ARTIGO – Devaneios de Mafalda. Por Marli Gonçalves

Um mundo visto no globo todo emendado, machucado, enfaixado e problemático, com aquela menininha de ar rabugento diante dele, pensando, apontando, observando. Mafalda faz cada vez mais sentido, com suas tiradas, em tiras mesmo que, já antigas, continuam absolutamente atuais. Quem hoje, ontem ou sempre, não teve vontade de abrir o berreiro igual a ela? E quem não quis permanecer no tempo?

MAFALDA

O enorme pesar pela morte, esta semana, de Quino, genial criador de Mafalda, de sua turma e de suas lendárias frases, foi um dos temas que valeram parar um pouco para refletir. Inclusive sobre a atualidade dos seus desenhos, uma vez que doente há muito já não os produzia. Quem escreve gostaria sempre que seus textos fossem assim, perenes, não envelhecessem. Que pudessem atravessar o tempo, mostrando que o autor apontava seu olhar sobre os fatos corretamente. Que em cada um estivesse marcada a vitalidade de seus dias, preservando assim uma quase imortalidade.

Pena que seja tão difícil conseguir isso, principalmente em um tempo de tantas transformações digitais, velocidade, de inseguranças, de um dia após o outro ir apagando os próprios rastros – como se ninguém mais lembrasse do que já ocorreu, e sem qualquer romantismo como o daquele do filme onde o namorado todos os dias precisava reconquistar sua amada que dele esquecia ao dormir.

Todas as manhãs nos deparamos com realidades obrigatórias que nos fazem ou repetir ou esquecer até o que já escrevemos, ou até mesmo pedir que esqueçam, tal a frivolidade e rapidez com que se esvanecem, tanto como os amores vividos, as muitas juras eternas largadas no caminho, as  experiências de tempos atrás que recordamos, melancólicos. Lembrar de muitas nos faz até tachados de saudosistas, além de carregar irônica e pesadamente o envelhecer. De que servem?

Essa aceleração contínua não nos tem feito nada bem. Para cronistas como nós que se apegam aos fatos cotidianos para buscar lhes dar mais sentido, e quando possível até alguma poesia, é uma corrida insana. Sofro dela toda sexta-feira quando, em geral, busco um assunto para conversarmos. Quanto tempo vai durar?

A primeira ideia é sempre procurar algo positivo, que possa transmitir algum otimismo. Nem preciso dizer a dificuldade de encontrar tais fatos nos últimos tempos que nos tem trazido tantos dissabores, dúvidas, medos. Você olha, por exemplo, para a política e o que ela tem provocado, que descrevo como erosão de cérebros e de razão, além de retrocessos inaceitáveis – mas como protestar diante de tanta ignorância e no atual isolamento que nos é imposto em prol da vida?

Sou jornalista, vivo de acompanhar fatos, mas juro que também não aguento mais ler e ouvir comentaristas se repetindo. A melhor crítica, como vemos em Mafalda, ainda vem de programas de humor, eles podem literalmente escrachar situações e assim as mostram para um público mais amplo, o sonho de todo escritor, ir longe atrás de seus leitores, e que estes estejam em todos os cantos onde nem imagina.

Nesse campo da política é fácil fazer sucesso, acredite. Busque um lado, seja grosso, xingue, arrume tretas com Deus e o mundo. Mas para tanto precisa ter costas bem largas, patrocínios, proteção jurídica, o que não é bem o caso aqui no meu pedaço.

Sendo assim, caro leitor, cara leitora, hoje peço vênia apenas para o entendimento de minha perplexidade contínua. Dá vontade de escrever só contando casos que vi. Ou os casos que vivi. Sim, interessantes, mas talvez precisem mesmo esperar um pouco mais para não causar entre os personagens que envolvem. Dá vontade de escrever, claro, e até faço isso de vez em quando, sobre política, sobre esse governo desconexo, com seu conservadorismo burro e que, este sim, deixará marchas na história por longos tempos. Mas fazer isso sem tirar muito sarro deles, é chover no molhado – e eles estão no Poder. Queimando o que podem.

Vou precisar bater um bom papo qualquer hora com alguns amigos que resistem em seus espaços– como Ruy Castro ou o já imortal Ignácio de Loyola Brandão, e que conseguem inspirações de onde menos se espera, e com tanta classe e dignidade.

__________________________________________

MARLI GONÇALVES

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

________________________________________________

(se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo

ARTIGO – Banhos. Por Marli Gonçalves

 

Mesmo que não exatamente de água tomamos banhos todos os dias, sejam de espirros de água fria em nossos desejos, jatos quentes das decisões que tomam por nós, ou que por nós precisam ser tomadas. Duchas geladas em muitas esperanças que acabam varridas. Mas também tem os bons banhos, e os que podemos preparar para esquecer tudo isso

Nada como um bom banho para esfriar a cabeça. Os últimos dias têm sido verdadeiramente horríveis de acompanhar e digo isso olhando para todo o planeta e para o microcosmo mais próximo; nosso país, nosso Estado, nossa cidade, meu bairro, minha vida, e isso não é slogan governamental da área de habitação. Tudo isso esquenta a cabeça, estressa, dá fios brancos nos cabelos, angústias. Pela profissão, no meu caso, não posso desligar os comandos, me abster de saber, acompanhar e, claro, me preocupar muito com a ignorância que avança de forma tão célere entre aqueles que apenas ouvem o galo cantar por aí e acreditam que já é amanhecer; e esse galo ou mente total, ou cacareja só pedaços das histórias que alardeia, seja de direita, esquerda, esteja no telhado ou em cima do muro. Temo sempre é a ameaça do anoitecer, se é que me compreendem.

E em um desses dias de apreensão tive necessidade de me esquecer mais um tempo debaixo do chuveiro, como se aquele ambiente isolado fosse o único que pudesse me resguardar de todo o resto. Nada que prendesse, nua, sem censura. Só o barulho da água, não querendo sair dali nunca mais, me peguei brincando de desenhar no embaçado do box, desejando apenas pensar que trocaria aquele momento por outro, mas que seria muito parecido. No caso, dentro de uma banheira, objeto de desejo sempre. Ai, meu sais! Olhos os potes e penso que não há como usá-los em chuveiros. Continuo desenhando no vidro do box, corações imaginários que ali abrem janelas para o mundo externo.

Banhos, quantas formas, sorte de quem tem um canto, um tempo, uma maneira para ele, seja uma vez ao dia, sejam os especiais. De balde, bacia, rio, lago, cachoeira, riacho, mar, piscina, frio, quente, morno. De gato.  Ainda tem o de assento…

banhando-seDe Lua, de Sol, ouro, Sete Ervas, rosas, lavanda, alfazema, de cheiro. Sal grosso do pescoço para baixo. Turco, vapor bem quente, seguido do choque gelado, ou o grego, com aromas de chocolate e café. O japonês, do ofurô, que acalenta sonhos.

Os banhos podem ter muitos sentidos, além de limpeza corporal. Individuais ou coletivos. Pode purificar, como nas religiões, algumas com batismo feito com o mergulho do batismo nos braços de um pastor, a criança batizada na pia da igreja, ou aquele bem louco, junto a outras milhares de pessoas como nos rios da Índia. Com roupa, sem roupa, pouca roupa. Mas sempre pode ser muito bom, por isso, inclusive, quem já ficou internado em hospitais sabe que dele ali não se foge pela manhã. Banho de leito, como chamam as enfermeiras que em geral atacam, sem dó, em duplas, logo após o café da manhã.

Tá bom. Cozinhei vocês em banho-maria até agora. Mas foi para suavizar.

Está tudo muito chato. É que é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que quando a gente acaba de formar opinião sobre uma, é atropelado por alguma outra informação, notícia, desastre, tragédia, ameaça. Desairosas, cabulosas, cheias de barbaridades, como as falas, ideias e ações propostas pelo presidente nesse governo sinuoso, destrambelhado, e ainda tem os que agem em nome do pai. Ou teimosas, como as de uma estranha oposição que, dirigindo-se apenas aos seus iguais não consegue conquistas, adesões, novos líderes. Vindas da Justiça que brinca com os homens em seus vaivéns.

Só abrindo a torneira. E deixando tudo fluir pelo ralo se, repito, me entendem. E a vontade de mandar um monte de gente ir tomar banho, uma delicada forma de sai-pra-lá, que eu vou passar?banho

_____________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

____________________________

ME ENCONTRE
 (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista
(marligoncalvesjornalista – o ç deixa o link assim)
https://www.facebook.com/BlogMarliGoncalves/
https://www.instagram.com/marligo/

ARTIGO – Vulneráveis. Por Marli Gonçalves

Ameaças chegam de todos os lados e a cada dia parece mais desesperador o simples ato de viver. Não bastassem as ameaças físicas, agora também temos as virtuais, cibernéticas, digitais, intrometidas, sórdidas e perigosas. Para completar, as mulheres ainda são as maiores vítimas de ameaças de exposição de fotos íntimas, sequestro de dados e extorsões

Imagem relacionada

Invasão, vazamentos, hackers, apps de mensagem, comunicação, criptografia, Telegram… saudades do tempo em que só ouvíamos falar em vírus, que a gente imaginava como pequenos insetos ou bactérias contaminando nossos computadores. Agora o problema são ratos e vermes cibernéticos, em forma humana, escondidos em algum canto escuro. Nossos celulares, tão tecnológicos, esses aparelhinhos que viraram os verdadeiros “pets” digitais que carregamos para cima e para baixo na mão, na coleira, no bolso, na bolsa, com lindas capinhas cada vez mais variadas, chamativas  e sofisticadas – já repararam que loucura está isso? – se viram contra nós, quase que literalmente. E não é para tirar foto selfie com a câmera da frente.

Nossa vida está toda ali.

Nunca ouvimos falar tanto, tão frequentemente, e de forma tão espalhada, desse assunto que, se você pensar bem, não precisa ser autoridade, importante, celebridade, coisas assim, para ser “invadido”. É, inicialmente, gente que se diverte tentando enganar os outros, atrapalhar o serviço, armados até os dentes, mas – incrível – a arma é alguma forma de inteligência nesse campo da informática que ainda age, fala e se comunica em uma língua estranha à grande maioria de nós. Já tentou ler algum desses manuais? E as orientações para nós, pobres mortais, que quem mexe com isso acha que é tudo fácil, mas que a gente não consegue entender a sopa de letras, comandos, o que falam, os termos técnicos, uma nova língua aborígene e extraterrestre para os leigos. Principalmente quando tentam dizer o que é que temos de fazer. Que normalmente dizem que é fácil e se irritam, abruptos, com nossa total lentidão frente aos dedos ágeis deles quando se movimentam nos dispositivos.

Essa semana nosso site Chumbo Gordo ficou fora do ar por quase 48 horas. Fiquei quase esse tempo todo tentando resolver, isso ainda depois de descobrir que havia sido um ataque hacker. Foi uma dor de cabeça. Como se um bando de formigas atacasse um açucareiro ao mesmo tempo e ele tombasse (eu explico bem mais simples, né?).  Eles chamam isso de derrubar. Outro dia tínhamos sofrido um ataque, mas no site da empresa, e foi identificado que vinha de provedores instalados na Rússia. Garantimos: nós não conhecemos ninguém lá, muito menos inimigos. Os ratos não têm terra, se espalham – justamente para não serem localizados. Os caras, em geral, são contratados para o serviço sujo, ou ganham enganando trouxas com páginas falsas, ofertas mirabolantes, e-mails que se forem abertos pescam coisas e senhas dentro do seu computador. Assim como você já deve saber que tem quem venda, e bem caro, perfis, robôs, curtidas, seguidores.  Eles vivem disso. O que vem ajudando a divulgação maciça de fake news, e a defesa ardorosa de “certas” coisas, pessoas e poderes nas redes sociais.

Virou tudo território de ninguém.

Nesse território vimos a prisão de quatro cidadãos do interior de São Paulo acusados de, por meios difusos, entrarem na conta de mil pessoas, grande parte, autoridades. Não está claro ainda se roubaram as pessoas comuns e se, das tais autoridades, pegaram o que lhes é de mais valioso: a intimidade, as conversas, as decisões. Até o presidente teria sido “invadido”, mas daí nada de bom sairia mesmo…Já pensaram as conversas dele? Com os “meninos”, Filhos do Capitão, ou mandando a esposa preparar um ragu? Descendo a lenha em alguém que o contrariou?

Brincadeiras à parte, esse assunto é muito sério, está cada dia pior e não enxergamos como resolvê-lo exatamente. Ainda vamos saber muito, a não ser que seja, como quer o ministro da Justiça, todo o material apreendido destruído, queimado, “desaparecido”. Quem são mesmo esses presos? Venderam? Deram de graça? Qual interesse? Político, de verdade, de ideologia, não está parecendo, e devem estar sendo escarafunchados.

Sobre a nossa vulnerabilidade, especialmente a das mulheres, surgiram leis, mas que só funcionam – se é que funcionam – depois do leite bem derramado e das fotos espalhadas pelo vento virtual que ninguém consegue ensacar. Tenho pensado muito nestas questões e estou convencida, inclusive, que grande parte dos feminicídios que estão ocorrendo, esse verdadeiro horror, são decorrência de problemas com celulares, mensagens, privacidade invadida. Uma mensagem ingênua pode ser lida e entendida de qualquer forma por alguém contaminado pelos ciúmes e pela insegurança. Já tive, e de alguma forma ainda tenho, problemas por causa disso, e que me impedem de mandar mensagens para alguém na hora que gostaria. Pode ser interceptada, a palavra do momento, e causar barulho, que não desejo para ninguém.

Dá medo. E cada vez mais homens e mulheres se comunicam por esses meios, inclusive por trabalho e necessidade.

Sabem que ando até com receio de mandar beijos no final das mensagens?

————————

Marli Gonçalves, jornalista – Consultora de Comunicação, editora do site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para as mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Lançamento oficial dia 20 de agosto, terça-feira, a partir das 19 horas, na Livraria da Vila, da Alameda Lorena. Já está nas livrarias e à venda online, pela Editora e pela Amazon.


marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ME ENCONTRE (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista
(marligoncalvesjornalista – o ç deixa o link assim)
https://www.facebook.com/BlogMarliGoncalves/
https://www.instagram.com/marligo/

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO FEZ DE POSITIVO?

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO FEZ DE POSITIVO?

SÓ UM MINUTO – Eu mesma só apoio o fim do horário de verão. Não surpreende em nada o resultado do Datafolha divulgado hoje que aponta que 39 % dos entrevistados não viram nada de positivo no atual governo do homem que na verdade nos desgoverna. Nos faz rir e chorar com tantas bobagens que profere. Mas a cada dia está ficando mais séria a situação. Além dos ataques, da ignorância, das palavras chulas, a tal caneta vem assinando coisas perigosas. Hoje a gente soube que ele tirou os representantes da sociedade civil do Conselho da Política de Drogas. Já atacou a Cultura, o Meio Ambiente, a realidade dos fatos. Nos faz passar vergonhas todo dia. O Nordeste está em levante por conta de suas declarações preconceituosas. As mulheres continuam sendo mortas impiedosamente e …

A lista é grande de desserviços – esses a gente pode citar. De cor e salteado.

Mas o medo da greve dos caminhoneiros está pondo o governo pilha – a tal tabela do frete já foi suspensa.

Veja resumo da pesquisa:

Datafolha

O que Bolsonaro fez de melhor em 6 meses de governo

Rodovias

39%

Nada

19%

Não sabe

16%

Outros

8%

Segurança

7%

Reforma da Previdência

4%

Fim da corrupção

2%

Política externa

1%

Ministros

1%

Bolsa Família

1%

Fim do horário de verão

1%

Nomeação de Moro

1%

Rodovias

1%

ARTIGO – Natureza humana e o Feminismo. Por Marli Gonçalves

 

A paixão é da natureza humana. Por ela, enlouquecemos, nos transformamos, às vezes até nos subestimamos. Muitas coisas são da natureza humana, mas é importante pensar sobre elas para modificar essa natureza, especialmente quando mostram seu lado escuro. As mulheres têm uma importância enorme nessa criação e é preciso fazer todos compreenderem muitas das questões que nos diferenciam para que haja paz nessa relação. Simples de entender e apoiar, desde que não haja preconceitos. Muito prazer, esse é o Feminismo.

Resultado de imagem para FEMINISMO, SORORIDADE, ANIMATED GIFS

Feminismo é para todos. Embora seja um movimento predominantemente feminino, pela igualdade de direitos em todas as áreas, luta por questões relacionadas às mulheres e às suas características inclusive físicas, por toda uma série de coisas que deveriam já estar há muito reconhecidas – mas que ainda não estão – diz respeito a todos. A toda a sociedade. Todos os sexos, idades, raças, classes sociais, gêneros. O feminismo trata do aprimoramento da natureza humana. É preciso acabar com os clichês e estereótipos que o envolvem, para que venha à luz. Quando nela chegar e puder ser visto claramente, não haverá dúvida: todos seremos feministas. Quem não for, bom sujeito ou sujeita não é… Não será.

Não é radicalismo. É a lógica. Quem pode ser contra a igualdade salarial entre homens e mulheres exercendo a mesma função? Quem pode limitar – e cada dia mais as mulheres conseguem glórias em novas e espetaculares áreas – as suas atividades, seu avanço? Quem lhes pode negar proteção em suas fragilidades? Quem lhes pode negar seus direitos e necessidades em saúde, justiça, participação na vida pública, tantos passos ainda a serem dados e respeitados?

 Apenas os que pregarem a dominação, a injustiça, o machismo, a incompreensão e a violência. E cada dia fica mais claro quem é parte desse grupo que dissemina o ódio, encobre a violência, ainda tenta manter o controle bruscamente, porque percebe que sua derrota se torna inevitável, rápida. Esses se isolarão.

Andam falando muito em mandar as mulheres nas missões espaciais à Lua. Bom. Mas demorou, hein?!? Agora há pouco bateram palmas para a nossa Seleção Feminina de futebol, mas elas há muito estão nessa batalha, e com muitas vitórias, vide Marta, que arrasou mais ainda ao jogar com a sua boca pintada, mulher, ironizando as velhas falas. Conhecemos mulheres interessantíssimas, do mundo inteiro, fortes, corajosas, e enfrentando poderosos.

Informação é fundamental. Mas as mulheres infelizmente, ainda não integram naturalmente as pautas de imprensa, embora vejamos que cada dia mais nela trabalhem, numerosas. Ainda aparecemos, sim, destacadas, mas como ETs e aí todo mundo se surpreende como esta ou aquela mulher chegou tão longe, seja no feito, no poder, no comando. A primeira mulher isso, aquilo vira manchete. Tantas outras passam despercebidas.

Há muito as mulheres vêm sendo assassinadas, violentadas, assediadas, cruelmente, mas foi só em 2015 que se moldou o termo feminicídio, que agora conta essas mortes às centenas; e precisou que estrelas de cinema abrissem as cortinas do espetáculo para que se percebesse o que ocorre todos os dias no trabalho, nos transportes, dentro das casas, nas relações. Assim por diante. Quem pensa nas crianças, que já devem ser educadas para esse novo mundo de igualdades? Quem pensa nas mulheres velhas e sem viço que vagam pelas ruas? Homens podem envelhecer com muito mais tranquilidade e sem cobranças – e vejam que até a Xuxa anda falando muito sobre isso.

Por isso e outras que tenho horror ao termo “empoderamento” que virou chiclete, uma espécie de adesivo. Ninguém precisar dar poder às mulheres, aos homens, aliás, a ninguém. Cada de um de nós o detém. E da natureza humana e de caráter individual encontrá-lo. Seja para ser como se quiser ser, seja para chegar cada vez mais longe.

Falo mais uma vez sobre esse assunto – que quem me acompanha sabe que está sempre na minha mira – porque agora escrevi um livro que chega nas livrarias esta semana, e que lanço oficialmente dia 20 de agosto, aqui em São Paulo: Feminismo no Cotidiano – Bom para as mulheres. E para homens também. Pela editora Contexto, que me convidou para esse que é o segundo livro da coleção “Cotidiano”. O primeiro foi de Luiz Felipe Pondé, Filosofia no Cotidiano.

Escrevi sobre o que vejo, vivo, e sei que viveremos ainda por um bom tempo. Realidades, sem teorias, mostrando o que se passou e o que se passa. Voltado para homens e mulheres. Hoje o movimento feminista se apresenta vibrante e abrangente – e talvez por isso mesmo estejamos assistindo a um recrudescimento contra ele, e com teses estapafúrdias. Não precisa se embandeirar.  É só ser. Viver. Deixar viver. Melhorando essa terrível natureza humana que parece sempre buscar conflitos.

Apresento a vocês, com orgulho, meu livro, e a fé de que passemos a andar um pouco mais rápido nesse assunto, ainda com conquistas tão lentas.

________________________________________________

Marli Gonçalves, jornalistaConsultora de Comunicação, editora do site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para as mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto, e que está nas livrarias e à venda online, pela Editora e pela Amazon

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

 

______________

ME ENCONTRE (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):

https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista

(marligoncalvesjornalista – o ç deixa o link assim)

https://www.facebook.com/BlogMarliGoncalves/

https://www.instagram.com/marligo/

#ADEHOJE –TRAPALHÃO. PRECONCEITUOSO. PERIGOSO. O QUE É QUE É?

#ADEHOJE –TRAPALHÃO. PRECONCEITUOSO. PERIGOSO. O QUE É QUE É?

 

SÓ UM MINUTO – Claro, que é o governo do homem que nos desgoverna. Trapalhão, porque as medidas são tomadas a bel prazer, anunciadas de qualquer jeito, canceladas Graças a Deus e às pessoas ainda atentas. Vejam só, por exemplo, a história da liberação do FGTS. Houve gritas de várias partes, inclusive do pessoal da construção civil. Agora ficou para depois, junto com as explicações pastelão.

Mas o pior é essa história do Conselho Superior de Cinema, transferido para a Casa Civil e decepado… E o Ancine, transferido do Rio para Brasília. Censura. Contra a liberdade de expressão. Preconceituoso. Moralista de quinta categoria. A política nacional de cinema e vídeo tomou um baque, e isso – atenção – nos afeta! Não posso admitir que façam filmes como o da Bruna Surfistinha’, diz Bolsonaro. Vê se isso é argumento! “Não vamos permitir o ativismo em respeito às famílias”, disse. Que família é essa? Sai para lá!

#ADEHOJE – BONDADES A GRANEL E… MINHA NOVIDADE

#ADEHOJE – BONDADES A GRANEL E… MINHA NOVIDADE

SÓ UM MINUTO – Vou falar deles, mas antes vou falar de mim. Saiu meu livro Feminismo no Cotidiano, Bom para Mulheres. E para homens também – pela Editora Contexto. O lançamento oficial será no dia 20 de agosto, a partir das 19 horas na Livraria da Vila da Alameda Lorena, aqui em São Paulo, mas vai estar em livrarias de todo o país. Conto com o prestígio de vocês. A batalha é para que entendam que o feminismo é um dos movimentos sociais mais importantes e que todos, homens e mulheres deveriam ser feministas. Como é que você poderia ser contra a igualdade? Os direitos? Entender o quanto as mulheres ainda precisam avançar para serem respeitadas? Isso é feminismo. Vou falar mais sobre o assunto aqui nos próximos dias.

Sobre o mundo: o governo quer liberar o saque do FGTS. A nova discussão, se é bondade que depois quem pegar vai se arrepender… Quando precisar, já pegou! Presta atenção. O resto continua igual: o homem teimando, os amigos do homem aprontando e nosso meio ambiente em perigo real com as mudanças que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está promovendo. Atenção!

#ADEHOJE – – INSISTÊNCIAS DAS COISAS

#ADEHOJE – – INSISTÊNCIAS DAS COISAS

SÓ UM MINUTO – Olhos abertos! O presidente insiste em indicar o filho Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil nos EUA. Pelo que vi o Senado, que é a instância que deve aprovar ou não a indicação, está em polvorosa, e promete reagir. Ao mesmo tempo, claro que já tem lá também os espíritos de porco que querem voto secreto. Precisamos ficar atentos… Isso são golpes.

Outra insistência que temos ouvido falar nos últimos dias também é sobre a criação de outra CPMF, que sempre como vocês sabem de provisória não tem é nada. Imposto vem e fica; cria raiz.

O que digo hoje é o quanto precisaremos ficar atentos para não tomarmos essas pauladas.

#ADEHOJE- “¡Si hay pueblo, soy contra!”.

#ADEHOJE- “¡Si hay pueblo, soy contra!”.

SÓ UM MINUTO – Gostei do comentário do amigo jornalista Cacalo Kfouri no Mira de hoje no Chumbo Gordo. “¡Si hay pueblo, soy contra!”. Sobre a forma de Bolsonaro governar, anunciar as medidas que bem entende, como por exemplo essa indicação que tentará do filho Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil nos EUA, em Washington. Chegou a dizer que se a imprensa e as pessoas criticam, é porque ele está certo. Oi?

Esse é o problema. Governar por conflito. Jogar no ar assuntos polêmicos, importantes para a sociedade, como se estivesse querendo resolver os grandes problemas da Humanidade, mas na verdade criando problemas, divisões, atritos.

Ah, e olha só: hoje entrou em funcionamento o site www.nãoperturbe.com.br. Cadastre-se. Quem sabe agora a gente vai parar de aguentar aquelas chaaaatas e insistentes chamadas de telemarketing! Leva ainda 30 dias depois do cadastro, dizem. Eu já cadastrei o meu número.

 

imagem:MURAL DE DIEGO RIVERA

ARTIGO – Ninguém está falando… Por Marli Gonçalves

E precisamos pensar e falar de tantas coisas. Ninguém tem mais tempo nem de falar, nem de ler, nem de ver tudo o que circula, muito menos de ouvir. Quer dizer, ninguém, ninguém, não é bem assim. Tem quem tenha tempo para tudo isso, inclusive para preferir enviar por tudo quanto é canto nas redes sociais vídeos que gastam mais tempo e dados para serem baixados do que para saber do que se trata.

“… O Sol nas bancas de revista. Me enche de alegria e preguiça. Quem lê tanta notícia?“ …Imagine se o Caetano Veloso  profetizava isso lá há 50 anos, em Alegria, Alegria, como tanta coisa mudou até hoje. Nas bancas de jornal, de um tudo, impressionante, cada dia empurrando mais para lá os jornais e revistas. Outro dia vi uma que vende consertos de sapatos. Viraram pequenos mercadinhos nas esquinas da vida. Melhor que lá no Posto Ipiranga.

Aliás, postos que cada vez também são menos frequentados com o preço sideral da gasolina e outros combustíveis na bomba que estoura nos nossos tanques e bolsos. Aumentando o preço e a temperatura de tudo o que consumimos e que, como vimos recentemente, chega no lombo dos caminhões.  Reparou que o abastecimento ainda não está nada normalizado? Que os preços estão siderais?

É muito louco, meio esquizofrênico. Passamos dias e dias tendo overdose de alguns assuntos. De repente eles somem como num passe de mágica. Foram atropelados por outros sem que tivesse sido concluído o anterior. Exemplos, essa história do frete e preços e os coitados sobreviventes do incêndio no prédio do centro de São Paulo, que continuam lá. Talvez você não saiba, estão lá naquela mesma praça, sem banco,  amontoados em barracas, esquecidos, tendo de roubar banheiros químicos de outros lugares para usar, porque o Governo demorou mais de um mês para lembrar desse detalhe.  Uma situação horrorosa, dramática, vergonhosa.

Ah, e a cada dia é maior o número de pessoas vivendo em barracas, nas ruas, canteiros, praças, avenidas, viadutos e buracos (literalmente) que encontram. Ou vestidas com caixas de papelão, sacos de lixo, jogadas pelas ruas como se lixo fossem. Eles não têm representação política, não são de esquerda, não votam, aliás, nem no PT, nem são vistos pelos aparelhados Movimentos sem alguma coisa. São nômades, não invadem, ocupam; mas as ruas. Não são nem gente, parece; e aquelas crianças já têm seu futuro altamente comprometido.

Pronto, chegamos a mais um assunto que nos fez, vejam só, invejar a Argentina essa semana! As proles. Lá, ao menos está havendo a discussão parlamentar sobre a descriminalização do aborto, com possibilidade até de aprovação de uma lei sobre o assunto.  Adianta sentar em cima do assunto? Não!

(Não me venham falar – acusando-os de não usarem- em métodos contraceptivos, informação, bibibibododó. Essas pessoas não têm o que comer. Muitas são analfabetas. Aliás, acaso você aí já precisou comprar remédios populares nas farmácias? Pois é, simples não é. E as pessoas que cito agora não têm nem identidade, literalmente. Muito menos receitas).

Mais um #precisamosfalar. Descriminalização da maconha.  Fechar os olhos? Tampar o nariz?  Só assim para não perceber que a cada dia corre mais livre por conta própria, em todos os lugares, todas as idades, além das pesquisas sérias sobre seu uso em medicina.

Não aguento hipocrisia, nunca aguentei , e é uma das coisas que mais me aborrecem nesse pais. Esse atraso, essa cegueira moral que tentam impingir – ou com leis que não são e nunca serão cumpridas, repressão errada , ou simplesmente esquecendo o assunto- a toda uma sociedade que precisa avançar sob o risco de acontecer o que já vemos se aproximar, o retrocesso.

Não dá para falar aqui de todos os assuntos importantes, os verdadeiros direitos humanos, atropelados nas estradas da vida e, inclusive, na imprensa que, coitada, esmorece, atacada, pobre, manipulada. Até desbancada.

Estamos precisando fazer de novo uma publicação que até hoje tem seu nome marcado na história para ser usado de novo: Realidade.

Precisamos falar sobre isso, sobre ela, a realidade, nua e crua.

_______________________________________

Marli Gonçalves, jornalista – Enquanto isso, a bola está rolando lá longe, quase do outro lado do mundo.

 São Paulo, 2018

marli@brickmann.com.br e marligo@uol.com.br

ARTIGO – Buraco Brasil. Por Marli Gonçalves

buracoEu bem poderia escrever, sei lá, sobre rock n`roll. Ou sobre a possibilidade de enfrentarmos um grande e grave racionamento de água e energia. Ou sobre os constantes atentados na Europa ou mesmo sobre a bomba maldita voando sobre o Japão. Mas não dá. Sinto muito. Tem mesmo de escrever sobre o buraco cheio de lama em que estamos atolados por causa dessa gente, que agora, ainda por cima, deu de querer censurar as coisas. Tem de reclamar, alertar a todos que estamos vivendo momento perigoso, sombrio.

Que pobreza! Não merecíamos isso. Um país bonito por natureza, cheio de possibilidades, ficando para trás, cada vez mais trás, lá na lanterninha.

Sabe aqueles noticiários sobre inspeções surpresa que a polícia costuma fazer nas celas das prisões em busca de celulares, armas e drogas? Reviram os colchões pelo avesso, procuram túneis de fuga. Pois foi essa a exata imagem que veio à minha cabeça quando soube que mais um – mais um, dois, três, quatro, cinco, mil… – Ministro, desta vez o multimilionário Blairo Maggi, estava com todas as casas por onde passa sendo minuciosamente revistadas.

Repara que não está sobrando um, e isso não pode ser normal. Não é normal. Não podemos considerar normal, e acabar nos acostumando, o que aparenta claramente já estar acontecendo. Tudo quanto é presidente, ex-presidente, ministro, ex-ministro, mais os lacaios todos, os asseclas… Pior: os do passado, do presente, e os de um futuro que talvez até fosse possível, se é que deu tempo de pensarmos em alguém novo e capaz.

Ou, me diga, você ainda se choca com as cabeludas verdades, mentiras, mentidos e desmentidos todo santo dia? Confessa: com cada vez mais enrolados arrolados, já centenas de nomes, de empresas, pululam delatores, se perde boa parte da história. Resta esperar o capítulo do dia, que trará? Já nem sabemos mais exatamente sobre o que eles estão falando.

O país virou uma enorme Casa de Detenção. E passo a temer (não tenho nada que o verbo também seja nome do homem) que nessa toada poderá ocorrer rebelião.

E o linguajar? São detalhes que talvez você nem preste atenção, mas por conta até da profissão a gente aqui leva em conta, pega o detalhe.
Primeiro, não parece que ninguém queira comunicar nada. Ou estão querendo falar só mesmo com a meia dúzia que poderia vir a comandar essa rebelião ainda possível? Querem falar apenas a essa classe média que anda por aí batendo cabeça em grupelhos, e que estão parindo uns monstrinhos muito dos esquisitos? Que até de censura gostam. Que se alimentam de ódio? Que não entendem nada além do mundinho besta no qual se isolam, e vêm palpitar e nos tirar o direito de decidir.

Como disse, talvez você não tenha reparado, mas, por exemplo, a última nota da presidência falava em realismo fantástico, entre outras expressões pomposas num momento tão importante para quem diz que tem como se defender. Fala logo, não enrola! E o outro, o preso dos 51 milhões, que pede liberdade porque está com medo de ser estuprado? Isso o povo entende direitinho. Fico imaginando os comentários a respeito.

Momento esquizofrênico.

Groundhog-shadow-animation

______________________
Marli Gonçalves, jornalista – Comunicar é arte que se faz, mas só com sinceridade; senão precisa falar, falar, falar, para ninguém entender nada mas ficar achando que entendeu

SP, 2017
____________________________
marligo@uol.com.br
marli@brickmann.com.br
www.brickmann.com.br
www.chumbogordo.com.br
____________________________