ARTIGO – Hábitos & Manias. Por Marli Gonçalves

Hábitos, manias, vontades que até bate pé para conseguir, porque senão se inquieta. Você tem, eu tenho, nós temos. Somos doidos? Até, talvez. Mas é legal saber que há uma boa distância entre ter hábitos arraigados, quase ou tipo manias, se bem que uma coisa é bem perto de outra, e ser considerado maníaco ou com transtorno obsessivo-compulsivo.

Hábitos & manias
mafagafinhos

Vai que pode até ser um charme ter uma maniazinha qualquer para chamar de sua, um “it”, uma marca de personalidade. Se até o Rei Charles III, entre outras, não dorme sem o seu ursinho de pelúcia, porque é que nós, pobres plebeus e mortais, não podemos ter uma listinha nossa? Tudo bem que a gente não pode fazer igual a ele, dar nem motorista nem babá para os nossos fofinhos, mas cá entre nós: você tem uma dessas adoráveis pelúcias por aí, não? Talvez não durma com ele, ou o leve para viajar, mas que algum brinquedo deve acompanhar sua vida, não duvido.

Já que estou nesse assunto, vou listar mais umas manias dele, do rei do Reino Unido, para você também se sentir melhor e mais normal (funcionou para mim): pijamas e cadarços passados diariamente; O rei não viaja sem seus móveis, Charles costuma enviar sua cama, alguns de seus móveis, fotos e enfeites para onde ficará hospedado, assim como vaso sanitário e o papel higiênico da marca que usa; seus camareiros devem deixar na escova precisos 2,5 cm de pasta de dente, de forma centralizada e simétrica poucos minutos antes que ele vá usar; muda de roupa ao menos cinco vezes ao dia. Não, não sei quantos banhos toma, se toma. Se descobrir, depois conto, que esses detalhes acima foram contados à boca pequena por quem já trabalhou no Palácio. Também vou tentar descobrir se já há relatos ou fofocas das manias da nova rainha consorte, com muita sorte, Camilla Parker. Deve ter alguma.

Mas o ponto central é que tive curiosidade de saber quais são algumas das manias de meus leitores. Vou declarar duas das minhas, para a conversa fluir, que considero coisas até vindas da infância. Uma delas é minha indefectível caneca de sopinha de café com leite ou chocolate quente antes de dormir, para a barriguinha ficar quente. Sopinha, porque mergulho três ou quatro biscoitos cream cracker. É hábito. É mania? São muito próximas as duas coisas. Outra é dormir com alguns travesseiros ou almofadas, não só para a cabeça, mas me aconchegando, ao redor, como se fosse um ninho.  Fica um ninho de mafagafos, mas a mafagafinha sou eu mesma. A minha gatinha também se acomoda por ali e às vezes até demoro a encontrá-la no meio de tudo, branquinha que é.

Conheço hábitos e manias de muita gente, mas vou ter de declinar alguns porque certamente eles se reconheceriam e poderiam não gostar da revelação. Tem cada um! Mas já namorei um que não dormia de jeito nenhum se o lençol não estivesse bem preso no pé da cama, e ficava irritado se se soltasse. Outro que, incrível, não se mexia durante todo o sono, de barriga para cima, dali saindo impecável quando acordava. Tem um maluco por perto que é capaz de voltar para casa imediatamente, por exemplo, se esqueceu de por seus anéis – já voltou até da estrada por conta disso.

A mania/ hábito de limpeza também necessariamente não é nenhum tipo sério de Toc. Uma grande amiga vai rir quando ler que lembro bem: esterilizava a banheira da casa de praia esfregando fortemente com álcool na dúvida se alguém estranho tivesse passado por lá. Tudo bem que de vez em quando a gente lavava a Banzai, nossa vira latinha, ali, confesso, e ela ficava doida. Também nunca deixava de ter uma caixa de fósforo por perto no banheiro, acho que até hoje, que nunca mais perguntei, sabe como é? Neutralizar cheiros. Nessa linha, eu de novo, lembrei:  não sei tomar banho sem lavar os cabelos.

Enfim, entre manias e hábitos achamos superstições, encanações, viajamos numas coisas bem esquisitas, mas daqui de meu “consultório” diagnostico que nada é mesmo grave. É coisa particular de cada um que vem de infância, traz sensação de segurança, faz parte da nossa personalidade e, fundamental, não faz mal a ninguém. É coisa boba, normal, porque a gente apenas gosta daquilo, e também não vai morrer se vez ou outra falhar.

Me conta qual é a sua? Que rei é você?

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MARLI CG ABRILMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Molequinhos e molequinhas. Por Marli Gonçalves

Os tempos mudam o sentido até das nossas próprias lembranças divertidas quando, molequinhos e molequinhas, fazíamos – claro – molecagens, traquinagens, algumas inocentes e até outras nem tanto, admitamos, só que sempre ainda com aquele espírito infantil. Eram coisas de criança, perdoáveis, às vezes valendo um castigo, uma sova, um sabão. Ou uma suspensão na caderneta que precisava ser mostrada aos pais e voltar, assinada.

MOLEQUINHOS E MOLEQUINHAS

Meu irmão outro dia me chamou a atenção de que anda percebendo que tem muita gente aí pela rua fazendo pequenas molecagens, gente grande, ou maiorzinha. Às vezes em grupos de dois, três; outras, mesmo sozinhos. Tipo apontar o céu como se ali estivesse acontecendo algo, e fazendo todo mundo olhar para cima. Ou passar e apontar para o seu pé, sem parar, seguindo adiante como se nada tivesse ocorrido. Coisinhas bobas, que até arrancam um sorriso daqueles bons em dias que estávamos submersos e afogados na realidade dura. Ele próprio – vejam só – inventou uma graça, soltando de repente para alguém desconhecido na calçada um sonoro “oi, amigo!” e um aceno, quando passamos de carro. Muitos olham, sorriem, alguns dão tchauzinho. Outros, nem te ligo, continuam com a cabeça enfiada no celular, esse novo mundo particular que suga e entorta os pescoços.

Tentei rever algumas molecagens do tempo de escola, todas bobas que fazíamos até por alguma diferença com amiguinhos, e até com professores. O chiclete ou uma tachinha grudados na cadeira. Esconder alguma coisa. Não lembrei de muitas porque sempre fui boazinha, estudiosa, mas via outros aprontos, repito, se comparados, bem bobos, perto do que hoje denominamos bullying, capaz de gerar tantas tragédias. Hoje, na cultura do ódio que se espalhou pelo globo, no anonimato da internet e vias digitais, a coisa se escancarou, levando a suicídios, vinganças, planos de ataque e emboscadas. Não há mais graça, e é como se os jovens reproduzissem o pior do mundo adulto: misoginia, racismo, humilhações por diferenças de classes sociais, não entendimento de pessoas com necessidades especiais. O tempos realmente mudaram.

Tem se revelado que não é outro o motivo dos tenebrosos massacres nas escolas, jovens que voltam onde estudaram para revidar o sofrimento que ali lhes foi causado, mesmo que nem todos tenham se apercebido disso. Monstros criados pela própria sociedade, alimentados pelo descaso com que são tratadas as dores que sentimos enquanto crescemos, algumas que necessitavam de maiores cuidados. Todo mundo conheceu alguma peste na escola, sabe que crianças podem ser muito más. É de se notar que esses casos horríveis envolvem sempre meninos – não lembro de um desses ataques ter sido feito por alguma menina. O mais comum é que se atraquem tentando arrancar os cabelos umas das outras. Embora o noticiário traga sempre alguns casos terríveis de pequenas jovens assassinas, dando fim em outra, em geral por ciúmes.

Claro que, infelizmente como vimos esses dias, o ataque também possa vir de um adulto problemático e perturbado, em algum lugar que simbolize o que odeia, mas a análise quase sempre revela um problema de infância ou adolescência não resolvido, guardado. Uma maldade cultivada durante anos, agora adubada nas profundezas de grupos malignos que brotam e atravessam portas e janelas dos quartos onde solitariamente dialogam com o obscuro, incentivando entre si o estrelato de seus autores. Invadem as redes, as telas, formam grupos intolerantes. Aí as molecagens ganham outro sentido, desprezíveis, canalhices perigosas e perturbadoras.

Como eles sabem muito melhor do que nós operar esse mundo virtual, sem escrúpulos o fazem, agora aprendendo até a disseminar incontroláveis fake news, como muitas foram efetivadas essa semana, logo após o ataque mortal à creche em Blumenau. As redes nacionais foram invadidas por ameaças citando ataques que seriam realizados em escolas que citam nomes, endereços e até datas.

Precisamos muito falar sobre isso com nossos molequinhos e molequinhas, saber o que acontece nas escolas, atenção às formas de socialização nas escolas, impor esse assunto no tema geral Educação, com treinamento para os profissionais detectarem os primeiros sinais. Não basta botão de pânico, quando ele já está em curso. Não é mais brincadeira, traquinagem, nem infantil, nem inocente, nem boba, quando envolve incentivo de fora, de adultos, ou de quem quer só botar fogo na palha, provocar sadicamente a eclosão do inferno.

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MARLI CG ABRILMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO – Tá frio; tá quente: o jogo nacional e mundial. Por Marli Gonçalves

Tá frio; tá quente. Quando a gente acha que a coisa está indo, ela está é voltando, e em cima da gente. Até o tempo está igual: você não sabe mais nem se está quente ou frio. Se põe ou se tira. Não é brincadeira, não.

TÁ QUENTE; TÁ FRIO

Confesso: todo dia ao acordar, assim que dá, que lavo a cara, abro os olhos, me entendo no mundo, aciono o celular para verificar se algo mudou. Virou mania. Se o cara caiu. Se já foi interditado ou preso. Se avançamos, e se a situação – essa situação geral que vivemos, e digo geral, porque geral é mesmo, uma vez que, sinceramente, nada está bom, correto, nos trilhos – teve uma conclusão. Tenho bom humor, porque senão a decepção paralisaria. O que acontece todos os dias é que surgem mais pontos, mais fatos, e a confusão geral continua essa loucura, que eu até diria: está coletiva.

Porque só pode ser uma loucura coletiva, altamente transmissível. Aqui, pelo presidente que não governa, mas não para de demonstrar seu total despreparo para o cargo, que deixa o país como uma nau sem rumo. Ele governa de um barquinho, onde faz subir para acompanhá-lo o que de pior há em nossa praia, e que não cansa de chamar para o naufrágio que avistamos no horizonte.

Loucura no mundo, para uma geopolítica desconcertante, principalmente depois da pandemia ter bagunçado mais ainda o coreto. A impressão é de que, neste retorno, os países mais fortes sairão pisando a cabeça dos mais fracos, galgando uma montanha de corpos. Nada tem sintonia. Primeiro fazem; depois vão ver no que deu, lamentam, dão entrevistas e soltam farpas uns contra os outros.

Estamos todos com os olhos vendados e apalpando a História. Está quente? Logo o balde de água fria faz com que comecemos tudo de novo, e esse tudo de novo que digo nos leva ao século passado, com suas guerras (frias e quentes, aliás), religiões mortais, ideologias sanguinárias, padrão “já vimos esses filmes”.

Nem sei mais se as crianças ainda brincam disso, ou do que é que elas brincam quando não estão – até sem ter ainda noção – sendo vítimas das atrocidades e desse desenrolar do futuro que encontrarão.

Muitos artigos têm sido escritos dando conta que o presidente Bolsonaro não está (embora nunca tenha sido muito) normal das ideias. Cada vez que ele abre a boca, e o faz todos os dias, emite claros sinais disso. Cercou-se ainda de pessoas que pegaram a mesma tendência e que surgem dos gabinetes e dos ralos. Todos, que a gente nem sabe bem quem são – impossível listá-los de cabeça. O da Economia, o serzinho Paulo Guedes; o da Educação que você deve ouvido por aí; o cordato da Saúde, enfim, até os militares que abaixam a cabeça e batem continência para todos dançarem diante das graves e visíveis ameaças à estabilidade. A qualquer estabilidade. Inclusive a nossa, emocional.

As notícias são claras, cada vez mais mostram os fatos no momento exato que acontecem, com imagens e sons estridentes. E se repetem, como se não tivessem tempo nem de respirar. Ainda aparecem os querem brigar com elas, não acreditando, negando, seguindo líderes corruptos, que mancham os caminhos por onde passam.

Nós estamos confusos, sem conseguir achar a luz. Está frio. Está quente? O “agora, vai” fica pelo caminho. Continuamos agindo como os robôs que diariamente são ativados na vida digital, como se tudo isso fosse normal. Não é.

Minha proposta é que troquemos essa “brincadeira”. Lembram daquela – cor, flor, fruta – que alguém ficava lá pensando na letra até que falássemos STOP?

STOP!

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – A claque dos bananas que aplaudem e dão gritinhos. Por Marli Gonçalves

Vamos tentar nos entender, por favor. Falar sério sobre comportamento, honra, orgulho, liturgia do cargo, capacidade, seriedade, educação e outros muitos “quesitos más” necessários a quem se elege presidente da República.  Seja ele ou ela quem for. E, no caso, o atual ocupante do cargo passa dos limites e abre a porteira da ignorância em todo o país. Por onde passa o boi, pode passar uma boiada incontrolável…

Um mau exemplo. Um péssimo exemplo e, pior, comportamento insano que vem sendo seguido como engraçadinho por outros integrantes do governo e pessoas que o cercam, os ainda apoiadores, talvez acreditando que somos todos bananas tropicais, povo pacato, alheio, que essa situação se estenderá, que ficará por isso mesmo, e que eles mandam e desmandam. Pensam, ou pior, se articulam para tal, que ficarão neste comando muito tempo.

Pisamos em brasas. Eles passaram; mas não ficarão – e isso é certo se mantivermos atenção e cuidados com a liberdade de expressão, críticas, comentários, força e união, assim como a devida responsabilidade necessária entre os formadores de opinião. A imprensa, onde me insiro.  Entre as mulheres, onde batalho. Entre os ecologistas, que apoio. Entre os gays, que defendo. Entre os líderes, entre os livres, que buscam Justiça, onde pretendo me manter, sempre, sem fechar os olhos aos desmandos, e como sempre fiz ao longo da vida que já é longa o suficiente para me gabar disso.

Já. O momento é já. Buscarmos novas lideranças, arejar a política, ocupar os espaços vazios, combater a beligerância, a ignorância, o oportunismo e o radicalismo de outras partes é obrigação que temos com a história e com o futuro, e mesmo que nele não estejamos. Aceitar que saímos do ruim para o pior.

Os últimos acontecimentos, as bananas que o presidente nos manda, sorridente e agressivo, como foi nas falas contra a repórter da Folha de S. Paulo, as inacreditáveis e baixas afirmações e ameaças – outro dia disse que seu amigo, o carioca deputado negro Hélio Lopes,  aquele que está sempre por perto dele, olhos arregalados, é negro devido ao tempo a mais que ele teria passado na barriga da mãe; teria dado uma “queimadinha” no forno por demorar dez meses para nascer. Sim, ele também disse mais essa, em uma live de quem pensa que está brincando de internet, de ser piadista, e dando aquela risadinha ridícula já nos dá náuseas. Isso não é humor, não tem graça, nem nunca teve.

Não há tom de brincadeira que possamos aceitar. Até porque visivelmente não é brincadeira. Ele pensa desse jeito torto. Os militares de alta patente que ocupam cada vez mais o governo sabem disso, e não é por menos que estão se espalhando. Nunca confiaram no Capitão, sempre visto como mau militar. Não confiam em sua capacidade de governar. O fato de estarem agora até na Casa Civil(!) é bastante revelador, e o intestino do poder está se alimentando fora de casa.  Os fatos vêm se sobrepondo – todo dia, sem parar, problemas, falas que afetam e trazem desconfiança ao mercado, falas feitas naquele cercadinho ridículo ao qual a imprensa incompreensivelmente ainda se sujeita, com aquela claque nojenta, uma escalada que culmina ainda com a clara e antiga ligação a grupos milicianos.

Não é brincadeira. Não tem graça, nem nunca terá. O Carnaval passará. 2020 precisa acontecer, sim, e não temos mais como perder outra década ensacando ventos, com sacos roxos, precisando “manter isso daí”, nem com gente que lavou dinheiro a jato, se lambuzou e deixou esse buraco da política para agora vir a ser preenchido por um amador em tudo: como militar, como homem, como presidente, e até como engraçadinho.

O que não tem decência. O que não tem juízo. Nem nunca terá.

Está chato. E nós queremos dar nossas risadas. Usando a mais ( e irritante ) nova expressão, que surgiu há alguns dias, temos de “cancelar” todos esses caras.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Quente ou frio? Por Marli Gonçalves

tumblr_o2tf6vpDpe1rjatglo1_r1_500Quando eu era menina, mas se bobear ainda gosto, jogava muito “quente ou frio? “- para qualquer coisa. Você tentava adivinhar algo, ou encontrar um objeto escondido, e se fosse chegando perto, a coisa ia esquentando, pegando fogo… Se distanciasse, ia ficando frio, gelado, glacial! E caíamos na risada. Como é bom cairmos na risada, coisa que há tempos não conseguimos fazer sem culpa. E você, o que acha? Está quente ou frio? Sempre dependerá da pergunta. Do momento. Do que estaremos falando.

Frio! Obviamente me lembrei disso por causa do frio congelante que nesses dias anda batendo aqui pelo Sudeste, Sul, intenso e deslocado de sua estação que ainda aterrissará em breve em nossos ossos, e que se isso tudo já for ela mandando recado antes de chegar vai ser mesmo de doer. Há décadas não aparecia assim, tão real.

Quente! Pleno inverno, mas os próximos três meses serão é ainda bem quentes por aqui com tantas informações surgindo, fatos se sucedendo, artimanhas sendo tecidas em gabinetes e pequenas conspirações orquestradas aqui e ali entre instâncias. Quem consegue dizer o que será, será? Frio!

Quente! Se a gente se afasta do panorama todo, tenta uma visão mais global, vê que parece que estão sacudindo fortemente a bolinha Terra. Se alguma coisa já estava fora da ordem, agora elas estão é totalmente bagunçadas. O clima é só detalhe. Imigrantes gelando nos campos e mares, a candidata norte-americana apelando até para ETs. E a loucura, a ignomínia, o preconceito, o fascismo e seus extremos, outras margens que ainda insistimos em não ver por distantes estarem e alegando outras culturas.

A política e a religião andando juntas estão pondo (de novo) as manguinhas de fora. A política a religião e o comportamento, então, se misturam e espirra sangue fresco, jovem, em todos nós. Malucos solitários exercitando seus poderes e forças, senhores das armas. O terror deixando o suspense no ar, seu cheiro de enxofre e morte como possibilidade de explodir a cada segundo, em qualquer lugar, trazendo dor e a imolação de inocentes. Tudo muito intenso, tanto quando o quente e o frio. Não pode ser banal; nosso coração não pode achar que é isso e acabou – o ódio se alastra, ultrapassa fronteiras. Cada vez mais rapidamente.

Fria. Quando a política é a própria religião, vai virando adoração de ídolos, catequização. Se apega a um dos lados com crença fervorosa, desconhecendo evidências e fatos num fanatismo cego, embandeirado com centrais e camisetas uniformizadas, massinhas. Vozinhas discordantes berrando aqui, ali, abaixando as calças, gritando palavras de ordem sobre resistência, e ainda totalmente alheias à realidade ao redor, o que realmente mais surpreende é que parece que ainda não entenderam o que houve, onde bateram a cabeça. De outro, os símbolos do atraso da mesma forma tentando se adiantar com suas ideias sempre burras e grosseiras. Precisamos sair dessa fria.

A temperatura nos faz lembrar que nunca estamos contentes se é quente ou frio, se é pouco ou muito, ou porque não queremos nada em demasia, ou porque estaremos sempre reclamando e pondo defeitos. É da nossa natureza. Deixar ventando constante um calorzinho soprando na nuca de quem está com a caneta na mão.

Isso é bom. Mas está quente ou frio? Frio. É a tal friaca, a palavra da semana.

“Seja quente ou seja frio. Não seja morno, que eu te vomito”.(Apocalipse 3:15-16)

torcida brasielria frio

Marli Gonçalves, jornalista – Parece distante encontrar o quente que procuramos.

São, São Paulo, 2016

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Como andam as coisas no Planalto? Você tem de ler essa coluna do jornalista Jorge Moreno, publicada dia 3, sábado passado.

Coluna do jornalista Jorge Bastos Moreno, em O GLOBO, do dia 3 de outubro de 2015

Animated%20Gif%20Children%20(19)Escolinha da professora Dilma
Jorge Bastos Moreno
Reunião da presidente Dilma com 20 governadores, equipe econômica e outros ministros de Estado para discutirem o ajuste fiscal. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que vinha de uma maratona intensa de trabalho, estava monocórdico.
Mas a maioria, ávida para expor sua ideia, nem reparou. Eis que, de repente, Kátia Abreu descobre que o colega tinha caído em sono profundo.
O ministro parecia estar mais satisfeito nos braços de Morfeu do que na companhia daqueles governadores chatos e pidões, tanto que até esboçava um leve sorriso nos lábios, enquanto dormia.
Desesperada, Kátia lança mão da única arma que vê à sua frente: um prato de azeitonas. Para não desperdiçar alimento, começou a lançar apenas os caroços que tirava da boca e os disparava em direção à testa de Levy, mas estes não alcançavam o alvo. Resolveu então jogar azeitonas inteiras até que uma delas cumpriu o objetivo e Levy acordou assustado.
children_sledDedo no nariz
Esta outra cena, envolvendo também Levy, aconteceu no Palácio do Jaburu. O convidado da vez, um próspero líder oposicionista, sentado entre o ministro da Fazenda e Ricardo Berzoini, passou a se incomodar com os gestos do ministro das Comunicações de, sempre que discordava de Levy, esfregar literalmente o dedo no nariz do colega, aos gritos de: “Quem você pensa que é, Levy?”
De repente, Berzoini deixa a reunião, batendo o pé e sem se despedir de ninguém.
Temer, sem favor, o político mais educado do país hoje, vermelho de vergonha, pede desculpas a Levy:
— Desculpe-me, mas eu não o convidei. Aliás, estranhamente, ele e o Mercadante começaram a aparecer aqui de surpresa, a mando de quem, não sei e nem imagino.
Imagina sim, Temer!
Sem solução
Um governador que esteve recentemente com Dilma Rousseff saiu do palácio impressionado com dois aspectos da fala da presidente.
Primeiro, a maneira desabrida como ela se referiu à possibilidade de impeachment.
Segundo, a admissão sem rodeios da gravidade da crise econômica, em contraste com suas manifestações públicas sobre o assunto.
Dilma chegou a dizer que a situação seria explosiva para qualquer um. “Para mim, para o Temer ou para o Aécio.”
É bem Mercadantechildren6
Para se ter o grau de como anda o relacionamento entre os ministros petistas, basta citar um dos imensos “elogios” que Mercadante tem feito ao seu sucessor, Jaques Wagner, na Casa Civil:
— Não vai dar certo. A Casa Civil é para paulista, não para baianos.
Triste ilusão
Em pelo menos um ponto todas as alas do PMDB concordam: na eventualidade do afastamento de Cunha, o Planalto vai influir muito menos do que imagina na escolha do seu sucessor.
Caiu do céu
De um observador mordaz da cena política brasileira:
“A sorte da Dilma é que o Aécio só faz oposição no horário comercial e de acordo com a agenda do Congresso: de terças às quintas.”
BOY REVIDADúvida atroz
Dilma buscou informações de um ministro do PMDB sobre Pansera, totalmente insegura com a escolha, que ela mesmo reconhecia fraca para o cargo.
— Só uma pessoa pode ajudá-la.
— Quem? O Eduardo Cunha?
— Não, presidenta, o Pezão! Cunha é dono!
Sincericídio
Mercadante, cantando de galo para dois petistas:
— Quando descobri que era o Jobim que estava por trás do Lula, liberei a presidente, que não queria minha saída. Falei para ela também que agora que estamos mal na Saúde, com a saída do Chioro, vou levantar a Educação. Além do que terei mais tempo para acompanhá-la em viagens e entrevistas.
Eu corri ao Jobim:
— O senhor andou falando mal do Mercadante?
— Publicamente, não. Eu disse para vários amigos que, botando pedras no caminho do Michel e do PMDB, sua permanência tornou-se insuportável.
— Posso publicar isso?
— Pode, pode!
— E dizer que o senhor falou mal dele, mas só pelas costas?
— Pode, pode!

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