também, no íntimo, sempre culpa por alguma coisa, e se nos livramos de uma, logo arranjamos outra. Assim vamos levando.

Sussurramos se queremos algo mais. Gritamos quando nos irritamos. Podemos sofrer caladas, silenciosas. Berramos quando fecha o tempo. Falamos pelos cotovelos. Suspiramos quando amamos. Fazemos que não vemos. Vemos muito mais do que devíamos, inclusive onde nem havíamos sido chamadas. Olhamos tudo, às vezes até procurando defeitos, principalmente se for para outra mulher. Nem que seja de soslaio, miramos os espelhos, os vidros, tudo o que reflete, e nunca estamos exatamente satisfeitas com o que vemos, culpando sempre a maldita superfície onde fomos nos buscar.

Mas voltemos ao andar. Ou aos sinais que emitimos quando nos interessamos. Serão feromônios? Quem faz tantas coisas diferentes ao mesmo tempo agora? Quem pisca, molha os lábios, mexe os cabelos, sejam lisos, ondulados, escovados, como as mulheres? Quem, através deles, os cabelos, muda tanto? Por cores, por tamanhos, por cortes, tamanhos e cores – em qualquer ordem que é mesmo para alterar sempre o produto final.

A graça no molejo pode vir de um salto alto, que faz toda mulher ser mais mulher. Mas vem também do pé descalço na areia ou da chinelinha rasteira estalando nas pedras da calçada, na subida do morro, do chocalho na canela. De botas, temos sempre muitas léguas a percorrer, poderosas. Ultimamente até um passo mais duro está vindo também dos tênis que temos usado cada vez mais em exercícios para manter o máximo possível esticado o fio da tal gravidade que teima em jogar tudo para baixo.

E lá vai ela, sempre carregando algo, ou uma bolsa companheira. Mulheres e seu especial apreço por sapatos e bolsas que carregam pedaços de suas vidas. Em alguns casos até a sobrevivência, sempre previdentes e surpreendentes que somos. Aguentamos roupas justas e sapatos apertados. Mas se aguentamos até a tortura! Se aguentamos até sacrificar desejos, pelos filhos, pela família! O que é um sapato apertado perto de um parto, de nove meses de angústia até ver aquela carinha? A mesma carinha que tantos sustos vai dar a partir do momento que deixar o seu corpo? Da decisão de ir ou vir? Ficar ou tirar?

sample_onthephoneAguentar ou separar? Estourar ou relevar? (Mulheres sempre se impõem dois ou mais caminhos, menos rígidas e mais intuitivas, mais arrojadas e maleáveis).

Queremos atenção, mas até que aguentamos bem quando não a conseguimos. Certo: às vezes fraquejamos, mas sempre o tempo só de uma respirada. Fingimos bem, muito bem, inclusive orgasmos e felicidades. Temos muita sorte e podemos nos autocontentar e contemplar magnificamente sozinhas, apenas com os nossos cérebros férteis fábricas de fantasias. Debaixo de nossos uniformes, enfermeira, empregada, aeromoça, debaixo de nossas roupas, cada uma é uma. Não sei não, mas creio até que vaginas possam ser impressões únicas, como as digitais. Pena que nem todas se toquem e olhem no espelho com prazer para ver isso, reprimidas em suas naturalidades e sentimentalidades, como tão bem escreveu Arnaldo Antunes, sempre muito concreto.

bikini na praiaEstica aqui, puxa de lá, põe peito, suga gordura, aperta aqui e ali, tira peito, troca silicone. Se pinta. E borda. Sobe a barra da saia. Desce, quando quer só recato. Fechando o botão da blusa ou abrindo o zíper, a mulher se auto-regula, junto com o mês, tepeemes, cólicas e depressões. Com a Lua se renova ou míngua. Com a cheia se alvoroça. Troca a cor da calcinha. Muda o bojo do sutiã. Tira e põe a meia. As luvas, no cinema, são puxadas com os dentes suavemente pelas pontas dos dedos. Faz strip tease ou se retira em enxaquecas.

Mulher se enfeita até com cacos, qualquer laço, qualquer fita. Brincos, anéis, colares, nem sempre iguais. Mulher ama flores e chocolates e é capaz de acreditar e perdoar por eles, mas saiba: sempre preferiremos jóias, não morrem e nem nos engordam. Gostamos de um brilhinho, uma pedrinha faiscante, um fio bordado. Um tesouro. E porque não? Gostamos do tilintar de moedas. Você, não?

sample_cathugbalançaAfiamos as unhas que pintamos, como gatos afiam suas garras. Seguramos as direções de nossas vidas como se estivéssemos dirigindo caminhões, vagões ou pilotando aviões. Ou desviando de algum safado que venha querer ficar se esfregando dentro do ônibus. Usamos almofadas e ficamos na pontinha dos pés para alcançar os pedais. Há entre nós algumas que não sabem nem dar marcha-a-ré quando guiam, admitimos, que eu sei. Mas todas nós quando encontramos portas a serem fechadas, em geral até por estarmos quase sempre com as mãos ocupadas, damos aquele charmoso toquinho de bunda, com o quadril, que só nós sabemos dar.

rebolado 2E quando fechamos uma porta – dependendo da porta e o que estiver sendo trancado nela – é para sempre.

São Paulo, dias que todos descobrem e falam muito bem de mulheres, 2013freiraMarli Gonçalves é jornalista– É assim tudo isso.

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Olha só:
Toda semana escrevo artigos, que também são crônicas, que também são nossos desabafos, e que vêm sendo publicados em todo o país, de Norte a Sul. Isso muito me envaidece, porque é uma atividade voluntária que exerço pelo prazer de escrever e, quem sabe, um dia, possa interessar alguém que a financie. No momento, não é o caso – não consigo viver disso sem vocês, leitores. Se você recebe por e-mail é porque está inscrito em nosso mailing, ou porque é jornalista e a gente já teve algum contato. Ou, ainda, está recebendo de outra pessoa – são milhares de repasses, que agradeço muito – que gostou e achou que você deveria ler também.
Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

ATENÇÃO: Por favor, ao reproduzir esse texto, não deixe de citar os e-mails de contato, e os sites onde são publicados originalmente http://www.brickmann.com.br e no https://marligo.wordpress.com

Dia da Mulher, 8 de Março: que tal começar por um bom livro? Esse aqui foi escrito por um procurador federal, depois de anos de pesquisa

Como vocês já estão cansados de saber, esse blog é feminista desde criancinha.
 O que faz com a que defesa da mulher e tudo o que diz respeito a liberdade, história, defesa, etc. e tal, tenha destaque aqui.
 
Veja que legal esse lançamento:
 
O procurador federal da Advogacia Geral da União (AGU), Dr. Judivan J. Vieira, pesquisou, pesquisou e concluiu o trabalho do livro A mulher e sua luta épica contra o Machismo (Editora Thesaurus, 196 páginas, R$ 30,00).
 
Iniciando as comemorações do Dia da Mulher, 8 de março, nada melhor do que um livro que será lançado justamente no dia designado para que a gente pense tudo que diz respeito às mulheres e sua luta, sua história.
 
E o Dr. Judivan é bastante animado – tem até banda de rock. Saiba tudo no press-release que recebi de um grande jornalista de Brasília, o Marcos Linhares.
 

A mulher e sua luta épica contra o machismo
 
Escrito por Judivan J. Vieira, o livro é fruto de 5 anos de pesquisa e da constatação de que o machismo não tem fronteiras: desde o império egípcio até o ainda vigente império norte americano, sem desprezar a visão do “Dragão“ que se avizinha.

mulherA editora Thesaurus lançará no dia internacional da mulher (8 de março), em Brasília (Carpe Diem restaurante Brasília Shopping), a partir das 19h, um livro que também investiga a visão espanhola, portuguesa e africana como introito da formação da mulher brasileira e latino americana, demonstrando a nociva influência do machismo na música e literatura brasileira, para culminar com as perspectivas futuras de uma relação simétrica entre homens e mulheres. Impossível não perceber que o autor é feminista, amante da liberdade da mulher e crente que o mundo será melhor na medida exata em que ela alcança proeminência social. 

Segundo o autor, “a ideia surgiu da leitura do livro ‘Matrimônio Incaico’, de Ricardo D. Rabinovich-Berkman, no primeiro semestre do doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais em 2007. Pensei: Por que não investigar o papel da mulher nos impérios mundiais, de modo que o leitor possa acompanhar de forma linear sua luta épica contra o machismo? Mas, pensando bem, além disso, a primeira motivação que tive para escrever este livro foi minha mãe. Cresci me perguntando como uma mulher pobre, nascida no Nordeste brasileiro onde o machismo era tão evidente, tinha forças para lutar e vencer tanto preconceito. Essa observação prática, auxiliada pelo gosto pelo estudo da História, Filosofia e Direito, me trouxeram até aquí, certo de há muito, muito chão para percorrer. Eu só não queria esperar mais porque como diz David Schwartz, em seu livro A mágica de pensar grande, ‘esperar que as coisas sejam perfeitas é esperar para sempre’. Espero que este livro seja um despertamento para outros autores que façam o tema luzir ainda mais…”

A linha do livro é histórico-jurídica e a obra está dividida em capítulos que representam indagações, relatos e constatações históricas. Ao final, o autor traça uma perspectiva confiante para o futuro porque crê “que esse caminho de luta épica da mulher não é mais uma semente lançada na terra. Já estamos na fase da colheita”. 

Surpresas

O autor surpreendeu-se ao constatar que a teoria criacionista tenha dado tanto valor à mulher no Jardim do Éden e depois os homens religiosos a tenham diminuído tanto. “Surpreendi-me que na teoria evolucionista, lá pelos idos do século 18 a.C., Hamurábi tenha se compadecido das viúvas, mas em 68 das 282 leis de seu Código tenha feito referências preconceituosas condenando a mulher à morte por um estúpido adultério, determinando que, mesmo inocente, a mulher deveria saltar no rio, pela honra de seu marido. Mas, também surpreende ver como Cristo honrou as mulheres, como tratou bem as putas e desprezou alguns sacerdotes que entendiam a letra fría da lei, sem entender que o amor é a maior de todas as políticas de inclusão. Eu não tenho medo de dizer que Cristo foi um amante das mulheres”, assinala Vieira. 

O autor

O procurador federal, professor e escritor, Judivan J. Vieira, é paraibano, nascido em um Sítio chamado Dois Riachos e criado em Brasília desde os 5 anos de idade.  Esse é  quarto livro dele pela editora Thesaurus. Ele já lançou livros jurídicos, auto-ajuda, Contos e um romance. É, também, professor de cursos preparatórios para concursos(www.projud.com.br). Inquieto e com diversas facetas, é articulista da revista Informação Trabalhista, além de compositor e vocalista da banda de Rock Pop, Doctor Judi (www.doctorjudi.com.br)

Serviço: 

Lançamento: Quinta-feira, dia 8 de março de 2012, a partir das 19h, no Carpe Diem restaurante, no Brasília Shopping.

Livro: A mulher e sua luta épica contra o machismo

Autor: Judivan J. Vieira
Editora: Thesaurus

Páginas: 196 páginas

Valor: R$ 30,00