Todo mundo se mexeu com o calor das ruas. Dilma, depois de recuar na Constituinte específica para a reforma política, fixou-se no projeto que destina os royalties à educação.
O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, usou a tática do PT para negar o recuo de Dilma: ela não disse exatamente isso, vocês é que entenderam errado.
Renan Calheiros decidiu criar o passe livre para estudantes. Também com o dinheiro dos royalties do petróleo.
Os royalties são uma espécie de poção mágica para encantar os expectadores. Esses royalties ainda não existem.
Será que estão falando dos royalties que usam agora? O que vai acontecer com os outros setores para onde esse dinheiro seria destinado normalmente?
São é claro os royalties do pré-sal que estão em jogo no discurso de Dilma e Renan, algo que levará anos para se materializar.
Não há explicações e a imprensa também não as pede. Um grupo de deputados quer royalties para a Saúde.
Vão ser criados dois grupos do bem: um querendo salvar a educação, outro tentando salvar os hospitais. Com o que? Com a poção mágica dos royalties do petróleo.
O único que deu resposta precisa foi Joaquim Barbosa, prometendo para agosto o julgamento do mensalão.
Na sua entrevista, Dilma sempre ressaltava que se o povo continuar mantendo a pressão vai obter as mudanças que deseja.
E sugeriu o recall de candidatos, uma ideia democrática que funciona na Califórnia e outros estados.
O chamado mundo institucional se mexeu. Os três poderes falaram e só Joaquim Barbosa passou credibilidade.
Aécio fez um bom discurso, pediu que se expliquem os gastos da Copa. Mas não constatou a aberração institucional: o Congresso não têm esses dados e alguns bilhões já foram gastos nos estádios.
A oposição amarelou nesse tema e só Romário se dispôs a encarar a Fifa os organizadores da Copa, questionando-os sistematicamente.
É a velha história que envolve um medo: o do PT dizer que a oposição é contra a seleção brasileira e esvaziar os seus votos.
Tanto o PT como a oposição avaliariam mal o silêncio das pessoas que viam todo o oba-oba da Copa, ouviam cifras de bilhões e sabiam que o dinheiro estava saindo do seu bolso.
Por delicadeza, dizia o poeta, perdi minha vida. Por medo do PT e sua máquina insidiosa de propaganda, a oposição não contestou os gastos da Copa.
Agora quem somos para o mundo?
Um país de políticos megalomaníacos, preocupados com suas obras faraônicas, e um povo que pede uma nova agenda de gastos públicos, mais equilibrada e sobretudo cumprida sem desvios.
Os marqueteiros de Dilma devem ter ficado satisfeitos com aquela história de ontem, a Constituinte. Morreu hoje. Não importa. Vão inventar outra.
Os marqueteiros de Renan dirão que ele vai se tornar um ídolo dos estudantes porque apresentou o projeto do passe-livre.
Com exceção de Barbosa e um ligeiro despertar de uma oposição que não soube enfrentar o PT, os movimentos institucionais foram apenas cortina de fumaça.
Dilma não tem nada a dizer. Ou melhor nada que não possa desmentir no dia seguinte.
Renan é um esplêndido cadáver político que se recusa a sair de cena.
Quando escrevi isso uma vez, alguns dos seus admiradores, certamente um assessor, escreveu que me equivoquei pois Renan ressurgia na presidência do Senado.
Para mim é um walking dead, aliás um dos mais influentes na grande comunidade de walking deads que virou a política nacional.
Hoje, a Câmara derrubou a destinação de R$ 45 milhões para a tecnologia de comunicação na Copa.
Dilma diz que não há dinheiro público para Copa e camuflou o pedido numa medida provisória.
Vamos ter que discutir seriamente o que fazer com a Copa. O tema fica na agenda. Se desistimos da Copa , se vamos fazê-la para não perder o dinheiro investido e, nesse caso, como fazê-la.
No momento em que a poeira baixar na crise política, volto ao tema.
