#ADEHOJE – AZÁFAMA DE CARNAVAL SE MISTURA COM AS NOTÍCIAS. A IGNORÂNCIA GRASSA, E PARA CIMA DA IMPRENSA

#ADEHOJE – AZÁFAMA DE CARNAVAL SE MISTURA COM AS NOTÍCIAS. A IGNORÂNCIA GRASSA, E PARA CIMA DA IMPRENSA

 

SÓ UM MINUTO – Já dá para sentir no ar aquele frisson que antecede feriados maiores como esse de Carnaval. As notícias passam desapercebidas e isso é um perigo. É nessa época que jabutis sobem em árvores. Aliás, preciso comentar que com 40 anos de jornalismo, vivido inclusive durante a ditadura, nunca vi tanta ignorância. Os caras fazem tudo errado e a culpa e rancor cai em cima de quem? De quem descobre, escreve, registra as falcatruas ou denuncia os absurdos: na imprensa, no mensageiro. Juro, nunca vi nada igual. É assustador. E compensação, finalmente o Ninho do Urubu foi fechado. Mas o presidente do Flamengo continua presidente e solto. E o da Vale, também, presidente e solto.

ARTIGO – Frenéticos de toda sorte

Marli Gonçalves

Você tem o hábito de olhar para as coisas e pessoas ao seu lado, ou do lado de fora das janelas? Repara na azáfama que nos faz parecer um bando de formiguinhas laboriosas? Registra algumas destas cenas e nem sabe bem por causa de quê? Será que é essa velocidade o que está nos atropelando?

Quase todos os dias eu a vejo. Usa uns óculos de armação pesada, baixinha, tem pernas bem grossas que se raspam no andar e parece um tanquinho no passo célere e constante. Está sempre de shorts. Engraçado é que eu a vejo em todos os caminhos das imediações – eu mudo o caminho, mas ela está lá, ou de dia ou de noite. De costas parece uma menina, mas um dia eu quis ver mesmo como era e, surpresa, não é jovem, e não para nunca, não se detém, não olha para os lados. Deve andar, andar, andar, dezenas de quilômetros. Não é pela forma, porque está sempre igual, ano após ano, raspando as pernas duras e volumosas entre as coxas. Será que ela só relaxa assim?

Tenho pensado em formas alternativas de relaxamento e em como anda difícil conseguir descansar de verdade. Nós, jornalistas, temos o problema de levar nosso trabalho na cabeça, tal qual Carmen Miranda, mas são outras bananas e chocalhos que nos pesam. Então é como se trabalhássemos o tempo inteiro, e não sei se quem não tem o trabalho intelectual consegue entender isso. Somos como os pintores, os poetas, os criadores – nossa inspiração está no viver, nas ruas, nos sons das sirenes. Não dá para ser diferente, e desista se não gostar de carregar esse fardo.

Pensar cansa. Não cessa. Cansa. Com a internet piorou. Apareceu um monte de maquininhas substitutas, parafernálias e seus aplicativos. Morreu a recadeira, a secretária eletrônica que piscava (ou não) para a gente quando abríamos a porta de casa. Hoje ninguém mais deixa recado nem na caixa postal do celular. Continua procurando você, no fixo, no Face, no MSN, GPS, Skype, Viber. Às vezes me sinto caçada, sem escapatória, vigiada. É o tempo inteiro pensando no que acontece, nas soluções ou falta de soluções, nas respostas às perguntas que virão. No que vai ser e no que vou ler ou escrever, se efêmero será ou quão profundo calará para alguém.

A minha é uma vida de cidade grande. Eu e outros tantos milhões de agitados.

Você que está aí lendo, talvez no meio do mato, defronte de alguma praia, ou numa vila tranquila – talvez até esteja aí justamente porque cansou ou nem quis pagar para ver. Pode estar também entre os “eleitos”, aqueles que nasceram voltados para a Lua, quando todas as coisas fluem suaves para os seus braços. Delícia ter mais tempo para
pensar, soltar a cabeça. Você faz isso, aproveita?

Nesses frenéticos dancing days estamos instados à sofreguidão. Uma notícia bate a outra. O ditador é morto em praça pública; e a praça pública está ocupada em vários países; o carro-forte faz puff com 10 milhões; declarações vão e vêm, entre acusados e acusadores; motoristas bebem muito e matam guiando as suas armas potentes e tecnológicas de quatro rodas, e que por isso mesmo requerem mais apuro e equilíbrio, o que falta aos bêbados imprudentes em apuros. Tudo é touch screen, 3D, eletrônico, smart, sem fio, mas os comandos continuam humanos e falhos.

Como se distrair? Ouvindo uma música, lendo um livro. Sim, mas onde, se há barulho e agitação partout, e se pode haver uma arma apontada para sua cabeça pela janela aberta, ou uma invasão de mercenários sem qualquer credo porta adentro de sua casa?

Pensar em descansar agora até me faz rir de mim mesma. Vê se isso é hora de pensar no assunto: pleno fim de ano, dias não tão iguais aos outros porque já exigem mais. Resultados, balanços, fechamentos, planos, prospecções, definições. Cobranças e pagamentos. Novas dívidas.

Você já vê isso espalhado nas ruas de todo o mundo, planeta que gira junto em seu padrão globalizado. Novembro está na porta, cheio de datas. Tem até proclamação. Além de mortes e mortos, que passaram pelas nossas vidas, nos antecederam neste chicote maluco, nem sempre tão colorido como o mexicano.

Vou escolher a melhor data, a do dia primeiro, Dia de Todos os Santos. Só apelando para eles.

São Paulo, quase travando, quase parando, uma cidade quase, 2011. (*) Marli Gonçalves é jornalista. Radar sempre ligado. Operando com comandos visuais, sem piloto automático. .

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ARTIGO – Azáfama final

   MARLI GONÇALVES(*)

Minha paixão por palavras inclui essa: azáfama. Linda, louca, sonora, rápida, e que eu acredito que também é translúcida. Nada melhor do que ela para definir os últimos dias pelos quais estamos passando, querendo descansar e atropelados.  

Felizes, mas angustiados com as incertezas. Cheios de amor para dar, e com saco cheio. Dias superfamília, e enchendo o pé de jaca com tomate pisado. Pensando muito, até demais, em quem não tem que pensar, mas ao mesmo tempo sendo lembrado por inacreditáveis pessoas que você mesmo nem pode acreditar. Esses últimos dias de todos os anos são mesmo de lascar! Nervos à flor da pele a La TPM e outras letrinhas, dinheiro saindo de baldinho, gentilezas obrigatórias à parte, eventos e ventos, providências e programações, tudo ao mesmo tempo agora. Não é uma azáfama?

Aí descubro que azáfama é, ainda, um verbo, com todas as conjugações que tem de direito, azafamando no gerúndio; azafamado, no Particípio. Eu azafamo, eu azafamei, eu azafamava, eu azafamara, eu azafamarei, eu azafamaria. Que eu azafame! Se eu azafamasse… Azafama tu.

Ufa!Afã. Não te faz lembrar as filas e as atividades que enfrentou? Um só eu fazendo muitas coisas. Assim, acho que é isso, uma atividade intensa. Uma pressa, uma urgência, afã. Ufa!

Calma, está passando. Do meu ponto de observação, vejo que nas ruas a calmaria pode ser sentida. Já aparecem até as primeiras ofertas e liquidas, off-off, queimas, vem-cá-meu-bem. Ah! E na vitrines, surpresa! Tudo já está aquele branco, angelical.

Todos os dias os jornais mostram a situação das praias. Pergunto: para que mostrar? Para dar água na boca de quem não está lá? Mostram também a neve na Europa. A mesma coisa: a gente aqui na cidade morrendo de calor, suando até pelas beiradas, e de repente aquele frio entra pela casa, baixa a sensação térmica, mas de querer um gelinho daqueles! Os floquinhos serelepes caindo, aquelas bochechas vermelhas sorrindo…

Atchimmm!

Espera aí. Não vê que ainda estou procurando e tentando achar algum coisa boa nisso, nesse período de entressafra de vida do ano, para citar? E prometo não fazer aquela barbeiragem de dizer que “a cidade fica ótima sem ninguém”. Fica não. Fica não; fica é muito da sem graça. Seja ela qual cidade for.

A verdade verdadeira é que a tudo a gente se adapta. Só neste último ano sobrevivemos à Copa, às eleições, ao Morro do Alemão, algumas das muitas situações que deslocam nossos cotidianos, ao mesmo tempo, a cada dia menos programáveis. Pode faltar luz – e tudo hoje depende dela – até os trequetreques modernos uma hora precisam ser carregados. Pode chover muito e te ilhar. Pode haver um tiroteio, e você precisará é se proteger. Pior: pode faltar luz, chover e você cair no meio de um bang-bang.

Como sempre, estamos cercados de perigos e probabilidades, de um lado e de outro, igual canoas cambaleantes. Mas tudo isso pouco importa, o Carnaval está aí, e logo depois, a Páscoa. Nós correremos nossas maratonas individuais.

O ano nem está aí, mas daqui a pouco já acabou. É ou não é uma azáfama?

São Paulo, cheia de gente de fora, na transição do último zero para 1.

  • (*) Marli Gonçalves é jornalista. Brinca, não! Isso dá nome de Deusa, de perfume, de marca de tênis, de escuderia feminina, de… Acho que este ano vou investir em criar umas coisas. Topas?
 
 
 

Um 2011 lindo e azafamado do bem e do bom, para todos nós!

 

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