ARTIGO – O presidente do leite. Por Marli Gonçalves

Tanto leite bem condensado derramado essa semana que lembrei da fábula de La Fontaine, “A Menina do Leite”. O presidente que a cada dia leva o Brasil a um poço mais profundo e em todos os sentidos deveria conhecer essa história enquanto equilibra seus desaforos, xingamentos, e reúne cada vez mais adversários.

a menina do leite

Ele caminha e só pensa “naquilo”, em 2022, acha que está armando uma arapuca, e junta tudo de ruim perto de si para sustentá-lo em pé, porque sente que está balançando. Carrega na cabeça exorbitantes caixas de leite condensado, masca chicletes, entre os itens da assustadora lista de compras do Supermercado Planalto, da ordem de 1,8 bilhão de reais. É muito dinheiro, e feitas as contas percebe-se o quanto pagam muito mais caro por tudo, e essa compra é feita ali no mercadinho da esquina, cujo dono é um pastor amigo, parente de algum político desses de quinta categoria que se aglomeram nessa legislatura federal.

Aliás, logo agora no começo de fevereiro, a coisa pode piorar e muito, dependendo dos resultados nas eleições da Câmara e do Senado, onde o presidente do leite está que nem louco fazendo mais compras, mas desta vez não de alimentos, mas de consciências. E aqueles homens – sim, a maioria ali é sempre muito masculina – são caros, exigentes, negociam cargos, benesses, empregos públicos que parece lá não faltarem, como faltam aqui fora para mais de 14 milhões de brasileiros.

O que está sendo feito de nosso país? O que acontece no Brasil que faz o novo presidente dos Estados Unidos, a nação mais poderosa do mundo, rir a ponto de ter de disfarçar quando lhe perguntam sobre seu contato com o dirigente brasileiro? O país que tem um chanceler enrolado que bate palmas para maluco em churrascaria e que acha que ser pária é bom; pior, está conseguindo que as portas dos lugares mais importantes batam bem na nossa cara.

O país que assiste apavorado seu povo ficando doente e morrendo aos milhares diariamente, alguns por falta de oxigênio. O país que não tem garantidas as salvadoras vacinas para uma maioria, porque foram às compras com listas erradas, de remédios sem efeito ou de leite condensado, chicletes, vinho, rapadura, mocotó, bombons, chantily, apenas alguns do rol maluco que agora dizem entuchar no Exército, distribuir nos Ministérios. Pior, ainda tentam explicar, como se não soubéssemos fazer contas, pudéssemos ser passados para trás. Pegos com a boca na botija, o mandante profere xingamentos contra a imprensa, e sempre com aquela sua ideia fixa, sabem qual, não? – a anal. Isso precisa ser estudado.

Cada vez mais claro como um grave caso psiquiátrico em evolução, além da incompetência que o deixa perdido igual barata tonta, busca usar a força; e a caneta, para comprar silêncios, continuidade. As ruas começam a falar mais alto, e ele fica ainda mais perturbado junto com esse seu grupinho de filhos ignorantes e desocupados e ministros como esses, da Saúde, das Relações Exteriores ou da Educação, que diz que foi um sucesso um vestibular com ausência de mais da metade dos concorrentes, e que apresenta uma prova cheia de erros e preconceitos. A lista é grande de horrores ao seu redor, com ou sem farda. Aliás, fardas que parecem estar atentas, a tudo observando de esgueira, lá de seus postos.

Acontece que, e fábula é retrato de muitas realidades com sua moral da história, o tal presidente do leite pode tropeçar – e não falta no que escorregar – e cair. Pode ser até pelo susto, de caminhões parados nas estradas, alguma derrota parlamentar, mais mortes ainda advindas de novas cepas, uma revolta mais ampla pelas vacinas que nos negam. Atormentado pelo espírito de mais de 220 mil almas, entre as quais algumas de pessoas que, em vida, foram por ele enganadas e acreditaram na “gripezinha”, negando o tudo que há meses paralisa todo um planeta.

 O leite derramado pode ser o da fábula, ou mesmo o do título de uma obra de 2009 do por eles tão odiado Chico Buarque, por acaso a história de um homem velho no leito de um hospital.

*A fábula, para quem acaso não conheça:

A menina caminhava cheia de contentamento, pois era a primeira vez que iria à cidade, para vender o leite de sua vaquinha.

Colocou sua melhor roupa e partiu pela estrada equilibrando a lata de leite na cabeça.

Enquanto caminhava, a menina começou a fazer planos entusiasmados para ganhar dinheiro: “Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia. Depois, ponho a galinha a chocar os ovos e ganho assim uma dúzia de pintinhos, que logo eles crescerão e terei bonitos galos e belas galinhas. Venderei os galos e fico com as galinhas, porque são ótimas para pôr ovos. Outra vez ponho os ovos para chocar e terei mais galos e galinhas. Venderei tudo e compro uma cabrita e algumas porcas. Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um” …

Mas a menina estava tão distraída com seus pensamentos, que tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo inevitável. Todo o leite foi derramado no chão, para desolação da sonhadora.

E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os leitõezinhos foram pelos ares… 

Moral da história: Não se deve contar com uma coisa antes de consegui-la.

Muito menos para 2022.

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FOTO: Gal Oppido

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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Chico Buarque não precisava…não precisava. Ele, em Paris, e a família e namorada se dando bem $$$. Nota da Coluna de James Akel

computer_boxingcomputer_boxingGENRO DE CHICO BUARQUE GANHA VERBA DO MINISTÉRIO

Depois da namorada agora é a vez do genro de Chico Buarque ter aprovada captação de 1 milhão e meio pra fazer shows.

Acho que até foi pouca a declaração de amor de Chico pra Dilma.

Tem que fazer campanha pra ela de manhã, de tarde e de noite.

Estar nos palcos de Dilma e dizer que ela e Fidel são os melhores.

Mas pra passar férias, bem, aí é outra coisa.

Ele continua se divertindo em Paris que não é idiota.

FONTE: COLUNA JAMES AKEL

mais, SOBRE A NAMORADA RUIVA, AQUI

Homenagem musical a Chico Buarque e sua “rica” (880 mil pratas!)namorada. Nota da coluna de James Akel

CHICO BUARQUE E A NAMORADA

Chico Buarque, aquele compositor que não fez mais nada de música depois que acabou o regime militar, tem uma namorada que acaba de ganhar direito de patrocínio de 800 mil reais pra fazer cd e shows.

Ah, eu nem havia contado pra vocês, mas ela canta.

Então eu vejo na tv o Chico declarando amor à candidatura de Dilma e a namorada dele recebendo direito de patrocínio do Ministério da Cultura.

Sei que ela tem bastante talento e que isto é apenas coincidência.

Mas com a falta de programas de humor na tv eu me contento em rir com notícias.

Construção: Roberto Carlos gosta de dinheiro, ganha dinheiro e faz tudo para ser bonzinho…Até na obra, numa construção,inspirada…nele!

 

Vejam só! Sirena é sócio, empreendimento tem Roberto Carlos. Leva cultura aos operários, e enaltece quem? quem? Ele, o RC que não quer biografia

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FONTE: ASSESSORIA DE IMPRENSA PROJETO CANTEIROS

EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO DO CANTOR ROBERTO CARLOS REALIZA PROJETO QUE ENSINA MÚSICA AOS OPERÁRIOS E RECEBE PRÊMIO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

 FONTE: ASSESSORIA DE IMPRENSA PROJETO CANTEIROS

Funcionários da construção do Horizonte JK visitam a Orquestra Sinfônica de São Paulo, utilizam resíduo da obra para construir seus próprios instrumentos e gravam com eles “Como É Grande Meu Amor Por Você”, de autoria do Rei

            Vergalhões, canos de PVC, pregos, parafusos e madeiras. O material de resíduo de obra ganha novo significado no Projeto Canteiros, que leva oficinas de música e arte para os operários da construção do Horizonte JK, empreendimento de salas comerciais e apartamentos residenciais localizado na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, em São Paulo. A iniciativa, que une as empresas Emoções Incorporadora, Toledo Ferrari Construtora e Incorporadora e AAM Incorporadora, tem a cultura em seu DNA, afinal, um dos sócios do futuro prédio é o grande cantor e compositor Roberto Carlos, associado da Emoções. E o trabalho desenvolvido já rende reconhecimento: as empresas, em parceria com a ONG Mestres da Obra, venceram a 19ª edição do Prêmio Master Imobiliário na categoria Responsabilidade Social, o mais relevante do setor da construção civil no país.

            As aulas são realizadas quinzenalmente e reúnem grupos de cerca de dez operários em uma sala especialmente preparada, em que as cores das obras de arte feitas pelos trabalhadores saltam aos olhos, assim como as formas inusitadas dos instrumentos musicais construídos por eles. A iniciativa vem sendo realizada desde o início do ano e propõe a junção de teoria e prática. Como resultado, ao fim das oficinas, os participantes têm elementos para enxergar sob outro prisma as obras de arte, como as que estão espalhadas por São Paulo, além de dar novo significado aos sons e ritmos das canções. “Se de todos os que passarem pelo projeto, conseguirmos melhorar a vida de um trabalhador e despertar a sua atenção às artes, o projeto como um todo terá valido a pena”, considera Cid Ferrari, sócio diretor da Toledo Ferrari Construtora e Incorporadora. Ele complementa: “É nítida a diferença nos operários que participam das aulas nos canteiros de obras. Tivemos exemplos de participantes com problemas relacionados a saúde e álcool que passaram a avaliar a vida de outra forma.”

            Nos encontros em que o conteúdo abordado é música, os trabalhadores aprendem a construir os próprios instrumentos através de material coletado na obra. Dessa maneira, o que era considerado lixo se transforma, por exemplo, em xilofone (feito de restos de madeira e aço), flauta (desenvolvido com canos de PVC) e cajon (construído com madeira).Orientados por professores da Associação Mestres da Obra, os alunos conhecem mais sobre diversos estilos musicais e grandes nomes da canção.

            Em uma das dinâmicas colocadas para os grupos, rei Roberto Carlos, foi a inspiração. Suas canções Esse Cara Sou Eu e Como É Grande O Meu Amor Por Você ganharam releitura com os sons dos novos instrumentos e com as vozes daqueles que ajudam a construir o edifício. Em outra experiência já realizada, a aproximação com a música se deu através de uma visita monitorada à Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), em julho, que possibilitou contato direto com um bem cultural até então de difícil acesso a eles.O projeto é possível pelo encontro de ideias e visões das três empresas, que vêem a necessidade de valorização dos colaboradores“, justifica Sergio Ribera, gerente de desenvolvimento da AAM Incorporadora.

            Nas aulas de artes, o fio condutor adotado pelo Projeto Canteiros é o centenário de Tomie Ohtake, artista japonesa radicada no Brasil, autora de obras em diversos pontos da capital paulista. Em uma parceria firmada com a Editora Moderna, são distribuídas aos participantes cartilhas sobre o trabalho da artista. Nas duas horas em que se desligam da pesada rotina da construção civil para conhecer mais sobre pinturas e esculturas, os trabalhadores colocam a mão na massa e fazem releituras de painéis de Tomie Ohtake, saindo por alguns momentos da função de operários e passando para a de artistas. Além disso, criações de gênios como Picasso, Monet e Rodin também são apresentadores como referência.

            A preocupação das três empresas associadas em inserir cultura no cotidiano da obra vai ao encontro do desejo de que os futuros moradores e frequentadores do Horizontes JK encontrem ali o melhor ambiente possível. “Queremos que todos aqueles que adquirirem as unidades do prédio tenham boa convivência e qualidade de vida, e achamos que esses momentos positivos devem estar presentes também na fase da construção, com os nossos colaboradores“, aponta Jaime Sirena, sócio-diretor  da Emoções Incorporadora.“, aponta Jaime Sirena, sócio-diretor  da Emoções Incorporadora.

            A inserção educacional é outro ponto destacado no projeto. Entre os funcionários participantes: 37,7% iniciaram o ensino fundamental, mas não completaram;17,4% completaram apenas o fundamental; 13% concluíram o ensino médio e 31,9% não concluíram;um retrato da realidade social da maioria dos canteiros de obras. As idades variam entre 21 e 49 anos.Esta é a nossa singela contribuição para o desenvolvimento pessoal em um setor que carece. À medida que a obra avança, chegam novos profissionais, de novas especialidades, e queremos que o projeto atenda e dê oportunidade ao maior número de pessoas. Os operários vêem essa ação com bons olhos, percebem que estão sendo valorizados sentem-se importantes e especiais.” afirma Sergio Ribera, da AAM. Jaime Sirena, da Emoções, completa: “Além de ser um agente transformador que nos orgulha muito, temos certeza que este tipo de ação reverte na maior produtividade de cada um.”

            O sucesso da iniciativa não se encerra com a vitória no Prêmio Master Imobiliário: os trabalhadores da construção irão continuar em contato com novos conhecimentos até o fim do primeiro semestre de 2014 em diferentes módulos do projeto. “É louvável o investimento das empresas em uma área que vai além do trabalho de seus profissionais. Investir em arte e cultura abre os horizontes de todos e só traz benefícios, tanto no desempenho, quanto na vida de cada um“, destaca Arthur Zobaran Pugliese, diretor institucional da Associação Mestres da Obra, ONG responsável pelas oficinas.

MAS AQUI TEMOS UMA HOMENAGEM ESPECIAL AO ROBERTO CARLOS. DO AMIGO CHICO, COM A SUA CONSTRUÇÃO

Viu o artigo do Chico Buarque defendendo a CENSURA? (é esse o nome que se dá a proibições). E a resposta de O GLOBO

Chico publicou hoje em O GLOBO. Em seguida, a resposta do jornal

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Chico Buarque

Cantor, compositor e escritor

Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não

Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não. Também me disseram que sua biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou.

O texto de Mário Magalhães sobre o assunto das biografias me sensibilizou. Penso apenas que ele forçou a mão ao sugerir que a lei vigente protege torturadores, assassinos e bandidos em geral. Ele dá como exemplo o Cabo Anselmo, de quem no entanto já foi publicada uma biografia. A história de Consuelo, mulher e vítima do Cabo Anselmo, também está num livro escrito pelo próprio irmão. Por outro lado, graças à lei que a associação de editores quer modificar, Gloria Perez conseguiu recolher das livrarias rapidamente o livro do assassino de sua filha. Da excelente biografia de Carlos Marighella, por Mário Magalhães, ninguém pode dizer que é chapa-branca. Se fosse infamante ou mentirosa, ou mesmo se trouxesse na capa uma imagem degradante do Marighella, poderia ser igualmente embargada, como aliás acontece em qualquer lugar do mundo. Como Mário Magalhães, sou autor da Companhia das Letras e ainda me considero amigo do seu editor Luiz Schwarcz. Mas também estive perto do Garrincha, conheci algumas de suas filhas em Roma. Li que os herdeiros do Garrincha conseguiram uma alta indenização da Companhia das Letras. Não sei quanto foi, mas acho justo.

O biógrafo de Roberto Carlos escreveu anteriormente um livro chamado “Eu não sou cachorro não”. A fim de divulgar seu lançamento, um repórter do “Jornal do Brasil” me procurou para repercutir, como se diz, uma declaração a mim atribuída. Eu teria criticado Caetano e Gil, então no exílio, por denegrirem a imagem do país no exterior. Era impossível eu ter feito tal declaração. O repórter do “JB”, que era também prefaciador do livro, disse que a matéria fora colhida no jornal “Última Hora”, numa edição de 1971. Procurei saber, e a declaração tinha sido de fato publicada numa coluna chamada Escrache. As fontes do biógrafo e pesquisador eram a “Última Hora”, na época ligada aos porões da ditadura, e uma coluna cafajeste chamada Escrache. Que eu fizesse tal declaração, em pleno governo Médici, em entrevista exclusiva para tal coluna de tal jornal, talvez merecesse ser visto com alguma reserva pelo biógrafo e pesquisador. Talvez ele pudesse me consultar a respeito previamente e tirar suas conclusões. Mas só me procuraram quando o livro estava lançado. Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro, diriam que minha honra tem um preço e que virei censor.

Nos anos 70 a TV Globo me proibiu. Foi além da Censura, proibiu por conta própria imagens minhas e qualquer menção ao meu nome. Amanhã a TV Globo pode querer me homenagear. Buscará nos arquivos as minhas imagens mais bonitas. Escolherá as melhores cantoras para cantar minhas músicas. Vai precisar da minha autorização. Se eu não der, serei eu o censor.

deskRESPOSTA DE O GLOBO

Pingo nos iis

O Globo

 

COMO SEMPRE, é o debate que ajuda a formar e qualificar opiniões.

ACONTECE AGORA na polêmica sobre as biografias. E nela, coerentes com a defesa da liberdade de expressão no sentido mais amplo, como estabelece a Constituição, somos a favor do direito de o biógrafo exercer seu trabalho, sem qualquer tipo de censura prévia. Assim como do direito do biografado de apelar à Justiça em busca de qualquer reparo.

LAMENTE-SE, apenas que, nesta saudável discussão, alguns tentem constranger O GLOBO com alusões descabidas.

Nova música do Chico Buarque. Lê como ficou. Vai no link ouvir

A primeira música de trabalho do novo cd de Chico Buarque vazou:

CHAMA “Querido diário”

Hoje topei com alguns
conhecidos meus
Me dão bom-dia [bom-dia], cheios de carinho;
dizem para eu ter muita luz
e ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho

Hoje a cidade acordou
toda em contramão
Homens com raiva,
buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta à casa, na rua
recolhi um cão
que, de hora em hora, me arranca um pedaço

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez,
fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício

Hoje, afinal, conheci o amor
E era o amor, uma obscura trama
não bato nela, não bato
nem com uma flor
mas se ela chora, desejo-me em flama

“Querido diário”
Hoje o inimigo veio,
veio me espreitar
Armou tocaia lá
na curva do rio
Trouxe um porrete, um porrete a “mode” me quebrar
mas eu não quebro não, porque sou macio, viu?!

 

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