Sabia dessa história? Do Partido Pirata? Já viu esse movimento?

Os piratas estão chegando

do blog de Fernando Gabeira – wwww.gabeira.com.br

Geração que cresceu com a internet entra na política

Há 30 anos, os verdes foram uma grande novidade na política alemã. Agora, a novidade são os piratas, do Partido Pirata, que obteve 8 por cento dos votos na Renania do Norte, Vestafalia.

 Munidos de lap-tops e tablets, os membros do Partido Pirata querem sobretudo acesso às informações, transparência.
Como outros movimentos rebeldes no mundo, Occupy Wall Street, e os indignados da Espanha, revoltam-se contra as decisões do mundo financeiro que não levam em conta a opinião das pessoas.

Freeman J. Dyson afirmou num livro que a energia solar, o genoma e a internet iriam definir os contornos do Século XXI. Da destruição ambiental, surgiu o movimento verde; agora, com o crescente papel da internet, surge o movimento dos piratas.

A cena política alemã, um pouco diferente das outras, não se caracteriza apenas pelo surgimento de novos movimentos mas, principalmente, por sua aparição na política institucional.

Esse caso Delta vai dar muito pano para manga lá no Rio. Invadiram e “roubaram” a casa do vice-governador Pezão. Matéria do Gabeira

Entre o assalto e a pizza

30.04.2012 | 21:57 -FONTE: FERNANDO GABEIRA – BLOG -www.gabeira.com.br

Depois de um longo dia de trabalho, acabo me voltando de novo para esse escândalo no Rio, acionado pela divulgação das imagens do governador Cabral com o dono da Delta num luxuoso restaurante de Mônaco, inicialmente tomado pelo Ritz de Paris.

Estava concentrado na imagem do secretário de Saúde, Sérgio Cortes com uma pizza na mão e uma Coca Cola na outra, em plena noite parisiense. Em alguns países seria repreendido por razões puramente técnicas: não é a refeição ideal para um secretário de saúde.

Mas aqui a história é outra. Depois de tantas acusações de corrupção na saúde, da manobra para escapar do processo sobre compras desastrosas e superfaturamento, simbolizar que tudo acabou em pizza é muito pouco.

Na verdade, tudo acabou em caviar e champagne nos grandes restaurantes de Paris, Mônaco e Cannes. Essa imagem de Sérgio Cortes deveria ser estampada na porta de todas as emergências dos hospitais do Estado. As pessoas iam entender rapidamente porque são mal tratadas.

Justamente quando contemplava a figura patética numa rua de Paris, chega a noticia estranha do assalto ao apartamento de Luiz Fernando Pezão, no Leblon.

Pezão é vice-governador e gerente de todas as obras no Rio. Não há casas de vice sem segurança. Na Nascimento, uma viatura guarda diuturnamente a casa de uma ex-mulher de Sérgio Cabral.

Por que abandonariam Pezão? Sobre a cama, os policiais acharam 15 caixas de jóias vazias, deixadas pelos ladrões. Não tenho uma visão estatística de quantas caixas de jóia um casal costuma ter em seu apartamento. Eram jóias de fantasia ou um investimento seguro para seu dinheiro?

Talvez os ladrões possam ter deixado ali para despistar. Talvez outros motivos os levaram ali. Tudo muito nebuloso, logo depois da divulgação das imagens envolvendo a Delta e Cabral.

Pezão é um grande defensor da Delta. Disse, precipitadamente que as investigações eram inúteis, estava tudo em ordem. Decidiu afundar com a Delta. Deve ter suas razões. É possível que guarde também alguns documentos em casa.
Teria sido esse o objetivo do assalto?

Tudo muito misterioso nesse fim de segunda feira. Imagino que os repórteres policiais trabalhem no feriado.
Como não havia segurança no prédio do vice-governador? Por que foi a única casa assaltada no prédio? Por que não havia câmera ?

Será que tudo isso acontece por acaso? No auge de um fim de semana conturbado mostrando as vísceras da relação governo-Delta, a casa de Pezão é assaltada. Uma possibilidade entre milhões, um acaso extraordinário?

A única certeza é que Pezão estava ausente, de férias na Itália. O que significa que alguns jóias foram preservadas, pois sempre se levam as melhores para essas ocasiões.

Código florestal: leia a análise do Gabeira

Código Florestal, aos vencedores o deserto

DO BLOG OFICIAL DE FERNANDO GABEIRA – http://www.gabeira.com.br/wordpress/2012/04/codigo-florestal-aos-vencedores-o-deserto/
 

Com 274 votos a favor e 184 contra, a Câmara aprovou, ontem, um novo Código Florestal para o Brasil. Como somos um pais rico em recursos naturais e também um grande produtor de alimentos, creio que a votação de ontem tem uma importância planetária.

A votação reflete uma vitória dos deputados que se dizem ruralistas, aliados ao PMDB e outros partidos da base do governo.

Desde o princípio, achei que num debate exposto apenas ao jogo parlamentar, a tendência era sair um Código Florestal impreciso. Mencionei a importância do trabalho científico para orientar as decisões pois é muito difícil, abstratamente em Brasília, definir limites de preservação em todos os os rios do Brasil, limites de destamento em todos os principais biomas do pais.

Mesmo dentro da Amazônia é uma grande abstração afirmar que 80 por cento de sua área não pode ser plantada. Existem regiões degradadas que poderiam ser usadas e, alem disso, existem métodos de plantação, usados pelos indígenas no passado, que não destroem o meio ambiente.

Pelas pessoas que comemoraram, pela ênfase em suprimir multas e facilitar financiamentos mesmo para quem desmatou recentemente, a mensagem que o novo Código Florestal passa é a de liberalismo em relação ao uso do solo no Brasil.

Como será interpretado, que conseqüências trará para o nosso futuro? O líder do PMDB, Henrique Alves, estava eufórico com a votação. Ele não é do tipo que se preocupa com o futuro do pais, muito menos do planeta. Como a maioria é um político vulgar, interessado em enriquecer e fazer negócios no Congresso.

Poucos donos de terra no Brasil respeitaram a lei. Agora que se passou este sinal de liberalização, é possível que a respeitem menos ainda.

O governo dá a entender que foi derrotado e que não queria esse desfecho. O governo também a entender que é contra a corrupção e está realizando uma faxina. Tudo isso é calculado para manter algo os níveis de popularidade de Dilma.

A combinação de extrordinário recursos naturais com um baixíssimo nível político acabaria definindo os caminhos futuros do Brasil. O pais contribui para solucionar um importante problema mundial que é o da segurança alimentar. Poderia fazê-lo de uma forma mais equilibrada.

O único consolo é que na vigência de leis mais severas, o meio ambiente era destruído de qualquer jeito. Na vigência de multas pesadas, poucos centavos eram recolhidos aos cofres do governo. Para o bem ou para o mal, as leis não são ainda o fator determinante.

Se depender do Congresso, com o nível de mediocridade dominante, tudo será negociado até a última árvore e a última gota de água nos rios brasileiros.

Não sei se a resposta para isto é apenas o radicalismo militante. O zoneamento ecológico, algo que não é realizado no Brasil, pode definir, com a ajuda da ciência como e quais áreas  serão exploradas. Da mesma maneira, os comitês de bacia que cuidam especificamente de um rio teriam mais condições de determinar a área de proteção de suas margens do que deputados em Brasília que, as vezes, nunca saíram de sua própria região.

Vamos ver como se desenrolam os próximos capítulos. A quem se interessa pelo tema, recomendo a leitura do livro A Ferro e Fogo, de Warren Dean, contando a destruição do Espírito Santo com a lavoura do café, realizada sem planejamento e critérios

Artigo do Gabeira no Estadão de hoje…Sobre o Cachoeira

Vapor de Cachoeira não navega mais

por Fernando Gabeira – http://www.gabeira.com.br/wordpress/2012/04/9165/

Ilustração: Cadu Tavares

O vapor de Cachoeira do verso de Caetano Veloso é uma lembrança nostálgica de um navio que ligava Salvador ao Recôncavo Baiano. Lançado em 1819, um grande feito para a época, o vapor de Cachoeira não volta nunca mais. Já o de Carlinhos Cachoeira apenas sofreu uma avaria. Pode voltar em forma de submarino ou qualquer embarcação anfíbia.

O vapor de Cachoeira tinha muitos dos defeitos e mais poder que alguns partidos políticos. Tinha bancada parlamentar, acesso e contatos no governo, preenchia cargos e influenciava a promoção de coronéis da Polícia Militar. Os fragmentos de gravações indicam também que Cachoeira tinha algo mais do que os partidos pequenos: um esquema de informação próprio que vazava escândalos para a imprensa, com a esperança de moldar imagens na opinião pública.

Pode-se argumentar que, ao contrário dos partidos, Carlos Cachoeira não tinha um programa. Não havia nada escrito porque não precisava. Programas, dizia o velho Brizola, também podem ser comprados. Cachoeira nunca se interessou em comprar um. Mas é exatamente a prática cotidiana no vácuo de propostas políticas reais que torna o partido de Cachoeira um novo tipo de ator no cenário nacional. A forma como articulou a bancada de Goiás, suprapartidariamente, é inédita. O projeto de regulamentação da loteria que lhe interessava partiu de um senador, foi relatado por um deputado e ainda dependeria da supervisão de Demóstenes Torres.

Num único momento parlamentar, senti a bancada goiana atuar em conjunto. Foi para derrubar um projeto de Eduardo Jorge e meu que proibia o amianto no Brasil. Era um movimento contrário ao que penso, mas não posso negar seu caráter democrático nem a preocupação legítima com os interesses de seus eleitores. Goiás tem mina de amianto em Minaçu e os deputados temiam o desemprego e o declínio econômico na cidade.

Não se conhece, fora de Goiás, a extensão da influência de Cachoeira. A verdade é que nenhum órgão de imprensa foi lá conversar com as pessoas, sentir a atmosfera, indagar sobre as forças típicas do Estado. Confesso que tenho mais perguntas que respostas. Um esquema tão intrincado e complexo merece um estudo maior, que só a íntegra das gravações pode esclarecer – ou, ao menos, indicar pistas.

E o Demóstenes, hein? É a pergunta que todos fazem na rua, resignados com o peso do argumento de que todos os políticos são iguais, até mesmo os que incluem a dimensão ética em sua atuação parlamentar. O desgaste que ele produziu na oposição é arrasador. Não se limita ao célebre “são todos iguais”. Avança para outra constatação mais perigosa: se os críticos são como Demóstenes, toda a roubalheira denunciada por eles não passa de maquinação. A sincera constatação popular “são todos iguais” torna-se um dínamo para múltiplas conclusões políticas. A mais esperta delas é: logo, são todos inocentes.

Depois de tudo o que Demóstenes fez, a partir do fragmentos ouvidos, eram inevitáveis as mais variadas repercussões no cotidiano político, em ano de eleição.

O esquema, no conjunto, precisa ser conhecido e pode ser iluminado por uma CPI. Carlos Cachoeira tinha influência nos governos de Goiás e de Brasília, detinha um poder regional. Era bem mais que um bicheiro. Apresentá-lo assim, desde o início, não combinava com o tipo clássico consagrado pela ficção: camisa aberta no peito, colar de ouro, mulatas deslumbrantes, amor à sua escola de samba. Cachoeira, além dos negócios legais, já usava a internet como ferramenta. Organizava loterias federais, disputava a bilhetagem eletrônica no transporte coletivo e mantinha um site de jogos, hospedado na Irlanda.

Ele usa muito melhor os instrumentos do seu tempo do que os bicheiros tradicionais, com seus anotadores sentados em caixotes, esperando a chegada da polícia em nova campanha contra o jogo do bicho, dessas que sempre morrem na próxima esquina, ou na próxima manchete. Os bicheiros sempre desconfiaram da legalização porque tinham medo da pesada concorrência que as novas circunstâncias trariam.

Empresário da era eletrônica, Cachoeira tinha um partido sem programa e decidiu legalizar seu negócio de forma que bicheiros tradicionais nem sequer sonhavam: escrevendo a lei, mobilizando a sua bancada, cuidando da tramitação, dos detalhes formais, garantindo a supremacia no futuro.

Cachoeira tem negócios clandestinos e legais. A maneira como se organizou para tocá-los é típica do pragmatismo de muitos partidos políticos: buscar a proximidade com o governo. Sua proposta era deslocar Demóstenes para o PMDB e aproximá-lo do Planalto. Houve algumas conversas sobre isso nas eleições de 2010. Para Demóstenes seria a morte política por incoerência, talvez mais suave que o atropelamento súbito pelos fatos.

Apesar de sua prisão e da desgraça de Demóstenes, Cachoeira continuou desdobrando a tática de aproximação. Tanto ele como Demóstenes escolheram advogados que, além de sua competência, são amigos íntimos do governo. Uma escolha desse tipo nunca é só técnica. É também política. Representa uma bandeira branca de quem não busca conflitos e anseia por uma saída controlada para um escândalo que ameaça governos do PSDB e do PT.

Leis são como salsichas, é melhor não ver como são feitas. Essa célebre frase atribuída a Bismarck é uma constante na crítica aos Parlamentos. Em caso de um escândalo de intoxicação alimentar, é importante saber como foram feitas. Se Carlinhos Cachoeira foi capaz de criar suas leis, aprovando-as no âmbito estadual e levando-as à esfera nacional, o que não podem outros grupos poderosos e articulados?

Essa vulnerabilidade da democracia, de um modo geral, se torna uma inquietação alarmante no caso singular do Brasil. O momento aponta para a desaparição dos partidos programáticos e abre o caminho para os núcleos de todo tipo, principalmente o partido de tirar partido.

 

Publicado no jornal Estado de São Paulo 13/04/2012

LEMBRAM DO SUMIÇO DAS ABELHAS QUE ATÉ HOJE NINGUÉM EXPLICA. GABEIRA FALA SOBRE UMA PISTA.

Sumiço das abelhas: a grande pista

DO BLOG DE FERNANDO GABEIRA – WWW.GABEIRA.COM.BR

Dois grupos de cientistas chegaram ao mesmo ponto no estudo do processo de desaparição das abelhas, um mistério que se prolonga há pelo menos uma década.

Segundo o New York Times, citando o jornal Science, os cientistas chegaram a um tipo de pesticida, neonicotinoide, que atua no cérebro das abelhas, tornando-as incapazes de realizar suas atividades comuns.

Os estudos foram feitos na Inglaterra e França e podem levar à proibição do uso dos pesticidas apontados como a causa. Os cientistas, no entanto, não definem uma causa única para o desaparecimento da abelha.

Há menos flores e o crescimento econômico vai reduzindo também suas possibilidades de sobrevivência.

Perguntei a muitas comissões européias que visitaram a Câmara sobre a causa da desaparição das abelhas. Havia muita incerteza sobre as causas. Alguns se arriscavam a explicar pelos fatores habituais que prejudicam o meio ambiente.

A descoberta da desaparição das abelhas nos leva a uma constatação parecida com o surgimento do livro A Primavera Silenciosa, de Rachel Carson.

É um dos livros mais importantes da história do movimento ecológico pois chamou a atenção para o sumiço dos pássaros e influenciou gerações de militantes como, por exemplo, o ex-vice presidente Al Goore

Pitadas de bom senso. Sobre as greves que pipocam, Gabeira

Só o governo não viu

 Fernando Gabeira

FONTE: www.gabeira.com

A greve dos policiais continua na Bahia e foi deflagrada no Rio. O enfoque mais comum nos jornais e televisão enfatiza a ilegalidade do movimento.

Dois outros pontos deveriam ser mencionados. O primeiro deles é a eficácia da greve, nessas circunstâncias.

O melhor caminho para os policiais seria uma intensa campanha voltada ao público, revelando suas dificuldades de sobrevivência com salários tão baixos.

Essa hipótese torna-se mais difícil porque, ao contrario de outras policias, como a norte-americana, não houve o esforço necessário de aproximação com o público.

As campanhas pedagógicas sobre consumo de droga eram feitas, nos Estados Unidos, pela policia. Transplantadas para o Brasil, viu-se que não funcionavam bem. A imagem das duas policias, a americana e a brasileira,  eram vistas de forma diferente pelos estudantes.

Mas é preciso começar a superar esse distanciamento histórico entre policia e população. A greve não ajuda porque espalha o medo e a sensação de que a cidade foi abandonada.

Há outro ponto sobre o qual não se fala muito porque admiti-lo seria criticar o poderoso governo. E este ponto é a absoluta falta de habilidade oficial em negociar com a policia. E sua incapacidade de prever os fatos.

A radicalização dos policiais e bombeiros era uma tendência evidente quando se votou a PEC-300. Em vários momentos, tivemos a impressão de que haveria tumultos na Câmara ou mesmo em Brasília.

O quadro pedia muita coisa, menos empurrar com a barriga como fez o governo federal, seguido por alguns governadores.

Duas grandes cidades brasileiras, famosas por seu carnaval, vivem um momento difícil exatamente quando pensavam em atrair mais turistas e começar a arrancada nacional para receber mais visitantes.

A policia não deveria fazer greve. Nem os passageiros de trem no Rio deveriam perder a paciência. É fácil apenas defender a lei.

Difícil é preservá-la com medidas que aliviem o sufoco real. Os PMS do Rio vão ganhar R$2070 mensais em 2013. Os passageiros de trem foram convidados pelo secretário Júlio Lopes a esperar mais dois anos por melhoras no transporte.

É necessário buscar um equilíbrio na avaliação do momento. A simples aplicação da lei e a repressão ao movimento grevista não resolvem o problema de fundo.

É preciso rever as expectativas sobre a segurança pública. Sem uma policia com salários dignos será difícil alcançar a paz urbana. Os avanços conseguidos até agora são pontuais e, no Rio, muito localizados em áreas importantes para a Copa do Mundo.

Dizer que o orçamento é curto não basta. Há tanta dinheiro para propaganda, há tanto desperdício no governo.O orçamento será sempre será curto. Daí a necessidade absoluta de usá-lo com inteligência.

“Mãe Dilma” é genial. Sobre a blindagem, a proteção, o “corpo fechado” dos ministros. Do Gabeira

http://platform.twitter.com/widgets/hub.1324331373.html

e agora o Gabeira está só lá no blog dele, o original, no endereço ( fora os artigos pro Estadão):

http://www.gabeira.com.br/

Em torno do verbo blindar

Fernando Gabeira

Ultimamente, deram para blindar. Blindaram o ministro Fernando Pimentel e agora blindam o ministro Fernando Bezerra. Se continuam nesse ritmo, haverá uma ala de ministros blindados no desfile do 7 de Setembro.

O verbo blindar é dos neologismos mais desconcertantes na política brasileira. Acontece assim: surgem evidências contra os ministros e o governo e sua base dizem para nós: não acreditem nas evidências, mas naquilo que estamos falando.

Pedem uma reação religiosa como se Brasília fosse a Cidade de Deus de Santo Agostinho, onde a visão das coisas não apreende a realidade, que deve ser alcançada pela fé.

Às vezes, esse verbo blindar parece um encontro da politica com a história em quadrinhos. É como se, de repente, os aliados do governo gritassem shazam e o corpo do protegido se fechasse.

Ainda no mundo juvenil, lembram, com sua blindagem, o dono da bola que resolve interromper a partida quando seu time está ameaçado.

A ideia de fechar o corpo é antiga. No passado, benziam-se as crianças contra mau olhado. A antropologia é rica em estudos sobre feitiço. O que há de comum com o governo é atribuir aos olhos dos outros problemas produzidos por si mesmo.

A ideia de se blindar tem um outro viés religioso que se expressa nos versos de Jorge Benjor: Jorge, sentou praça na cavalaria/eu estou feliz porque também sou da sua companhia/eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge/ para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem/… para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam.

Assim chegamos ao momento em que a política não só vira história em quadrinho mas encarna também um desejo religioso de proteção, de fechar o corpo: armas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar.

Do velho sonho de aproximar divergências na solução de problemas comuns, a política nos distancia. De havaianas na rua, ao vermos um ministro blindado, dentro de um carro blindado, não há como não reconhecer um fracasso da política que nos tornaria mais transparentes. Toneladas de metal nos separam e não há como entrar nessa pesada estrutura para beliscá-los e acordá-los para a realidade. Podem continuar dormindo e blindados por mais uma década.

O único problema é que o peso da blindagem dificulta seus movimentos e ameaça romper o assoalho. Sua saída é combinar superpoderes, ampliar o conceito de blindagem: tanto pode ser uma vestimenta de ferro, como pode ser a  palavra mágica que os faz desaparecer diante de repórteres.

Com a blindagem entramos no campo da magia e da religisão. A Dilma deixará de ser a mãe do PAC para ser simplesmente Mãe Dilma, que mantém ministros, combate mau olhado e traz a pessoa amada no prazo de dois dias.

 

APROVEITO PARA POSTAR UM VÍDEO COM MÚSICA PAR A OUVIR ENQUANTO LÊ:

Pensatas sensatas. Essa é uma. Do Gabeira. Sobre a China, nós, Kissinger, cresciemtno, política, foco, etc. e tal. ( principalmente sobre o etc. e tal)

SOBRE A CHINA ( por Fernando Gabeira)

A China, depois de uma análise da situação internacional, decidiu continuar crescendo e deixar para segundo plano o combate à inflação. Os dirigentes chineses viram que isto traz mais estabilidade, no momento dificil. Como disse no blog de ontem, acabo de concluir a leitura do livro de Kissinger,” Sobre a China”, impressionado como fazem analises de curto e longo prazo e, de certa forma, a popularizam.

O mais impressionante no livro, que é restrito às relações diplomáticas dos dois paises, é ver como posiçoes tão antagônicas encontraram um ponto de convergência para avançar. O relato mostra como havia disposição mutua de um entendimento e como delicados episódios diplomáticos foram sendo superados para que o interesse comum continuasse a ser negociado. O cimento dessa complexa relação são os objetivos claros de cada um.

Não vejo nada parecido no panorama nacional. Não foi criado um espaço de interesse comum que pudesse ser encaminhado, apesar das divergências. Esse espaço poderia ser conquistado na política externa. O Brasil saiu-se bem na Conferência de Durban e vai ser o anfitrião da Conferência Rio+20. Não existem diferenças substanciais entre a posição do governo e da oposição. Por que não dialogar nesse campo e realizar uma preparãção verdadeiramente nacional?

O ano de 2011 foi passado na discussão da queda de ministros. É muito pouco. Dois paises gigantescos souberam distinguir entre suas querelas e objetivos de longo prazo, criando um espaço para que esses últimos fossem preservados. Se avançarmos na política externa, isso pode ser estendido no futuro a algumas linhas  da economia. Não estou propondo nenhum tipo de trégua, ou esfriamento dos conflitos políticos. Mesmo sem neutralizá-los, é preciso sair do pântano onde só de definem as divergências e não e não se distinguem os pontos de convergência nacional.

 http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

 

Não falei do vazamento antes porque ele já estava na garganta. ABSURDO. Mas leia o Gabeira, que entende do assunto.

O vazamento de óleo na Bacia de Campos quase passa batido na sua primeira semana. Imprensa, deputados e especialistas não se interessaram tanto pela mancha de 63 km2 no litoral fluminense.

O vazamento aconteceu no campo de Frade e, pela primeira vez, através da delegacia do Meio Ambiente da PF ficamos sabendo que a Chevron, empresa responsável pelo vazamento, talvez esteja escondendo dados importantes.

Leio que o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc vai sobrevoar a área amanhã. O governador Cabral. ainda nem tocou no assunto . Minc costumava ser mais rápido no gatilho.

O delegado da PF, Fábio Scliar, afirmou que, ao contrario do informado, o vazamento ainda não foi contido e que não viu uma frota de 17 navios trabalhando para conter a mancha, mas apenas um.

Pode ser que o vazamento seja mais grave, como suspeita o delegado. O que impressiona é como o Brasil é blasé. Em outros países, pelo menos as imagens seriam mostradas na televisão.

Aqui só  se lê a nota da Chevron. O Rio deveria se mexer mais porque está lutando pelos royalties do petróleo. Precisa mostrar que cuida do seu litoral e está atento. E o Brasil sinalizar com seriedade para quem vem explorar o pré-sal.

Ontem, a bancada do Rio no Congresso foi informada o vazamento.Uma comissão externa de deputados fluminenses, sem custos para o Congresso, deve ser formada.

Ouvi um locutor dizer, com alívio,  que houve o vazamento mas que a mancha estava se afastando do litoral brasileiro. Talvez tenha sido essa a causa do desinteresse- o rumo dos ventos.

Como se o mar territorial fosse um universo fechado e fora dele nada nos preocupe.

O Globo de hoje publica uma página inteira com as declarações do delegado e informa que a proprietária da plataforma da Chevron é a Transocean que esteve no centro do desastre da BP, no Golfo do México.

A esta altura, tanto a Chevron como a Transocean devem estar pensando como é mais fácil administrar um desastre num pais em que ninguém vai inspecionar o lugar imediatamente, que não divulga as imagens do poço, não rastreia o curso da mancha, nem examina como foi dada a licença ambiental . Ainda por cima é um país tropical, abençoado por Deus.

Toda essa celebração em torno do pré-sal só faz nos preocupar com o futuro do oceano brasileiro pois na faixa em que o óleo será explorado, circula a maioria das espécie em extinção em nossos mares

Leia isso, do Gabeira, sobre a ponte sobre o Rio Negro. Talvez você não saiba o preço que pagamos pela ponte lá longe e tão perto de nós em seus custos

Post de Fernando Gabeira no blog do Estadão

Corrupção

– Uma ponte para a imaginação –

FERNANDO GABEIRA

Custou um bilhão e noventa milhões de reais. Maior ponte fluvial do Brasil, a ponte do Rio Negro tem 3596 metros.
Levou três anos e meio para ser concluida e hoje é uma estrela no twitter:#Ponte do Bilhão.
Algumas lacunas no planejamento, obrigaram importar equipes estrangeiras para solucionar os problemas da obra.
Grande parte deles, problemas ambientais: acidez da água, fluxo do rio, coisas que um bom relatório de impacto ambiental deveria ter indicado antes da licença de construção.
A ponte vai integrar a região metropolitana de Manaus, composta de oito cidades, e com dois milhões de habitantes.
Está sendo considerado, ao lado do Teatro de Manaus, um dos grandes monumentos da cidade.

A ponte sobre o Rio Negro.
Todas as vantagens do projeto devem ser ressaltadas hoje, no discurso de inauguração.
No entanto, o preço incendeia a imaginação num momento em que se discute tanto os gastos do governo e os desvios de verbas públicas.
O empreendimento envolve o BNDES e o governo da Amazônia. O jornal a Crítica fez um levantamento dos gastos do governo no semestre, indicando que pagou R$105 milhões só à Camargo Correia.

Num semestre o governador Omar Aziz já gastou R358,4 milhões com a ponte e empenhou R$908 milhões. Para os recursos do estado e os ganhos econômicos imediatos, é uma obra faraônica.
Segunda maior ponte da América Latina, é maior sobre o Orenoco, na Venezuela, a Manaus-Iranduba já atrai a atenção da imprensa internacional, em busca das mega obras.
A China acaba de concluir uma delas, a maior ponte sobre o mar no mundo:42 quilômetros. O custo do quilômetro foi de R85 milhões contra R$360 milhões da ponte brasileira.
A ponte brasileira não é a maior, mas desponta como a mais cara do mundo. O Tribunal de Contas do Amazonas está examinando os gastos. Mas o dinheiro já foi gasto.
O custo da manutenção da ponte está orçado em R$1 milhão por mês. Mais um encargo que os opositores da obra consideram pesado para os contribuintes do Amazonas. Será, no entanto, uma eterna vitrine para os políticos que determinaram sua construção.

Quer ler uma análise deliciosa sobre o que acontece lá nas bandas do Ministério da Agricultura?

 É do blog de Fernando Gabeira, lá no Estadão. O endereço é: http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

Quando surgiram as primeiras acusações contra Wagner Rossi, o governo afirmou que não eram graves.

Quando surgiram acusações que eram graves, o governo afirmou que não havia provas.

E quando surgem acusações que o próprio Ministro confirma, o governo insinua que só demitira Rossi  em caso de batom na cueca.

Se aparecer o batom  na cueca, o governo dirá que  é mancha  de ketchup.

As últimas acusações publicadas pelo Correio Brasiliense não se referem apenas a viagens num avião de uma empresa  que vende vacinas para o Ministério- http://bit.ly/n9Ykcx.

Elas falam também num sócio da empresa que teria uma secretaria no Ministério.

O governo vai, de sobressalto em sobressalto,  mantendo seu apoio a Rossi. As acusações contra ele são antigas. Lembro-me , na Câmara, de um deputado paulista que, volta e meia, subia à tribuna para desancar Rossi.

Seu nome é Fernando Chiarelli. Ficava muito emocionado e com isso passava a sensação de algo pessoal e localizado em Ribeirão Preto.

Rossi não era deputado naqueles anos, mas não me lembro de alguém discursando em sua defesa. Rossi é do PMDB, Chiarelli do PDT.

Jamais poderia prever que aquelas acusações de Chiarelli sobre o enriquecimento de Rossi pudessem ser revistas à luz de um problema nacional.

Rossi é uma cereja no bolo de casamento do PT e PMDB. Mas os noivos, com sua experiência, já devem ter percebido que ela pode ser devorada por uma CPI.

No mínimo, Rossi terá de voltar ao Congresso para se explicar. E dessa vez as explicações serão mais difíceis .

Se Rossi não cair dessa, é melhor marcar na agenda do Congresso “um dia da semana para ouvir o Rossi”.

Trabalho dobrado para ele: passará um dia se preparando para falar no Congresso e um dia respondendo às perguntas dos parlamentares.

Seu ministério trata da agricultura, um dos dínamos da economia brasileira, num mundo à beira de  uma  séria crise.

No Transportes, o recurso foi buscar o número 2 para assumir o ministério. Na Agircultura esse recurso não existe mais, pois o numero dois já saltou fora.

Bom motivo para buscar um grande nome do próprio setor e passar uma borracha no erro de ter escolhido Rossi.

Casamento complicado, esse.

Sobre Errolflyns e outros. Comentário do Gabeira vale. Pela seriedade, pelo humor, e porque mostra que estamos mal com essa turma aí, escandalosamente cinematográfica

Em busca das provas robustas

por Fernando Gabeira

    A presidente Dilma Rousseff, para variar, ficou irritada. O vice Michel Temer perguntou onde estavam as provas robustas.

As duas figuras que aparecem como noivo e noiva no bolo de aniversário da coligação PMDB- PT  estão unidas na censura à Policia Federal.

Acontece que a tanto a Policia Federal como a Procuradoria estão apresentando muitos dados, gravações telefônicas e, agora, depoimentos dos presos.

Apareceu até uma testemunha chamada Errolflyn de Souza Paixão. Os mais jovens podem ir ao Google e encontram lá o nome do ator norte-americano que inspirou os pais do Errolflyn brasileiro.

Num texto literário, esse nome seria um achado. Mas os estudiosos dos escândalos brasileiros sabem que, assim como fumaça e fogo, nomes estranhos e escândalos andam juntos no Brasil. Ele afirma que a deputada Fátima Pelaes sabia do esquema e ficou com parte do dinheiro da emenda de R$ 4 milhões.

O ideal seria que o governo ficasse calado até que o processo se desenrolasse. Ao se precipitar nas criticas à operação da PF, tentou mostrar para a base aliada que vai protegê-la.

Mas os fatos estão aí. O trabalho da PF está fundamentado neles. Dificilmente, as investigações, sobre esse e outros casos, será paralisada.

É o dilema que  tenho enfatizado. Não dá para evitar que a roubalheira venha à luz. Mas não dá também conter a base aliada que quer verbas das emendas parlamentares e suavidade na PF.

Se a greve dos aliados acabar com a liberação das verbas, aí então é que o trabalho da PF se fará mais necessário porque é das verbas que nascem as tramóias.

Só uma coisa preocupa. A PF tem enfatizado sua luta salarial. Isso significa que, com aumentos de salários, ela será mais complacente?.

Os tempos de vacas gordas permitiram a implantação de um poderoso esquema no Brasil. Seu objetivo não foi somente trocar o governo, mas também democratizar as benesses do poder, incluindo um amplo espectro de partidos, sindicatos, entidades de classe e ONGs.

É a tática da Arca de Noé que funciona bem no pais mas ameaça afundar nas crises. Quando menino, ouvia muito esta frase: ou todos se locupletam ou restaure-se a moralidade.

Em tempos da vagas gordas, chegou-se perto da estabilidade ideal do modelo. Quase todos que têm voz e organização foram cooptados. A própria PF, em alguns casos que envolviam o governo, pipocou.

Errol Flyn, o ator, em pose de detetive.

Não é só a crise econômica que ameaça a estabilidade do modelo. Ele também é ameaçado pela ganância e sensação de impunidade.

No imenso laranjal em que tranformaram o Brasil, Erroflyns da Paixão, Capitães Marvel da Silveira, Clarkgable dos Santos vão aparecer muitas vezes. Isto para ficar apenas na inspiração do cinema americano. Há todo um arsenal nativo à disposição dos plantadores.

( fonte: BLOG DO GABEIRA, NO ESTADÃO )

De Juiz de Fora, para o mundo. Gabeira, também de Juiz de Fora, conta um pouco das lembranças que tem de Itamar. Vale a pena.

ADEUS A ITAMAR FRANCO

por Fernando Gabeira, do blog no Estadão:

http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

Morreu Itamar Franco. Foi um grande político de Minas . Como Presidente da República cumpriu seu papel e levou o Brasil à segunda eleição direta para presidente com muita dignidade.

Eu conheci na nossa cidade, Juiz de Fora. Andávamos na rua Halfeld, onde se fazia o footing dominical. Itamar era um jovem engenheiro e, aos poucos, foi crescendo no cenário político.

Um dos lideres populares de Juiz de Fora era também dirigente sindical. Chamava-se Clodismith Riani e foi preso pelo governo militar.

Com a saída de Riani, Itamar ocupou o espaço de uma liderança de oposição. Riani era do PTB e creio que foi com esse sigla que Itamar ganhou a primeira eleição para prefeito.

Tive a oportunidade de reencontrá-lo às vésperas da queda de Collor. Ele se hospedou no Sheraton, no Rio, e não falava com jornalistas. Fui recebido com a ressalva de que não daria entrevista.

Parecia um pouco perplexo. Eu dizia que ele seria o próximo presidente, que Collor não aguentaria mais um mês. Parte de sua discreção era característica do cargo de vice.Além disso ,vinha da política mineira e era um pouco tímido .

Sua performance como senador sempre foi muito boa, sobretudo comandando a comissão que discutiu a energia nuclear no Brasil.

Voltei a encontrá-lo na convenção do PPS, quando já era candidato a senador por Minas. Foi sua última vitória eleitoral.

Itamar foi um homem de bem, cercado de pessoas corretas e fieis, alguns conhecidos desde minha juventude, como Ruth Hargreaves e seu primo Henrique, que se tornou Chefe da Casa Civil.

Na sua presidência, com Fernando Henrique na direção da economia, foi criado o Plano Real que estabilizou o pais, preparando-o para os grandes avanços das duas últimas décadas.

Uma grande perda, sobretudo para um Senado decadente e submisso como o de hoje. Às vezes, o critiquei quando exercia a presidência. Depois de tudo que aconteceu nos últimos anos,reconheço que seus erros foram secundários e o Brasil ainda precisava muito de gente como ele

ALÔ, ONGs! Estão querendo assassinar os passarinhos sem destino. Quem?O IBAMA! Mais um drama. Leia o Gabeira, sobre esse tema.

ASSUNTO: Ibama não sabe o que fazer com pássaros vindos da Venezuela, apreendidos em ação contra contrabando, em Manaus. São 270 aves.

Uma solução radical do IBAMA

por Fernando Gabeira – Blog no Estadão:http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

24.junho.2011 /

  • Preocupante a história dos 270 pássaros apreendidos pela PF no aeroporto de Manaus.Eram um contrabando vindo da Venezuela. Os pássaros, 80 por cento canário da terra, e alguns pintassilgos e rouxinóis, vieram em gaiolas escondidas na bagagem.

O procedimento normal é devolvê-los para a Venezuela. Como o IBAMA não tem verba para isto, está pensando em sacrificá-los.

Canários existem em muitos pontos do Brasil, como na Serra da Canastra.(foto FG)

Seria um equívoco. De fato, a lei proíbe que sejam soltos no Brasil. Podem ter alguma doença e contaminar a fauna brasileira, precipitando o processo de extinção de algumas aves.

Mas será que não existe uma forma de examinar esses pássaros? É um desafio para os veterinários.Além disso, pode-se consultar a Venezuela sobre a presença de alguma doença entre os pássaros de lá. Já houve algo que justificasse uma precaução maior?

Sacrificar os pássaros é uma saída muito dramática que revela não só nossa falta de recursos materiais como também de recursos intelectuais para superar um problema que não é dos mais complicados.

A suspeita de doença é também analisada num período de quarentena. Se o IBAMA não tem dinheiro nem esse período, as inúmeras organizações que trabalham com animais poderiam conseguir esse dinheiro, desde que administrado com transparência.

STF DECIDE: PODE MARCHAR, SIM. LEIA POST DO GABEIRA SOBRE ISSO TUDO, E MUITO MAIS

Maconha, uma decisão previsível

por Fernando Gabeira(16.junho.2011 09:22:54)

  • A decisão do Supremo Tribunal Federal de liberar a realização da manifestações pela legalização da maconha não me surpreendeu. O fato de ter sido unânime acentua a facilidade da previsão.

Todas as leis devem ser cumpridas. Mas nenhuma delas vem com uma blindagem contra a discussão.Por meios legais, é possível discordar de uma lei e modificá-la.

Num artigo que escrevi para o Estado de São Paulo, na véspera da marcha da maconha, defendia a tese de que isso era um problema relativamente simples para a democracia brasileira.
Bastava, disse nas últimas linhas, combinar com a polícia, isto é acertar itinerário e hora para não prejudicar o complexo trânsito metropolitano.

A tese da liberdade de expressão deve ser estendida nas manifestações às pessoas que exaltam a maconha? Talvez, a partir de agora, isso não seja fator de punição.

A liberdade, se assim for interpretada, traz alguns perigos políticos. É inteligente exaltar a maconha numa demonstração pela legalidade do consumo? Se isso se torna o tom dominante numa manifestação, milhares de pessoas que não fumam, não gostam, mas ainda assim são pela legalização ficarão marginalizadas. Podem achar que o tema é de exclusividade dos usuários e, por suas razões, não querem ser confundidas.

As pessoas que vêem na legalização uma possível saída para um complexo problema social querem mais do que tiveram até agora. Querem saber como seria o processo, quais os modelos internacionais que foram estudados e até que ponto podem ser aplicados aqui. Isto é: que condições são necessárias reunir para dar um passo novo na política de drogas?

O Supremo rejeitou o cultivo doméstico. Também não é permitido no Brasil, como é na Califórnia e alguns outros estados americanos, o uso para fins medicinais.

Quando escrevi o artigo para o Estadão, tudo parecia tão simples que não imaginava uma sessão do Supremo para avaliar o tema. Mas como o Parlamento evita os temas perigosos, atualmente todas as expectativas se concentram no outro lado da Praça dos Três Poderes

DO BLOG DO GABEIRA, NO ESTADÃO: http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

BOMBEIROS – RJ. Post do site do Gabeira, que acompanha desde sempre o movimento. Informe-se de como vai a coisa. E não vai bem.

Bombeiros têm primeira vitória, mas ainda falta o salário

por Fernando Gabeira -09.junho.2011 

    A decisão do governador Sérgio Cabral de criar uma Secretaria de Defesa Civil é a primeira vitória dos bombeiros e todos aqueles que se preocupam com uma resposta aos desastres naturais.

Como se sabe, para escapar da pressão dos médicos no serviço público, o governador Cabral utilizou um grande numero de oficiais do Corpo de Bombeiros na Saúde, pois militarizando o trabalho conseguia mais disciplina.
Saúde e defesa civil se fundiram, com prejuízo da segunda que cresce de importância num mundo atingido por desastres naturais e ameaça de aquecimento .
Mas a adesão a uma tese de autonomia e singularidade da defesa civil defendida pela oposição, na campanha eleitoral, não resolve o problema, pois o aumento prometido de 5,58% não atende às reinvidicações dos bombeiros, unidos agora aos soldados da PM e aos funcionários da Policia Civil.

Querem um piso de R$2.900 para todas as categorias. É uma concessão dentro da própria ideia da PEC-300. No texto aprovado em 2010, o piso salarial era de R$3,5 mil para soldados e R$7 mil para oficiais.
Não posso deixar de me alegrar com a separação entre saúda e defesa civil, ambas importantes e autônomas. Mas temo pelo êxito nas negociações salariais. Vai ser preciso lugar muito.

O governador Cabral foi muito arrogante com os bombeiros. Ele já tem uma tendência à arrogância e apoiado por Lula e pela Globo sente-se o dono do mundo .
De fato, são dois aliados importantes tanto no campo da política como no das comunicações. No entanto, a arrogância pode solapar até os mais poderosos.

Os gregos diziam que a punição que os deuses reservam para a soberba é a cegueira.Pode também ser entendido de forma simbólica porque a soberba é em si uma forma de cegueira.

Foi dado um passo, mas no domingo a população vai mostrar ao governador Cabral como leva a sério a remuneração de bombeiros e policiais. Gostaria de ver bombeiros e policiais triunfando ali onde mais sentem o desprezo do governo: o salário com que se compra o pão de cada dia.

PS: A manutenção dos 439 bombeiros é tão insensata aos olhos da população que Cabral acabará cedendo nesse ponto. Ele tem seus marqueteiros,tipo de gente com utilidade para político que não anda na rua.

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Quer saber do Peru? Dá uma olhada nesses links da TV Estadão. Gabeira está cobrindo esta estranha eleição…entre a cruz e a caldeirinha, Humalla X K. Fujimori

>>>>http://tv.estadao.com.br/videos,FERNANDO-GABEIRA-VAI-ACOMPANHAR-AS-ELEICOES-PERUANAS,139626,259,0.htm

http://tv.estadao.com.br/app/estadao/tvestadao/player/player.swf

FRASE DO DIA, para ser percebida por gente que já está até chamando Guimarães Rosa para defender erros em livro. E que ainda não estão “contando Paloccis”

…”Sem contar que, alem do exército mobilizado, a soldo, para defender suas idéias, há também alguns batalhões românticos que vêem  em tudo isso uma luta da esquerda contra a direita, dos pobres contra os ricos, do progresso contra o atraso”.

( DA COLUNA DE FERNANDO GABEIRA NO BLOG DO ESTADÃO, SOBRE O CASO PALOCCI)

Uma análise da votação do Código Florestal, de quem entende do riscado: Fernando Gabeira

A novela do Código Florestal

por Fernando Gabeira – DE HOJE, do blog no ESTADÃO

Código ou incêndio florestal? A votação do texto esta semana tornou-se muito áspera, considerando a complexidade do tema.
Muita gente, vendo de longe, imagina que as dificuldades estão apenas num embate entre ambientalistas e ruralistas.
O governo perdeu o controle de sua base e foi obrigado a adiar a votação. Portanto, o problema existe também entre governo e base aliada.
Mas o que me parece mais interessante, não foi levantado com destaque. Um dos países com mais recursos naturais no mundo, o Brasil é muito complexo para ser resolvido pela burocracia política em Brasília.
Se tivessemos feito um zoneamento ecológico e econômico do país, não precisávamos ficar discutindo se as terras teriam de ter 80 ou por cento de reserva legal. Cada área, de acordo com o estudo específico de suas condições, teria o espaço exato para sua proteção.

Da mesma maneira, no caso dos rios, é difícil determinar uma regra para todo o Brasil. Criamos, através de três leis, uma legislação moderna para os recursos hídricos. Ela prevê a criação de Comitês de Bacia, um instrumento democrático de gestão, que poderia determinar a situação das margens do rio sob seu controle.

Visão da Mata Atlântica, em Itatiaia, RJ.(foto FG)

 Não posso dizer que o caminho de votação do Código no Congresso esteja errado. Ele precisa ser definido lá. Mas o quadro legal em que se faz a escolha é abstrato, impreciso. O ecologista saca um número mais alto, o ruralista um número mais baixo. E fica parecendo que esse é o melhor debate.

A novela vai continuar e o provável resultado será a insatisfação das partes. Elas precisavam incorporar procedimentos científicos em suas decisões. Se duvidam dos cientistas, que, às vezes, também discordam entre si, poderiam pelo estabelecer um padrão: quando houver consenso científico, estaremos juntos, quando não houver, resolvemos a questão na luta política.

Caçada ao Osama: achei esse relato geral um dos mais interessantes. É do Blog do Gabeira, no Estadão

 

elas procuram o corpinho no mar...

Nos bastidores da caçada a Bin Laden

por Fernando Gabeira

Uma grande equipe do New York Times, liderada por três repórteres, Mark Mazetti, Helene Cooper e Peter Baker, conta hoje a história dos bastidores da ação que matou Bin Laden.

Algumas das minhas dúvidas foram esclarecidas. O microblogueiro paquistanês que contou a história menciona a explosão de um helicóptero e eu não conseguia processar esse dado. As autoridades americanas afirmavam que não houve nem mortos nem feridos entre os mariners que invadiram a casa. Aquela explosão foi provocada pelos próprios norte-americanos porque o helicóptero enguiçou na hora da partida. O raciocínio imediato foi este: é melhor destrui-lo do que deixá-lo para trás.

A longa história da captura de Bin Laden, realmente, começa na prisão de Guantánamo, onde vários detentos mencionaram a existência de um emissário de confiança de Bin Laden. Ouvidos, os lideres mais importantes na prisão disseram que desconheciam o nome . Essa recusa contribuiu para os americanos achassem que estavam numa pista correta.

A CIA começou a interceptar telefonemas e e-mails da família do emissário. Há dois anos, no Paquistão, um funcionário nativo da agência anotou a placa de um Suzuki branco e através dessa pesquisa, as investigações chegaram à casa de Abbuttabad.

Como todas as investigações de longo prazo, houve momentos mais intensos e outros mais frios. As fotos de satélite, uma vez localizada a casa, serviram para determinar o estilo de vida dos ocupantes. Não tinham internet nem telefone, queimavam o próprio lixo.

A primeira dúvida era sobre realizar ou não a captura. Não foi uma decisão linear. Pesava ainda a experiência fracassada na Somália, em 1993, quando dois helicópteros Black Hawks foram derrubados. E também, até meados de abril, a CIA tinha um dos seus quadros preso no Paquistão. Seu nome é Raymond A. Davis e estava detido por abrir fogo contra dois paquistaneses, numa rua movimentada de Lahore. Havia a possibilidade de uma retaliação contra Davis, na prisão. Ele foi libertado em 16 de abril.

Uma vez tomada a decisão de atacar, restavam grandes dúvidas sobre as características da operação. Um dos arquitetos da operação pensou em bombardear o edifício. Fizeram as contas e viram que precisariam de 32 bombas, corriam o risco de abrir uma grande cratera no lugar e jamais encontrar o corpo de Bin Laden.

Havia também a possibilidade de fazer uma blitz junto com as forças paquistanesas. Mas teriam de avisá-los com antecedência, aumentando o risco que a operação vazasse e Bin Laden conseguisse escapar. Isto não significa que o Paquistão não tenha colaborado. No momento exato, apenas os americanos sabiam da operação.

Obama fez várias reuniões secretas e pediu algum tempo para decidir. Finalmente, deu a ordem para o assalto, preferindo-o ao bombardeio. Montou uma sala de situação e mudou a rotina da Casa Branca para que visitantes não percebessem que alguma coisa se passava.

O assalto foi programado para o sábado mas a noite estava nublada. Optou-se pela noite de domingo e os quatro helicópteros partiram de Jalalabad, no lado do Afeganistão, perto da fronteira. No mapa que encontrei no Google, mencionei o aeroporto de Abbuttabad como uma possibilidade de recuo. Mas foi um erro. Dentro do espírito de não comunicar aos paquistaneses, o aeroporto era inútil. Na verdade, o grande problema dos helicópteros era serem confundido pelos paquistaneses e bombardeados como se fossem parte de força inimiga.

Soldados paquistaneses montam guarda na casa de Bin Laden.(AP)

Na sala de situação, com grande estoque da batata frita e soda, Obama e seus assessores acompanharam a operação, desde o momento em que os helicópteros decolaram em Jalalabad. Segundo os assessores, cada minuto parecia um ano. Até que a frase Gerônimo morto em ação foi transmitida. Era o fim da operação, com sucesso total.

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Liberdade para Wei-Wei. Loucura chinesa o obriga a dizer que lê…revistas pornográficas! Texto do Gabeira

Como no tempo de Stalin

Fernando Gabeira ( do blog no Estadão)

  • A imprensa chinesa começou sua campanha para condenar o artista plástico Ai WeiWei, preso no momento em que se preparava para uma de suas viagens ao exterior.
    A tática é parecida com a estalinista. Segundo as noticiais oficiais, Ai WeiWei estaria começando a confessar os seus crimes, inclusive a leitura de revistas pornográficas.
WeiWei antes da prisão, numa pose para o New York Times
A presidente Dilma Roussef fez ontem na China um discurso sobre direitos humanos e democracia no Brasil. O comunicado conjunto dos dois países fala em entendimentos para avançar nesse campo.
Quem pode acreditar nisso? O Museu Guggenheim já iniciou uma coleta de assinaturas pedindo a libertação de WeiWei. Sugeri que a Bienal de São Paulo também fizesse algo do gênero.
As reportagens do New York Times, após a prisão, descreviam WeiWei como um intelectual brilhante a atualizado. Não creio que seja necessário basear o pedido de libertação no seu talento. Embora ache que os motivos da prisão possam estar ligados a isto. Um talento exuberante constrange a burocracia partidária que depende da mediocridade para sobreviver.

“Um Belo Monte de problemas”, por Fernando Gabeira

Um Belo Monte de problemas – post do blog de Fernando Gabeira, no Estadão

A Comissão de Direitos Humanos da OEA pediu a suspensão do projeto da usina de Belo Monte. Instruido pela presidente Dilma Rousseff, o Brasil reagiu com energia, considerando injustificável o pedido. O texto da Comissão pede a realização de uma consulta  “prévia, bem informada, e boa fé e culturalmente adequada”em cada comunidade indígena. Ao mesmo tempo, o organismo quer um Relatório de Impacto Ambiental traduzido nos idiomas dos povos indígenas atingidos.

CAIAPÓ, foto FERNANDO GABEIRA

Há algum tempo falei do histórico dessa usina de Belo Monte, que no passado se chamava Kararaô. Ela foi combatida, principalmente, pelos caipós, tendo à frente o cacique Raoni que viajou pelo mundo e conseguiu a simpatia do então presidente da França, Jacques Chirac.

Kararaô, Belo Monte, passou a ser um símbolo internacional de ameaça à Amazonia. Na primeira reunião ainda na década dos 80 veio o cantor Sting e outras figuras como Anita Roddick criadora e dona da rede Bodyshop. Agora, nesta nova fase em que Kararaô se chama Belo Monte, o diretor de Avatar, James Cameron faz campanha contra a usina e, recentemente, o próprio Bill Clinton, em Manaus, aconselhou a busca de alternativas para usinas na floresta.

O tom que Dilma Rousseff deu à resposta é um pouco parecido com o ritmo com que a obra está sendo tocada. Quatro diretores do Ibama já cairam porque se colocaram no caminho. Antes da licença de instalação, foi permitida a construção do canteiro de obras, o que é um paradoxo. Os indios acham que sua vida sera radicalmente alterada, sobretudo pelos canais que serão construidos na Grande Volta do Rio Xingu, que podem reduzir a água que necessitam.

A resposta do Brasil acusando o texto da OEA de injustificável acaba revelando a quem procura uma resposta para Belo Monte que o governo optou por um caminho autoritário. Se os argumentos disponíveis estivessem na mesa, bastava dizer que a OEA não foi adequadamente informada e que o Brasil está pronto para explicar.

Caiapó em Altamira, primeiro protesto.(Foto FG)

O novo presidente da Vale do Rio Doce, Murilo Ferreira, estaria disposto, diz o Globo, a investir em Belo Monte. Isto impulsiona a obra mas revela também seu lado mais perverso. Se o objetivo é usar energia barata para exportar minério, inclusive produzir alumínio, que é um devorador de energia, estrategicamente será um erro provocar um desequilíbrio na bacia do Xingu. Mais uma vez podemos sacrificar interesses de longo prazo por um aumento de lucros imediatos.

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Para saber mais sobre energia nuclear, radiação…

Uma dica de um jornalista ( e ambientalista ) para acompanhar no caso das usinas nucleares japonesas: Fernando Gabeira. Ele se dedica faz tempo a esses estudos, tem calma par afazer as análises e sabe que o mundo é cada dia mais globalizado.

Como ele próprio diz, no artigo abaixo, do Estadão, do blog ( Clique aqui), “Parodiando John Donne para quem nenhum homem é uma ilha, é possível afirmar que nenhum vazamento é uma ilha- tem repercussões planetárias, embora em alguns lugares remotos a radiação seja insignificante”.

Desastre nuclear e informação

por Fernando Gabeira

    Informações são vitais num desastre nuclear. Em Chernobyl foram negadas pelas autoridades. Na França, o governo da época mentiu, afirmando que a nuvem radioativa iria parar na fronteira do pais.
    O Japão mantém um fluxo de informações mas ainda assim a opinião pública não está satisfeita com elas. Já havia reclamado aqui, inúmeras vezes das informações da Tóquio Eletricidade e do porta-voz do governo, Yukio Edano.
    Leio agora que há uma campanha contra Edano no twitter japonês. Os japoneses querem informações mais precisas, sobretudo em Tóquio, onde uma eventual retirada da população seria muito mais complexa do que na área ao redor de Fukushima.
    Por outro lado, o que se quer saber, isto é qual o nível de derretimento nos reatores não é muito fácil de checar. Os únicos índices que orientam o processo, nesse momento, são os que medem o nível de radiação.
    O grupo de 50 funcionários foi retirado da usina e depois recolocado porque a radiação subiu e depois desceu a níveis suportáveis. Quando escrevo níveis suportáveis lembro-me dos inúmeros debates sobre dose mínima que travamos no passado. Qual é mesmo a dose mínima? Ela é mínima para todas as pessoas indistintamente? Ela é mínima para todos os ambientes?
    Deixando de lado os debates do passado, avaliando apenas o que chega do Japão, a impressão que tenho é de que a batalha contra o resfriamento está sendo perdida. Espero que seja apenas impressão. Aquela história de usar helicópteros para jogar água era um indício de desespero. A retirada permanente dos trabalhadores seria um pouco como jogar a toalha. Mas é uma grande responsabilidade deixá-los lá, a partir de certos níveis de radiação.
    O problema com a Tóquio Eletricidade e com Yukio Edano é que não precisam informações vitais. Falam-se em buracos de oito metros de diâmetro no prédio do reator 4. Os buracos teriam sido provocados pela explosão de hidrogênio. Era preciso explicar o que significam em termos de segurança. Na transmissão da Globo, falava-se que iam usar bombeiros para injetar água nesses buracos. Incompreensível. Ontem à noite uma grande fumaça branca saia do reator 2, possívelmente o vapor liberado para evitar explosões.
    Não há se estabelecem os nexos entre as liberações constantes de vapor e as alterações no nível de radiação. Pode ser por causa disso que o nível de radiação sobe desce em torno de Fukushima. Nesse caso, as elevações seriam previsíveis pois a liberação do vapor é voluntária.
    Algumas autoridades francesas já classificam o desastre como de nível 6, próximo de Chernobyl.Mas a usina ucraniana produzia menos que Fukushima. Se houver mesmo derretimento total, a usina japonesa tem um fator agravante pois será liberado mais material radioativo por mais tempo. Um outro fator agravante em Fukushima é a densidade populacional maior que Chernobyl. Na Ucrânia, as pessoas foram retiradas num raio de 30 quilômetros e os efeitos da radiação se fizeram sentir a 140 quilômetros.
Imagem pós terremoto, tsunami e vazamento nuclear

Há outros fatores em jogo como a direção dos ventos. O aumento da radiação em Tóquio pode ter sido provocado pela situação dos ventos. Espera-se que soprem nesta quarta-feira para o oceano. É menos problemático em termos humanos mas não é neutro em termos ambientais. Parodiando John Donne para quem nenhum homem é uma ilha, é possível afirmar que nenhum vazamento é uma ilha- tem repercussões planetárias, embora em alguns lugares remotos a radiação seja insignificante.

Tem ditador no samba! Tem ditador passeando por aqui, olha só o alerta geral. Do Gabeira, no blog dele, lá no Estadão

Olha como nós somos bonzinhos…Como disse, viajamos para o mundo inteiro para bajular essa gente…E elas aparecem para a sobremesa

Um ditador no carnaval

por Fernando Gabeira – 7.março.2011 13:20:56 – http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

  • Está no Brasil o ditador de Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Alugou dois andares no hotel Ceasar Park para sua comitiva e construiu um camarote especial no sambódromo.
O ditador de Guiné Equatorial

Ele foi visitado por Lula e as relações entre o Brasil e a Guiné Equatorial vão bem. Naquele pais, 20 por cento das crianças morrem por falta de comida ou assistência médica. Mas Teodoro Obiong tem uma mansão de US35 milhões em Malibu, Califórnia, comprada pelo filho, Ministro da Agricultura.

Aliás sua família está sendo investigada pelo Congresso americano. O filho que também se chama Teodoro conseguiu introduzir milhões de dólares no pais e como tinha uma namorada famosa, a rapper Eve, a história ganhou projeção no noticiário.

A namorada do filho de Obiang

Não sei se os dólares que Teodoro Obiang Mbasogo está deixando no Brasil compensam  constrangimento de sua presença. Estamos em tempo de real politik e pequenas dúvidas morais não têm muito espaço. Um dia, esse ditador vai cair e sua história repugnante será contada, inclusive a grande amizade com o Brasil. Mas quem vai se interessar? O dia está muito longe, o momento é samba e oba-oba.

Lula e Teodoro Obiang, realpolitik.

Gabeira adianta um pouco mais do que saberemos amanhã. E cita as dificuldades que teve na Câmara ao tratar de assuntos “correlatos”

Os negócios da família Kadafi

por Fernando Gabeira – DO BLOG NO ESTADÃO –http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

Graças aos vazamentos do Wikileaks, os jornais devem estar apresentando , amanhã, grandes histórias sobre a Famiglia Kadafi. Seus filhos recebem dinheiro da companhia de petróleo estatal e tinham até a franquia da Coca Cola.

 Seif, o filho intelectual de Kadafi.

Uma excentricidade: um deles pagou US$1 milhão para a cantora Mariah Carey interpretar quatro músicas num show no Caribe. Há histórias de espancamentos das mulheres e outras aventuras de bilionários que se sentem impunes em seus países.

Duvido que as empresas brasileiras instaladas na Líbia ignorassem a ação da família Kadafi. Seid Al Islam, um dos filhos, tem um jornal e é  o mais intelectualizado. Cursou a London School of Eeconomics e escreveu vários papers. Nem por isso deixa de defender seus interesses familiares contra o povo da Líbia. O filho Muatassim seria o mais barra pesada e pediu US 1,2 milhão para organizar uma milícia para a companhia estatal de petróleo e rivalizar com irmão Khamis que controla a força especial do governo.

O motivo que levou Mariah Carey a aceitar a oferta do filho de Kadafi é o mesmo que nos leva a vender blindados para o ditador: é preciso abrir empregos, melhorar o nível de vida.

Por essas razões que o Wikileaks expoê na  Líbia e que são comuns em alguns paises africanos, é que não me foi possível avançar com o projeto que determina limites éticos para a atuação das empresas brasileiras no exterior. O que é isso, criar obstáculos, no momento em que estamos ganhando dinheiro?

Ainda teremos muito que discutir nessa história da Líbia.

A diplomacia do Bunga-Bunga: Berlusconi-Kadafi

Apoiado, Gabeira! Cadê os protestos do nosso governo? Estão esperando o quê? Mubarak? Jornalistas brasileiros estão com problemas sérios no Egito

E ainda tem o pessoal da Folha de S. Paulo, que também teve o quarto invadido…Veja o protesto de Gabeira no blog dele, lá no Estadão. Pertinente. E acompanhado da ação. Chamar  o “Patriota”

A hora dos jornalistas

por Fernando Gabeira

http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

  •  O ataque aos jornalistas atingiu os jornalistas brasileiros, Coiban Costa, da Rádio nacional e Gilvan Rocha, da TV Brasil. Antes, Jamil Chade, do Estadão, e Fernando Duarte do Globo já haviam reportado a invasão dos seus quartos no Ramses Hilton, inclusive com busca de equipamentos e fotos.

O hotel cancelou a reserva dos jornalistas para depois de sexta-feira, numa tentativa de afastá-los. Jornalistas da Al Jazeera e do New York Times, BBC e El País já anunciaram também que foram vitimas de violência.

Não acontece com os brasileiros. Mas há uma diferença importante. No caso dos jornalistas americanos, através do porta-voz da Casa Branca, Robert White, o governo protestou.

Jornalistas como funcionários da ONU, militantes de direitos humanos, todos os estrangeiros que testemunham as manifestações no Egito estão sendo molestados pela polícia e seus capangas à paisana.

Há dois caminhos para mobilizar o governo brasileiro. O primeiro deles é a provocação direta dos repórteres que cobrem o Itamaraty: como é qe o Brasil vê essas agressões, o que tem a dizer a Mubarak sobre elas? O outro caminho, mais tortuoso, tento eu:  acionar  deputados para que  falem com Patriota.

De qualquer maneira, o governo brasileiro não pode silenciar diante da agressão aos jornalistas e deveria orientar a Embaixada a prestar socorro aos jornalistas presos, espancados e a todos os brasileiros em dificuldade no Egito.

Dica do Gabeira, no blog dele lá no Estadão. New York Times publica um pouco de como foi a negociação com Wikileaks e Julian Assange. E o babado é forte.

http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

Wikileaks, a história por dentro

por Fernando Gabeira

27.janeiro.2011 23:50:34

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Imperdível para quem estuda o jornalismo no século XXI o longo texto do New York Times contando os bastidores das negociações do jornal no episódio do Wikileaks. O texto é assinado pelo editor executivo Bill Keller e surge num momento em que os vazamentos prejudicam o próprio processo de paz no Oriente Médio. Refiro-me as notîcias sobre possíveis concessões dos líderes palestinos. A matéria é uma longa defesa da participação do New York Times na história dos vazamentos e uma clara preocupação em manter distância da fonte, Julian Assange.

A história contada pelo New York Times começa com uma chamada telefônica do editor do Guardian. O Times teria uma forma segura de comunicação –  pergunta o jornalista ingês. Resposta negativa. Não havia nada além das ligações ordinárias. Mesmo assim a conversa foi feita: havia uma grande quantidade de material que o Wilileaks queria divulgar e o Guardian estava procurando parceiros.

O New York Times enviou a Londres um homem de seu escritório de Washington que conhecia documentos militares e ele examinou durante dias o material. Eram verdadeiros. Começou aí a preparação dos artigos sobre a guerra, principalmente  Afeganistão.

Tanto no material da guerra como nos telegramas dipomáticos, o jornal procura se distanciar do Weakleaks, afirmando que editou tudo com muito cuidado para não expor operações de inteligência, para oferecer alvos aos terroristas e, no caso de diálogo com diplomatas, não expor a vida de oposicionistas em países ditatoriais.

A história conta todos os choques entre o jornal e Julian Assange, inclusive como ele reagiu furioso à publicação de seu perfil. Assenge, afirma Keller, nem é um associado nem um colaborador: apenas uma fonte  com suas impurezas. Adiante, Assange é descrito como um personagem de Stieg Larsson, o escritor best-seller sueco que mistura contracultura, hackers, conspirações de alto nível e sexo.

O primeiro contato com Assange, feito em Londres por Eric Schmitts, que foi estudar o material, descreve Assange como um homem com cheiro de quem não toma banho há dias. O Wikileaks exigiu dos jornais um embargo, algo bastante comum na distribuição de documentos. Embargo, nesses casos, marca uma data em que a publicação pode ser feita. O que dá mais tempo para estudos e apurações.

Toda a descrição do New York Times está voltada para sua própria defesa. Os cuidados em cada material, a lembrança dos repórteres do jornal assassinados em missão, o curso da narrativa indicam que receberam muitas e pesadas críticas. O jornal procura se distanciar um pouco até dos próprios associados na empreitada, como o Guardian, que tem uma posição mais à esquerda.

O relato, apesar de seu tamanho, deve estar circulando em português nos jornais do fim de semana. Vale a pena conferir ou então esperar a publicação de  Segredos Abertos: Wikileaks, Guerra e Diplomacia Americanas . É a cobertura completa e atualizada do New York Times que será oferecida em forma de e-book.

Não creio que, apesar das minúcias, o relato do New York Times vai convencer de que fizeram a coisa certa porque o tema dividiu muito. Na verdade são poucos os jornalistas no mundo que diante de uma oferta como a do Guardian- 500 mil documentos secretos – diriam não, obrigado.

Olha aí. Precisamos pensar mais longe. Sobre segurança cibernética, lá do blog do Gabeira no Estadão

http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/2011/

 

 

 

 

Hackers,sinal amarelo no Planalto

 por Fernando Gabeira

 02.janeiro.2011

O site do Planalto foi atacado por hackers e ficou, por algumas horas, fora do ar. Embora de natureza diferente dos vazamentos do Wikileaks , o episódio coloca, de novo, o problema da segurança da informação. Já existe uma iniciativa do governo para elaborar uma criptografia brasileira e vários cientistas nacionais que moram em outros países colaboram. O Brasil inclusive já realizou algumas reuniões com vizinhos sul-americanos para debater o problema. Para a criptografia, há uma dotação de $7 milhões via Finep, mas sinceramente, na minha visao de leigo, parece pequena pequena , se comparado com os investimentos do grupo de países em que nos encontramos: os chamados emergentes. A Rússia já foi acusada de paralisar computadores da Estônia, embora não se tivesse comprovado a autoria do bloqueio.Por via das duvidas fizemos com os russos um tratado de não agressão e cooperação mutua na rede. Foi assinado durante a visita de Lula a Moscou. Prevê troca de informações, treinamentos de defesa e simulações de guerra cibernética. Não se sabe ainda o que rendeu, se é que vai render.O ataque ao site do Planalto é, contudo, dificil de ser evitado. A mesma tática foi usada contra o Visa, por exemplo. Consiste em tensionar o site com milhares de acessos e chama-se DDoS na linguagem da rede. Mas o fato é que, em pesquisa recente ,envolvendo 14 paises,o Brasil se colocou muito mal , aparecendo como que menos atualiza suas defesas contra ataques cibernéticos. Porisso, a paralisação de ontem merece um sinal amarelo.