ARTIGO – Eu quero uma pra viver. Por Marli Gonçalves

paraquedas.gif3Andando por ai, tentando me livrar de uma tristezelda que rondava e queria pegar meu calcanhar, encontrei uma passeata. No meio do caminho tinha uma passeata, tinha uma passeata no meio do caminho. Isso agora é comum por aqui, e com as mais variadas reivindicações. A que vi era de jovens felizes pedindo de um tudo, cantando e dançando, sem tanta polícia, na santa paz. Me lembraram Cazuza.

Avenida Paulista. Era feriado e São Paulo entregue a uma tarde modorrenta, tipo sabe como? Tipo – esse tipo aqui é tipo assim imitando a linguagem desses meninos que estão sentindo a ave piar, mas não sabem onde – tudo corria bem normal, até na ciclovia improvisada destes dias. De repente eles apareceram à minha frente – um bloquinho de umas 400 pessoas meio que organizadas e divididas em quatro ou cinco colunas, alas, duas à frente do carro de som, outras seguindo atrás, onde ao fim traziam uma imensa bandeira, daquelas que precisa de um monte de gente pra carregar. Me lembraram o Brasil.mz_4699144_bodyshot_175x233

Parei para ver a banda passar já que estava à toa na vida. Todos muito jovens, muito cabeludos, as meninas e os meninos; de todos os jeitos, lembro de muito xadrez, muita tatuagem, muito jeans, muito vermelho, algum amarfanhado, inclusive nas bandeiras. Alguns cobriam o rosto, mas mais por charme do amarrado de um lenço de marca: “Levante Popular”. Havia bandeiras de todas as cores, verde e amarelas, lilázes, faixas pintadas. Coloriram rapidamente o asfalto, fechando a avenida. Me lembraram os Doces Bárbaros.

Animated_jesus_sermon_hg_whtTodos me pareceram do bem. Podiam até estar equivocados, mas eram do bem. Pediam liberdade, mas usavam camisetas do Che, carregavam fotos do Chávez e do Maduro da Venezuela. Falavam em Constituinte, em socialismo, em libertar a América do Sul, e me fizeram lembrar de Belchior. Entendi que para eles importava o mover, o Levante, levante popular, o nome do grupo, como me pareceu, sob o comando de um líder ao megafone. Importava o pedir, e eles usavam novas rimas. Paravam, dançavam, pulavam. Me lembraram as marchas evangélicas.

Inclusive, chamou minha atenção o número de bandeiras do Movimento dos Sem Terra e sem Teto, sem alguma coisa. Haverá uma lojinha onde se compram adereços de protesto? Porque os que as carregavam não o eram, não me pareceram nem sem teto, nem sem terra. Me lembraram da amargura de Gonzaguinha.

Sei que pediam de um tudo, porque os vi passar, cada qual também com sua palavra de ordem particular. Sob o som da bateria, me lembraram de uma escola, de samba, mas também da Educação, um dos seus temas.

Me emocionaram e, de verdade, umas teimosas correram pelo rosto. Também quero. Queria achar, mais do que uma turma para fechar a Avenida Paulista, uma ideologia para chamar de minha, porque as que eu tinha minguaram. Senti essa falta. Fui pra política, estive na fundação do PT, deu no que deu, pensei na guerrilha, deu no que deu, larguei, voltei-me para o rock, para o feminismo, para a libertação sexual. Deu no que deu. Depois, para a ecologia. Deu no que deu. Hoje milito num campo perigosamente minado, de jornalismo, mas minado porque preciso andar em ziguezague – ora rezo com a esquerda, outras, me alinho ao centro; e os opositores, pobres de espírito, acusam como direita.005381223_jesus_animated

Nada está completo para uma devoção, para uma entrega, para uma torcida. Nem de lá nem de cá. É solitário e desolador ver o nível de desentendimento das coisas, mesmo as mínimas, aquelas que deveriam juntar todos nós.

Quero uma ideologia particular, e acabarei qualquer hora criando uma, se já não estou há muito tempo tentando. Porque ideologia só cresce na argumentação, que arregimenta e fortalece até virar mais comum e aceita. Escrevo e te conto o que penso – quem sabe você também está por perto esperando uma passeata.

Mas ela, a ideologia, precisa, antes, nascer. Para que a gente possa por ela se apaixonar e criá-la para que fique forte. Já comprei binóculo, procuro lunetas e até agora ainda não as vi no horizonte. Com lupa, nas letras que leio, também não.

E eu quero uma para viver. Adoraria poder cantar e dançar por ela.

São Paulo, 2014gifjornaleiroMarli Gonçalves é jornalista Entrando no inferno astral, pensando em trocar de pele, tipo a de cobra pela do jacaré. Porque a gente vai precisar de ter a casca dura.

Filmei alguns minutos. Procura no YouTube. Meu canal chama jornalista.marligo.

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Sabia que o mundo pode acabar nesta sexta? Nao sei se horário de verão pode valer, mas veja essa animação que achei.

gente, olha que delícia essa animação do fim do mundo. Entra nesse link aqui

http://www.endofworld.net/

Pastor americano anuncia o fim do mundo pela terceira vez

Depois de prever o apocalipse em 1994 e em maio de 2011, religioso Harold Camping agora diz que mundo vai acabar nesta sexta-feira

Fim do mundo: falsos profetas foram homenageados este ano na bem humorada premiação do Ig Nobel porque “ensinam ao mundo que devemos ter cuidado ao fazer previsões matemáticas” (Hemera/Thinkstock)

Depois de duas previsões furadas, o pastor evangélico americano Harold Camping, de 80 anos, ‘remarcou’ o apocalipse para esta sexta-feira. De acordo com ele, o mundo vai acabar com um grande terremoto e apenas 3% da população será levada ao Paraíso. O religioso é dono e fundador da rede cristã de rádio Family Radio, na qual também exerce a função de apresentador.

A matemática do fim do mundo
Como o pastor americano chegou à conclusão de que o mundo acabaria no dia 21 de maio e passaria por um período de transformação até 21 de outubro de 2011

A prova ‘cabal’ da previsão do pastor americano Harold Camping de que o mundo acabaria no dia 21 de maio de 2011 está baseada em trechos da Bíblia e na numerologia. O argumento começa pelo número de dias que se passaram desde que Jesus foi crucificado. Apesar de ser uma data controversa, Camping assume que teria sido no dia 1º de abril do ano 33. O dia 21 de maio de 2011 marca 722.500 dias desde a crucificação, segundo o pastor, o que também pode ser escrito na forma (5 x 10 x 17) x (5 x 10 x 17). Esses números são importantes, de acordo com Camping, porque 5 simboliza reparação, 10 representa completude, e 17, o Paraíso. Ou seja, Camping retira passagens arbitrárias da Bíblia para dar significados igualmente arbitrários aos números.
Camping já falhou ao prever o fim do mundo em 6 de setembro de 1994 e em 21 de maio de 2011. Na ocasião, Camping afirmou que os crentes iriam para o Céu, e a Terra passaria por um período de destruição que duraria cinco meses, até o dia 21 de outubro (esta sexta).

Em entrevista a jornalistas no dia 23 de maio, Camping reconheceu os erros anteriores e reagendou o fim do mundo para o dia 21 de outubro. Dessa vez, afirma, não há dúvidas. “Deus é misericordioso e decidiu não punir a humanidade com cinco meses de sofrimento”, disse. Vários seguidores de Camping deixaram suas casas para se preparar para o Juízo Final.

Camping e catastrofistas do gênero foram ‘homenageados’ este ano pelo bem-humorado prêmio Ig Nobel. O troféu de matemática foi dedicado às pessoas que anunciam o fim do mundo sem sucesso porque “ensinaram ao mundo que devemos ter cuidado ao fazer previsões matemáticas”.

FONTE: VEJA .COM