ARTIGO – São Paulo continua feia. Por Marli Gonçalves

Duas cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, vêm sendo escarafunchadas esses dias e ao fim e ao cabo sempre aparece aquela eterna luta entre a elite, sua miséria e glamour, e a realidade, sua miséria e  glamour, surpreendentemente lados iguais de situações tão distintas

SÃO PAULO - RIO
Visão geral – Rio de Janeiro – miséria e glamour

Com tantas coisas acontecendo, capazes de transtornar nossas vidas muito e ainda mais nos próximos anos, acreditem, a polêmica da vez na semana foi o texto, diríamos bem equivocado, mas bastante pessoal,  do artigo de Washington Olivetto publicado em O Globo, e a gigantesca repercussão do ótimo podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, de Chico Felitti, para a Folha de S. Paulo.

No artigo “O Rio de Janeiro continua lindo”, como quem não quisesse nada, Olivetto descreve a tour de seu filho Theo, que acabou de entrar para uma faculdade, claro que lá fora, e que quis comemorar com mais quatro amigos, estrangeiros, só um também brasileiro, no Rio de Janeiro. O publicitário conta que tentou desfazer nos garotos, com a agenda que criou, a “péssima imagem que o Brasil vem construindo no exterior há vários anos”.

Mal sabia ele que o texto provocou o total contrário por aqui, inclusive prejudicando a sua própria imagem, a de pai, a de brasileiro, que inclusive já há alguns anos vive bem longe daqui, em Londres, e até a de escritor e publicitário premiado. No texto cheio de deslizes, como a citada babá que virou “parte da família”, mas sem ganhar exatamente o sobrenome famoso ou as coisas de que cuida na ausência do patrão internacional, ele discorre sobre passeios, as encomendas caras e certamente deliciosas que fez para os meninos, e ainda as idas a restaurantes com muitos $$$$$ e seus chefs maravilhosos.

Lendo o texto, admito que não pude deixar de comparar com a minha recente viagem de alguns poucos dias ao Rio de Janeiro, da qual recordarei ainda durante muitos meses pagando as prestações e cartão de crédito, e além dos bons momentos. Tudo bem, que adoro o Rio. Mas me diverti pensando, lembrando bem de que eu e meu irmão passamos na frente dos restaurantes citados, sei onde ficam, mas nós estávamos sempre a caminho de algum $$, no máximo. Assim como os turistas de Olivetto, também fomos ao Museu do Amanhã – idosos lá não pagam! – e na volta, de BRT, paramos na Cinelândia onde havia um enorme protesto estudantil – estão querendo cortar verbas da Universidade Federal. Também fomos ao Pão de Açúcar – lá idoso paga meia e no cartão deu para dividir o preço dos ingressos.

Fomos à praia tomar chuva e vento, que os dias que estivemos lá a temperatura estava tenebrosa, proibindo até aquele banho de mar de descarrego.

são paulo - rio
O estado dos ônibus no Rio de Janeiro

Lendo o texto tive dúvidas e fiquei pensando como todos se locomoveram, seguros. Um motorista? Também tivemos o nosso, os ônibus do Rio estão caindo aos pedaços e o motorista, cara de poucos amigos até para dar informação,  também é cobrador, com uma caixinha horrorosa e suja ao seu lado direito, de onde cobra e pega troco. Shows não fomos, vocês bem sabem: os ingressos estão na hora da morte. Mas Olivetto e os meninos devem mesmo ter sido convidados vip pelo Caetano Veloso.

No texto, o sonho acaba, com John Lennon citado e tudo. E todos voltam para a “vida real”, Londres! A última pérola foi a citação do filho que teria dito que aqueles dias haviam sido sua “pós-graduação de vida”.

Enquanto isso, na minha São Paulo, suja e malcuidada, a da Cracolândia móvel que aterroriza o Centro, dos roubos e sequestros em cada esquina, do barulho ensurdecedor, ficamos sabendo de excursões ao bairro “chique” de Higienópolis, onde fica a casa abandonada do podcast estrondoso. O que as pessoas querem? Ver se se surge na janela a mulher estranha com pomada branca na cara, ali escondida há 20 anos depois de fugir dos Estados Unidos para não cair – lá, porque aqui é difícil alguém rico  ser condenado – nas mãos da Justiça e onde escravizava e torturava a sua empregada doméstica. Querem ver a casa destruída onde ela, Margarida, seu nome, mora, em terreno muito, mas muito mesmo, valioso, dizem até que jogando excrementos nas paredes dos muros dos prédios vizinhos, entre outras esquisitices. Ninguém sabe exatamente se a mulher continua perambulando ali na casa abandonada e suja, pode ser que tenha saído – ela tem irmãs, e parte a receber do fabuloso inventário, que agora a imprensa revela inclusive mostrando fotos internas da casa, parte do processo que se alonga.

Diante da mansão fazem fotos, gravam vídeos, até caça-fantasmas apareceram ali, além de, claro, a turma da Luisa Mell que resgatou, pulando o muro, os enormes dois cachorros da casa.  O  assunto é notícia todos os santos dias, como se fosse essa a única casa abandonada dessa cidade, e fosse essa a única mulher a ter uma história tão terrível nessa cidade cheia de crueldades em cada esquina, em cada andar de apartamentos e condomínios.

Ainda não soube disso por aqui, mas desse jeito, com esse sucesso, não vai demorar para São Paulo copiar o Rio de Janeiro, e aparecerem agências de turismo fazendo tours para que as pessoas, dentro de jeeps mais parecidos a aqueles de safaris na África, até meio gradeados, e que vi muitos a caminho de seus destinos na orla da praia, cheios de gente indo visitar alguma das centenas de favelas que crescem mais e mais na Capital. Ou, quem sabe, que tal?, uma ida às Cracolândias, visita aos buracos de rua, conhecer como vivem os milhares jogados cobertos como sacos de lixo, dentro de caixas de papelão ou barracas improvisadas. Boiando em enchentes. Com fome. Catando lixo para comer.

A imagem do país no exterior tão cedo não vai mesmo melhorar. Mas, olha! Uma ideia de passeio para o Olivetto na próxima estada do filho e dos amigos no Brasil. Isso sim, acredito, seria uma excelente “pós-graduação na vida”.

______________________________________

Marli no Rio com Drummond
passeio na praia

 – MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

[FOTOS: ARQUIVO PESSOAL – MARLI GÔ]

ARTIGO – Carta aos considerados. Por Marli Gonçalves

close-more-salesEscrevo porque considero muito os meus considerados. E vi muitos deles postando imagens de dentro da manifestação em que se vestiu vermelho e, portanto, em apoio ao atual governo. Se for o seu caso e estiver lendo esta, saiba do meu respeito – não deve estar nada fácil se manter neste apoio, dia após dia. Mas não me chame nem de longe, nem em pensamento, de golpista. E também não vire sua cara comigo, que daqui a pouco, todos juntos, espero: vamos rir muito de tudo issovoleur

Estamos respirando política. E política aqui no Brasil não é muito saudável, cheirosa, nem oxigenada, muito menos confiável. Momento tenso, muito tenso, desequilibrado mesmo. Bambolê. Até aqui creio que todos concordamos. É o mínimo.

Isso dito, deixo claro que também quero ver o Eduardo Cunha pelas costas, e que é um absurdo ser ele o condutor do processo de impeachment. Mas está lá. A mesma Justiça que bate em Luiz, baterá um dia talvez quem sabe logo logo nele. Mas ainda não bateu. Não consigo digerir o esgar irônico de Renan Calheiros. E, cá entre nós, o que é o Aécio? Que é aquilo? Onde foi que ele se perdeu dessa forma? Só fala coisas óbvias, repetitivas, como se ensacasse vento, trêmulo, sem convicção. Ficaria páginas listando alguns outros que se revezam diante de nós nos noticiários. Pauderney. Pauderney! Sibá. O bisonho irmão para baixo do Genoíno, da triste lembrança dos dólares na cueca. Caiado. Bolsonaro. Jaquinho, o baiano, o que diz que quer ser até carregador, atarracado no saco do chefe. Tem coisa mais degradante do que a subserviência? O “rapaz”, como chamado nos telefonemas, o Cardozo, que algo me diz estar em intensas manobras. O tenso Mercadante aloprado trapalhão. A lista é gigantesca.

Mas, meu considerado, por favor! Não fica aí batendo pé, fazendo biquinho, mimimi, repetindo bordões e falsidades se não estiver muito ligado, ganhando, ou ainda se for mesmo um apaixonado ainda não desiludido (ainda, né?). Se está aí acreditando até que deram Metrô grátis para os que protestaram contra o Governo, e você bem sabe que isso não aconteceu, mas continua no transe do social-golpe-direita-esquerda-etc, posso fazer o quê? Adianta mostrar fotos de como teve, sim, trabalhadores de vermelho na manifestação, e também nas faces, rubras, sim, mas por receber dinheiros, carona, uma camiseta e bandeirinha? Promessa de shows. Aliás, showmício.

Óbvio que achei o horror a tal lista de artistas para serem boicotados, assim como, por outro lado, achei o horror a lista negra que foi feita de jornalistas que batem no Governo. Acho simplesmente ridícula essa coisa boba contra a TV Globo – até parece que é tudo por causa dela, ou da Veja! – e os argumentos de vir comparar a corrupção quase trilionária que nos assola a camisetas da Seleção, tirar o pirulito da criança, pisar na grama, não dar esmola e ter babá. Ridículo, gente, arrumem coisa melhor.couple

O que vocês chamam de coxinhas e outras palavras mais pesadas que paneladas se trata de todo um mundo com pressa de olhar o futuro, virar a página, voltar a falar de outras coisas como esperança, parar de passar dias com nós no estômago, amargado com as notícias que não param de chegar. Com as coisas que não param de subir. Com os sonhos adiados como castelo de cartas. Com as dificuldades e falta de assistência. Com a paradeira geral e o soluço dos desempregados, endividados. São os verdadeiros estarrecidos esses que se movimentam confusamente em verde e amarelo. São seus amigos, poupe-se de destratá-los. Sou eu, seu vizinho, seu cliente, seu aluno, seu professor. Não são fascistas. Fascista é a …! Claro, primeiro, se aprender a escrever certo para xingar, o que é raro, raríssimo.

ringleader_yelling_thru_megaphone_md_clrQuem protesta? Quem está sentindo na pele. No geral, gente que quer que essa política que tanto envolve vocês em briguinhas de lé com cré simplesmente exploda, boom, daí o rancor. São alguns dos milhões de desempregados. Gente que não está podendo suportar mais o desgoverno, o governo malfeito, trapalhão, despreparado. É de baixo a cima. É total, está sem pé nem cabeça, sem projeto, sem ministros (?!?) sérios, tudo negociado, sem ações positivas, com as casas que dá, caindo, enquanto se constroem arranjos de sítios e triplex. Estradas parecendo campos de guerra. Um mosquito faz zueira e espalha o terror. O conceito cidadão é desvirtuado, trocado por apupos. As obras paradas, as cidades se deteriorando a olhos vistos.

Querem o quê? Aparece um candidato a imperador romano tentando atrapalhar as investigações – e, portanto, assinando com firma reconhecida a culpa no cartório. Com a mesma caneta, assina, promovido a ministro. Uma esculhambação geral, Casa da Mãe Joana – se já era esquisito ter um presidente dentro e um fora, dois dentro só pode ter sido ideia de um gênio do Mal, coisa que grassa nesse governo que confunde o tempo inteiro o Estado com as suas gavetas de roupas íntimas, quer usar a nossa escova de dentes. Vocês não podem não estar vendo isso.

parler_beaucoupEles, esses que batem no peito se agarrando no galho, mudaram; talvez, se você for jovem, não saiba, mas eles mudaram muito do tempo quando apareceram com propostas de mudanças, e eu também os apoiei. Agora estão sambando na corda bamba porque temem apenas deixar o Poder no qual se atarracaram para sugar tal qual carrapatos. Olha bem. Perceba que a situação chegou a um ponto insustentável. Deixaram digitais em todos os lugares, que são muitos, e que se encontram numa pororoca que estourou foi o país de nós todos.

A proposta é #vamosnosuniroparanaotergolpenenhum. Bandeira branca, amor.

Quer ficar nessa, fica, mas repito, sem me virar a cara nem torcer o nariz que daqui estou só assistindo. Mas uma hora vocês precisarão trocar de líderes se quiserem voltar a ser respeitados. Esses aí têm pés de barro, e a água já passou da canela. Nós, juntos, precisaremos encontrar novos homens de bem, de bem mesmo, se é que me entendem. Digo o mesmo aos exaltados do lado de cá: parem de ignorâncias, por favor, querer atear fogo na caldeira e se mostrando piores do que o que combatem. Sejam mais razoáveis, que os fatos já são bem claros, não precisam salivar.

Considerado, usando uma expressão cativada pelo querido Moacir Japiassu, que a todos chamava de considerado. Considerado é uma daquelas palavras completas em sentido, gorda de significados.

Considerado, considere considerar que todos nós temos alguma boa dose de razão.

Sem mais, cordialmente, eu juro, um forte abraço,

Marli Gonçalves, jornalista Ah, tô na rua sim, porque nunca fui de esperar que ninguém lute por mim, porque bem sei que ninguém lutará. Desejo algo como a lavagem do Bonfim, um novo tempo. Apesar dos pesares.

SP, março, 2016

********************************************************************
E-MAILS:
MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR
POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS
AMIZADE? ESTOU NO FACEBOOK.
SIGA-ME: @MARLIGO

ARTIGO – Mulheres, sempre à beira de algum abismo. Por Marli Gonçalves

tumblr_n22lpobkUP1sltk8co1_500Muitas vão ler isso, virar a cara, fazer muxoxo, espernear, negar, dizer que estou exagerando, que não é tudo isso, mas nunca na frente de um espelho. A mais nova ridiculice, misto de tolice com ridículo, é ficar discutindo se qualquer tititi que tem mulher no meio é feminismo ou não. Aliás, ultimamente se afirmar feminista – e eu, já adianto, sou, até porque sei do que se trata – é equivalente a ser uma bruxinha. Errado

Pois repito: mulheres, sempre à beira de algum abismo. Sempre tendo que fazer uma escolha, tendo que se desdobrar especialmente mais, com a corda esticada no limite. Não pensem que é fácil falar tão duro, mas de novo essa semana vamos ouvir muito aquelas frases construtivas que inventaram dizer em nossos ouvidos e só não tão piores como as que aparecerão no Dia das Mães, que aí o jogo é mais duro ainda. O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, não foi criado para vender rosas nem batons. É dia nosso, mas em outros sentidos, quando devíamos todos contemplar a situação, inclusive a sua própria situação, se for mulher. Só isso. Não é nem feriado; é simbologia. É dia criado para nunca esquecermos quando outras mulheres antes de nós começaram a se impor. Não precisa mudar nada se achar que está tudo bem. Ok? Calma. Ninguém quer brigar.

walking-woman

É certo ainda que novas formas sexuais híbridas começam a se apresentar bastante influentes, e mudando a paleta de cores do que é ser homem ou ser mulher. Há variações. No caminho o povo vai se acomodando onde lhe aprouver, tantos homens quase mulheres e mulheres quase homens, numa interessante gradação. Que acomoda a todos.candystriper_pushing_pregnant_woman_hg_clr

Mas repito: ser mulher é mais complexo, essa coisa de ser geradora, fabricante de outros humanos, importa sim. Mas não é fundamental, até porque entre nós há as que não querem fazer ninguém. É mais complexo na coragem, na força que tira sabe-se lá de onde quando acuada, nas escolhas de sofia que faz praticamente todos os dias, nem que seja escolhendo o cardápio da casa, ou a cor de seus sapatos. Se vai prender ou soltar os cabelos. Cheguei à conclusão de que as mulheres sempre têm muito mais o que decidir. O dia inteiro, toda hora. Sinto na pele.

A mulher tem de sobreviver, nascer, crescer, ter orgasmos, ser feliz, bonita e disponível, compreensiva, dedicada, delicada, ao mesmo tempo que está na máquina de moer carne do mercado. Ainda tem que esperar que percebam que é dona absoluta de seu próprio corpo, não está disposta a assédios brutos. Sem autorização, jamais toque numa mulher, nem pegue nos seus cabelos – ela pode se transformar em uma onça. Eu, pelo menos, até afio as garras.

womanHá muitos paralelos. As meninas do movimento #vaitershortinho nos lembram vagamente o que foi a polêmica da minissaia, os 20 centímetros acima do joelho que mudaram uns rumos, desnorteando revolucionários. Hoje são outras coisas as solicitadas e fundamentais. Vamos lá. Outras igualdades, se é que ainda poderá haver algo igual a outro analisado do ponto de vista de gênero.

3d animasi woman playing violin animated human animation could be wallpaper and screensaverVamos organizar melhor essa batucada.

Outro dia li e fiquei muito contente com a notícia de que a Marilia Gabriela vai fazer um novo TV Mulher, reeditar a ideia básica. Vai sair coisa boa daí. Multifacetada, ela acompanhou todo esse tempo a que me refiro, que não é muito, mas já são décadas. Vamos poder conversar melhor – espero que façam as mesmas boas pautas de outrora. As sexólogas também deverão ser muito mais arrojadas do que eram a Marta Suplicy e outra famosa da época, também Matarazzo, a Maria Helena, que lembro como mais conservadora.

Vamos, por favor, continuar comentando, observando, fazendo. Nos encontraremos todas à beira de nossos abismos pessoais, e onde acabamos sempre por mergulhar, no mínimo para ver no que dá.
Mulher é curiosa.

SP, 2016 programmer_woman

Marli Gonçalves, jornalista Estamos em um momento muito pulsante, que não requer divisões, mas homens e mulheres com atitude. Ah, outra coisa, antes que esqueça: se me xingar de feminista eu gamo, entendeu?

********************************************************************
E-MAILS:
MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR

POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS

AMIZADE? ESTOU NO FACEBOOK.
SIGA-ME: @MARLIGO

———————

Feliz Ano do Macaco de Fogo. Hoje, 8 de fevereiro.

swinging monkey  animationswinging monkey  animationmonkey swinging  animationhttps://marligo.wordpress.com/2016/02/07/artigo-macacos-nao-me-mordam-por-marli-goncalves/

Já leu meu artigo? MACACOS NÃO ME MORDAM, sobre o Ano do Macaco?

 8 de fevereiro Tradição chinesaswinging monkey with banana  animationmonkey swinging  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationmonkey jumping  animationbaby chimps kissing  animation

ARTIGO – Macacos não me mordam. Por Marli Gonçalves

Mizaru-Kikazaru-Iwazaru-1Feliz Ano Novo. Corre! Minha proposta, positiva, otimista: vamos tentar começar de novo, nem que seja usando o ano novo dos outros, porque esses nossos primeiros dias não foram bolinho, não refrescaram os nossos calores, muito menos mostraram a luz do fim do túnel. Vamos abrir outro ano; vamos agora de Ano Novo Chinês, 8 de fevereiro, Lua Nova, entrando no Ano do Macaco, o 4714. Será – mais precisamente – o Ano do Macaco de Fogo que, dizem, ajuda quem planta o bem. Vai até 27 de janeiro do ano que vemmacacão

Nesse período vai dar tempo de a gente pular uns galhos. Poderia ser Macaco de Metal, Água ou Madeira, mas agora é o de Fogo, tudo de acordo com o ano. O Macaco de Fogo cobra com juros o que foi injusto, falso e destruidor de vidas e sonhos, descobri, buscando mais sobre esses mitos. E como de juros a gente entende, penso que o tal macaquinho pode bem vir a ser um bom amuleto para a gente se apegar esse ano, pedindo para melhorar um pouco a situação e inclusive comprando até algumas bugigangas com a cara dele vindas justamente lá da China. Prepare-se que os macacos vão inundar o mercado de todo o planeta a partir dessa semana.

Daí a minha proposta de que façamos outro Ano Novo, só não dá para gastar muito nem comprar roupas novas que estão pela hora da morte. Vamos entrando, ver no que dá.

Dizem ainda que, se achamos que 2015 foi cheio de surpresas, desafios, mudanças e agitação, melhor se preparar para viver em 2016 o dobro disso tudo. O Macaco é um dos 12 animais símbolos do zodíaco chinês, onde cada um representa um ano. De acordo com a lenda, Buda chamou todos os animais a si antes de se mandar da face da Terra. Somente doze animais teriam vindo despedir-se. Como recompensa ele nomeou um ano para cada um pela ordem em que chegaram. Veio primeiro o rato, depois o boi, o tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco. Bonito, né?

macaquinhoBonito, mas essas coisas são sempre muito intrigantes. O macaco é um animal especial, inteligente e muito próximo, creio que eles também pensem assim quando nos veem. Em comum, tivemos lá atrás – há mais de seis milhões de anos – um mesmo antepassado, em solo africano. Uma linhagem virou o que somos. Outra, o que eles são, evoluindo por lá mesmo. Nós não descendemos dos macacos, como ainda tem quem ache. Não os substituímos, eles estão aí. Somos apenas bem parecidos.

Cada macaco no seu galho, nos diriam, baixinho, para não despertar uns chatos politicamente corretos, sociólogos de gabinete que associam essa tão conhecida expressão com uma “clara tentativa de intimidação social, de manutenção do status quo”. Prefiro, ao contrário, entender como “não se meta no meu território”, “cuide de sua vida que eu cuido da minha”. Não invada meu espaço. Tenho pensado muito sobre isso vendo tanta gente fazendo “jornalismo”, “comunicação”, sem ter noção dessa responsabilidade.

Mas repara que o macaco já está na ordem do dia. Uma boa parcela da população, pasma com tudo que vem sendo revelado nos últimos meses, com tudo que tem ido abaixo no país nos últimos meses, tem pensado seriamente em mandar um certo grupo político, um certo partido e seus líderes de barro, fazer o quê? Justamente: pentear macacos! Uma expressão comum e bem engraçada, se a gente ficar pensando que não deve ser nada fácil pegar o bichinho para pentear. Manda alguém ir fazer isso é não estar querendo vê-lo por perto por um bom tempo. Exatamente o que faremos quando nos livrarmos desses micos, e que estão nos fazendo pagar outros, alguns até bem esquisitos, diante do mundo.

Os macacos estão dando as cartas, como nos jogos dos baralhos tradicionais, em que alguém os tirava, aquele mico de circo. Têm a ver até com o nosso mais novo motivo para pânico, o vírus zika. O vírus foi isolado, encontrado pela primeira vez em 1947 em um macaco na floresta de Zika, que lhe dá o nome, em Uganda, África. De lá, veio se espalhando e chegou aos humanos como uma trágica vingança daqueles descendentes que não viraram humanos na evolução das espécies. Voa com o Aedes aegypti, o mosquito invocado, que tem um leque de doenças em sua mochila de viagem.

Então, Feliz Ano novo. Aproveitando as deixas budistas, lembro ainda de outros três macaquinhos, os chamados sábios, os que tapam os olhos, os ouvidos e a boca numa boa proposta resumida no provérbio “não veja o mal, não ouça o mal, não fale o mal”.

Só que aqui, no momento atual, precisaremos fazer ao contrário: temos de ver bem o que está acontecendo, ouvir com atenção e abrir a boca para protestar, inquietos, fazendo uma algazarra bem grande para nos livrarmos de todos desses perigos.

São Paulo, 2016macaquito

Marli Gonçalves, jornalista Cachorro, no horóscopo chinês. Mas fica com a macaca quando tomam nossa banana de cada dia.

********************************************************************

 E-MAILS:
MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR
POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS
AMIZADE? ESTOU NO FACEBOOK.
SIGA-ME: @MARLIGO

Sensacional, sensacional. Artigo de Cora Ronai hoje, em O GLOBO. Sobre o aborto

FEMINISTAS SIM, PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO.

Sobre o aborto

Por CORA RONAI

A epidemia de zika e o aumento explosivo do número de casos de microcefalia puseram na ordem do dia o debate sobre a descriminalização do aborto. Da escuridão, às vezes, nasce a luz: tenho a impressão de que, em menos de um mês, foram publicados mais artigos e entrevistas sobre o assunto do que nos dez anos anteriores. Amaldiçoado com uma das classes políticas mais cínicas e calhordas do mundo, que foge de qualquer tema que possa desagradar aos religiosos, o Brasil está se devendo essa discussão há tempos — mas a simples menção da palavra “aborto” basta para que os nossos legisladores, salvo raras e heroicas exc

gravida anda

eções, virem para o lado e façam cara de paisagem. Pouco importam, para eles, as vítimas da sua covardia. Quem sabe agora, diante do desastre e da gritaria, tomem vergonha e tenência.

Interromper uma gravidez — em qualquer situação — é prerrogativa da mulher. A maioria dos países do Primeiro Mundo, aqueles que melhor resolveram as suas desigualdades econômicas e sociais, já reconheceram isso. O aborto é legal, sem restrições, em toda a América do Norte, na Europa (com as significativas exceções da Polônia e da Irlanda), na Austrália e numa boa parte da Ásia, para não falar em países que nem são tão desenvolvidos assim, mas que têm feito um esforço nesse sentido, como nosso vizinho Uruguai ou a África do Sul. Em outros, como Índia, Japão ou Islândia, foram estabelecidos limites de tempo para a interrupção da gravidez, mas mesmo esses limites podem ser flexibilizados em casos de doença grave da mãe ou do feto, ou circunstâncias socioeconômicas adversas. Eles entendem que a maternidade é um compromisso para a vida inteira, e que um aborto é muito menos traumático, individual e coletivamente, do que uma criança indesejada.

O Brasil, porém, está alinhado com o Afeganistão, a Somália, a Líbia, o Sudão, o Mali, o Burundi, o Iêmen ou o Haiti, países onde a vida humana, caracteristicamente, vale muito pouco. Até Paquistão e Arábia Saudita, que tratam as suas mulheres feito lixo, têm leis melhores do que as nossas, para não falar numa quantidade de países da África subsaariana, como Zâmbia, Namíbia ou Quênia.gravidinha

Um excelente mapa interativo do Center for Reproductive Rights mostra a legislação sobre o aborto no mundo. Ele pode ser visto em goo.gl/340WF.

::::::

Digo que o Brasil precisa discutir o aborto, mas eu mesma, pessoalmente, não tenho mais ânimo para isso. Sei que existem pessoas boas genuinamente angustiadas com a sorte dos fetos alheios, para além de dogmas religiosos e falsos moralismos, mas essas pessoas têm sido minoria nas discussões acaloradas da internet.

Nessas discussões, as pessoas que mais se dizem horrorizadas com as mortes de fetos — chamando-os de “crianças” para maior efeito dramático, fingindo desconhecer o fato de que “crianças”, ao contrário de embriões, conseguem sobreviver fora do corpo da mãe — são estranhamente insensíveis às mortes das mulheres obrigadas a abortar em condições sub-humanas. Para elas, a vida, tão preciosa dentro do útero, deixa de ter valor do lado de fora.

gravidaDefendem a inviolabilidade da vida, e sustentam que a legislação brasileira, retrógrada ao extremo, basta para qualquer mulher; não veem contradição nenhuma em defender o aborto em casos de estupro e em gritar que toda vida é sagrada. Mas, se é, que diferença há entre os fetos gerados por estupro e os fetos gerados por amor? As “crianças” não são todas iguais?

Hipocrisia é o nome do jogo.

::::::

Defender a criminalização do aborto é fechar os olhos para o fato de que quase um milhão de abortos são realizados anualmente no Brasil, com cerca de 200 mil internações decorrentes de procedimentos mal feitos; é ignorar as estatísticas mundiais que mostram que o número de abortos se mantém estável quando a legislação muda a favor da mulher; é contribuir para a desigualdade social, porque mulheres ricas continuarão fazendo aborto sempre que necessário.

Mas defender a criminalização do aborto é, acima de tudo, um ato de inacreditável soberba, que põe todos os “juízes” acima da mulher que optou por interromper a gravidez. Ora, fazer aborto não é uma decisão fácil ou leviana; nenhuma mulher faz aborto por esporte. Qualquer uma que chega a essa decisão já pensou muito, e já pesou, dentro da sua capacidade, os prós e contras da questão — mas os senhores e senhoras que a condenam acham que conhecem melhor as suas condições e os seus sentimentos do que ela mesma, e se acreditam no direito de castigá-la.

Quem pede a legalização do aborto não pede a ninguém que aborte ou seja “a favor do aborto”; pede apenas que seja dado às mulheres o direito de decidirem o seu futuro por si mesmas, sem correr riscos de saúde desnecessários, e sem que estado ou igreja se metam onde não são chamados.gravidez de reprodução assistida? assistidíssima

::::::

Este assunto me tira do sério muito mais do que qualquer outro (ou, vá lá, quase qualquer outro) porque nele vejo, além da hipocrisia, muita maldade, falta de compaixão e todo o tipo de chicana moral e religiosa para continuar mantendo as mulheres na posição de submissão em que foram mantidas ao longo dos séculos.

A verdade é simples: a criminalização do aborto é um crime contra a mulher.

(O Globo, Segundo Caderno, 4.2.2016)

Sobre esse mané prefeito querer abrir as vilas residenciais e ruas sem saída: mais um erro haddadiano. Veja opinião de advogado especializado

91-city2_4Fechamento de vilas em São Paulo é constitucional

CITY, CRAZY CITY

Por Marcelo Dias Freitas Oliveira
O Brasil é um país onde discussões extremamente técnicas no âmbito jurídico e legislativo afetam diretamente a vida quotidiana dos seus cidadãos. Esse é o caso do embate sobre o fechamento de vias públicas, ruas sem saída, as chamadas Vilas.
No fim de 2014, o Tribunal de Justiça de São Paulo declarou a inconstitucionalidade da Lei municipal 15.002/09, que consolidava antigas normas e autorizava o fechamento das Vilas. Neste julgamento também foram incluídas as antigas leis sobre o assunto (10.898/90; 12.138/96; 13.209/01 e 14.113/05), assim como o Decreto que regulamentou a norma mais atual (Lei 51.541/10).
No caso, o Procurador Geral de Justiça de São Paulo ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade em face do Presidente da Câmara Municipal de São Paulo e do Prefeito da Cidade terem argumentado que a Câmara teria usurpado a competência para propor a Lei, pois versava sobre matéria de exclusiva iniciativa do Prefeito.
O Órgão Especial do Tribunal acolheu a argumentação e declarou inconstitucional a Lei que autorizava a criação das Vilas, ou fechamento de vias públicas, tais como as “ruas sem saída” que se encaixassem na legislação.
Entretanto, foi além o Tribunal, pois declarou, também, a inconstitucionalidade das Leis antigas, o que fez cair em um vácuo legal todas as Vilas que já estavam estabelecidas há anos, até mesmo décadas, em primeira análise.
Em vista dessa decisão, a Prefeitura iniciou ato para abertura de todas as vilas já existentes, assim como indeferir todos os pedidos feitos após a publicação da decisão citada. Enquanto isso, propôs, por meio do Prefeito, nova Lei, que foi aprovada na primeira votação na Câmara no dia 06 de outubro (PL 453/15).
Contudo, está errada a decisão de abertura das vilas, as quais foram autorizadas na constância das leis que foram declaradas inconstitucionais.
Validamente, o Órgão Especial do Tribunal de São Paulo, ao fazer a declaração de que as leis eram inconstitucionais, também limitou os efeitos dessa decisão, a fim de proteger diversos princípios constitucionais, assim como faz o Supremo Tribunal Federal ao julgar causas de grande impacto na sociedade.
Portanto, observa-se que a decisão não atinge as vilas já estabelecidas, sob pena de se desrespeitar a própria decisão de inconstitucionalidade. Assim os cidadãos e associações que já tinham vilas formadas podem requerer ao Judiciário que assim continuem até que outra Lei entre em vigor.
Marcelo Dias Freitas Oliveira é advogado do escritório Bertolucci & Ramos Gonçalves Advogados.

city

Previsão: Cesar Maia deu uma boa viajada hoje, pensando o futuro, Lula, Dilma, o porvir e o …

Gifs%20Animados%20Relojes%20(3)“GRAMPO NO INSTITUTO LULA”? TÁTICA E ESTRATÉGIA!
(FONTE: DO BOLETIM DE CESAR MAIA, EX-BLOG DO CESAR MAIA)
1. Lula e seu entorno perderam completamente qualquer expectativa em relação a Dilma e seu governo. E acham mais: sua continuidade será um abraço de afogado em Lula e no PT. Melhor seria ela sair logo. A possibilidade de um impeachment, com todo o ritual desgastante de autorização pela Câmara de Deputados para julgamento pelo Senado, seria descarnar Dilma e o PT e inviabilizar qualquer projeção de Lula para 2018.

2. Nixon –nesta etapa, ou seja, na autorização para julgamento- preferiu renunciar. Collor da mesma maneira. O impeachment suprime direitos de Dilma de ser ex-presidente (proventos, assessoria…). Ficaria desprotegida para sua “aposentadoria”.

3. Num quadro como este, o melhor para Lula, para o PT e para Dilma seria ela sair sem perder seus direitos. Desta forma, há um único caminho: a licença médica sem prazo definido para tratamento, seja por razões físicas, seja por razões psíquicas. Lula estaria não só de acordo com este caminho, mas entusiasmado com esta hipótese: a companheira estaria financeiramente protegida.

4. O entusiasmo é maior pelas novas perspectivas que seriam criadas para Lula e para o PT. Com Dilma em licença e com assistência médica, Michel Temer, seu vice, assume a presidência. Na construção de cenários por Lula e seu entorno, Temer iria construir um governo de união nacional com a base aliada e a oposição. Mas o PT –alegando incomodidade política- não participaria.

5. Em seguida, colocaria em campo sua banda de música de defesa das conquistas sociais e, portanto, de oposição às medidas que estariam sendo adotadas. E em cima do trio elétrico reapareceria Lula –em defesa dos fracos e oprimidos que estariam perdendo direitos conquistados em seu governo- e assumindo, na “tragédia”, um papel que cumpriram tão bem –ele, o PT e a CUT- por anos: oposição a tudo que se está fazendo.

6. Esse novo cenário, em pouco tempo, colocaria Lula liderando a comissão de frente da sucessão em 2018. Contariam com o que chamam de memória tênue da população. Em menos de dois anos, o governo seria o PMDB, o PSDB, e aliados. Seria como se o PT tivesse sido derrotado e assumido um novo governo defendendo o interesse das elites econômicas.

7. E em junho de 2018, uma grande mobilização no lugar mais favorável para a concentração popular exigiria que Lula assumisse a candidatura a presidente. Lula, emocionado, tomaria uma criança nos braços, derreter-se-ia em lágrimas e diria, vestindo a fantasia de salvador da Pátria: Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao Povo que…, aceito a honrosa missão.

8. E encerrando a reunião: Quanto mais cedo melhor!

Aplausos para elas!!!!!! Servidoras protestam contra as fiscais do alheio!( Da Folha de SP)

aplausos02Servidoras protestam contra tentativa da Câmara de regular vestimenta

DE BRASÍLIA

Envoltas em lenços com o objetivo de simular burcas e sob o coro “cuida do seu decoro, que eu cuido do meu decote”, cerca de 30 servidoras da Câmara dos Deputados realizaram um protesto na manhã desta quarta-feira (9) contra a tentativa de aprovação de um código de vestimenta para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Casa.

As servidoras se reuniram na ala de acesso às comissões da Câmara e portavam cartazes contra a tentativa do “dress code” parlamentar.

A medida está sendo estudada pela Mesa da Câmara a pedido de parte da bancada de deputadas, que tem manifestado desconforto com o que elas consideram como “abuso” por parte de algumas servidoras e visitantes. A autora da ideia de regular o tamanho de decotes e saias, entre outros pontos, é a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no mensalão.

“Tenho 30 anos de Câmara e agora querem medir o meu decote?”, disse, em tom indignado, a servidora Dirnamara Guimarães, 49, que é concursada e trabalha na Comissão de Constituição e Justiça. Em seu telefone celular, ela mostrou a página criada no Facebook –”Cuida do seu decoro, que eu cuido do meu decote”–, que até o final da manhã desta quarta já contava com 453 adesões.

“É um absurdo que com tantos problemas graves pelos quais o país passa parlamentares se preocupem com as roupas que as pessoas entram aqui, que é um lugar que tem que ser de livre e amplo acesso. É preciso mais ética e menos estética”, disse a servidora Jacinta Luiza, 54, também concursada, e que trabalha no Centro de Documentação e Informatização da Casa,

Apenas dois deputados, Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF), participaram da manifestação.

O “dress code” da Câmara está sendo elaborado pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Casa, que irá apresentar uma proposta à Mesa. O órgão é comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é evangélico e defende posições conservadoras na área dos costumes.

aplausos02

———–

JÁ LERAM MEU ARTIGO SOBRE ESSE ASSUNTO?

CLICA AQUI: DEPUTADA, FAÇA-ME O FAVOR.aplausos!

O povo vai pra a rua. Tô falando. Uol fala em 7 mil demissões só as relacionadas à Lava-Jato

Manchetes como essa deste momento na Capa do UOL foram algumas informações que motivaram meu último artigo,

mao apontando direitaO povo vai para a rua”. Para ler, clique aquimao apontando esquerda

Recebi de um leitor-escritor. A visão dele sobre ser solteiro…

Já leu o meu artigo sobre o Dia do Solteiro? Clica aqui.

patrick_star___to_do_list___animated_by_flyes-d4ikvok1DIA DOS SOLTEIROS

  • 187806_170987252962966_738769_nFiquei sabendo que o Dia dos Solteiros é 15 de agosto – na verdade, é todos os dias… Não sei quem inventou esta, nem porque, mas dá pra dizer que é um contraponto ao Dia dos Namorados. Então vamos ver o que é que dá pra comemorar:

 

  • O melhor de se estar solteiro é estar disponível para se envolver com quem quiser.
    O solteiro não perde uma boa festa; nem a oportunidade de conhecer pessoas interessantes.
    O solteiro é livre e independente.
    O solteiro não deve satisfação pra ninguém; não tem hora pra chegar em casa, nem tem que dar explicações sobre onde e com quem estava.
    O solteiro não tem nenhum motivo para sentir ciúme; nem precisa mentir ou inventar estórias.
    O solteiro pode planejar seus fins-de-semana e suas férias sem precisar pedir a opinião de ninguém.
    O solteiro se diverte em dobro e gasta só a metade…
    O solteiro pode aproveitar a vida como quiser.
    O solteiro pode ler seu livro, jornal ou revista, descansadamente.
    O solteiro pode ver seus filmes e programas de TV preferidos, sem ter que ouvir opiniões ou reclamações.
    O solteiro tem mais tempo para os amigos e para fazer o que gosta.
    O solteiro não fica roendo as unhas e olhando no relógio a cada minuto, enquanto espera a companheira(o); nem precisa correr quando está atrasado para aquele encontro.
    O solteiro não precisa fazer malabarismos para agradar a companheira(o) todos os dias.
    O solteiro não tem que ir naquela festa de família, ou assistir aquele filme chato, só para agradar a companheira(o).
    O solteiro não tem sogra (este pode ser um bom argumento para se continuar solteiro).
    O solteiro não precisa ouvir reclamações nem cobranças; nem precisa discutir a relação.
    O solteiro não precisa agüentar discussões intermináveis, quando o relacionamento não vai bem.
    O solteiro não precisa agüentar mau-humor, TPM, nem certas manias que a
    companheira(o) tenha.
    O solteiro pode dormir tarde, sem incomodar ninguém; ou dormir cedo, sem ser incomodado por ninguém.
    O solteiro dorme e acorda sem ouvir roncos, nem receber cotoveladas e joelhadas durante a noite.
    O solteiro faz sexo sem compromisso e sem obrigação – sempre por prazer e geralmente com amor. O solteiro pode até ser o ‘outro’, mas jamais será o ‘corno’! Não existe solteiro ‘corno’.
    O solteiro nunca ‘se engana’.
    O solteiro sabe se valorizar e jamais se envolveria com uma pessoa qualquer, só para mostrar que não está solteiro.
    O solteiro também não se deixa enganar pelas armadilhas da paixão.
    O solteiro não precisa gastar fortunas com telefonemas ou com as despesas da casa.
    O solteiro não costuma acordar no meio da noite com choro de criança.
    O solteiro não precisa apartar a briga dos filhos a toda hora.
    O solteiro não se preocupa com divórcio ou com divisão de bens.
    O solteiro não tem ex-mulher com filho para sustentar; nem tem que se humilhar com a pensão do ex-marido…

Talvez o Dia dos Solteiros seja tão desprestigiado porque não tenha interesse comercial. Afinal, solteiro não precisa gastar tempo e dinheiro para agradar a companheira(o); nem tem que fingir que gostou daquele presente-de-grego.

Se tiver alguém aí querendo acabar com esta minha boa-vida de solteiro é só entrar em contato. Mas já vou avisando: tem que valer muuuito a pena para me fazer mudar de vida.

Celso Afonso Brum Sagastume
Autor dos livros:
– A busca da Felicidade através das Relações Humanas (esgotado)
– Utopia Real (esgotado)
– Como Realizar Sonhos e Desejos (esgotado)
– Reflexões sobre a Vida (R$ 15,00)
– Vencendo a Morte – Uma análise filosófica (R$ 20,00) Para saber mais, faça uma busca na internet, ou entre em contato…
E-Mail: celsoabs@bol.com.br
Cel: (0..55) 8161-5350 (Tim) 8464-5408 (Oi) http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/2012/01/celso-afonso-brum-sagastume-escritor.html

Agenda para quem pode. Amanhã, 8 de março, tem Marcha das Vadias 2014 em SP. Acabo de pegar esse post!

gif-sexy-gratuit-1

Atenção, atenção mulherada! Amanhã, 8 de março, a Marcha das Vadias de SP estará nas ruas para marcar mais um ano de luta. O ato deste 8 de março de 2014 é uma realização conjunta de vários coletivos feministas e outros movimentos sociais, além de partido políticos. A concentração será no vão do MASP a partir das 9h. Se você ainda não tem uma turma definida, vem marchar com a gente!!!!! Procure pela faixa Marcha das Vadias que estará estendida ao lado do pilar esquerdo, no fundo do MASP (olhando de frente pro vão) a partir das 8h. A partir das 10h, sairemos todxs em marcha! A rua é nossa!!!!!

Mais informações:

https://www.facebook.com/MarchaDasVadiasSP

anniv_036

 

 

 

 

JÁ LEU MEU ARTIGO DESTE ANOS SOBRE A DATA? AQUI

 

Da série SP CIDADE CAÍDA: tantos buracos no meio das ruas que a população investe em cones. Isso aqui é nos Jardins…Imagine na Copa, e na cozinha, da periferia. Feliz DESaniversário, SP!

20140121_121207…no meio da rua tinha um cone, tinha um cone no meio da rua…

( PAMPLONA COM JOSÉ MARIA LISBOA)

JÁ LEU MEU ARTIGO DA SEMANA? CLICA AQUI EMBAIXO!

SÃO PAULO, VAMOS, LIDERE!

Leiam esse artigo do Augusto Nunes. Quando crescer, já disse, quero escrever assim

O São Jorge de bordel nem desconfia que farra foi longe demais e a casa pode cair

FONTE: VEJA ONLINE – http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/

Em agosto de 2005, num texto publicado no Jornal do Brasil, lembrei que a vida de adolescente em cidade pequena era bem menos divertida antes da revolução dos costumes desencadeada no fim dos anos 60. As moças se casavam virgens, motel só aparecia em filme americano, drive-in era coisa da capital. A esfregação nunca ia muito longe. E também os moços pouco ou nada saberiam de sexo se não houvesse, em qualquer município com mais de 10 mil habitantes, uma zona.

Ninguém chamava pelo nome completo ─ zona do meretrício ─ aquele punhado de casas com uma luz vermelha na varanda, plantadas no difuso território onde a cidade já acabou sem que o campo tenha começado. O mobiliário se limitava à mesa com cinco ou seis cadeiras, um sofá, três ou quatro poltronas e uma vitrola antiga. Às vezes, nem isso. Só não podiam faltar a cama de casal em cada quarto e o quadro de São Jorge na parede da sala.

Bonito, aquilo. As vestes de guerreiro, o corcel colérico, a lança em riste, o dragão subjugado, as imagens beligerantes contrastavam esplendidamente com a expressão beatífica. Todo santo de retrato é sereno, mas nenhum se mete com monstros que soltam fogo pelas ventas. Só um São Jorge de bordel poderia arrostar tamanho perigo com aquela fisionomia plácida  que sublinhava o espetáculo da coragem.

Concentrado no duelo tremendo, o exterminador de dragões não prestava a menor atenção no que acontecia fora do retrato. Na sala, mulheres e fregueses negociavam o acerto que os levaria a algum dos quartos escurecidos pela meia-luz que eternizava o crepúsculo. Deles não paravam de chegar sons muito suspeitos, mas o santo guerreiro nada ouvia. Estava na parede para proteger a zona do meretrício, não para vigiá-la nem convertê-la em convento. Quem luta com dragões não perde tempo com batalhas de alcova.

São Jorge de bordel era chamado naquele tempo todo homem que mantinha a cara de paisagem enquanto desfilavam a um palmo do nariz iniqüidades, bandalheiras, delinqüências e safadezas domésticas. O filho abandonara os estudos e voltava da rua com mais dinheiro, a filha se apaixonara pelo cafajeste do bairro e exagerava na pintura no rosto, a mulher vivia arrastando vizinhos para o quarto do casal, o sobrinho furtava as economias da avó ─ e a tudo seguia indiferente o chefe de família. Como um São Jorge de bordel.

Como um São Jorge de bordel sempre agiu Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado Roberto Teixeira nunca lhe cobrou aluguel pela casa onde viveu durante oito anos. O inquilino fez de conta que nem notou. Em 2002, sobrou o dinheiro que faltara a todas as campanhas anteriores. O beneficiário não quis saber como se dera o milagre. Tampouco perguntou quem financiara a milionária festa da vitória na Avenida Paulista.

Instalado no gabinete presidencial, não enxergou as agudas mudanças na paisagem. Bons parceiros como Djalma Bom estacavam na secretária do ajudante de ordens. Entravam sem bater na sala presidencial aliados como Pedro Correia ou Valdemar Costa Neto. Fundadores do PT eram expulsos do partido. Roberto Jefferson ganhava cheques em branco. Contratos milionários engordavam a base alugada. Lula nem conferia rubricas, assinaturas e endossos.

Sílvio Pereira e Delúbio Soares se tornaram clientes assíduos dos palácios, ganharam salas para negociar com a freguesia, assimilaram hábitos de novo-rico. O dono da casa não enxergou o entra-e-sai, não ouviu o ronco do Land Rover de Silvinho, muito menos a barulheira dos jatinhos de Delúbio. Não percebeu que sindicalistas promovidos a diretores de banco agora usavam gravata borboleta, fumavam charuto e davam gorjetas do tamanho dos salários dos tempos difíceis.

Despertado pelo ruído provocado por Waldomiro Diniz, Lula voltou a dormir depois das explicações sussurradas por José Dirceu. Não ouviu o governador de Goiás, Marconi Perillo, assombrado com a desenvoltura dos trambiqueiros aliados que tentavam comprar mais deputados. Não quis ouvir a mesma denúncia repetida por Roberto Jefferson. Não enxergou a expansão do pântano. Não viu as marcas de lama nos tapetes do Planalto.

Numa zona de antigamente, a figura protetora desceria da parede para botar ordem na casa. Num Brasil em decomposição moral, o São Jorge de bordel só quebra o silêncio para berrar improvisos insensatos. Que os outros santos nos protejam.

Passados sete anos, o São Jorge de São Bernardo faz de conta que nem sabe direito o que se passa no Supremo Tribunal Federal. Jura que, em vez de acompanhar o resgate da roubalheira de verdade, prefere gastar o cérebro baldio seguindo as bandalheiras inventadas pela novela das nove. A fila dos condenados aumenta, mas Lula continua fingindo que nada viu, nada ouviu e de nada soube.

Marcos Valério começou a abrir a medonha caixa preta. Pela primeira vez, como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, uma alta patente da quadrilha confirmou que falta alguém no banco dos réus do Supremo. Nem assim o chefe da seita se anima a falar em mensalão. Acha que vai ficar até o fim dos tempos pendurado no retrato na parede.

Não percebeu que a farra na zona foi longe demais e descambou para o terreno da pouca vergonha. Nem desconfia que a casa vai cair.

RUY CASTRO de hoje, pela nossa língua. Perfeito.

Sujeita a vírus, por Ruy Castro

( FONTE: FOLHA DE SP – 27/06/2012 – PAG 2)
DO RIO

Ninguém mais vive, reparou? Vivencia. “Estou vivenciando um momento difícil”, diz Maricotinha. Fico penalizado, mas ficaria mais se Maricotinha estivesse passando por ou vivendo aquele momento difícil. Há uma diferença, diz o dicionário. Viver é ter vida, existir. Vivenciar também é viver, mas implica uma espécie de reflexão ou de sentir. Não é o caso de Maricotinha. O que ela quer dizer é viver, passar por. Mas disse vivenciar porque é assim que, ultimamente, os pedantes a ensinaram a falar.

Assim como ninguém mais se coloca –se posiciona. Ninguém mais se dirige a um lugar –se direciona. Ninguém mais acrescenta nada –adiciona. E ninguém mais é diferente –é diferenciado. Sem nenhum motivo ou necessidade, certas palavras saem da fala comum e outras entram. Nada contra essa seleção natural, semelhante à que se dá na vida. Ali também é puro Darwin. Mas, para que morra uma palavra e nasça outra, é preciso haver um sentido.

Outra palavra do momento é polêmico. Ninguém mais tem um comportamento ou opinião original, diferente ou discutível –só polêmico. Mesmo que esse comportamento ou opinião não encontre ninguém para polemizar com ele. O mesmo quanto a inédito –nada parece mais importante hoje, num disco, show ou exposição, do que conter material inédito. Se estou para lançar um livro de textos sobre cinema, música popular ou literatura, sempre querem saber se contém material inédito. Respondo, encabulado: “Não. É tudo já é dito”.

E para onde tem ido a preposição “a”, em construções como “daqui a três meses”, que estão se tornando o capenga “daqui três meses”?

A língua é viva, eu sei, mas sujeita a vírus que, de repente, atacam a TV, a internet e a imprensa, contaminam milhões, e as pessoas começam a achar que foi sempre assim que se falou ou se deve falar.

Ruy Castro

Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas, quartas, sextas e sábados na Página A2 da versão impressa.

Fio desencapado. Assim Ricardo Kotscho define a Ideli, em artigo hoje, que acaba de publicar. E olha que ele sabe das coisas de lá de cima.

Troca do garçom pelo fio desencapado?

E se você tinha se perdido do nosso Ricardo Kotscho, agora ele está no r7:

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/

Governo Dilma: não basta ser mulher

Após acertar na mosca com sua solitária decisão de convocar a senadora Gleisi Hoffmann para chefiar a Casa Civil no lugar de Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff está bem perto de cometer enorme erro se for confirmada a substituição do “garçom” Luiz Sérgio pelo “fio desencapado” da ex-senadora Ideli Salvatti, atual ministra da Pesca, na articulação política do governo.

Ou Salvatti estava no ministério errado ou agora está indo para o ministério errado. Pesca e
Relações Institucionais, como sabemos, não são exatamente a mesma coisa.

Por várias razões, seria um desastre esta escolha. Se Luiz Sérgio só anotava os pedidos e não resolvia os problemas da freguesia, Ideli pode mais criar do que resolver pendências na articulação política.

Assim que foi anunciado o nome de Gleisi, houve uma quase unanimidade nos elogios à presidente Dilma, ao contrário do que está acontecendo agora. Ninguém gostou da idéia. O PT até parou de brigar com o PT e se uniu ao PMDB na desaprovação do nome.

Dilma conseguiu, ao mesmo tempo, desagradar o PMDB do Senado, onde ela ficou marcada por sua atuação de pit-bull na defesa do governo durante a crise do mensalão, e o PT da Câmara, por onde nunca passou e não tem qualquer apoio.

Para colocar uma pessoa da sua irrestrita confiança na Casa Civil, Dilma não precisava mesmo ouvir ninguém e deu uma demonstração de autoridade política, que para muitos representou o verdadeiro início do seu governo.

Desta vez, porém, como se trata de dar um rumo à destrambelhada coordenação política do governo, a presidente deveria, sim, conversar com os líderes dos partidos políticos, os principais interessados em manter um bom canal de diálogo com o governo.

Tudo bem, não tenho nada contra abrir mais espaço para as mulheres no governo, mas também não precisava exagerar. Não basta ser mulher. A questão não deveria ser de gênero, mas apenas de competência e afinidade com o cargo para o qual se escolhe alguém.

Já tivemos diferentes predominâncias de perfis nos governos pós-1964, todos eles majoritariamente masculinos: na ditadura, militares, tecnocratas e políticos conservadores; com Sarney, subiram os chamados políticos profissionais, preponderantes também nos governos Collor, Itamar e FHC, que incorporou ainda os doutores da academia; com Lula, ficou a mesma turma e vieram também os sindicalistas; agora, com Dilma, a cara do governo está cada vez mais feminina.

Com a bela Gleisi Hoffman, dona de formação e personalidade próprias para o cargo de gerente do governo, Dilma deu até uma melhorada estética no seu ministério.

Sei que não será fácil encontrar alguém para o posto vital de articulador político, que na segunda metade do seu governo foi exercido pelo próprio presidente Lula.

Não seria bom para o governo Dilma, porém, se a presidente fizesse mais uma escolha sem ouvir ninguém só para mostrar quem manda. Quem de fato manda não precisa provar isto.

O colega Heródoto Barbeiro até me perguntou no “Jornal da Record News” na noite de quinta-feira (9) que nome eu indicaria, e fiquei sem resposta.

Além de Ideli, nenhum dos nomes cogitados durante a semana – Vacarezza, Paulo Teixeira, Arlindo Chinaglia, todos do PT paulista, e Pepe Vargas, do PT gaúcho –  chegou a causar grande entusiasmo na arquibancada.

Ao voltar do trabalho, lembrei-me de uma longa conversa com a então candidata Dilma Rousseff durante um almoço aqui em casa, no começo do ano passado, quando ela estava encontrando dificuldades para montar sua equipe de campanha. “Bons quadros estão em falta, meu caro”, lembro-me de ela ter se queixado.

O mesmo dilema, em muito maior proporção, Dilma deve ter enfrentado na montagem do seu ministério, e encontra agora na reforma da cozinha do Palácio do Planalto. É hora de sair da toca e conversar mais com os políticos, cara presidente, falar com mais gente fora do governo, fazer algumas concessões, distribuir agrados, sorrisos.

Não tem outro jeito. É assim que a nossa política funciona desde 1808, quando D. João VI criou o Brasil que conhecemos hoje, tão bem desnudado no livro de Laurentino Gomes. E deu no que deu.

ARTIGO – Quem governa? Da grande Maria Lucia Victor Barbosa. Se não conhece, aproveite, que ela fala tudo o que você queria dizer

QUEM GOVERNA?

Maria Lucia Victor Barbosa

31/05/2011

 A aparição do ex-presidente Luiz Inácio com objetivo de socorrer sua afilhada política, Dilma Rousseff, por conta do escândalo provocado pelo meteórico enriquecimento do ex-trotskista, ex-prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da fazenda, ex-deputado federal, atual chefe da Casa Civil e braço direito da presidente, Antonio Palocci, merece algumas reflexões.

Em fotos estampadas em jornais Luiz Inácio apareceu eufórico entre senadores do PT quase genuflexos diante do chefe.  De calça branca ao ex-presidente só faltavam os sapatos bicolores e o chapéu de panamá para completar o traje porque, como todos sabem, a política é feita de malandragem, assumindo frequentemente aspectos de capoeira.

Luiz Inácio, confortável em seu terceiro mandato, reuniu-se com partidos satélites do PT, almoçou com sua afilhada e o reincidente Palocci, deu muitos conselhos a Rousseff que prontamente obedeceu aos ditames do tutor. Ela deixou por breves momentos seu silêncio sepulcral, seu recolhimento misterioso e veio a público defender o risonho Palocci, mudo como a ex-primeira-dama Marisa Letícia que parece ter feito escola.

Não se sabe, porém, se a aparição de Rousseff apaziguou os ânimos das bases aliadas, que andam um tanto desalinhadas, se despistou as incríveis fábulas ganhas por um de seus “três porquinhos” de campanha.

A presidenta, como Rousseff gosta de ser chamada sendo, portanto, uma governanta e não uma governante, não pronunciou a famosa frase petista quando a situação aperta: “assunto encerrado”. Não conseguiu acabar com a encrenca Palocci e, pior, lançou dúvidas sobre o cargo presidencial sendo lícito perguntar: quem governa?

Como se sabe foi Luiz Inácio quem praticamente compôs o atual ministério indicando, pelo menos, os ministros mais importantes. E se chegou a dizer, segundo a imprensa, que sem Palocci o governo de Rousseff se arrastaria até o fim, isto significa que não confia tanto assim na eficiência de sua sucessora como apregoava na campanha. Por que, então, a colocou lá?

Bem, em primeiro lugar, porque os possíveis quadros de seu partido não tinham condição de disputar nenhum cargo eletivo, ainda mais a presidência da República. Entre eles, José Dirceu, outro ministro da Casa Civil que teve sérios problemas com algo chamado eufemisticamente de “mensalão”, que na linguagem usual é denominado de suborno e punido como crime nos países onde as leis funcionam. Dirceu voltou à Câmara de deputados, foi cassado e chamado por uma autoridade do Judiciário de “chefe da quadrilha” do “mensalão”, o que não o impediu de ser feliz em suas consultorias e de ter continuado a exercer influência no PT. Dirceu está certo de que será perdoado de todas suas culpas na Justiça, como Palocci o foi e todos os “mensaleiros” serão. Então, quem sabe, alcançará seus sonhos mais elevados.

Entre os muitos “quadrilheiros” do “mensalão” estava também Delúbio Soares, tesoureiro do PT, que por ter seguido a lei omertá e assumido todas as culpas dos companheiros durante muito tempo teve em sua recente volta ao partido calorosa recepção. Impressionante contraste com o PT de outrora que se dizia o único partido ético, aquele que viria para mudar o que estava errado, inclusive, a corrupção.

Nos mandatos de Luiz Inácio a avalanche de escândalos nunca antes havida neste país foi bem assimilada pela sociedade, enquanto o presidente da República dizia nada saber a respeito dos fatos mesmo quando as falcatruas eram praticadas por seus subordinados mais próximos e mais íntimos.

Agora, no governo PT/Rousseff, o escândalo inicial atingiu novamente a Casa Civil, que teve como inquilina anterior a ministra chamada jocosamente de Erê 6%, conhecida por suas práticas nada edificantes no exercício da função e que foi o braço direito da atual governanta. Também Erê parece seguir seu caminho sem medo de ser feliz.

Em segundo lugar, Luiz Inácio, sem opção para indicar seu sucessor entre companheiros de partido, parece ter pinçado Dilma Rousseff não por suas qualidades de excelência gerencial, mas, exatamente pela falta destas. Desse modo, se a herança maldita lulista na economia e na política seguir pesada demais, em quem o povo porá a culpa? Em Rousseff e não naquele que virá novamente para salvar pobres e oprimidos em 2014. Afinal, o PT não pretende sair do poder pelo menos nos próximos 20 anos e já traçou seus caminhos facilitados pela ausência de oposições coerentes e firmes, pela falta de Poder Judiciário que puna crimes e abusos e da eficácia da propaganda que mantém a bestificação popular.

Palocci pode até ser beatificado junto com irmã Dulce, contudo, as ciladas do poder não garantem que roteiros traçados de antemão se realizem. Os aliados de hoje podem ser os adversários de amanhã no jogo pesado das ambições. Diante dos acontecimentos é cedo ainda para saber quem governa ou governará, se Luiz Inácio, Dilma Rousseff ou Michel Temer.

  • Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com