ARTIGO – Saudades de mim, saudades que temos de nós. Por Marli Gonçalves

Ninguém sabe como começa, nem quando termina ou até onde vai, se voltam em algum ciclo nos próximos meses, mas eles simplesmente aparecem. São os desafios do Facebook. Parece chiclete. Pode ser uma brincadeira, uma campanha altruísta-solidária (e que em geral é sem nexo), algum momento cultural. Entre outras está rolando agora uma de fotos antigas da pessoa, de algum momento lá atrás. E vou dizer: está bonito, desse desafio gostei. Saudades de nós, saudade de mim, saudade de você, de quando era corajoso, sem culpas cristãs, e não acreditava em maledicências que tentavam nos separar

Claro que aceitei. O problema é que para quem está na minha geração e nas de meus amigos, o que significa o ir lá atrás é ter de entrar em um túnel do tempo forte, de algumas dezenas de anos. Tempo do filme Túnel do Tempo. Do rock instigante. Tempo do gravador de rolo, da fita cassete, do cabelo pigmaleão 70, das pulseirinhas coloridas de fio de telefone ou de conchinhas. Sandália de pneu. Batik. Túnica. Ninguém tinha tatuagem, acreditem.

Fotos analógicas, aquelas tiras de contatos jamais revelados que agora olhamos contra a luz tentando identificar os contornos, guardados em envelopes compridos. Fotos já detonadas pelo tempo, sépia, com mofinhos, retirada de caixinhas, álbuns decorados, porta-retratos guardados. Tem de escarafunchar tudo. E aí é igual revisitar sua própria vida, sua adolescência, “crescência”.

Ninguém combinou nada, ao que eu saiba, mas pelo que entendo está valendo tudo, desde que antigas, achados – desde quando se entendeu como gente até quando começou um pouco da ascensão profissional. Quando os rapazes tinham cabelos. Quando os cabelos eram naturais. A primeira gravidez. O primeiro casamento, aquele amor jurado em barracas de camping, portão de casa, férias de verão na praia. Quando tínhamos algum frescor. Quando acreditamos, quando procuramos e escolhemos as imagens hoje, o quanto éramos felizes outrora. Naquele dia. Naquele fato. Com aquele sorriso. Com aquelas pessoas, muitas das quais até já não estão mais por aqui. Outras foram rasgadas das fotos, ou recortadas cuidadosamente com tesourinhas.

Eu estou adorando ver o resultado desse desfile de imagens. Legal lembrar de como as pessoas eram quando nos conhecemos. Os tempos de faculdade. Os amores antigos. Como as pessoas se transformaram com os anos, muitas para melhor; outras, nem tanto.

Legal ver a escolha e até a segurança de muitos em expor momentos bem doidos, mas sempre muito especiais para cada um. Quando o corpinho mostrado hoje vira um corpão, que arranca elogios como se de hoje fosse. Fixo imaginando o quanto devem ser legais também as fotos que não estão sendo mostradas, mas que passaram diante dos olhos nessa revisão. Penso e digo por mim que ainda não cheguei nem perto das caixas maiores onde as minhas estão guardadas. Só com as avulsas já fiz uma festa. Já lembrei, ri, chorei, me emocionei, guardei de novo. Parei para pensar em cada um dos momentos.

Presenteei amigos enviando a eles fotos onde eles estavam e que achei entre as minhas coisas. Uma delícia. Como foram parar lá, quando foi esse click, sempre uma lembrança. Toca escanear para lhes dar mais tempo de vida, a digital.

Esse desafio tem um saudosismo bem significativo no momento em que vivemos. Percebo uma busca por autoestima, por um momento nacional mais orgulhoso, por aqueles que fomos e sonhos que podem ter se perdido por aí nessa estrada tão cheia de pedras da existência e coexistência humana. Ou não.

Podem ter sido realizados e a gente até tinha esquecido que antes – um dia – foram apenas sonhos.

“A saudade que dói mais fundo e irremediavelmente é a saudade que temos de nós”.

(Mário Quintana)

euMarli Gonçalves, jornalista – Histórias que dão filmes, quadro a quadro.

Brasil, São Paulo, baús nas redes sociais. 2017

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ARTIGO – TRISTEZA, TRISTEZA. Por Marli Gonçalves

noivaSinceramente, sei que não é possível. Não é – não pode ser – possível que haja alguém que esteja feliz de verdade com tudo isso o que está acontecendo ao nosso redor. Todo dia, dia todo. Falo do planeta, do mundo, de todos os continentes, mas especialmente de nossa Nação, esse conceito que anda tropicando na corda bamba. Tá tudo junto e misturado. Não há o que comemorar. Não há vitoriosos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Estamos no mesmo barco, mesmo que não tenhamos nada com isso. O final vai sobrar para a geral, e isso é triste, muito tristetristeza

No fundo é preciso já – em si – estar triste para escrever sobre a tristeza. Melancólico e envergonhado, pasmo e preocupado, para citar a vergonha e a melancolia. Nós sempre soubemos que havia muita coisa errada, muita gente esbanjando e esfregando em nossas caras os seus lixos e luxos. Tão luxos que até quem já é rico de carteirinha sabe que trabalhando duro não se alcança muitas vezes nem um só deles durante toda uma vida. Mas abonados proliferam, viram capa de revista, mostram suas mansões, suas banheiras e piscinas, movimentam milhões de negócios sem realmente estar fechando negócios. São vendidos como bambas, gênios, donos do mundo.

Tipo Eike, o X, que mesmo agora caído do pedestal faz as birras de homem baixinho e mantém, ah, certamente mantém, sua vida bem segura em algum canto. Esperto esse: pegou dinheiro, muito, bilhões, do nosso bonzinho e filantrópico banco de desenvolvimento, como se estivesse a caminho de um safári na África com um rifle cheio de balas. Atirou para tudo quanto é lado. Perdeu foi a sua gazela Luma no primeiro incêndio da floresta. O resto foi só tchabum, melhor, tchabuns-X. Temos por aí muitos tipos iguais, que você olha, arqueia a sobrancelha e fica só esperando até – não há mal que dure eternamente – que se perceba a verdade. Pegam, não pagam, devem e tudo bem.

Tristeza. Tristeza também em ver e ouvir tantos sorrisinhos sardônicos e descompromissados com a realidade. Tem gente que se compraz só em ver o outro fornicado, o rabo que não é o dele no fogo. Onde estamos?

oraçãoDe um lado, os que acham que delação é legal, que o direito de defesa é ilegal, e que – sabem de nada, inocentes! – agora a coisa vai, e o Brasil está sendo passado a limpo. Aplaudem ilegalidades e injustiças feitas para se conseguir a tal limpeza, e não há bom senso que as faça entender que não é seguindo assim que construiremos a Nação. Varre, varre, vassourinha! Estamos mais é conseguindo fazer o país ficar mais retrógrado ainda.

Tristeza em ver, por outro lado, os dedinhos se apontando mutuamente como crianças birrentas quando pegas em artes: Foi ele! Ele também fez, e você não falou nada!

Os poderes foram embaralhados esses últimos anos realmente como nunca antes nesse país. Foi isso que aconteceu e cada dia mais. Uma diz que manda onde não manda. Bate no peito que fez, como se não fosse obrigação.

Ao invés de construirmos o Futuro, pegamos o pior do passado. Onde, Deus do céu, estarão aquelas entidades que tanto admiramos, aquelas que nos juntaram a todos numa mesma direção? Parecem todas dominadas nesta dialética burra que se estabelece, fazendo um inferno a vida dos independentes destes dois lados – e posso depor sobre isso. Onde estão vocês, letrinhas mágicas que se enfileiravam, OAB, ABI, CNPq? Os sindicatos, todos aparelhados de uma forma brutal, a exemplo das entidades de jornalistas, comandadas por quem não é capaz de se levantar seriamente nem quando um de nós fica cego de um olho, quando tantos de nós são assassinados, outro monte demitido por opinião? Aliás, vivemos um momento em que o jornalismo opinativo passou a ser, não o que pensa e analisa, mas o que ganha – e bem, muito bem – do governo e suas associadas, por cliques, por metro, por ataques teleguiados, por xingamentos orquestrados. Por ataques, o que me parece mais inacreditável ainda, à sua própria gente e profissão, que aplaude com prazer o fim de veículos, e que, ainda, se autoproclama defensor da “mídia” independente. Cara pálida! Isso é que é independência?

tumblr_mqrheajdgx1r9wfpwo1_500Como há pessoas que pensam e agem como se fossem mais importantes do que as outras, que pouco se importam com o resultado de seus atos, desde que eles se dêem bem! Pior: estão se criando e se reproduzindo nesse ambiente propício.

Tristeza.

Vinicius! Tristeza/ Por favor vai embora…

Caetano! Estou triste tão triste/Estou muito triste Por que será que existe o que quer que seja/O meu lábio não diz/O meu gesto não faz/Eu me sinto vazio e ainda assim farto/ Estou triste tão triste/E o lugar mais frio do rio é o meu quarto…

Tom Jobim! Tristeza não tem fim/Felicidade sim/A felicidade é como a pluma/
Que o vento vai levando pelo ar/ Voa tão leve/ Mas tem a vida breve/ Precisa que haja vento sem parar…

São Paulo, 2014cry5Marli Gonçalves é jornalista – Quem canta seus males espanta. Espanta? Tonico e Tinoco, chamem o Jeca! Nestes versos tão singelos/ Minha bela, meu amor/Pra mecê quero contar/O meu sofrer e a minha dor/Eu sô como o sabiá/ Quando canta é só tristeza…

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ARTIGO – Petelecos em mãos que falam. Por Marli Gonçalves

hands8Não me venham dizer que estou com algum tipo de fixação em coisas que se pode fazer com as mãos, já que na semana passada falei em beliscões. Mas lembrem-se de que, como jornalista, passo bom tempo olhando as minhas, escrevendo e usando as mãos para batucar as pretinhas, as teclas, e talvez por isso elas bem mereçam ser fonte de inspiração. Com bom humor, o sinal de positivo, falar que algo é legal. O V da vitória de um festejo. Responder desaforos ou mandar alguém para alguns lugares, dependendo do dedo, e … dar petelecos! hands8

Funciona e não machuca. Assim, mãos à obra! Vamos sair por aí dando petelecos, nem que sejam imaginários. O que tem de coisa ruim e merecedora de ganhar um deles dá uma lista gigantesca e não sei se conseguirei ser completa aqui. Você prepara os dedinhos e pum! Isso na real. No imaginário, como tudo vale, se você quiser pode trocar, dependendo do que/quem for o que quiser mandar para longe: pode virar chute, tabefe, empurrão e safanão, sacudidela, tranco. Tudo vai depender de sua índole.

Eu, repito, gosto do peteleco. Hão de concordar que, primeiro, é uma palavra deliciosa, sonora, gordinha; segundo, um ato de mandar para longe, de dar um piparote muito interessante. Coisa de criança que já jogou botão. Dá até para ser elegante, delicado, mirando, como quem joga golfe mira os tais buracos. Só não pode deixar cair a peteca.

Não, não sei se peteleco vem de peteca, mas é que as duas são palavras que trazem em si duas consoantes que ultimamente andam nos dando muita dor de cabeça, e não é o “L” nem o “C”. Conheço muita gente que anda louca para dar um peteleco no PT, o partido. Parece que vem aumentando esse número, saindo às ruas, o que me leva a sugerir talvez a criação de um Movimento Peteleco e, no alvo, a obrigação de mandar para longe uma série de desmandos e erros, gente querendo andar para trás. Seria suprapartidário. Melhor ser Movimento, que Grupo Peteleco ficaria parecendo pagode.

Ponto! Já viria até com logotipo, a famosa mãozinha armada.

Pensem. O peteleco é inofensivo. Também serve para despertar alguém – quem sabe quantos estarão apenas anestesiados só precisando de um para acordar e agir?Animated_World in hands

Claro, há variações, mas aí são coisas que a gente faz por diversão, com quem a gente gosta. Dar um coquinho, aquele murrinho com a mão fechada, que parece querer despertar a cachola de quem leva; o puxão de orelhas, dado nos meninos traquinas e nos aniversariantes, quantos anos estiver completando. E tem mais uma: a consagrada! A ardida! A sardinha. A “sardinha” era aquela mania de, com o dedo indicador e o maior, dar um “tapa arrastado” na bunda do colega ou amigo, como se fosse tirar uma lasca, largando os dedos. Tem que ser na bunda, e meio para dar uma machucadinha, no mínimo arrancar um ai. Faz tempo que não solto os dedos e dou sardinha em alguém. Bem, faz tempo que minha lista de amigos íntimos (tem de ser, porque a operação oferece riscos!) também não aumenta. Na sardinha outra dica de segurança: não ache com tanta certeza e tanto ímpeto que sabe de quem é aquela bunda que vê e atrai a sua sardinha. Verifique se é mesmo da pessoa que conhece, espere que ela se vire. Senão a coisa pode acabar mal.

Mas, voltando ao reles peteleco, também lembrei deles nessa semana em que recebi a visita de pernilongos sem teto querendo ocupar minha cama, e é uma satisfação acertar um deles em pleno voo. Eu disse pernilongos.

Poderemos então petelecar os chikungunyas, os aedes, e juntos, petelecando, mandar para longe, bem longe, as más notícias, a seca, os desmandos, os medos, essa crise que quer, ela sim, pegar, mas nossos calcanhares.

handsSinceramente? Também pensei no peteleco quando estava querendo afastar uma tristeza que me agonia, uma sensação de falhar sempre no emocional e nas relações e que, ainda por cima, soma fatos, feitos e não feitos este ano que já estamos dando petelecos para que vá embora o mais rápido possível.

São Paulo, 2014

hands13Marli Gonçalves é jornalista – Ando pensando em estilingue também. E se acaso pudéssemos dar petelecos nas nuvens – será que choveria mais?

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Cara, o Sarney votou 45/ Aécio. Clara e visivelmente. Dá uma olhada nesse vídeo

mais infos, aqui:http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2014/10/29/video-mostra-suposto-voto-de-sarney-em-aecio-para-presidente/

Gil, Arnaldo, Calcanhoto, todas as religiões, cores…É o clipe oficial da Marina, a da campanha modesta. Vale ela, 40. Vale também Eduardo Jorge,43, pelas causas que nos interessam

o clipe do Eduardo Jorge você vê aqui, clique

Leia com atenção essa nota. Até grifei o principal para você entender e a gente não ter de desenhar

tumblr_maijn243aA1ro8ysbo1_500Vox populi, vox Dei

presidenciaveis

Amanhã, sai o novo Datafolha. Assim como deve fazer quando sai um Ibope, é por essa pesquisa que o eleitor deve se orientar.

As outras, que pululam por aí diariamente, deveriam ser descartadas pelo leitor. Por prudência. Vários desses institutos até tem reconhecida competência para auscultar a voz do povo, mas os números que divulgam acabam passando por filtros muito especiais que deturpam o resultado.

FONTE: COLUNA RADAR – VEJA ONLINE – Por Lauro Jardim

Mais uma análise do Cesar Maia, para nos ajudar a entender pesquisas, eleições…E porque a campnha do governo tem cometido tantos crimes eleitorais e… Justiça eleitoral?

NÚMEROS DO DATAFOLHA QUE PODEM AJUDAR A ENTENDER OS ÚLTIMOS 15 DIAS DE CAMPANHA!

sweep%20under%20rug1. Na pesquisa espontânea, Dilma cresceu nas últimas 3 pesquisas: 27%, 28% e 30%. Marina manteve-se parada em 24%. Aécio Neves, que vinha parado em 10%, subiu na última pesquisa para 12%. Aqueles que não marcaram nenhum candidato vêm caindo: 38%, 36%, 35% e agora, na última pesquisa, 32%.

2. Este Ex-Blog tem repetido que o fator determinante na dinâmica da formação de opinião pública eleitoral é o fator espacial. Ideal é que se pudesse ter separada uma série de 3 pesquisas estaduais nos principais Estados. Mas mesmo da forma agregada como os Institutos se referem às Regiões, pode-se tirar algumas conclusões.

3. Comparando as pesquisas do Datafolha de 08-09/09 e de 17-18/09 há alguns sinais que devem ser levados em conta.

4. Dilma manteve-se igual no Sudeste 28% e 28%. Manteve-se igual no Sul: 35% e 35%. Cresceu na margem no Nordeste: 47% e 49%. Da mesma forma no Centro-Oeste e no Norte: 30% e 32%, e 48% e 49%.omelete

5. Marina caiu no Sudeste: 36% e 32%. Caiu no Sul 28% e 25%. Caiu no Centro Oeste 35% e 31% e no Norte 32% e 28%. No Nordeste manteve-se quase igual: 31% e 32%.

6. Aécio cresceu no Sudeste e no Sul: 18% e 20%, e 20% e 22%. Cresceu de forma mais acentuada no Centro-Oeste: 16% e 23%. No Nordeste ficou igual: 8% e 8% e no Norte caiu um pouco: 10% e 8%. Aécio, com seus 8%, mantém-se muito longe das primeiras no Nordeste e Norte: Marina com média de 30% e Dilma 49%. No Sudeste, Sul e Centro-Oeste Aécio está num patamar de 21% em média.

7. São sinais que nas regiões do agronegócio e finanças (Sul/Sudeste/Centro-Oeste), Aécio tem crescido e trocado com Marina.

teve8. Reforçando esses sinais, estão as famílias com renda superior a 10 SM, onde Marina tem 32% e Aécio 31%, e com nível superior onde Marina tem 37% e Aécio 27%. No Nível Superior, Aécio cresceu de 22% para 27% e Marina caiu de 42% para 37%, numa troca nítida. Dentro da ideia de que o fator espacial é determinante, diremos que são dois cortes cruzados a favor de Aécio: Sudeste, Sul, Centro-Oeste com Nível Superior já, e de renda, potencial.

FONTE: EX-BLOG DE CESAR MAIA, EDIÇÃO DE 23 DE SETEMBRO DE 2014

Uma análise de Cesar Maia sobre Eleições 2014, uma eleição sem…pai nem mãe, digamos assim

Walking-man2_thumb walking walkerUMA CURIOSA ELEIÇÃO SEM PATRONOS: MUDANÇA DE GERAÇÕES POLÍTICAS?

1. A eleição de 2014 talvez seja a única, desde a redemocratização, que não tem patronos, seja para Presidente da República, seja para Governadores. Inclua-se a ausência dos partidos como referência eleitoral.

2. Nenhum dos ex-presidentes tem sido apresentado como patrono e nenhum dos ex-governadores e nenhum dos candidatos a presidente tem sido apresentado como patrono das campanhas para governador.

3. Esses, provavelmente, são sinais de uma renovação geracional que se encerra com esta eleição. A geração de 1964 (seja a que assumiu o poder ou a que foi cassada), a geração de 1968 (seja a que estava no poder em todos os níveis, seja a que foi excluída), encerram seus ciclos com esta eleição.

4. São ciclos de 50 anos e 46 anos, que tiveram como pontos de partida rupturas institucionais, com a tomada do poder em 1964 e a manutenção com o AI-5 em dezembro de 1968. Paradoxalmente, estas datas foram fixadas pelos exilados que se identificavam como da geração de 1964 e da geração de 1968.

5. Dessa forma, é importante atentar para as eleições de governadores e deputados federais de 2014, em que nomes das gerações dos nascidos a partir de 1970 despontarão e deverão liderar o processo político no próximo ciclo. Isso se afirmará tanto pela quantidade de votos, quanto pela densidade dos mesmos.

6. Evidente que sempre há exceções à regra e, como sempre, serão exceções que justificarão a regra, pela refundação de seus discursos e de suas comunicações políticas.

7. Finalmente, cumpre lembrar que as redes sociais estão apenas em seu nascedouro político e que serão certamente parte desta refundação da comunicação política.kick

Músicas para este mês. Marina, Marina e Marina. Só para aborrecer quem não tem musiquinha. E fazer eles dançarem!

ARTIGO – No tapetão, não! Por Marli Gonçalves

3eme_age001Tapetão? Isso já é um carpetão. Cheio de pregas e tachas. Me pergunto só, todo dia, como é que gente de bem pode ainda estar e ficar calada, apática, impassível diante do que vem ocorrendo descaradamente nesta campanha, mais especificamente no último mês? Como é que podemos aturar que, para manter o fervor do apego ao poder e aos cargos, eles agora cheguem ao pé do ouvido das pessoas mais necessitadas, de quem tanto falam, bradam que protegem, que são pai e mãe, que são isso e aquilo, e vão lá para mentir para eles, incutir o medo e o terror?797798111_1925948

Falta de capacidade política para vencer com honra? Preferência de perder com desonra? Apelação. Essa eleição está mesmo cheia de ãos. Tapetão, sopetão, mensalão, petrolão, delação, corrupção, dinheirão. Se parar para pensar virão muitos outros ãos. Extorsão, por exemplo, caminhando juntinho com a trairagem.

Sem mentira, pensei que talvez houvesse ainda sobrado alguma compostura quando se tornou visível uma variação de pensamentos dentro do PT. Ou que o passado político de muitos deles, com muitos dos quais estivemos juntos em muitos fronts, lhe desse alguma vergonha na cara, ou ao menos discernimento.

Não. Inventaram um país. Tão maravilhoso, tão legal, tão com tudo certo que nem o mais criativo dos compositores poderia descrever esse paraíso tropical que nos é apresentado diariamente na campanha eleitoral; nem Jorge Ben nos melhores tempos. Será que estão bebendo muito alguma coisa diferente, tipo o que deram para a Alice no País das Maravilhas? Porque eles crescem para apavorar, e ficam pequenininhos para entrar sorrateiros em tudo quanto é cantinho, igual a ervinhas daninhas. Vivem mesmo num mundo de fantasia.

Mas nós não. Sabemos ler, procurar distintas fontes de informação, temos capacidade de reflexão. Estamos vendo o país parado, os negócios estancados, a inflação treinando o galope pocotópocotó. Parecemos mais samurais cortando tudo. Corta isso, corta aquilo, deixa disso, não paga lá, se estoura nos juros.

Enquanto isso, os caras faltam fazer amor gostosinho com os bancos durante anos, nunca banqueiros lucraram tanto, nunca entidades estatais distribuíram tantas benesses, se envolveram com tanta corrupção, e nunca, ainda, tantas benesses foram queimadas, inclusive com petróleo, por exemplo, no caso Eike Batista e seus xs. Já estou logo dando nomes aos bois porque há um exército dissimulado, vindo das profundezas desse paraíso artificial criado – para eles deve estar tudo bem – pronto para acusar quem não os ache lindos, xingando de nomes de várias aves, como tucanos e abutres. Eu sou só um passarinho fora da gaiola, chamado Saudade. Saudade de quando pensamos em um mundo melhor.sweep%20under%20rug

Mas também tem Alice no País dos Espelhos. Aí acredito seja onde reside a inspiração dos homens de marketing que capitaneiam o mal, distribuindo-o com a maior cara de pau e muito dinheiro. Buscam no espelho tudo de péssimo de seus próprios rostos para apontar o dedo em outras direções. Olham para a Marina e a acusam de ser ligada aos bancos quando, se você pensar bem, ela está é conseguindo salvar uma herdeira, a Neca Setubal, desse destino tão cruel de família. Nunca vi petistas serem tão agressivos, por exemplo, com os Moreira Salles e sua dinastia, o cineasta Walter, ou o cineasta João, esse último até autor de um filme sobre a campanha do Lula. Quando é com eles, tudo pode, tudo é certo. Tudo é democrático. Afinal, a cantilena é que tiraram não sei quantos milhões da miséria.

Adivinhe só. Estão destruindo um país da América Latina. Adivinhe qual. Ah, esse aí que você também pensou é uma resposta certa, sim. Porque para piorar ainda há a união do ruim com o pior e com o que há de mais atrasado, principalmente em relação ao comportamento, à modernidade, o que inclui, sinto muito, países até mais distantes, como a fechada China e a rancorosa Rússia.medalstereo

É agora a hora da união. Porque o tapetão vai fazer escorregar, tropeçar, e muita louça pode ser quebrada. Precisamos consolidar uma oposição, parar de nhenhenhem, mineirices para lá, Deus para cá. Se não surgirem estadistas agora, com interesses mais elevados que seus anseios ou seus umbigos, sei não…

Somos todos de um grupo só, lutamos contra 30 anos de uma violência brutal, formamos vários movimentos. Aconteceu que muitos se desgarraram de vez e, na gangorra política, estão aboletados no Planalto e em cima de postes plantados. Esses aí é que são o problema atual, nadando sim no petróleo.

Nós sabemos que o pré-sal é mesmo importante, mas ainda é um ovo em formação lá na galinha; que os programas sociais são fundamentais porque qualquer coisa é boa para quem precisa, como o ar para respirar, mas eles não podem paralisar, criar pessoas deitadas em redes esplêndidas.

imagesNós sabemos tudo isso. Precisamos retomar as mudanças de onde as paramos. Nada mais importa agora, a não ser a união, enquanto é tempo.

Senão, fechem as cortinas para não verem tanta sem-vergonhice e sacanagem com requintes de vingança que virá por aí. A nós restará só continuar a varrer a sujeira para debaixo do tapete. Do tapetão.

São Paulo, eleição Brasil, 2014

Marli Gonçalves é jornalista – Mas antes de tudo, cidadã. Leal a princípios, não a partidos.

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É verdade. Tadinha de nós, mulheres. Com tantas mulheres concorrendo, ninguém fala o que vai fazer por nossas causas

fonte: nota da coluna arquivo confidencial – AZIZ AHMED – O POVO /RJ

Uma verdadeira saia justa

femaleSaia justa é isso que vou contar: o Brasil tem 74,4 milhões de eleitoras, 52% do total e, pela primeira vez, três mulheres disputam a Presidência da República: Dilma Rousseff, Marina Silva e Luciana Genro. Agora, a menos de um mês das eleições, movimentos e entidades feministas, mais blogs assinados por conhecidas figuras femininas, estão reclamando que, malgrado essa inédita situação, nenhuma delas até agora apresentou uma só proposta a favor da classe das saias, seja no emprego, violência doméstica, desigualdades, restrição de direitos sexuais ou de reprodução.

Pior: não há sinal de que, pelos menos, façam alguma proposta.

Como já disse, Cesar Maia é bom de marketing político. Veja o que ele diz sobre os ataques sórdidos da turma da desesperada

fonte: EX-BLOG CESAR MAIA

dalmataMARKETING POLÍTICO DE ATAQUE! NO BRASIL HÁ RISCOS DE PERDER A ELEIÇÃO!

1. Nos países anglo-saxões com milenar disputa do poder pela força e pela violência, o uso dos ataques em campanhas eleitorais é algo normal, que faz parte da cultura política. Os melhores exemplos estão nas campanhas eleitorais nos EUA. Os estudos realizados lá, em campanhas eleitorais através dos últimos 50 anos, mostram que os comerciais de 30 segundos negativos produzem mais memória que os positivos, que são conhecidos como defensivos.

2. Aqui no Brasil é diferente. Os comerciais e programas de ataque assustam o eleitor. Em geral se voltam como bumerangue, contra quem os usa nas campanhas eleitorais.

3. Sempre as campanhas eleitorais majoritárias (presidente, governador, prefeitos de grandes cidades, senador) começam suaves e propositivas: o que o candidato fez, o que pretende fazer, sempre com imagens suaves dos candidatos que sorriem levemente conforme orienta o diretor de gravação.

4. Mas as campanhas chegam à metade do percurso, os programas e comercias de TV e rádio entram e criam expectativas. Mas os dias passam e se as pesquisas indicam que um candidato está ficando para trás, este e sua equipe resolvem iniciar uma bateria de ataques aos adversários que estão na frente.Woman_boxer_2

5. Em geral o fazem usando os comerciais, ou no final dos programas, como se estes tivessem terminado como terminam todos os dias. E fazem o ataque como se não fossem eles que o fizesses. Da mesma forma nos comerciais, ou diretamente, ou colocando a marca do programa do candidato imperceptível e atacando o adversário.

6. Esta mudança de percurso é percebida pelos eleitores que se perguntam: Por que agora? Será porque está perdendo? O publicitário Duda Mendonça tem uma frase que ficou célebre: “Quem bate, perde!”.

7. Com os quadros eleitorais majoritários definindo os candidatos, mais competitivos e os que estão atrás, ou estando na frente temem que a situação se reverta, começaram as agressões. As eleições no Rio têm sido um exemplo disso, desde a semana passada. Anotem quem bate. Anotem assim os perdedoresCammy-hdstance

ARTIGO – Serão os deuses candidatos? Por Marli Gonçalves*

Boy_PrayingTentei ficar por aqui quietinha, quietinha, esperando setembro passar. Mas estou vendo ataques tão sórdidos, tão desleais, pagos a soldo, sem propósito, maledicentes e mentirosos que não vejo restar outra alternativa aos que pelo menos tentam ser do bem. É preciso rejeitá-los sem dó sob o custo de sairmos dessa campanha num país ainda mais lastimável, terra arrasada. E Deus não vai ter nada a ver com issoImagen-animada-Adan-y-Eva-02

Nunca pensei que fosse ver de novo quão desesperadora a situação de uns e o medo de outros em perder a boquinha – ou tentar ganhá-la – como nessa eleição para a Presidência da República, principalmente nos últimos dias. Vinha vindo tudo calminho, educado até, com alguma cortesia entre os três primeiros colocados. Aí caiu o avião que imediatamente de alguma forma já mudou o país. Ascendeu Marina Silva como um foguete, e embora ela seja lenta, em poucos dias uma nova campanha entrou no ar. Imediatamente chegou junto o lado mais escuro e obscuro da força. Não é mais competição; virou guerra. E muito suja.

Adam-Eve-Snake-64548A frágil Marina, que nem é tão frágil assim pelo que vemos, já que responde com firmeza e determinação, agora é a única a quem cobram para ter tudo pronto, apresentar solução até para bicho de pé. Tudo o que diz tem de fazer muito sentido, ser basicamente um plano com começo, meio e fim. Perceberam? Não faz um mês que entrou – antes era apenas uma vice, e os vices são vices, estava abrigada numa sigla para não ficar com a sua rede no sereno – e agora até um ministério já estão chutando para ela. Se fala disso, copiou. Se muda uma vírgula, é porque voltou atrás. Se a amiga é rica, problema. Se trabalhou e ganhou, problema. Se não trabalhasse ia viver de quê? Do fundo partidário que não seria, já que todos os obstáculos, pedras, tachinhas e barreiras impediram a criação de seu partido.

29Só acho engraçado cobrarem tanta coerência e significado das promessas só da parte dela, quando, por exemplo, são famosos os discursos sem pé nem cabeça da Dilma, a candidata e a presidente, o que é pior, uma vez que faz isso há 4 anos todos os dias. Basta que a deixem falar de improviso, sem ler o papelzinho. Depois é só tentar espremer as palavras ao vento que profere com seu ar mandão, e enfim dar muita risada. O mineirinho também não fica atrás. Fala em reformar isso, aquilo, tudo por cima, tudo geral. Ninguém nos fala ao coração, do nosso dia a dia, do Futuro, de como poderemos acompanhar as mudanças, a tecnologia, os novos desafios do comportamento.

Agora, ainda por cima, enquanto nós, mortais, tentamos manter nossas cabeças fora d água num país parado, inquieto, recessivo, passaram a apelar para Deus! Apelar para a religião, como se o Estado laico não fosse uma de nossas maiores preciosidades a preservar, garantia que devemos defender com unhas e dentes e pontapés, já que é com isso mesmo que combateremos inclusive esses pastores e emissários reacionários, atrasados, essa gente que tenta nos atazanar se imiscuindo na nossa sagrada vida privada.  Fora que ninguém precisa de autorização para ser gay, que eu saiba, pelo menos. Vão lamber sabão para ver se faz bolhas!

462285583l8teEscrevo essa defesa por mim, não entendam como posição política. Só me respondam. Durante muito tempo, por exemplo, consultei o I-Ching, e foi bom. Quem de vocês aí do outro lado deixou de dar uma espiadinha no horóscopo do jornal, não se interessou por aquela vidente que joga um tarô fenomenal, foi ver aquele babalorixá dos búzios, não levantou as mãos e os olhos para o céu agradecendo ao invisível? Quem não pulou sete ondinhas, fez sinal do padre, promessa? Quem, espírita, não recorreu a alguns dos ensinamentos psicografados pelos mestres ? Ou a aqueles livrinhos Minutos de Sabedoria, aos calendários Seicho-No-Ie, aos livros de Paulo Coelho ( agora chutei o pau da barraca) ou mesmo aos biscoitinhos chineses da sorte ou ao papagaio do realejo? Digam: qual é o problema da Marina dizer que consulta a Bíblia? Vocês acham mesmo que, caso eleita, ela vá tomar as decisões só abrindo o livrão, fechada no banheiro? Se nem o pessoal da esquerda abre mais O Capital, ou o Livro Vermelho do Mao-Tsé Tung! Do lado da Marina, do Aécio, da Dilma, do Eduardo Jorge, de todos, igual com a gente, estão pessoas com todos os tipos de crença. Bom respeitá-las. Se não fizerem mal a ninguém, a nós também não farão, a não ser que atiremos pedras.graphics-monks-288666

Façam-me o favor. Todos os candidatos têm gente legal ao lado, para buscar formar uma equipe. Não são monolitos, ditadores que imporão usos e costumes – isso era lá na ditadura, e nela, para ela, não tinha eleição. Era só porrada, ordem; não queremos mais isso. Queremos discutir usos e costumes, mas a sério. O direito ao aborto, a legalização das drogas, a utilização das redentoras células-tronco, mudanças no Código Penal. Queremos ciência, filosofia, pesquisa, tecnologia acessível. Ir às estrelas se nos for possível.

A gente não quer só comida. A vida é maior que a economia, que agora volta a frequentar as colunas de jornais como há tempos atrás, de forma pesada e quando invadia todos os cadernos. A vida é maior do que as elucubrações que vêm gastando páginas e páginas, canetas, batucadas nas pretinhas, para analisar os ditos e não ditos. Contradições, turma, todos nós temos, basta abrir o baú, inclusive o de alguns analistas que já acharam “outras” coisas tempos atrás, gente séria. Só não revirem – nem abram – os baús dos que atacam de forma tão sórdida como nos últimos dias. Deles, só cairão moedas, traições e um enorme apego à boquinha, ao bico onde mamam.

JesusFlipsTableDa Bíblia eu aqui só sei, confesso, que é um livro grande que nunca li. Mas desde pequena uma delas, bem bonita, que vinha com a Enciclopédia Barsa, lembram?, ficava aberta na sala da casa de meus pais. Uma vez perguntei a minha mãe o porque, se era só um enfeite já que ninguém nunca foi muito católico por lá. Ao que ela respondeu, rápida: “Não, filha, dá sorte!”.

Vou confiar nisso.

São Paulo, 2014 Marli Gonçalves é jornalista – Ainda não decidiu em quem vai votar. Mas do jeito que estão atacando a Marina Silva, vou fazer igual ao que ouvi de um amigo: “Daqui a pouco, de tanto tentarem destruí-la, vão me forçar a gostar dela”.

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Que delícia! Apostas (inglesas) já descartam Dilma

 

  • Na casa de apostas inglesa Unibet, Marina e Aécio têm tem três vezes mais chances de vitória que Dilma Rousseff, em outubro.

  • Outra casa inglesa, a BetMoose abriu apostas ontem para as eleições presidenciais no Brasil: Marina e Aécio lideram e Dilma nem aparece.

    FONTE: CLAUDIO HUMBERTO – DIÁRIO DO PODER

 

Lembram? A primeira vez que Marina atropelou Dilma? Olimpiada de LOndres, 2012. Fui até buscar as imagens

PRIMEIRA GOLEADA DE MARINA CONTRA DILMA FOI EM LONDRES

Em julho de 2012, em Londres, Marina Silva entrou carregando a bandeira Olímpica na cerimônia de abertura ao lado do Secretário Geral da Onu, pra fúria de Dilma que estava na tribuna de honra e foi pega de surpresa, igual está sendo pega de surpresa agora.

fonte: coluna james akel -http://jamesakel.zip.net/

Análises da política: Para R. Jefferson está aberta temporada de traições

omeleteEfeito furacão Marina

A observação é de quem entende dessas coisas. Em seu blog, analisando as últimas pesquisas de intenções de votos para presidente, o ex-deputado Roberto Jefferson recomenda que apertem os cintos, porque está aberta a temporada de traições.

fonte: NOTA DA  COLUNA AZIZ AHMED – O POVO – RJ

ARTIGO – Nossa sociedade trans. Por Marli Gonçalves

pwave02Tudo é trans.Transtornado. Uma coisa que é uma coisa e se transmuta em outra sem nem piscar os olhos. Transformações nem sempre transparentes, muito menos translúcidas.pwave02

Em geral, transado, mas também pode não ser sexo, apenas transpassá-lo. Assim, nada é exatamente trançado ou transado, mas transita nos deixando é muito confusos. A gordura trans, a renegada, abolida, desprezada. Os transexuais que agora estão se dividindo em ainda mais outras novas definições que acabarão por usar o alfabeto inteiro para se definirem, além do LGBTS. Já descobri que há definições como mulher transexual, trans, ou transmulher. Me fazem lembrar de experimentos biológicos que fazíamos em laboratórios de escola, quando vivíamos seccionando coisas para ver se viravam outras. Não dá só para ser? Tem de definir?

Nunca entendi qual o problema de simplificar, ao invés de complicar, o que parece feito apenas para parecer mais importante. Tudo surge como politicamente correto, mas serve também para excluir. Transferimos às palavras toda sorte de definições. Elas, as palavras, coitadinhas, andam por aí atônitas transitando entre um ou outro significado.

Circular.Polarization.Circularly.Polarized.Light_Right.Handed.Animation.305x190.255ColorsTem muita coisa atravessada em nossas gargantas, só que nessa época de eleições elas afloram nas mais diferentes ideologias, se é que podemos chamar assim, porque pelo que acompanho daqui não chegam a ser exatamente um conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou de visões. Ou são de alguma ideologia diferente, Frankenstein, que ainda desconhecemos. São xingamentos, opiniões não embasadas, ouvi dizer por aí, mas tudo cheio de sentimentos, racionais ou não, mas sentimentos. Fora as mais tresloucadas, isso sim, teorias conspiratórias, lendas urbanas.

O problema é que muitas vezes – e estamos assistindo agora – o momento ultrapassa qualquer possibilidade de se instituir bom senso, debater com propriedade, já que se depende de poder transitar na sociedade e com um mínimo de racionalidade.transversos

Vínhamos até vindo muito bem com uma tal polarização, de nós contra “eles”. Mas caiu um avião e surgiu mais um elemento que ultrapassou a realidade e sem transgredir qualquer mínima capacidade de previsão. Como uma onda que leva todos do navio para um lado só, quase virando-o, esse transatlântico chamado Brasil. O marinheiro de olhos azuis que era subordinado a uma caboquinha na busca por uma promoção saiu de cena e o timão foi parar nas mãos de quem até ali – muito louco – segurava – e todo mundo via – o marinheiro na cabine, dizendo isso pode isso não pode.

Ela é lenta, devagar, quase parando, tem ideias pessoais que se levadas a sério chegam a ser ridículas, mas promete com aquele olhar devotado e voltado ao céu que transcenderá. A nós resta o quê? Um país alquebrado, em crise recessiva – que ainda teimam em negar, não sei como podem querer transparecer tranquilidade – e com tanta coisa a ser construída, especialmente na área de comportamento. Santa temeridade.

As principais opções: a do grupo que não fez, mas bate no peito; a do grupo que já fez, mas parou e agora nem toca em assuntos que nos são tão sensíveis; e a tal novidade que, em si, vem carregada de messianismo, dogmas e que, se continuar crescendo, devemos nós apelar aos Deuses. Para que ao menos se cerque de gente moderna. Que consigam fazer com que ela não seja apenas uma espinha entalada transversalmente. Senão nossa juventude vai ficar ainda mais transviada, tocando flauta transversal, transpondo seus próprios limites muito antes do Rio São Francisco.emwaveanim

Não podemos transigir disso nesse momento de transição. Sob o risco de não conseguir transpor, sim, mas as nossas próprias barreiras. Senão teremos todos de sair por aí novamente propondo transgressões.

São Paulo, com possibilidades transamazônicas à frente, 2014Twave

Marli Gonçalves é jornalista – Transpira otimismo. Vive nessa sociedade que fica batendo cabeça, buscando algum viés para se escorar.

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ARTIGO – Papagaiadas, pilhérias e modinhas. Por Marli Gonçalves

day28_210Não sei se vocês têm a mesma impressão que eu, mas por que é que tudo que chega aqui ao Brasil, mesmo quando é uma coisa legal, séria, importante, porque será que logo vira modinha, presepada, papagaiada? Perde o sentido. Fica escrachada. É só por o pé aqui, pronto, vira, vira, vira… Ih, acho que não dá nem para usar a palavra do que é que vira. Pode ter alguma criança na sala.

Claro que começo falando do tal balde de água com pedras de gelo, claro; claro que é importantíssimo chamar a atenção para a doença (esclerose amiotrófica), conseguir verbas, e não só para esta, bem sabem, mas para a pesquisa de outras várias doenças. Obviamente foi brilhante a ideia da campanha, jogar a água do balde em si, filmar, doar cem dólares, desafiar mais dois. Tornou especialmente visível o problema quando envolveu celebridades mundiais, e obteve alguns milhões de dólares rapidamente. Claro, ainda, e já que trabalho com isso, sei o quanto a imagem – o visual – é fundamental para o marketing, conquista de espaço e divulgação de algumas coisas mais barata e rapidamente. Nem conto para vocês o quanto inventamos na primeira campanha do Partido Verde à Presidência em 1988. Tudo era primeira página, afinal não era todo dia que árvores andavam e protestavam ou que surgisse o som do silêncio para alertar sobre a poluição sonora.

graphics-buckets-507156Mas precisa virar palhaçada? Todo mundo é obrigado a aderir? Precisamos mesmo assistir, por exemplo, a políticos cara de pau em campanha, tipo Suplicy, Maluf (!), este dentro de uma piscina já que até para aderir a alguma causa ele dá uma roubada? Duvido. Quero ver o recibo da doação. Maluf dando alguma coisa? Duvido-ó. Precisamos mesmo assistir estrelinhas de pouco brilho se molhando, gritando, fazendo foto ou filme e passando para as revistas de celebridades tentando obter essa tal de celebridade? Particularmente sinto certo asco quando misturam esses interesses com coisas sérias, mas aqui é tiro e queda. Já passamos para a história da Humanidade como um país não sério. Sim, óbvio que vi brasileiros sérios e de boa vontade aderindo. Pouquíssimos, mas vi. Acreditam? Juro que até guardei o material de divulgação para quem duvidasse: um grande magazine divulgou que a sua boneca virtual tinha entrado na onda? Enfim, pelo menos, já que é virtual, ela não ocorreu o risco de pneumonia.

food_truck3Acontece com tudo essa azaração. Vou dar outro exemplo, daqui de São Paulo. Liberaram a comida de rua, os tais food-trucks. Pois não é que já dá até para tropeçar neles? Não é que outro dia vários se uniram (outra “tendência”) dentro de um estacionamento coberto e eu vi (sim, vi sim) muitas pessoas sentadas no chão todo sujo de óleo, de um lugar abafado, para comer? É modinha. É moderno. Daqui a pouco vai ter gente até fazendo tatuagem para frequentar.

Depois certamente muitas dessas pessoas vão postar nas redes – que passarei a chamar de redes antissociais – porque não basta ser moderno, tem de mostrar ao mundo, fazer muquinho na academia, como faz um agachamento invejável, ao lado do “personal trainer”. Aproveita e, já que está por ali, xinga, briga, critica e fala mal de alguém, posta uma frase em algum quadradinho com indiretas.

Nas mesmas redes onde li gente “horrorizada” porque houve quem fizesse selfies no funeral de Eduardo Campos. E daí? Qual o problema? Não percebem que hoje cada um de nós virou mesmo um jornal pessoal ambulante? “Estive no velório e lembrei-me de ti”. Antes eram souvenirs; agora são selfies. Melhor não dar ideia porque senão no próximo espetáculo macabro desses vão vender caixõezinhos de recordação. Perguntem a alguém mais velho que foi, por exemplo, ao velório de Getúlio Vargas, que será largamente lembrado essa semana. Quem podia fotografou. São registros que ficarão aí, serão importantes no futuro. Ou não. Do jeito que as coisas vão indo nada vai ser mais marcante, já que massificado, moído e abandonado, ultrapassado sempre por outra e nova onda.master-chef-cooking-smiley-emoticon

Quer ver uma outra modinha? Diagnósticos médicos: depressão. Já devem até estar mandando fazer carimbos com a palavra. Dor de cabeça, tonteira, dor de estômago? É depressão. E tome antiisso. Uma amiga foi ver como lidar com menopausa, a coisa estava falhando um mês ou outro. Carimbada: depressão. Agora, além dos calores, a coitada está pirando no antiisso. Há pouco tempo, lembram o que era, tudo? Era stress. Qualquer coisa era stress, estresse em bom português. Como se fosse possível sempre controlar. Daí, se não resolvia, o problema era… seu!

jspcookDe modinha em modinha, dá vontade de enfiar é a viola no saco, e antes que inventem alguma coisa meio esquisita que seja obrigatória. Criatividade (e charlatanismo) não falta nesse país. Vide o tal horário eleitoral onde tem candidata cozinhando, como se diz popularmente, até o galo. O nosso galo. Só falta agora a outra vir mostrar como se faz salada.salting_the_turkey

Vem onda por aí. Pode olhar. Onda que pode ser verde. Ou azul da cor do olhar.

São Paulo, 2014. 

Marli Gonçalves é jornalista – Estou tentando não desistir do Brasil, mas está difícil. Se papel já aceitava tudo, imagine a internet. Imagina na copa; imagina na cozinha.

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Análise de Cesar Maia sobre a pesquisa DATAFOLHA. Maia é bom de marketing político…só por isso

O QUE MOSTRA E NÃO MOSTRA A PESQUISA DATAFOLHA!

1. A Pesquisa Datafolha divulgada pela Folha de S. Paulo (18) trouxe três resultados que contrariaram as expectativas de muitos. Marina com 21% não é uma delas, pois pesquisas anteriores com seu nome já mostravam esse patamar para ela, com redução dos que não marcavam nenhum deles. Os outros dois resultados sim: por um lado a estabilidade de Dilma, com seus 36%, e de Aécio com seus 20%. E um terceiro: a melhoria da avaliação de Dilma e seu governo.

2. A expectativa que se tinha era que, além da redução dos que não marcavam nenhum deles, Dilma cairia um pouco, assim como Aécio. A melhoria da avaliação de Dilma –sem nenhuma razão clara- é algo que as expectativas não projetavam. Mas sua entrada afirma que teremos segundo turno.

3. Os resultados da Pesquisa Datafolha deste fim de semana foram: Intenção de voto. Dilma 36%, Marina Silva 21% e Aécio Neves 20%. Outros 6%. Nenhum deles 17%, Segundo turno: Marina 47% e Dilma 43%. / Dilma 47% e Aécio 39%. Avaliação Dilma: Ótimo+Bom 38%. Ruim+Péssimo 23%.

4. Sabe-se que sempre que um fato forte impacta a opinião pública, como o foi o trágico desaparecimento de Eduardo Campos, as curvas de tendência de formação de opinião pública são interrompidas. Nesse sentido, se pode explicar a sustentação de Dilma e Aécio no mesmo patamar.

5. O que ainda requer uma análise mais cuidadosa é a melhoria acentuada da avaliação de Dilma, o que –contraditoriamente- aumenta a sua intenção de voto no segundo turno contra Aécio e diminui contra Marina. Afinal, as notícias –pelo menos as econômicas- nesta semana, foram ruins.

6. Provavelmente o impacto emocional pode ter provocado nas pessoas uma reação de solidariedade e proximidade com aqueles que governam. Isso já se viu em outras situações, mas em geral diretamente com quem sofreu a tragédia. Getúlio Vargas é um exemplo: a avaliação de seu governo cresceu muito após o seu suicídio, o que foi fundamental para a eleição de JK.

7. Nos próximos dias esse quadro tenderá a ser sedimentado e, em seguida, os números de Dilma –intenção de voto e avaliação- deverão retornar ao patamar anterior. O tempo de TV de Marina e a muito menor capilaridade de sua coligação podem transformar estes 21% num teto.

8. Mas, para isto, as comunicações de Dilma e Aécio deverão ter a sutileza –e o risco- de realizar campanhas sem incluir Marina em suas críticas. E Marina terá que se descolar da tragédia sob pena de produzir uma sensação de demagogia. Vide JK, mesmo com Jango como vice.

ARTIGO – Aiaiai, se eu soubesse antes, aiaiai. Por Marli Gonçalves

tumblr_minkfdvKDO1s3rws8o1_1280Pela internet, como de costume, acompanhava o noticiário geral e, meio de esgueira, via pelo tablet o depoimento, a oitiva, como gostam de falar para ficar mais importante, da contadora do doleiro lá no Congresso Nacional. Reparava até o quanto a moça era articulada, segura e bem menos feia do que apareceu na capa da revista que a lançou ao estrelato político. De repente o avião que duas horas antes tinha caído em Santos pousou na fala de um congressista, lá em Brasília. Parece que era o jatinho que servia ao candidato Eduardo Campos…t_019191aa1eb0446b91c9848a64d2db7b

Foi o suficiente para que os pelos do meu braço se eriçassem de uma forma que conheço bem, quando bate alguma intuição meio esquisita, e essa tinha sido quase óbvia. Os minutos seguintes foram de confusão absoluta na imprensa e na cabeça até a confirmação fatal. Claro que se ele não estivesse ali já teria aparecido para dar um tchauzinho, não?

Foi também o marco de uma situação bem esquisita, que sei que muita gente tem pensado mas poucos a expressam. Que candidato maravilhoso perdemos! Não é que de repente todo mundo ia votar nele? As pesquisas anteriores deviam estar erradas porque – nossa! – como é que eu não soube antes o quanto ele era fantástico, líder, popular, cheio de ideias, seguidores, eleitores, simpático, além de impecável chefe de família, etcs, muitos etceteras?

Santa hipocrisia. Porque não falavam todas essas coisas maravilhosas sobre ele quando estava por aí piscando seus olhos de cristal, pedindo votos, sendo obrigado até a viajar mais do que os demais candidatos. Não dá para contar quantos textos tenho lido, e escritos por jornalistas, que o colocaram imediatamente no sétimo céu, depositário de nossas esperanças, redentor de Pernambuco, com ideias que mudariam o nosso modo de ver a política nacional, essa massa disforme na qual essa política se transformou nos últimos doze anos, três reinados petistas. Se fossem textos de familiares, amigos, correligionários seriam sim, naturais, depois de uma grande perda. Mas não: tentativas de tirar a casquinha, ter a sua lasquinha do muro de Berlim.

Especialistas apareceram de todos os cantos. Hipóteses e suposições pulularam igual aos peixes na piracema. Notas oficiais despencavam por minuto na nossa caixa postal. Tudo quanto é poste, associação de qualquer coisa lamentou, sentiu muito, sendo que a maioria não tinha nem a menor ligação, nem com a política quanto mais com o candidato. A imprensa toda pirou a ponto de ter posto no ar coisas que até agora aparecem inacreditáveis, como a história do socorrista que declarou ter ido lá nos escombros, visto o corpo, aberto os olhos e constatado que eram os “olhos azuis do meu candidato”, como exprimiu aos prantos diante das câmeras.

Para tudo! Li, ouvi e ainda ouço, aiaiai, de um lado, tudo quanto é tipo de explicação, de teoria conspiratória, de acusações, e pior, lamentos com listas de “quem é que deveria estar lá no avião aquele dia e não morreu, fica por aí “. Até em abdução falaram, sim, Eduardo teria sido levado por ETs. E a história do helicóptero contra o qual o avião teria se chocado? Helicóptero esse que, claro, virou pó, se desmaterializou, junto com seu piloto, se é que havia um, porque também correu a história do drone assassino, perdido ali entre as nuvens de chuva.

De outro lado, pipocaram imediatas desconstruções da possível nova adversária, Marina Silva, O horror. A completa falta de noção, mas ao mesmo tempo uma amostra viva, muito viva, do que, e no que se transformou o Brasil, a ignorância, a falta mínima de raciocínio, os bonecos animados pagos para inflamar uns contra os outros, formando uma corrente muito desagradável de informação, contrainformação e invasão nas redes sociais.

Lembrei-me de Chico Buarque, não pela razão que sempre tentaram associá-lo a Eduardo Campos, mas por uma música, “Se eu Soubesse”, do trabalho Bastidores, de 2011. Procure ouvir. Lembrei-me de Maísa cantando sofrida a bela e “Castigo”, de Dolores Duran (“Se eu soubesse/Naquele dia o que sei agora/Eu não seria esta mulher que chora/Eu não teria perdido você”). Lembrei até do Michel Teló, “Ai se eu te pego”, mas esse porque tive vontade de esganar uns e outros nesse dia que embora seja para ser esquecido nunca o será.

Escrevo antes dos funerais. Imagino bem o quanto mais se irá falar, escrever, especular sobre o acidente, sobre as vítimas, sobre avião e caixas pretas, e especialmente sobre o candidato – aquele que era tão bom, tão maravilhoso, tão especial que todo mundo ia votar nele, embora as pesquisas o mostrassem patinando; se virando em mil para defender a própria mãe na entrevista, tendo que explicar muito bem por que demorou tanto para pular do barco governista. Fora explicar Marina, acalmar Marina, e carregar Marina para baixo e para cima, o que agora será precioso.

martinAchei duas frases perfeitas para a ocasião. A primeira, dada como um provérbio português – “O se eu soubesse é santo que nunca valeu para ninguém” – e a segunda, quase premonitória, creditada a Martin Luther King: “Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a minha macieira” .

Pelo que vejo, Eduardo chegou a semear, e se Deus quiser, muitas maçãs brotarão e esperamos que seja logo, agora.

São Paulo, 2014, no sempre horrível agosto que traz sempre algum desgostoMarli Gonçalves é jornalista – Prometo que, sempre que achar alguém bem legal, conto logo para vocês. Como já disse, não gosto nada dessa história de ter de morrer para viver sempre. E só assim ser tão bom que não devia ter morrido…

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Série de notas da coluna de Claudio Humberto, hoje. A primeira é assustadora: o “Volta, Lula”

 

  • panicTemendo Marina, PT cogita ‘volta, Lula’ de novo

    A morte de Eduardo Campos, que comove o País, e sua eventual  substituição por Marina Silva na disputa presidencial, provocaram uma reunião informal da cúpula do PT, mostrando temor pela candidatura da ex-ministra. A avaliação inicial do PT aponta Marina como a principal beneficiária do legado de Campos, o que levaria risco real de derrota para Dilma, por isso a substituição dela por Lula voltou a ser cogitada.

  • Comoção

    Lulistas do PT avaliam que a comoção pela morte de Eduardo Campos colocaria Marina em condições até de vencer a eleição presidencial.

  • Reflexo

    Além de favorecer eventual candidatura de Marina Silva, a morte de Eduardo Campos deve refletir nas campanhas do PSB a governador.

  • Dez dias

    Segundo a Lei Eleitoral (art. 13, parágrafo 1º), o partido tem prazo de 10 dias para indicar o candidato substituto, no caso de falecimento.

    Insegurança

    Lula confia tão pouco no “taco” de Dilma que viajou a Brasília, nesta terça, para orientar sua entrevista no Jornal Nacional, afinal cancelada.

 

Nota de Gilberto Kassab #RIPEduardoCampos.

MEU AMIGO EDUARDO CAMPOS

“O Brasil perde um grande líder, um homem público sensível, uma esperança para os que seguem acreditando no exercício da Política como instrumento de fortalecimento democrático. Conheci Eduardo Campos em 1999, em Brasília. Era deputado federal, e nunca mais deixamos de nos ver, manter um relacionamento fraterno, dialogar e falar sobre política. Em 2010, me convidou para entrar no PSB, mas o PSD ganharia proporções nacionais, e adiamos um projeto maior, de união, para uma conversa posterior. Sempre que vinha a São Paulo, eu o recebia em casa, falávamos sobre política e seus sonhos de ser Presidente. Aprendi muito com ele. Dividíamos projetos, ideias e lembranças da política. Eduardo deixa o exemplo de correção, de caráter e sensibilidade que o Brasil não esquecerá. Meus sentimentos à sua mulher, à sua família e aos pernambucanos que tiveram a oportunidade a honra de tê-lo como deputado, secretário de estado e governador. Um homem público vencedor, que pensava sempre em ajudar as pessoas.”

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD