ARTIGO – Tentam nos curvar de todas as maneiras. Por Marli Gonçalves

Nas ruas de nosso país observamos a angústia, a infelicidade, a preocupação, a ansiedade e luta por muitos e variados alguns. Andam perdidos, de cabeça baixa, os olhos sem brilho, desalento visível na caminhada lenta. Vítimas de uma absurda desorganização nas coisas de um governo que sacode e destrói a nação, do momento no qual a saúde é atingida pela desgraça da pandemia que continua em ondas malignas, e da natureza vingativa que castiga e desaba vidas e sonhos justamente dos mais vulneráveis

Bom, claro, tem também os curvados que passam te atropelando como se fossem os donos das calçadas, desatentos, pescoço caído torto, atenção apenas ao celular que não sei o que de tão interessante pode conter para esse exercício tão perigoso. Já vi muita gente atravessando ruas assim, alheios, assim como já os vi tropeçar, caírem em buracos e até quase serem atropelados justamente por estarem tão curvados nesse misterioso mundo. Serão as notícias?

Estarão interessados em eleições, candidatos, partidos? Em jogos de futebol, convocações de times? Talvez atentos ao YouTube e nos filmes absurdos sobre tudo que se pode procurar em diversas versões dos mesmos fatos? Nas dancinhas dos tiktokers?

Entendam os mais espertos em símbolos químicos, nos “cobres” a mais que parece está todo mundo atrás para se garantir e comentar. Pode ser que apenas estejam acompanhando as andanças e polêmicas do tatuado “cobre” da artista famosa e sem papas na língua e que acabou por desnudar um submundo de gastos públicos absurdos e nos mais miseráveis recônditos, justamente por isso sentindo-se livres para saquear o povo, entoando circo sem pão.

A polêmica já tem dias e mais de metro, criando mais uma divisão no país sempre repartido. Agora, são sertanejos e os “outros”. Tome-se por sertanejos alguns desses novos milionários de sucesso duvidoso, esbanjadores, apoiadores alinhados ao desgoverno e seus familiares, sorridentes em fotos e nas conquistas de prefeitos e outros candidatos a continuar fazendo a população continuar se curvando diante da vida. Esqueçam os violeiros antigos, os que por aí apenas cantam com sotaque a sua terrinha, seus amores, esses muitos que se apresentam em pequenos palcos e calçadas só em troca dos tais cobres, mas aí o da gíria de algum dinheiro.

A cantora influente e que está lá fora onde faz sucesso a ponto até de ganhar estátua de cera em museu famoso se diverte e nos diverte a cada vez que se pronuncia mostrando inclusive uma capacidade incrível de usar os sinônimos ao seu próprio e elogiado derrière. Na clara oposição sem partido – e que tanto perturba os caras – usa seus encantos para influenciar mais jovens a se entenderem, o que fez para que tirassem título de eleitor a tempo, ou doando e conclamando outros a doarem para ajudarem as vítimas de grandes tragédias. Faz mais com seu brioco, buzanfa, fiofó, rego, entre outras dezenas de formas, do que a caneta de governantes de Norte a Sul.

Uma tatuagem que deu pano para a manga, quando polemizada por aqueles homenzinhos esdrúxulos que não tinham é nada a ver com isso e poderiam ter ficado bem quietinhos. Inclusive para o bem de nossos ouvidos.

Pelo que se entende, ali no seu corpo que movimenta tão bem, ela apenas talvez tenha querido perpetuar o seu amor por alguém, dizem, marcando “I luv u”; pela frente, comenta-se, a flor de lótus. Só não sabemos ainda de que cor, que cada uma tem uma expressão. No geral, é flor que simboliza a superação, a força, a capacidade de passar pelas dificuldades e ver o lado positivo da situação, uma vez que é flor que nasce da lama.

Gosto de quem não se curva, de quem se defende e aguenta os trancos, e eles estão bem violentos porque mexeram com gente perigosa. Gosto mais ainda quando isso é feito com humor. Quem muito se abaixa, dito popular, mostra o traseiro. E ainda pode ser chutado, já que nem todos nascem virados para a Lua.

___________________________________________________

marli junho 22MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

ARTIGO – Juras de Junho. Por Marli Gonçalves

Junho sempre é mês especial, até porque nele inclusive fecho mais uma dessas voltas ao redor do Sol na vida louca. É mês que marca muitas festas populares, muitos santos reverenciados, promessas, arrasta-pés que levam a um estado de embriaguez e cheio de corações cata-enamorados espalhados nas vitrines. Mas…

Como anda difícil simplesmente ser feliz, viver a vida, quando se é sensível. Quase metade do ano já se foi e, teimosos, nos mantemos esperançosos neste imenso país tropical, nessa gigantesca aldeia global, onde creio que, espaço tem, deve haver algum cantinho desconhecido onde ainda seja possível manter-se alheio à realidade assoladora e aos fatos inquietantes próximos ou distantes.

Aiaiai, quanto mais a gente reza, mais o nosso coração sofre com as notícias que chegam de todos os lados, uma sobrepujando a outra, como se todas elas fossem naturais e devêssemos apenas seguir em frente.

A imagem daquele homem assassinado sufocado por gás dentro de um carro de polícia no Sergipe seguirá aterrorizando nossos sonhos e ficará esperando a Justiça onde quer que se vá. Assim como daquele que teve seu pescoço apertado por coturnos longos minutos se debatendo. Tudo registrado, provado, visto. Real. Se repete.

A malvadeza, se pode dizer, atinge a todos: especialmente os negros, as mulheres, as crianças, os povos originários que vivem naquele cantinho onde havia paz e uma comunidade. Ou nas comunidades emanadas da miséria que recebem a visita do que seria a lei, e o saldo são corpos cravejados contados em números flutuantes.

E ainda tem guerra, melhor, guerras, muitas, as reais e as que travamos diariamente contra nossos próprios medos. As crianças mortas por balas que zunem e elas não tinham a menor culpa de haver uma indústria que movimenta toda a política internacional, dos Senhores das Armas, e que também aqui, infelizmente, encontra guarida e incentivo.

A loucura piorada que atinge a todos de uma forma ou outra, seja os jovens desesperançados que compram as armas e matam, sempre pensando numa vingança que os dominou durante a vida social com a qual não souberam lidar, seja a que libera a maldade em atos inexplicáveis, como essa recente maldição das madrastas – uma que joga o enteado pela janela durante uma briga; a outra que trama envenenar os seus, mata uma, dois meses depois tenta acabar com o outro, e da mesma forma, ainda por cima fazendo sofrer, por envenenamento. Eram pessoas acima de suspeita, sabemos depois.

Pessoas acima de suspeita estão sempre muito perto de nós. E as que suspeitávamos e tentamos tanto avisar, sem sermos ouvidos, do perigo que representavam, estão aí, aqui, ali, inclusive mandando, governando vários povos, como o nosso, e cercando-se sempre de outros seres piores ainda.

Ah, mas a história diz que sempre foi assim. Não. Não tem de ser. Tanta modernidade, tecnologia, vem servindo para o quê? A comunicação que acreditávamos ampliada nos divide, e sem que possamos nem reagir já que são como fantasmas, muitas vezes criados apenas para o terror, para a mentira, para espalhar o ódio.

É junho. Sabia de uma coisa? Eu não sabia. Junho sempre tem chuva de meteoros. Nenhum mês começa no mesmo dia da semana que junho em qualquer ano. E todos os anos termina no mesmo dia da semana que termina março. Começa no mesmo dia que fevereiro do ano que vem. Nele, a floração das rosas atinge seu máximo e junho já foi chamado de Rosa Lua. Não faz diferença, não muda nossa vida, mas é leve.

Aqui, comemoramos três populares santos: Santo Antônio, São Pedro, São João. Vamos ver bandeirinhas coloridas espalhadas, vai ter quentão, danças de roda e a quadrilha, mas a boa, aquela que nos junta batendo palmas, cantando, dançando, tentando nos embriagar para esquecer que, como já disse, repito: aiaiai, quanto mais a gente reza, mais o nosso coração sofre com as notícias que chegam de todos os lados, uma sobrepujando a outra, como se todas elas fossem naturais e devêssemos apenas seguir em frente .

___________________________________________________

Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

ARTIGO – Feminismo popular. Ninguém é Bruaca. Por Marli Gonçalves

O feminismo ganhando o que mais precisa, divulgação e entendimento de sua simplicidade e importância na força da ação e reação feminina. Está uma delícia. Todos os dias temos visto manifestações – algumas até bem engraçadas – de mulheres brasileiras revoltadas e resolvendo a situação com seus companheiros de forma inusitada: expondo o “gajo” nas redes. Na tevê, a reação das oprimidas faz sucesso e ensina de várias formas que há solução.

feminismo

A primeira é não se calar, e o quanto antes. É uma que “vira” onça diante do motel onde está sendo traída, e filma tudo.  A outra que gruda um cartaz no carro do companheiro traidor dando conselhos e inclusive apoiando, vejam só, a amante, pedindo respeito a ela também. Isso se espalha, viraliza. A sororidade se destaca mostrada com sucesso em personagens de novelas, como a Maria chamada de  Bruaca, de Pantanal, reagindo ao entender a situação vivida durante toda uma vida ao lado de um homem horrível,  machista, grosso, nocivo, tóxico, ao qual venerava até descobrir que, inclusive, o tal manteria outra família.

Em um país onde impera a desigualdade, os riscos e violência, e a ignorância tenta a cada dia botar mais as manguinhas de fora, é reconfortante assistir a matérias e matérias repercutindo a opinião de mulheres sobre como estão dando a volta por cima. Ou como estão entendendo muito bem o recado de que sempre chega a hora do “Basta!”. E que esse ponto final poderá salvar suas próprias vidas. O Brasil ainda ocupa o quinto país do mundo em mortes violentas de mulheres segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – dado vergonhoso e que infelizmente se mantém, apenas piorado, ao longo dos últimos anos.

Em 2020 e 2021 houve uma severa explosão dos casos de violência contra a mulher e feminicídios – o assassinato de mulheres e meninas por questões de gênero, ou seja, exclusivamente em função do menosprezo ou discriminação à condição feminina. A pandemia de Covid, que obrigou ao isolamento, tornou a situação ainda mais calamitosa, especialmente entre as mulheres negras e mais pobres, mas atingindo brusca e diretamente a todas.

As denúncias recebidas pelo Disque Denúncia de São Paulo cresceram 35% em março deste ano, comparando com o mesmo período do ano passado. Em março deste ano foram 57 denúncias, contra 42 em março de 2021. Apenas no primeiro trimestre de 2022, foram 140 relatos de feminicídio no Estado – mais de um por dia!

Nos últimos anos o país tem piorado em muitas questões, particularmente algumas ligadas ao comportamento humano e liberdade individual, ou ligadas às minorias. Todos os dias ouvimos relatos de racismo, manifestações de violência contra as mulheres e contra a população LBGTQIA+.

Uma situação que não envolve apenas as mulheres, em geral atacadas por pessoas próximas, seus companheiros ou ex-companheiros, mas também seus filhos que muitas vezes presenciam esses atos. Atos e números desleais que precisam ser estancados, e luta para a qual todas as mulheres, maioria da população, deve assumir seu papel. Em todos os canais, inclusive políticos.

Daí a importância de divulgar vitórias, as reais e mesmo essas das ficção de filmes e novelas, de casos em redes sociais, muitas vezes a melhor forma de traduzir rapidamente essa batalha e seu significado. Repito: o feminismo é força, precisa ser compreendido em toda sua plenitude, e por homens e mulheres. Não diz respeito só a um ou a outro. São alicerces fundamentais para o futuro. Acredito firmemente que a humanidade não poderá ser assim chamada enquanto a mulher for tratada de forma inferior. Feminismo é prática diária. Presente em nossas vidas.

Não há de se ter vergonha. É preciso pedir ajuda. Por a boca no mundo. Como vítima dessa violência que deixa marcas profundas por toda uma vida, cada caso, cada morte que sei, é como se novamente a ferida fosse em minha pele, e me faz comemorar hoje conseguir ter ficado viva para contar a história, entender exatamente como ela se constrói, a dor que causa.

Me posicionar na frente dessa batalha, implorando pelo fim dessa guerra tão particular e odiosa.

feminismo

___________________________________________________

Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

ARTIGO – Paraísos artificiais. Por Marli Gonçalves

Nos paraísos artificiais que vivemos, não precisa nem de drogas para esses efeitos, alguns alucinógenos, outros nem tanto, reais de doer. Drogas – e das pesadas, batizadas, misturadas com coisa ruim – são essas que nos enfiam diariamente goela abaixo. Não pode, pode. Decreta-se. Publica no Diário Oficial e a gente aguenta. Tudo fora da ordem, na desordem, e seja lá mais o que for.

 paraisos artificiais

“Trabalhar que é bom, ninguém quer, né?” – meu pai sempre dizia isso quando via umas situações – e olha que elas não eram nem de perto parecidas com as que estamos vivendo em realidade, verso, prosa, metaverso, universo paralelo, supermercado, justiça e bem mais. Faço uma adaptação: “Protestar na rua contra tudo isso, ninguém quer, né?”.

Me desculpem os carnavalescos, mas se tem coisa que considero a mais idiota dos últimos tempos foi esse Carnaval artificial, fora de hora, coisa mais esquisita, decretada, assim como todos os acintes que vivenciamos. Não, não sou daquelas que detesta carnaval, gosto até dos bloquinhos, mas tudo tem hora; e a hora não era esta. Ficou uma coisa isolada, e olha que andei por aí algumas horas pelo menos para ver se encontrava alguém, podia até ser uma criancinha com algum adereço, fantasia, alguma pluminha, aquele ar folião. Talvez até mudasse de ideia se encontrasse blocos espontâneos, fossem pequenos grupinhos. Nada. Aqui em São Paulo a coisa realmente se concentra na avenida que não é mais avenida, o Sambódromo. Com alguns ecos. Onde “permitiram”. Não sei no Rio.

A mim, tudo soa falso. “Jeca”, até, se me permitem. Não é porque estamos saindo de dois anos do horror da pandemia que tinha de obrigatoriamente ter o que estão chamando de Carnaval, e Carnaval não é. Pior, vou dizer: estão tentando programar mais outro, para julho. Para satisfazer os blocos. E eu que sonhei tanto com o dia em que, livres do vírus (o que ainda não estamos), iríamos às ruas cantar e dançar – na minha cabeça haveria um dia que isso aconteceria. Não por decreto, como esse ministro da Saúde miserável anuncia, dando pauladas na pandemia que ainda mata mais de cem pessoas por dia, e no mundo fica no vai e volta.

Muito louco esse momento, todos os dias, coroados com o perigoso presidente sem noção fazendo graça/desgraça e troça com a Justiça, desafiando a Constituição, dando indulto para seu amigo ordinário e que, como ele, não tem apreço algum pela democracia. Não, o talzinho não foi injustiçado, nem martirizado, nem preso apenas por ter roubado um pedaço de carne ou shampoo; nem é miserável – essas coisas sociais, como  miséria e o desespero,  não incomodam esse amontoado que temos de chamar de governo  e que está louco para fechar o tempo e continuar nele. Também não é liberdade de expressão ameaçar ministros e suas famílias, convocar ataques, juntar gente para soltar fogos no Supremo Tribunal Federal. Acreditem, por favor, seja como for, com os que estão lá, questionáveis, egocêntricos, mandados, o STF ainda é o último poste em pé de proteção que temos.

Que 2022 seria um ano difícil, nenhuma novidade. Ano de eleições, de Copa do Mundo, de consequências pós-pandêmicas, de economia titubeante e até guerra longe que ecoa aqui. Mas insuportável até para nosso bem estar psicológico – como anda – não era esperado. Perigoso em seus caminhos políticos. Ainda temos de aguentar na tevê propaganda de partidos famosos por sua adesões seja ao que for disputando agora quem é mais… conservador! De doer. Um diz que é o verdadeiro; o outro diz que é o primeiro, sempre com um amontoado de afirmações desconexas e gente tão falsa quanto seus cabelos grudados e o apelo a ver quem é mais reacionário, quem atrai o que há de pior se criando e procriando celeremente fora do cercadinho.

Viva Baudelaire! Que preguiça! Estão tornando o paraíso Brasil um pesadelo tal que a nossa reação quando acordados vem sendo jogar a toalha.

___________________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
No Twitter: @marligo
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves

ARTIGO – Ajoelhar e rezar. Nossa Senhora, seja agora a nossa Padroeira. Por Marli Gonçalves

Nossa Senhora Aparecida, encarecidamente rogo para que faça valer suas consagrações e a energia que tantos milagres já fizeram. Mas desta vez o pedido é maior. É uma voz em uníssono, nem que seja apenas por meros instantes, de 207,7 milhões de brasileiros. Ah, pode somar aí mais uns milhões de outros que, mesmo não sendo brasileiros, gostam de nós, e creem na sua intervenção, a única intervenção que todos, de uma forma ou outra, acreditamos, a divina.

 nossa senhora aparecida, ROGAI POR NÓS!

É tamanha a angústia, que chega até a ser inexplicável, chega a doer no peito, uma enorme tristeza, ansiedade, apreensão. Como se sentisse que algumas portas de dimensões desconhecidas tivessem sido destrancadas, abertas, e delas estivesse emergindo o que de pior há no ser humano – sua inesgotável capacidade de ser cruel, egoísta e disseminar o mal.

Pois olha, tanto, tão forte, que eu pensei. Já pensaram em escrever uma carta para algum santo? Pois não é que não sei se por essa mistura toda de Dia da Criança e Dia da Padroeira, com Dia de eleições e outras datas, semanas de brigas, eu quis escrever um pedido, e logo para a Nossa Senhora Aparecida? Aqui em casa, muito por influência da minha mãe, todos fomos criados muito ligados à Nossa Senhora, ao seu manto azul, à sua imagem que parece refletir exatamente o nosso país. À sua bondade e abrigo a todos. E se ela lembra minha mãe, só posso reconhecer nela o que de melhor há.

Imagem encontrada, pescada do fundo de um rio, despedaçada, cabeça e corpo, vem sendo unida e adorada há três séculos. Novamente destruída em 1978 – ficou em cacos – pelo ataque de um maluco, mais um destes tantos que ouvem vozes apelando pela destruição – foi remontada. Agora, aprisionada em uma cabine de vidro blindada dali só sai uma vez por ano, escoltada.

Pequenina guerreira. Meio estropiada após tantos percalços, feita de barro terracota, 36 centímetros de altura, dois quilos e meio. Ganhou o maior Santuário do Mundo para ela, uma imagem, uma escultura preciosidade que tanta fé impulsiona. Ganhou bênçãos e o reconhecimento de Papas. Da Princesa Isabel ganhou o manto azul ricamente ornado, a coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis. Ganhou um Feriado Nacional. Milhares de pessoas chegam a ela todos os dias, com os pés em chagas, joelhos destroçados, caminhando pelas estradas. Fazem filas e sacrifícios apenas para passar diante dela, erguer os olhos e seguir adiante.

Ela é negra nessa imagem, mas há explicações: ou o tempo que ficou no fundo do rio; ou depois, as dezenas de anos que ficou na casa do pescador, sendo adorada pelo povo local, que à sua frente acendeu muitas velas que teriam escurecido sua tez.

A certeza é a de que Nossa Senhora Aparecida está acima de tudo isso – representa o Brasil de todas as raças, cores, credos, idades, times, inclusive. Sim, até teve evangélico que a chutou, mas isso foi um episódio superado. Ela une todos, motiva respeito. Vou dizer mais uma que que acabo de descobrir e que talvez tenha sido a gota d` água para eu pensar em apelar a Ela nesse momento. Nossa Senhora Aparecida, além de Rainha do Brasil, título conquistado em 1904, de ser a Padroeira do Brasil, desde 1931, é também desde 1967 a Generalíssima do Exército Brasileiro. A única.

No instante em que vivemos, nervos à flor da pele, a volta dos tons verdes, insígnias e fardas, em que famílias estão desunidas e que tudo parece ser assim tão só dialético, o Bem e o Mal, o Sim e o Não, me vejo acreditando mais ainda e orando para que se faça luz, que essa luz mostre o prisma tão diversificado.

Que irradie um calor que se espalhe amorosamente e nós, que apenas desejamos caminhar em paz para um futuro, consigamos seguir em frente sem tantos receios por nós mesmos e por todos que amamos ou consideramos. Haja o que houver, que nós todos sejamos respeitados e tenhamos a nossa liberdade individual garantida.

____________________________________________

Marli Gonçalves, jornalista. É a graça que peço. Rogai por nós, Nossa Senhora da Conceição Aparecida! Te chamo pelo seu nome.

marligo@uol.com.br e marli@brickmann.com.br

Brasil, 2018

Brasil, mostra sua cara. Mas com dignidade. Por Marli Gonçalves

Eleições, dias que deveriam ser de festa e hoje são de discórdia, como se os principais e visíveis problemas fossem sentidos só por uns ou só por outros. Violência e virulência, assuntos deslocados, mentiras pavorosas, egoístas hipocrisias religiosas e uma cordata ignorância entraram no campo onde todos perdem. E isso não é futebol que nos deixa tristes apenas por alguns dias

Eleições, dias que deveriam ser de festa e hoje são de discórdia, como se os principais e visíveis problemas fossem sentidos só por uns ou só por outros. Violência e virulência, assuntos deslocados, mentiras pavorosas, egoístas hipocrisias religiosas e uma cordata ignorância entraram no campo onde todos perdem. E isso não é futebol que nos deixa tristes apenas por alguns dias

Serão anos duros pela frente, haja o que houver, isso está muito claro nesse país que não só está dividido, mas cortado em pedaços arrastados e espalhados salgados e com gosto de fel pelos chãos de todas as regiões. As eleições deste ano marcam um dos períodos mais tristes que vivemos, pelo menos desde que vim ao mundo, e já são seis décadas. Ainda – ainda, repito, e que pare por aqui – apenas não comparável aos 21 anos de uma ditadura que nos feriu, censurou, torturou, matou, cortou as asas de nossa imaginação, deixando apenas um toco de esperança, e que mal ou bem vinha de novo se reconstruindo.

Está uma tristeza, um desalento. Mas do que isso, um processo de cegueira coletiva, surdez geral, insanidade e infantilização de costumes, busca de falsos heróis, falta de educação, gentileza, raciocínio, de comunicação interpessoal. Não tem graça alguma, mas tem quem se ache o máximo por apoiar uma pessoa que reúne as piores outras pessoas ao seu redor, com a pior família, além dos piores pensamentos, o despreparo, e que pode nos levar a situações insustentáveis inclusive diante do mundo hoje globalizado do qual dependemos economicamente.

Do outro lado, há os que surgiram impondo um candidato fraco, fracóide, querendo nos fazer de palhaços. E que não é ele, é o outro, mas o outro está preso, e ele atua por telepatia, sem vontade própria, sem segurança, sem qualquer condição. E sem pedir desculpas pelo mal que fizeram e nos levou ao ponto onde estamos. Para eles, a culpa é sempre “dos outros”, como sobreviventes de Lost. O avião caiu, mas eles o querem remontar só com peças velhas. Ainda assim batem no peito como vestais. Também são machistas e a real é que tratam questões de comportamento de formas muito duvidosas e claudicantes.

Onde foi que nos perdemos dessa forma? Para agora termos diante de nós duas forças tão perigosas? Para onde correr? Onde está a ponte?

Há quem diga que foi tanta corrupção aparecendo. Credite isso apenas à Liberdade, e jure fidelidade a ela. A corrupção sempre esteve aí, inclusive no tempo das fardas, mas não podíamos dizer, não podíamos saber, não podíamos falar, não podíamos escrever.

Há quem diga que a violência está espalhada. E está mesmo, de uma forma terrível, mas só piorará porque poderão ocorrer confrontos ainda mais violentos e não só entre bandidos e organizações criminosas, mas entre pessoas comuns babando de ódio como as que já estamos encontrando nesse momento, inclusive amigos que considerávamos e que agora vemos apoiando, aplaudindo a insanidade, de um lado e de outro.

Mas o Brasil não é uma laranja cortada, e nós não somos gomos. Aproveito esse espaço para um apelo emocional, de coração: não deixem imperar a ignorância. Nossos maiores problemas são comuns a todos. Parem de se infernizar e nos infernizar usando mentiras, desconhecendo a história, falando esse português ruim. Procurem saber mais sobre sistemas políticos antes de falar em comunismo, fascismo. Entendam melhor o que é a cultura, as características regionais, leis de incentivo, como funcionam. Abram os olhos, esfreguem bem, vejam: as mulheres e crianças vêm sendo as maiores vítimas da ignorância e do apelo à violência.

Mais: redes sociais não são a vida real. Não faça e não deixe circular informações falsas. A realidade já é bem terrível, não precisa ser piorada, e precisa da imprensa forte e livre para ser vislumbrada – não bata palmas para malucos dançarem. Sejam eles de esquerda, direita – não são socos de uma luta de boxe ou MMA.

Não podemos quebrar nossa cara, nem termos nossas orelhas deformadas fazendo ouvidos moucos para situação tão delicada.

Vivo dias angustiantes. Sei que não sou só eu que não sou nem de lá nem de cá, e que procura a tal saída dessa caverna pré-histórica em que nos trancaram. Para acharmos, o trabalho terá de ser coletivo, e teremos de nos dar as mãos. Firmemente. Sem traições.

___________________________________________

Marli Gonçalves, jornalista – Volto a repetir: solteira, sem filhos (e sobrinhos, etc.). E se me perguntar “E daí?” – direi que, veja só, estou me preocupando tanto com um futuro e que é meu por um tempo bem menor do que o das gerações que muitos de vocês estão criando nesses dias que se passam hoje e que por descuido estão esquecendo de ontem.

marligo@uol.com.br e marli@brickmann.com.br

Brasil, outubro 2018

ARTIGO – Telefone de Deus vai dar ocupado. Por Marli Gonçalves

r6Deus me livre de imaginar que o povo está todo apelando para Deus porque está é jogando a toalha de tal forma que vai parecer muito aquele filme do piloto que sumiu, por isso que é preciso apertar o cinto e tal, pensa só. Apertar o cinto já estão mandando. Não olha agora, mas repara: o piloto sumiu. Agora, mandar e creditar ao Senhor a correção de tantos rumos desajustados? Sei não se vai dar certoDoveAnimated2

Respeitosamente, se Ele nos escuta deve estar mesmo é muito aborrecido, esgotado, perturbado. A linha não para de tocar e já pensa seriamente em instalar um call-center, um 0-800; contratar um dublê, talvez. Parece que já foi visto coçando a cabeça, andando para lá e para cá, meditando sobre como poderia atender alguns dos pedidos urgentes que vem recebendo, de fazer brotar água! De “dar” a luz! Que a companhia conserte os postes o mais rápido, que a árvore não caia na cabeça de ninguém. Que as pessoas parem de se matar em nome d’Ele. Ele achava que tudo isso que criou lá naquela semana, nos Sete Dias, já incluía a água, seu bom uso, toda a natureza, até a descoberta da eletricidade e assim por diante o progresso iria sendo feito. Na sua cabeça, os serviços públicos seriam religiosamente efetivados. A humanidade saberia que ele é uno em todos os seus nomes.rezar-orar-animated_daniel_praying_hg_clr

Bombardeio, sô. “Me deixem aqui em paz um pouco, entre minhas nuvens. Vocês estão me pedindo coisas impossíveis”. Deus esqueceu de combinar com os homens que habitariam sua criação, cada qual mais diferente do outro, que não era para detonar tudo. Mas só Deus sabe o que aconteceu. E o que virá.

Agora mesmo, o clamor vindo de um certo país da América do Sul, o de língua portuguesa, começa a se intensificar. Teve ministro que o chamou até pela tevê, na esperança de que, quem sabe, sua tevê lá no infinito estivesse ligada naquele canal do plim-plim, que ainda é a de maior audiência, entre outro montinho de canais que aluga horas e horas para se fazerem milagres em templos. “Nem um mês como ministro e está usando Meu santo nome”. Deus meneou a cabeça e deve ter dado uma xingada, porque o que caiu de raios esses dias…Ouviu-se dizer por aí que também Ele pedirá mudança de cidadania. Não quer mais ser brasileiro. Não vê mais vantagens, já que não sabemos nem mais dar um jeitinho e a afabilidade costumeira foi pro dedéu. “Até as mulheres que tinham uma beleza tão natural agora parecem todas iguais, balões de silicone para festas, infladas”. Resmunga Deus. Resmunga.

316_guess_whoSó Deus sabe o que Ele próprio passa, e esse ano vem sendo movimentado. Por Ele andam matando muito e todo esse sangue vertido já se incrusta na Terra, desce pelas suas veias, desperta ainda mais monstros. Fanáticos provocam a ira dos deuses, de todos os deuses, esquecem suas principais feições, o que é que lhe dá a superioridade e o que nos faz lembrar de Deus e olhar para o céu para por Ele apelar: a Onipotência, poder sobre todas as coisas, Onipresença, estar em todos os lugares, a Onisciência, o poder de tudo saber, e a Onibenevolência, a bondade sem fim. Mas não se pode deixar as coisas ao Deus dará.

Podemos então pedir a Deus para o mundo acabar em melado? Creio que não. Porque Deus ajuda a quem cedo madruga. Deus sabe o que faz. Deus quis assim.gifplaatjes.php

Não é saindo por aí cada um por si e Deus por todos, chamando Seu santo nome em vão, que as coisas vão se resolver. Se a voz do povo é a voz de Deus, é preciso ouvir o povo. O povo precisa fazer coro, uníssono. E o povo não está feliz, nem aqui, nem na China; nem lá, nem acolá, onde um diabo andou perdendo as botas e está armado até os dentes.

Enfim, sabe Deus quando agir. Deus dá o frio conforme o cobertor. O ventilador, de acordo com o calor. Mas a água e a energia e essas coisas todas, creio que Deus vai disfarçar e fazer igual quando a gente espirra. Deus te crie!

O homem propõe e Deus dispõe. Tenha fé em Deus. Deus tarda, mas não falha. O que pode falhar é a operadora, justamente na hora que a gente for ligar para Ele choramingando.7llh

Vamos dar adeus. Falar alô, nos explicar. Deus sabe o que faz. Escreve certo por linhas tortas.

São Paulo, 2015, Deus tá vendo.

mz_4279458_bodyshot_300x400-35.gif~c200Marli Gonçalves é jornalista Que Deus te acompanhe e guarde. Deus permita! Quanto às dívidas, que Deus lhe pague. Por Deus do Céu!

********************************************************************
E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS

ARTIGO – Mamãe, e com todas as letras. Por Marli Gonçalves

Até mais alguns muitos dias nossos ouvidos ainda vão aguentar tudo quanto é tipo de apelo para consumir, comprar, presentear, oferecer, dar. Os caras aproveitam essas datas, bem comerciais, para associar mãe a cada tipo de coisa que vamos, venhamos e convenhamos…

Mamãe: cinco letras que choram. Desde bem menina ouço essa frase e só agora me toquei que ela parafraseava uma música linda dos Anos 50, Adeus, adeus, adeus, composição de Silvino Neto, eternizada nas vozes de Francisco Alves e Orlando Silva. A minha mãe, como boa canceriana, sempre foi muito emotiva, gostava de fazer draminhas que me lembram até hoje os boleros. Falava muito nas tais letras choronas, e num tal padecer que não era em paraíso nenhum. Era normal dela ouvir, naqueles momentos que brigava comigo ou com meu irmão, quase ameaçadora, mas sempre premonitória: “Vocês vão ver. Quando eu não estiver mais aqui é que vocês vão me dar valor, sentir minha falta, lembrar que eu tinha razão”.

Ah! Não me diga que você também ouve ou ouviu essa frase? Mãe é mesmo tudo igual. Só muda o endereço. E o que é pior: elas sempre têm razão mesmo. Na grande maioria das coisas.

Pois bem. Minha mãe me disse adeus há nove anos. E todos os dias, por uma coisa ou outra tenho mesmo saudades e me lembro de algumas das suas falas e feitos, que ela era bem danada. Baixinha, gordinha, mineira, minha bichinha era arretada. Não gostava e não levava desaforo para casa, de jeito algum, uma das características mais fortes que puxei dela, além do tamanho e do peso sempre a ser controlado.

Por exemplo, lembrei esses dias o quanto ela odiava essas palhaçadas, como chamava dia das mães, dia dos pais, dia do c… (a língua era afiada também): “Uma falsidade que só serve para deixar as pessoas tristes” “Dia das Mães tem de ser todo dia, porque o que a gente aguenta de malcriação dos filhos!…”, resmungava. Pensando no mundo todo, porque a gente com ela sempre pisou bem miudinho.

Na verdade, esse monte de lembranças tem vindo à minha cabeça desde que há mais de um mês começaram as campanhas publicitárias chamando e convencendo o pessoal a gastar. É um tal de mãe linda abraçando bebê fofinho, frases de efeito para vender linguiça e cerveja em supermercados, jingles chatos martelando. Um tal de mãe é isso, mãe só tem uma, avó mãe da mãe. Compre um carro, uma blusinha, uma bolsa, sapato, celular, geladeira. Se for no shopping tal, e gastar gostoso, a partir de, pode até levar brilhantes. Claro, só se for sorteado um daqueles cupons infernais. O barato agora é mostrar as mães sempre jovens, lindas, cabelos ao vento, dentes brancos, sorridentes, ricas, magras, sem sofrimentos de parto, dinheiro para dar e vender, maridos apaixonados.

Coitadas das mães reais. Devem se sentir um lixo vendo aquilo. As mães reais têm mesmo pouco espaço na mídia. A não ser quando se manifestam por seus filhos assassinados ou desaparecidos.

A gente não vê muito aquelas que tiram da própria boca para alimentar os filhos, as mães que são “pais” e paus para toda a obra, as abandonadas, as que quiseram continuar solteiras, aquelas que não têm com quem nem onde deixar os filhos, as desesperadas porque os filhos seguiram direções contrárias, inclusive à lei. Mães que trabalham fora e passam o dia inteiro muito preocupadas ou se culpando por não ter tempo de dar atenção, as mães da dupla, às vezes tripla, jornada de trabalho. As tantas mães prostitutas que vêm para a cidade grande para ganhar algum para mandar, em geral para a mãe que cuida de seus filhos lá bem longe.

Essas imagens não vendem perfumes. Entendo. Mas se o Dia é das Mães também não podem ser esquecidas, nem lembradas só na hora das bolsas-família que as transformam em verdadeiras parideiras de salários. A cada filho ganham um pouco mais – parece aquelas ofertas de Leve 3, pague 1. E toma sustentar o malandro, que comparece só para fazê-la ser mãe mais uma vez.

Enfim, por mais que você seja preparado, terapeutizado e psicanalizado, datas como essa do Dia das Mães que chegam acompanhadas do tremendo massacre das campanhas publicitárias só servem realmente para nos deixar tristes, muito tristes. Não só quem não tem mãe, ou perdeu a mãe. Também entristece a quem gostaria de poder dar à sua própria mãe todas aquelas coisas. Não há musiquinha doce nem brinde de sanduíche que console.

E o que é pior: se você quiser ir almoçar fora no tal domingo, e não tem mãe, melhor arrumar logo uma postiça, para pelo menos arranjar um lugar na fila. Se tem, já vá se preparando, porque nunca haverá comida igual a dela, quentinha, feita com amor, saborosa. E ela vai fazer você saber disso, resmungando, pondo defeito em tudo, inclusive reclamando do preço da conta e fazendo cálculos do que poderia ter comprado com aquele dinheiro.

Isso, claro, se for uma mãe real, não dessas de propaganda. Muito menos dessas propagandas ridículas que estão no ar.

São Paulo, um verdadeiro berço, 2012
Marli Gonçalves é jornalistaPor essas e outras nunca quis ser uma.

************************************************************
E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br
ATENÇÃO: Por favor, ao reproduzir esse texto, não deixe de citar os e-mails de contato, e os sites onde são publicados originalmente http:// http://www.brickmann.com.br e no https://marligo.wordpress.com
Navegar é preciso. Estou no Twitter, @MarliGo, Facebook, e no blog : Clica aqui, para ir lá no blog! Visite o site MARLI GONÇALVES – Onde você encontra tudo e muito mais
No Twitter, siga-me! “www.twitter.com/MarliGo
Aqui você encontra todos os artigos anteriores:www.brickmann.com.br