Cesare Battisti saindo do prédio da Justiça Federal,
no Rio de Janeiro, em 10 de dezembro
(Foto: Sergio Moraes/Reuters)
Responsável pela defesa da Itália no caso da extradição do ativista Cesare Battisti, o advogado Ricardo Freire Vasconcelos afirmou nesta sexta-feira (31) ao G1 que o governo italiano convocou o embaixador Gherardo La Francesca para dar explicações sobre a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manter o militante de esquerda no Brasil. O objetivo é reunir informações para definir como será a atuação política do governo italiano no caso de agora em diante.
Segundo Freire, o embaixador deve viajar à Itália na segunda-feira (3), após participar da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff. A princípio, a convocação tem o objetivo de esclarecer detalhes do processo e da decisão de Lula, não há informação se o governo italiano poderá retirar seus diplomatas do país. O G1 entrou em contato com o Itamaraty e não obteve resposta.
Entenda o caso Cesare Battisti
“É um ato comum que existe quando as relações de um país com o outro estão como estão, então o governo italiano quer ouvir pessoalmente o seu embaixador, o que está acontecenddo no Brasil. Não é uma resposta retaliativa”, disse o advogado.
O governo italiano também vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Cesare Battisti. Para os advogados do governo italiano, a soltura de Battisti ainda pode ser negada pelo Supremo Tribunal Federal, já que caberia à corte definir os efeitos da decisão do presidente Lula.
O primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou, em nota, que a decisão é contrária ao mais elementar senso de justiça”.
Ministro das Relações Exteriores
O chanceler Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, afirmou, também nesta sexta, que não acredita que as relações diplomáticas com a Itália possam ser prejudicadas. Para Amorim, o Brasil “tomou uma decisão soberana”, com base no Tratado de Extradição firmado entre Brasil e Itália.
“Não temos nenhuma razão para estarmos preocupados com a relação com a Itália. O Brasil tomou uma decisão soberana, dentro dos termos previstos no Tratado”, disse Amorim, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após ler a nota da Presidência com a decisão de Lula.