Dia Adoniran Barbosa. Hoje faria 105 anos, e está sendo homenageado por quem entende das coisas

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Caneta na mão, agenda. Não pode perder nem um pouco desse lançamento. Música, história, Adoniran, tudo. Por Celso de Campos Jr. Espalha!

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ARTIGO – Escracho, teu nome agora é Brasil. Por Marli Gonçalves

frogflyDigam-me: há palavra melhor para definir o que está acontecendo nesse país para tudo quanto é lado que se olha? Temo que não. Escracho, em todos os seus mais variados sentidos. Um escracho. Um escracha o outro. Nós escrachamos todos. O juiz escracha uns. Os políticos se escracham entre si. O ex escracha a atual. Eu escracho certas pessoas, de um lado, junto de vocês, que também escracham outros e outros; quando não os mesmos, que todos estão se esculachando felizes da vida. Virou Babel

Na boa, isso aqui virou uma esculhambação total. Que até teria um lado divertido se nós também não estivéssemos sendo grandes vítimas desse processo todo. Volto a pensar se não é alguma coisa que estão pondo na água, tão desmedida e pouco produtiva está essa já muito vergonhosa esculhambação geral que assola o Brasil, e que ultrapassa em muito o antigo Febeapá – o festival de besteiras.

Desde muito criança tinha na Dercy Gonçalves, a Rainha do Escracho com faixa e tudo, e a quem se associa imediatamente a palavra, uma ídola. Imaginava até na minha cacholinha que ela bem que podia ser minha parente. Adorava vê-la fazendo aquelas caras de esgares, a boca de caçapa, da qual vertiam impropérios e impropérios. Adorava, não. Adoro ainda, porque a cada dia que passa ela está mais atual, embora tenha morrido há exatos 7 anos, completados agora neste 19 de julho. Na época, assistia a ela onde aparecia, na tevê; enchi e bati pé para que me levassem ao teatro para vê-la e, já jornalista, sempre que podia tentava ouvi-la sobre algum acontecimento.

Imaginam o que ela diria se estivesse acompanhando o atual momento político nacional? Bippi, xxx, bi,bi,biiii, asteriscos – certamente tudo seria impublicável, tantos falsos moralistas estamos criando sobre este chão e que ela apontaria satisfeita. O engraçado é que sei que ela era até meio reacionária depois de tudo o que passou para se firmar na vida artística, mas imagino o que diria agora ouvindo os discursos da presidente, a falação (ah, aqui ela trocaria uma letra, certamente) das CPIs que a cada dia mais parecem espetáculos burlescos de um cabaré viciado, vendo os cabelos asas de graúna tentando se explicar se roubaram mas não sabiam. Depois de tanta luta pelo respeito à mulher artista, queria saber o que ela pensaria da glamorização absurda da prostituição. Dos pitacos religiosos de plantão. Da gargalhada que soltaria acompanhando os passos da oposição. Ou o topete do prefeito modernudo que se acha o coco da cocada (aqui, ela poria um acento, ah, poria sim).

Imagino-a falando a palavra impeachment de todas as formas, menos a normal, e terminando com um sonoro palavrão e gargalhada sempre. Achei um relato, achei sim, de um centro espírita, onde ela teria “baixado” e os médiuns a repreenderam por todos esses palavrões ditos durante toda a sua vida, e até sobre os oito abortos que sempre admitiu ter feito. Não acreditei que esse espírito era ela mesmo, não xingou ninguém nesta sessão! Acho que a gente quando morre leva pro espírito o que temos de melhor.

GATINHO FRITOPena que Dercy não tenha vivido esses 108 anos completos; só 101. Embora antes de morrer já tenha visto o país começar a virar uma curva esquisita, não imaginaria como tanta coisa se degringolaria e tornaria difícil até diferenciar o ético, o saudável, o progresso quase forçado dos costumes. Veria sendo mantidos os destratos, o racismo, a homofobia, a violência contra a mulher, esse gênero que sempre tem alguém controlando o que faz com a vagina, seus buracos, diria Dercy. “A perereca da vizinha tá presa na gaiola! Xô, perereca! Xô, perereca!”Frogkissw1a

“Represento exatamente o escracho do Brasil”, disse certa vez, completando: “Eu posso ser escrachada, mas não sou bandalha”. Não era mesmo, Dercy. Bandalha é essa gente que está comandando cadeiras importantes de vários poderes.

E escracho é o que estão fazendo primeiro para perguntar depois – polícia escracha; imprensa escracha. A gente escracha, mostra o quão desmoralizados são, não usamos mais nem meias palavras para nos referir até às pessoas às quais deveríamos guardar certo pudor, certo respeito. Mas elas próprias também se escracham, e acabam desmascaradas em seus atos. Provocam nosso escrachamento.

Escracho aqui é tão escracho e tem tanto que perde até um de seus sentidos, o político, aquele de ser o protesto que se faz diante da casa de quem desrespeita os direitos humanos.

Afinal, é ou não é um escracho esse mundo estar dividido em partes? PT e os outros. O PT também estar em polvorosa, o PT puro e o sujo? As debandadas sem ideologia para viver. A oposição apoiar o Eduardo Cunha que é uma síntese do atraso? Cada um correndo para um lado? O país à deriva? O ordenamento jurídico sendo estilhaçado numa primeira instância; juiz endeusado e promovido a herói?

Em cima desse palco tem muita gente, e o assoalho não está firme. Tem ator querendo matar outro para pegar o papel. Nem tudo se pode falar. Nas coxias tem gente sabotando até a comida do camarim. E isso não é uma comédia. Está mais para ópera bufa.

Falta uma Dercy para falar umas poucas e boas – definitivas – ela sim, escracharia de verdade tudo isso, com seu palavrório picante.

friendchainSão Paulo, 2015.

Marli Gonçalves é jornalista – – As pessoas que falavam as verdades na lata, com linguagem pro povo entender, sem rodeios, nos deixam e não estão sendo substituídas. Dá saudades. Da Dercy, de Adoniran, de Cazuza. Esses tantos que merecem ser lembrados, porque nos ajudariam agora pelo menos a escrachar mais bonito.

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Dá licença de contar. Curta-metragem traz Paulo Miklos como…Adoniran Barbosa. Vamos ver no que deu. Aqui, o trailer.

Um curta-metragem que recria o universo existente nas canções de Adoniran Barbosa, calcado em uma estética condizente com tempo e espaço no qual o artista estava inserido. Episódios e personagens famosos nas canções do sambista paulistano são o fio condutor da história, retratando São Paulo nos anos 50.

FICHA TÉCNICA:

Um filme de Pedro Serrano

Elenco: Paulo Miklos, Gero Camilo, Gustavo Machado, Aisha Jambo, Caio Juliano, Zemanuel Piñeiro.

Direção e Roteiro: Pedro Serrano

Produção Executiva: Fernanda H. Wai de Oliveira e Pedro Serrano

Produção: Dias de Souza, Pedro Serrano, Toninho Gomes, Vanessa Galvão

Direção de Fotografia: Aldo Angelo Imperatrice

Direção de Arte: Rita Paste

Montagem: Christian Grinstein

Tirlha Sonora: Lucas Mayer

Desenho de Som: Niper Boaventura

Som Direto: Kiko Tchilian

Colorista: Marcio Pasqualino

Assitente de Direção: Elis Seta

Produção de Elenco: Marina Stacciarini e Pedro Serrano

Figurino: Ana Paula Lima

Maquiagem: Lucia Mello

Produção: Latitude Filmes
Co-Produção: Latina Estúdio

Lançamento do Livro Trem das Onze – A poética de Adoniran. EU FUI.

 

 

 

música – DA FOLHA DE S. PAULO

Livro ilumina São Paulo de Adoniran

Volume lançado hoje traz fotos do Instituto Moreira Salles e do acervo pessoal do músico nascido há cem anos

Retratos de uma capital idílica, de onde o artista tirou a substância para suas canções, baseiam apuro gráfico de edição
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Um jovem e esquelético Adoniran Barbosa posa sem camisa ao lado da mulher, Matilde, vestida num (hoje) comportado maiô, ou empresta o pescoço de picadeiro para seu vira-lata Peteleco.
São imagens captadas em uma São Paulo distante, onde crianças brincavam num Brás idílico como o da foto ao lado e os homens iam ao Pacaembu de terno e gravata -mas com chapéu feito de jornal para se proteger do sol.
O encontro entre os dois mundos, a vida privada do compositor e a cidade que foi a seiva de sua obra, se dá em “Trem das Onze – A Poética de Adoniran Barbosa”, que vai ser lançado hoje em São Paulo, nos estertores do centenário de nascimento do músico (1910-1982).
Com apurado acabamento gráfico, as fotografias são alinhavadas por um texto do biógrafo e curador do acervo Adoniran Barbosa, Celso de Campos Jr. Integra ainda o livro um CD com 14 clássicos do compositor em interpretações consagradas.
O trabalho teve patrocínio da Bradesco Seguros, por meio da lei federal de incentivo à cultura.
O material foi garimpado em dois acervos: o da família do cantor, sem identificação da autoria das imagens, e o do Instituto Moreira Salles.
Deste, despontam cenas paulistanas de 1930 a 1980, de ensaios feitos por estrangeiros radicados no Brasil como os alemães Peter Scheier (1908-1979, cujas imagens monopolizam o livro); Alice Brill e Hildegard Rosenthal (1913-1990); e o franco-brasileiro Henri Ballot (1921-1997) “Não quisemos enfatizar o autor, mas a expressão de São Paulo que ele permitiu surgir”, explica Nigge Loddi, da Aprazível Edições e Arte, organizadora do volume com o sócio Leonel Kaz.
É algo semelhante, relata, ao que a editora fez recentemente com “O Morro e o Asfalto no Rio de Noel Rosa”.
Celso de Campos Jr., autor de “Adoniran – Uma Biografia” (ed. Globo), ressalta o capricho gráfico do volume.
Conta que a foto original de Adoniran com Matilde de maiô tem 10 centímetros -na obra, foi ampliada para 30 cm x 23,5 cm, ocupando uma página inteira. “Ficou tão nítida que dá vontade de arrancar e fazer um pôster.”
A pesquisa de imagens foi da Sacchetta & Associados e o projeto gráfico, da Danowski Design. A produção coube a Erilma Leal, da Aprazível.
Embora cintile a cidade, os registros íntimos de Adoniran são saborosos. Um dos destaques é o tal cão Peteleco, segundo Campos Jr. “o xodó de Adoniran”.
Como, na época, explica o biógrafo, não se podia fazer parcerias com compositores de outras sociedades musicais, Adoniran, para driblar a regra, colocou Peteleco como autor de algumas canções.
Até hoje a filha única e herdeira do músico, Maria Helena, ainda recebe algum em nome do vira-lata.


TREM DAS ONZE – A POÉTICA DE ADONIRAN BARBOSA

ORGANIZADORES Leonel Kaz e Nigge Loddi
EDITORA Aprazível
QUANTO R$ 130 (204 págs., inclui CD com 14 faixas)
LANÇAMENTO hoje, das 18h30 às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2073, tel. 0/xx/11-3170-4033)

Eu, entre o neto e a filha do grande Adoniran Barbosa. Essa maravilha, Maria Helena Rubinato!
Maria Helena Rubinato, a super Maria Helena, que faz um blog maravilhoso ainda por cima, perfeita e bem legal
 Só a conheci pessoalmente hoje, embora nossa amizade já tenha rendido boas risadas e tiradas. Tenho a honra de ser
 publicada semanalmente lá no espaço dela, de altíssima audiência.
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