Análise de Cesar Maia sobre a pesquisa DATAFOLHA. Maia é bom de marketing político…só por isso

O QUE MOSTRA E NÃO MOSTRA A PESQUISA DATAFOLHA!

1. A Pesquisa Datafolha divulgada pela Folha de S. Paulo (18) trouxe três resultados que contrariaram as expectativas de muitos. Marina com 21% não é uma delas, pois pesquisas anteriores com seu nome já mostravam esse patamar para ela, com redução dos que não marcavam nenhum deles. Os outros dois resultados sim: por um lado a estabilidade de Dilma, com seus 36%, e de Aécio com seus 20%. E um terceiro: a melhoria da avaliação de Dilma e seu governo.

2. A expectativa que se tinha era que, além da redução dos que não marcavam nenhum deles, Dilma cairia um pouco, assim como Aécio. A melhoria da avaliação de Dilma –sem nenhuma razão clara- é algo que as expectativas não projetavam. Mas sua entrada afirma que teremos segundo turno.

3. Os resultados da Pesquisa Datafolha deste fim de semana foram: Intenção de voto. Dilma 36%, Marina Silva 21% e Aécio Neves 20%. Outros 6%. Nenhum deles 17%, Segundo turno: Marina 47% e Dilma 43%. / Dilma 47% e Aécio 39%. Avaliação Dilma: Ótimo+Bom 38%. Ruim+Péssimo 23%.

4. Sabe-se que sempre que um fato forte impacta a opinião pública, como o foi o trágico desaparecimento de Eduardo Campos, as curvas de tendência de formação de opinião pública são interrompidas. Nesse sentido, se pode explicar a sustentação de Dilma e Aécio no mesmo patamar.

5. O que ainda requer uma análise mais cuidadosa é a melhoria acentuada da avaliação de Dilma, o que –contraditoriamente- aumenta a sua intenção de voto no segundo turno contra Aécio e diminui contra Marina. Afinal, as notícias –pelo menos as econômicas- nesta semana, foram ruins.

6. Provavelmente o impacto emocional pode ter provocado nas pessoas uma reação de solidariedade e proximidade com aqueles que governam. Isso já se viu em outras situações, mas em geral diretamente com quem sofreu a tragédia. Getúlio Vargas é um exemplo: a avaliação de seu governo cresceu muito após o seu suicídio, o que foi fundamental para a eleição de JK.

7. Nos próximos dias esse quadro tenderá a ser sedimentado e, em seguida, os números de Dilma –intenção de voto e avaliação- deverão retornar ao patamar anterior. O tempo de TV de Marina e a muito menor capilaridade de sua coligação podem transformar estes 21% num teto.

8. Mas, para isto, as comunicações de Dilma e Aécio deverão ter a sutileza –e o risco- de realizar campanhas sem incluir Marina em suas críticas. E Marina terá que se descolar da tragédia sob pena de produzir uma sensação de demagogia. Vide JK, mesmo com Jango como vice.

Cesar Maia é excelente analista político. E analisou a pálida, quase patética no pré 1º de Maio, lendo discurso para você

DILMA NA TV EM REDE NACIONAL: PÁLIDA E SEM EMOÇÃO! E A COPA DO MUNDO????

1. Seria repetitivo lembrar que TV é antes de tudo imagem. Mais importante do que se diz é ‘como’ se diz. A rede nacional de TV que Dilma usou antes das 20:30hs, véspera de 1 de maio, deve ser analisada de duas formas. Primeiro quanto a imagem. Segundo o impacto do conteúdo.

2. A leitura de Dilma do texto no teleprompter foi feita sem nenhuma emoção, sem nenhuma interpretação. Foi uma leitura de porta voz. Assim foi o tempo todo, terminando com um “viva o Brasil”, para baixo. Imagine-se que o diretor da gravação deve ter pedido a Dilma que repetisse vários trechos – puxando emoção. Não conseguiu. O final dos “vivas”, então, foi deprimente.

3. A imagem de Dilma estava pálida. A primeira sensação é que a maquiagem tinha carregado demais. Porém a sequencia de imagens vai mostrando que a maquiagem procurava encobrir um rosto deprimido reduzindo a depressão pálida.

4. O conteúdo foi redigido de forma a antecipar o tema da campanha eleitoral : defesa dos fracos e oprimidos contra a voracidade das elites, e –o clássico discurso- de criar insegurança nos eleitores. Ou seja, mudar significa colocar abaixo todos os programas sociais e a defesa das estatais.

5. Como se sabe a atenção ao conteúdo em pronunciamentos longos,(para a TV),assim, é muito pequena. Importante mesmo é incluir pontos que pautem a imprensa no dia seguinte, aí sim multiplicando o conteúdo que se pretende destacar. Isso foi conseguido com o aumento do bolsa família e do piso do imposto de renda: manchetes no dia seguinte.

6. Aqui fica claro o público alvo: reforçar sua base onde se destaca nas pesquisas,(os de menor renda e menor nível de instrução),com bolsa-família, e falar para a classe média-média-baixa, onde vem perdendo apoio, com o piso do imposto de renda.

7. Finalmente a ausência no discurso da Copa do Mundo,(faltam menos de 45 dias), mostrando temor ao tema e reconhecendo implicitamente, que passou a ser um tema impopular,( quem diria…). O país do futebol ficou oculto. Nem uma mensagem, nada. Bem, sendo assim, do ponto de vista eleitoral essa é uma questão perdida. Pode ser neutralizada com a vitória do Brasil, ou tornar-se explosiva com uma derrota precoce.