ARTIGO – Ondas altas. Por Marli Gonçalves

Temos que diariamente ter a mesma tranquilidade da jovem e destemida Maya Gabeira, nossa super hiper supercampeã de surf em ondas altas, altíssimas, e que esta semana nos deu um grande susto despencando de uma gigante de mais de 24 metros de altura, salva por um amigo já desacordada e apenas com um tornozelo quebrado. Poucas horas mais tarde ela própria dava a notícia que estava bem, “pronta para outra”. Todos os dias passamos por perigos muito grandes assim, mas sem querer.E não estamos tão preparados como ela para sobreviver

3192Puxou mesmo o pai essa determinada menina Maya e seu bonézinho. O pai, o jornalista e político que todo mundo conhece, intelectual de primeira, já se meteu em grandes ondas, só que, digamos, não tão próximas da natureza. Acabou baleado, preso e exilado do país durante anos. Continua hoje se reinventando a cada momento. Maya é persistente no caminho do surf. Como praticamente a vi nascer e lembro dela desde muito menina acompanho daqui, atenta, a sua trajetória. Se tem coisa que admiro numa pessoa é a coragem. Muito mais ainda numa mulher.

O susto do acidente da surfista em Portugal não foi o único, apenas o mais romântico, de mais uma semana cheia de notícias violentas demais da conta até para roteiristas de terror. Em plena manhã e em uma das mais movimentadas avenidas de São Paulo, onde tranquilamente eu ou alguém de minha família (ou da sua) poderia estar passando, seis tiros atingiram e mataram o filho de uma querida leitora. Sem explicação, sem roubos e sem assalto, e sem polícia. O sinal parou, o cara saiu do carro de trás, deu seis tiros e saiu andando e rebolando, sem que nada o detivesse.RollerCoasterClimbing

Logo depois o noticiário falava de uma policial do Rio de Janeiro, de uma UPP, recebendo num saco, em sua porta, a cabeça decapitada do seu marido.Quem foi, os motivos, serão esquecidos no vento. Assim como a vida da estudante baleada na cabeça, pega a caminho de sua faculdade e que, ingenuamente, caiu no velho golpe da batida atrás; saiu do seu carro, que era blindado, para ver. Até o momento em que escrevo ela está viva, estado gravíssimo, mas me digam se a vida dessa jovem poderá ser normal daqui em diante, se ela conseguir sair do hospital.

Aí, em um dia, um policial vai sair do carro e a sua arma (parece que várias armas da PM de São Paulo estão com defeito, mas ninguém ligou exatamente para esse fato) dispara e mata um jovem na periferia de São Paulo. Ao protesto justo de seus familiares e amigos junta-se sei lá mais que tipo de gente, ateiam fogo em tudo, quebram outro tanto, param uma estrada federal por mais de quatro horas, assaltam os motoristas. Tocam o terror. No dia seguinte, a poucos quilômetros dali outro jovem é morto em uma ação policial e tudo se repete. Isso na mesma semana em que correram o mundo as imagens de um coronel sendo espancado pelos excluídos do Baile de Máscaras. Só se for.

Animated-picture-of-love-rollercoasterHá meses venho tentando entender melhor,entre outras, a violência das manifestações e os black bobocas que sei lá de que livro surgiram. Para mim, apenas uns garotos que ouviram cantar o galo não sei aonde, pensando que estão num jogo virtual e apenas sendo operacionalizados por todo tipo de bandidos reais, bem reais, aqueles da tal organização de três letrinhas. E não é que a polícia começou só agora a admitir que desconfia da infiltração? Simples: no calor de um grupo, com um monte de palavras de ordem ao vento, basta um começar o quebra que outro bando de otários logo vai se juntar a ele.Só que só os otários estão sendo presos; os espertos se safam. O comportamento de massa é sempre igual ao de uma manada. O que torna até bem fácil esse tipo de manipulação.

Não estamos em campeonatos. Não podemos estar preparados para tanta violência e nem para a vida estar valendo tão pouco. Que está acontecendo? E eu dirijo essa pergunta tanto aos estadistas e dirigentes das grandes nações até aos pais e mães que estão “produzindo” essas gerações. Ok. Violência sempre houve. Mas não tão desmedida, tão simples, tão acessível, tão generalizada, tão banalizada.

Nunca fui a mais corajosa da turma, até porque não tive infância – nasci em plena área urbana. Passo longe de esportes radicais. Aprendi a nadar só aos 23, e acho até que já esqueci porque não me largo na água muito suavemente, apesar de amar as sereias, e talvez até por isso. Nunca subi – e não pretendo subir – em uma montanha russa. Juro que não lembro se já me amarraram numa roda gigante, ou numa xícara maluca. Meu máximo foi o bicho da seda. Melhor: o tobogã, aquele que você vinha, escorregava em um barquinho lá de cima dentro da água, me viu uma única vez. No tempo que o Playcenter era deste tamaninho, um parquezinho numa avenida perto do Ibirapuera, e apenas para não envergonhar minha mãe que me acompanhou toda feliz nessa aventura.afcarousel

Sei que tem quem dá a vida por adrenalina, em qualquer dose. A do medo, dos saltos de paraquedas, parapentes, para qualquer outra coisa, e ainda pagam por isso! Acho demais, mas a minha adrenalina – e a coragem – tiro de outros lugares, muito mais além das inúmeras vezes que me botei em risco na profissão de repórter, ou ainda em cima de uma motocicleta, a primeira aos 13 anos, aposentada como me declarei após uma queda violenta há mais de 20 anos. Escrevendo o que penso, cobrando o que posso de quem pode fazer mas não faz. Me safando das trairagens.

Não dá mais para relaxar, tralalá, tralálá. É se benzer para sair de casa e agradecer a Deus quanto volta quase ileso sem pelo menos uma aporrinhação. É ficar atento a quem a gente ama, contando cabeças igual um bicho deve conferir seus filhotes antes de se recolher. É violência em cima de violência. Pior é que tem sido bem geral: estamos levando tiros de decisões políticas também – inábeis – o que faz da simples sobrevivência uma bela aventura.

Pena que sem o belo cenário e o barulho das ondas do mar.

CoolClips_wb027548São Paulo, 2013

Marli Gonçalves é jornalista – Vendo só os altos e baixos do carrossel. E um monte de gente dando cavalo de pau ********************************************************************
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Não tenho palavras. Esqueci todas depois de ver essa plantação de erva verdinha e gigantesca

da folha.com

Exército descobre maior plantação de maconha da história do México

DA EFE, EM TIJUANA (MÉXICO)

 

O Exército descobriu no noroeste do México uma plantação de maconha de 120 hectares, considerada a maior já registrada na história do país, numa operação em que foram presas 16 pessoas, informaram fontes militares nesta quinta-feira.

 

O comandante da Segunda Região Militar, general Alfonso Duarte Mujica, indicou que os 120 hectares, cobertos com malha e disfarçadas com plantações de tomate, teriam produzido cerca de 120 toneladas de maconha, com um valor estimado de US$ 158 milhões.

 

O cultivo foi encontrado no sul do município de Enseada, no Estado da Baixa Califórnia –que faz fronteira com os Estados Unidos–, a apenas dois quilômetros de uma estrada que percorre toda a península, depois de uma operação terrestre realizada em 12 de junho passado.

 

  Jorge Duenes/Reuters  
Helicóptero militar sobrevoa plantação de maconha de 120 hectares, a maior já encontrada na história do México
Helicóptero militar sobrevoa plantação de maconha de 120 hectares, a maior já encontrada na história do México

 

A Secretaria da Defesa Nacional destacou em comunicado que se trata de um “golpe contundente ao crime”, já que a plantação, segundo o órgão, é a “maior localizada na história do país”, superando a de 62 hectares destruída em Sinaloa em março de 2007.

 

O general Mujica assinalou que aproximadamente 60 pessoas que trabalhavam na área fugiram após perceberem a presença dos soldados mexicanos, mas os militares conseguiram deter pelo menos 16 empregados que fazem trabalhos por um dia, todas procedentes do Estado de Sinaloa.

 

Principal porta de entrada de drogas para os Estados Unidos, o México registrou em 2009 uma produção de maconha de aproximadamente 19 mil toneladas, de acordo com estimativas oficiais.

 

O país vive desde dezembro de 2006 uma onda de violência relacionada à disputa entre os cartéis do tráfico de drogas pelo controle do território, e entre esses grupos e as Forças Armadas. Essa onda já deixou cerca de 40 mil mortos.