Amigos, leiam essa entrevista do Lobão, exclusiva ao Claudio Tognolli. Há muito bom senso nas falas, e na organização para o protesto do dia 15

Exclusivo: Lobão conta ao blog porque vetou mídia brazuca da coletiva do ato pró-impeachment: “Caluniados, fizemos severa seleção”

(Foto: Reprodução)(Foto: Reprodução)
Disclaimer: o autor deste blog é co-autor da biografia de Lobão, “50 anos a mil”(Editora Nova Fronteira)

Uma mega-passeata se arma em São Paulo, sobretudo, pelo impeachment de Dilma Rousseff. É para o dia da Proclamação da República, 15 de novembro, vulgo próximo sábado.

O núcleo estruturante da passeata quer sair de dois extremos que o governo petista lhes imputa. E, para citar dois ditadores que também criticavam as massas oposicionistas, eles não são aquilo a que Geisel chamava de “bolsões sinceros mas radicais”: e nem aquilo a que Getúlio Vargas chamava de “pruridos demagógicos de alguns leguleios em férias”.

O maior epígono da passeata é o cantor e compositor Lobão: que, há uma semana, conseguiu bater a marca de 141 mil vistas on line para seu hang out anti-governo, com o filósofo Olavo de Carvalho.

Nesta sexta-feira, dia 14, Lobão comanda uma entrevista coletiva devotada apenas à imprensa estrangeira. “Como estamos sendo caluniados por praticamente toda a mída nacional, achamos por bem fazer uma severa seleção”, explica Lobão, em entrevista exclusiva a este blog.

Muita gente tem dito que as patrulhas ideológicas (sobretudo as de sites patrocinados exclusivamente por estatais do governo) têm lutado para que Lobão seja comparado ao compositor Wilson Simonal —-injustamente associado ao papel de “enfant-gatê” da ditadura brasileira.

Perguntado se estava sendo “simonalizado” ( termo aliás criado pelo próprio Lobão), o compositor respondeu a este blog: “Sou insimonalizável. Sou emocionalmente imune aos ataques histéricos dos militantes e aos grunhidos rancorosos e impotentes das lideranças politicas e intelectuais”.

Confira

Como você se define politicamente?

Lobão – Eu sou uma pessoa a favor da liberdade de imprensa, de expressão, do livre mercado,da liberdade de credos. Da Justiça, do Estado mínimo, da livre iniciativa, da propriedade privada.

O que representa o movimento do dia 15? Qual vai ser o seu papel nele?

Lobão – Ele representa o mais genuíno clamor popular, de todas as classes socias, etnias, sexos e crenças. Assim foi na passeata do dia primeiro passado. Era o povo em estado real, o professor, o feirante, o cara do botequim, o advogado a dona de casa, o pedreiro, o padeiro, a manicure a dançarina do ventre. Eu sou mais um cidadão naquele turbilhão de brasileiros e, como homem  público, tendo a aglutinar um maior número de pessoas. Mas é uma manifestação apartidária, que quer a apuração real de uma eleição que nos sentimos logrados e, se temos o dever de votar, temos  direito de exigir a transparência que, até agora não teve: pois uma eleição sem acompanhamento transparente como foi essa,  já é uma fraude por si só. Exigimos o impeachment da Dilma por inúmeras razões que vão desde o Foro de SP, os desvios secretos de quantias milionárias para fora do país, o envolvimento no Patrolão e por aí vai. O PT também deveria ser expulso da vida pública brasileira por males gravíssimos como, por exemplo, ser sócio fundador do Foro de São Paulo e como tal, o principal articulador de todos os regimes bolivarianos em toda a América Latina. Além de associação com o crime organizado, como o MIR chileno, as FARC e o PCC.

Por que nesta sexta vcs vetaram a mídia nacional na coletiva?

Lobão: Nós tivemos uma procura orgânica da imprensa internacional e, como estamos sendo caluniados por praticamente toda a mída nacional, achamos por bem fazer uma severa seleção: como agora, estou aqui falando para um órgão de mídia nacional que é meritório desta entrevista. A Veja será bem vinda também. E alguns outros raros jornalistas.

Considera que na última passeata vocês possam ter sido infiltrados por não-legítimos, que os contaminaram com as gritas de golpe militar?

Lobão: Isso aconteceu sim e é possível que aconteça novamente, mas ficou decidido ontem em um hangout realizado com todos os movimentos de rua envolvidos que se nos defrontarmos com algum grupo trazando dizeres a favor de intervenção militar ou separatismo, será tratado como petista.

 O que é ser oposição no Brasil hoje?

Lobão: É ser, antes de mais nada, anti- PT. É ser um cidadão indignado com a presença sombria do Foro de São Paulo, a ter uma entidade internacional em que o governo brasileiro se subordina. É ser radicalmente contra o processo de bolivarianismo a que estamos sendo submetidos.

Por que a classe artística secala, em geral, no quesito oposição?

Lobão: A classe artítica está cooptada, ou pelas benesses econômicas da Lei Roaunet, ou pelas campanhas milionárias de publicidade dos órgãos do governo como o BNDES a CEF, o BB, etc. Ou pelo afago de prestígio duvidoso através de participaçães nas campanhas do PT, ou nas condecorações aos sicofantas mais emblemáticos na imagem do partido. O resto se cala de cagaço mesmo.

Você teme ser simonalizado?

Lobão: Eu sempre disse e continuo afirmando: sou insimonalizável. Sou emocionalmente imune aos ataques histéricos dos militantes e aos grunhidos rancorosos e impotentes das lideranças politicas e intelectuais (se é que isso possa existir),  que primam por incitar o ódio e a violência física à minha pessoa e, ao mesmo tempo, sou forte o bastante para derrotá-los. E eles sabem disso.

Grampos ilegais grampeiam no Brasil

Claudio Tognolli: Ainda por cima roqueiro dos bons!

é do Brasil 247 essa matéria do grande Claudio Tognolli, entre os maiores repórteres do país. Esse vai à luta e mostra a cara.

Grampos ilegais têm sido comuns no Brasil

Escândalos recentes, como o da compra de votos da reeleição e o das fitas do BNDES, que atingiram Luiz Carlos Mendonça de Barros e Ricardo Sérgio de Oliveira, partiram de grampos não referendados pela Justiça

19 de Julho de 2011 às 12:57

Por Claudio Julio Tognolli_247 – Um dos axiomas básicos da bioética bem que pode servir de esteio para o jeito com o qual o jornalismo brasileiro tem lidado com os grampos ilegais. Na medicina, costuma-se dizer que o médico faz uso da “ética conseqüencial”: vai fazer tudo o que for possível desde que a conseqüência última seja salvar o paciente. O jornalismo dito sério, e digamos com alguma ductibilidade ética, costuma vindicar que de tudo fará desde que o assunto seja de interesse público.

Não estamos irremissivelmente a salvo do uso de grampos tidos e havidos como ilegais. Mas, sem ter feito uso dos axiomas da bioética, o jornalismo brazuca sempre defendeu o uso de escutas ilegais quando elas serviam para a oxigenação da democracia. O leitor pode ver com desconfiança a vasta defesa que nosso jornalismo fez dos grampos ilegais. E pode achar que o jornalista que os defendeu tem algo parecido com Veiga Filho, o editor e personagem do escritor Lima Barreto, que escrevia e publicava no jornal, ele mesmo, as críticas sobre as suas poesias.

Causará arrepio a um jurista o que se segue: mas a publicação de dois grampos ilegais fez muito bem, obrigado, à democracia brasileira. Vejamos dois casos: a compra de votos para a emenda da reeleição do ex-presidente FHC e o caso dos grampos no BNDES. Os autores, respectivamente, Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, e Guilherme Barros, ora no Portal IG, foram fulminados, “faute de mieux” pelos patrulheiros da ética. Alegava-se que a Constituição do Brasil estava sendo rasgada quando a imprensa resolvia publicar fitas em que o repórter não participava da conversa. Mas o fato é que sem o trabalho de Rodrigues e Barros o Brasil teria sido um país pior.

A Folha de S. Paulo chegou a publicar “n” editoriais defendendo o uso do grampo ilegal. E, a 14 de maio de 97, a Folha de S. Paulo publicou a seguinte petição de princípios. “A Folha recebeu anteontem à noite novas gravações a respeito da venda de votos a favor da emenda da reeleição. Mais detalhadas, essas conversas envolvem agora integrantes do governo federal. Além do deputado Ronivon Santiago (PFL-AC), outro parlamentar conta a mesma história da venda de voto. É o deputado João Maia (PFL-AC).

A pessoa que realizou as gravações, identificado apenas como ”Senhor X”, forneceu à Folha todos os detalhes sobre as fitas. A reportagem sabe quando, como e em quais circunstâncias as fitas foram gravadas. Essas informações não serão divulgadas para preservar a identidade da pessoa. Como na reportagem de ontem, os trechos apresentados hoje também fazem parte de gravações realizadas ao longo de vários meses, em diversas oportunidades.

Essas conversas ocorreram todas depois da votação do primeiro turno da emenda da reeleição na Câmara dos Deputados, em 28 de janeiro passado. A seguir, a Folha selecionou os trechos mais relevantes das novas gravações, precedidos de uma breve explicação”.

Os grampos do BNDES que derrubaram, em 1998, o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e parte da cúpula do banco, por ocasião da privatização do sistema Telebrás. Foi graças a Guilherme Barros que o Brasil soube que “Mendonção” articulava para botar na telefonia brasileira a Telecom Italia –que, agora, é investigada por ter injetado 120 milhões de euros em serviços de espionagem, inclusive no Brasil, para fulminar seus concorrentes.

Hoje Rupert Murdoch está sendo julgado. O escândalo dos grampos a envolvê-lo se tornou conhecido pelo mundo a partir do caso de Milly Dowler, uma garota inglesa de 13 anos que desapareceu em 2002 e teve suas ligações grampeadas pelo News of the World. Depois, Milly foi encontrada morta e o caso das escutas de suas ligações levou à demissão de Rebekah Brooks, que trabalhava como chefe de reportagem do News of the World na época.

Temos uma diferencinha fundamental do modelo brazuca: Murdoch empregava policiais, pagava pelas fitas –e os assuntos que bisbilhotava não tinham interesse público.

Se me dessem uma fita de interesse público, ilegal, e pela qual na houvesse nenhuma transação financeira a envolver este repórter, eu publicaria, é óbvio. Aliás: foi neste pensamento que publiquei, na Folha de S. Paulo, no Notícias Populares, e mandei ao ar na rádio Jovem Pan, a fita que abriu a CPI da Nike. Nela o jogador Edmundo contava como a Nike escalava a seleção do Brasil. Ganhei a fita de presente. Era e voz do Edmundo. Tanto me bastou.

Sem a ética conseqüencial da medicina, nosso jornalismo iria mal. E o país, pior:

Conheça abaixo a história da minha fitinha:

http://veja.abril.com.br/190898/p_096.html

Eu já disse que, para mim, “politicamente correto” demais é o refúgio dos imbecis. O super Tognolli também acha. Veja a estreáia dele como colunista no novo jornal BRASIL 247. Vale a pena!

seção “graças a deus ainda temos pensantes”

365 degraus

Um estudante tuitou que não gostava do ator Lázaro Ramos. A patrulha politicamente correta o obrigou a se ajoelhar

CLAUDIO TOGNOLLI

Um fantasma ronda as redes sociais: o politicamente correto. Um aluno viu-se em apuros, semana passada. Tuitou, veja você, que não gostava do ator Lázaro Ramos, desde a primeira chupeta. Tanto bastou. Esteve sujeito a ódios fulminantes e surtos idem de retuitadas brutais. Teve de pedir desculpas, em público. E, olhe, meu aluno, mulato, chorou até os olhos arderem como tocha olímpica. Milita em ONG. Reza de fazer beicinho. Mas teve de ficar de joelhos foi pro Twitter. Uma única tuitada, fatal, levou-o a uma “zona cinzenta”, como se diz muito no RJ agora, em que teve de fazer concessões ao politicamente correto. Refere que preferia ter descido os 365 degraus da Igreja da Penha, de bermuda Saint-Tropez, a ter tido de pedir as desculpas.

Em 1986 encontrei-me em São Paulo com Jim Davis, pai do Garfield. Referia um indisfarçado nojo pelo politicamente correto. “O humor nasce da diferença. Garfield zomba do Oddie porque são, antes de mais nada, diferentes. Se você é cinza e eu azul, nada mais natural que um zombe do outro”. A refusão do politicamente correto, agora, é um “ersatz” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ersatz,) uma meia-confecção, substitutiva de outras pragas dos anos 50 do século 21: o realismo socialista, na ex-URSS, e o Código Breen, em Hollywood –que proibia filmes com finais irreparáveis para o Departamento de Estado. O que o camarada Andrei Jdanov fazia a pedido de Stalin (proibir as artes que depusessem contra o realismo do homem perfeito socialista) era o escrito e escarrado que o Código Breen fazia nos EUA sob o marcartismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Andrei_Jdanov Afinal o mundo bipolar não poderia permitir imperfeições no mais abismal mistério de suas criações: o cidadão perfeito.

Esse novo realismo socialista, esse novo Código Breen, tenciona, retilineamente, apagar a crítica, o sarro, o desbunde, sob algumas tecnicalidades do nacionalismo. Chegará o dia que lixeiros nos processarão se não os chamarmos de engenheiros sanitários. Lazanhas demandarão serem chamadas de “pratos em camadas”. Brancos desocupados, e racistas de fato, processarão os negros que os chamam de “White trash” (http://pt.wikipedia.org/wiki/White_trash)

Não é para menos que Einstein disparou há 80 anos “Se a minha teoria da relatividade estiver correta, a Alemanha dirá que sou alemão, e a França, que sou cidadão do mundo. Mas se eu estiver errado, a França sustentará que sou alemão, e a Alemanha garantirá que sou judeu”.

Biologismo e Vampiros

Junto do politicamente correto, veja você, duas novas febres, retrospectivas, pintam por aí: a crença cega nos sistemas matemáticos aplicados ao corpo humano e a febre por vampiros. As descobertas ligadas ao DNA têm gerado manchetes e manchetes, como uma do ano passado: “Descoberto o gene do xixi na cama”. Seres humanos, como a meteorologia, como a economia, são sistemas abertos. Portanto imprevisíveis pela base dos algoritmos. Dizer que você tem o gene do homicídio não te torna um homicida. “O preço da metáfora é a eterna vigilância”, nota Richard Lewontin, tardo-marxista e geneticista de Harvard. Muito cuidado, portanto, com a metáfora a dizer que nosso corpo é transparente e que nossos genes são chips. Segurar-se no biologismo, como resposta final, é a febre mais recorrente das classes médias economicamente incertas, notou Mikhail Bahktin, em “O Freudismo”, de 1927. Bom, se você quiser ler o meu doutorado sobre o tema, aqui você o encontra de graça:

http://books.google.com.br/books?id=ve4sxCAZWy4C&printsec=frontcover&dq=tognolli&hl=pt-BR&ei=GiV9TYnMHaaD0QHw2pjMAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CC8Q6AEwAQ#v=onepage&q&f=false

Sábado passado o cantor Lobão me informou que o inventor e gênio futurista Raymond Kurzweil http://pt.wikipedia.org/wiki/Raymond_Kurzweil acredita que, se viver mais 15 anos, poderá acessar as panacéias que o levem a viver no mínimo 150 anos. Pobre Kurzweil: deve ser horrível viver tanto quanto vampiros e ainda ter de aturar próteses genéticas que nos vendem a idéia de que nosso corpo é um sistema fechado, que não interage com o meio.

Por falar nisso, veja você , leitor das sagas de vampiros, a origem de toda essa trama. Em 1886 Robert Louis Stevenson escreveu “O médico e o monstro”. Todos nós, em essência, sugere a obra, temos escondido no fundo da alma, como um sapo de macumba, um dr. Hyde, um assassino dormente. Onze anos depois, em 1897, nadando na mesma febre, Bram Stoker escreveu seu Drácula, o original. A face de Drácula foi baseada, referia, Stoker, no rosto do “homossexual e apedeuta” Oscar Wilde. Drácula, indica a obra, é um degenerado que vem da Europa Oriental. E não espanta que, na mesma década em que imigrantes dessa parte da Europa invadiam Paris e Londres, a primeira grande vítima de Drácula seja a noivinha londrina Lucy Westerna ( um trocadilho entre “lux”, luz, e “west”, ocidente). Ou seja : o conde imigrante e degenerado, com a cara do viadão Wilde, vinha sugar o sangue da luz do ocidente…

É óbvio que o populacho patrulheiro do politicamente correto não tem massa cinzenta suficiente para detectar que as novas ideologias, refinadíssimas, não são tão novas, e nem tão frontais – geralmente, comem pela borda, são ladinas, enviesadas, cantam a ladainha pela borda da orelha, pelo trompe d’oeil…Prepare-se, você também, para descer os 365 degraus da Igreja da Penha de bermuda Saint-Tropez.

http://www.brasil247.com.br/pt/247/midiatech/193/365-degraus.htm

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