ARTIGO – Epidemias no Barco Brasil. Por Marli Gonçalves

Atenção, atenção! Várias epidemias nos mais variados graus se espalham vigorosas pelo país sem que as autoridades tomem providências. Em alguns casos, as autoridades até ajudam ampliar a contaminação. Oposição também é responsável pela contaminação continuar se espalhando mesmo depois da sua fragorosa derrota por incompetência, para buscar justificá-la. O bom senso já está em falta no mercado.

Vacine-se enquanto é tempo. Busque ajuda. Busque abrigo entre amigos com quem ainda possa conversar, se os tiver, escolha aqueles que escutam e argumentam com base em fatos. Afaste-se imediatamente dos teimosos que teimam que o WhatsApp é a melhor fonte para se banharem e dos que parecem não ter mais jeito, não querem mesmo se curar nunca mais. Vão cegos, até bater a cabeça na parede desolados quando descobrirem o tempo que perderam por pessoas que não mereciam sua idolatria. E se acaso mereciam, todos descobriremos juntos só bem mais adiante.

À esquerda, se observarem, depois que o jato lavou, há muitos que conseguiram a cura depois de saber dia e noite, todo dia, durante os últimos anos, de algum desvio do grupo da igreja, ops, partido, ao qual pertenciam. Quase perda total. Mas ainda há seres a resgatar também desse outro lado do rio. Tentam nadar até a margem a cada delação que é divulgada, ou quando nem eles acreditam mais nas bobagens que seus dirigentes fazem, como por exemplo viajar para adular ditaduras falidas.

 Para identificar os atingidos pelo vírus “iniuriam rei publicae” (Equivocado político): são aqueles que de um lado e de outro pregam ódio dia e noite, demonizam artistas e a cultura, detestam jornais e jornalistas que descobrem malfeitos, atacam e ameaçam a torto e direito quem ouse discordar de seus adorados gurus. Grande parte deles pode ser encontrada nas redes sociais, onde procriam.  Lá, nem mais tanto se preocupam com anonimato, e têm prazer em agir, com posts e imagens, mãos pesadas não lavadas que a tudo compartilham – incluindo as informações falsas distribuídas por robôs blocks. Os mais afetados, perceba, costumam desejar a morte de seus oponentes, depois de xingá-los com todas as pechas possíveis; as mais preconceituosas, as preferidas. Detalhe: a maioria faz essas propagandas sem ganhar nada, e costumam bater no peito por isso, se achando o máximo. No Twitter, o novo prazer de certos soldados é “subir” à exaustão hashtags bobas comandadas por um ex-músico que considero já foi genial, mas infelizmente nos abandonou para sempre. Ficou bobão, tontão, cabeção.

Algumas das epidemias registradas: deselegância e incapacidade de mínimo raciocínio, grossura ao nível máximo, preconceito e moralismo barato com cara de inveja e arrependimento, ou do que até já fez, ou do que adoraria fazer, mas não tem coragem, com gotas de covardia.

Já se observa também claramente uma nova cepa: os que dependendo do momento, mudam de opinião sobre fatos. Exemplo: tem hora que o Ministério Público é tudo de bom, todos heróis; em outra, usurpadores, sabotadores. O mesmo acontece com juízes do STF, que variam de anjos a demônios com espantosa velocidade. Outro exemplo, o Grupo Globo, especialmente a tevê. Essa se alterna entre os lados, como a mãe de todos os males, conspiradora aliada de outros grupos de comunicação, ora de “direita”, ora “comunista”.

De positivo informamos que epidemias, no entanto, são transitórias. Tendem a virar endemias, mais controladas, localizadas apenas em algumas regiões. O pior cenário é se virarem pandemias, quando se espalham pelo planeta. E já há focos, graves, em formação, e que podem ser encontrados em todos os continentes, inclusive bem perto daqui.

Tentemos uma cura rápida. Porque como o barco é o mesmo, não adianta gritar “Salve-se quem puder!”. Ele adernaria de vez.

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Marli Gonçalves, jornalista –  Sem choro nem vela verde e amarela.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Brasil, 2019

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ARTIGO – Sobre os pequenos e os grandes poderes. Por Marli Gonçalves

Sobre os pequenos e os grandes poderes

Por Marli Gonçalves

poderTerremoto! A terra política – molhada, lama grossa – se dissolve sob os nossos pés. Entreolhamo-nos inquietos perguntando o que vai ser, quem é que pode saber, sabe ou saberá de alguma coisa, uma luz que seja. Os pequenos poderes se mantêm; os grandes se dissolvem. Temo os médios, do que serão capazes

Nesse momento estou às voltas com os tais pequenos poderes, com os “bozós”, com normas e o fantástico Sistema que impõe regras inacreditáveis seguidas cegamente por esse povo invisível – transparentes só até que precisemos circular entre eles. Em um hospital, por exemplo, acreditem, estão presentes em todos os cantos – até mais que médicos e enfermeiras. Estão em todos os lugares, uniformizados, terceirizados, servidores públicos e privados, alguns até armados.

Já os grandes poderes carregando seus egos enormes e que protagonizaram as cenas dessa semana não fazem outra coisa senão justamente aparecer fulgurantes dia e noite arrastando suas plumas e movendo mundos e fundos para puxar a sardinha cada um para o seu lado. Ou escapar das ondas do tsunami que se avizinha.

Os pequenos poderes, por sua vez, são subalternos, cumprem ordens e comandos – que citam como razão argumento e repetem como autômatos. Eles não sabem o que é lógica. O perigo é justamente de onde vêm essas orientações. Porque é só com elas em punho que eles, esses pequeninos, crescem, se acham importantes, implacáveis, legalistas. Atacam.

Por outro lado os Poderes com maiúscula – Legislativo, Executivo, Judiciário –têm se estranhado como nunca, fazendo borbulhas, um tentando afogar o outro, empurrando a cabeça para dentro d`água. Tudo executam sorrindo, fazendo mesuras.

Nessa terra molhada com o nosso suor, chão inseguro, movediço, estranhamento, o que vemos é que a cada movimento brusco afundam todos. Nos levando junto. Protagonistas e figurantes.

Fosse um filme faroeste seriam balas e flechas zunindo para tudo quanto é lado no Planalto Central. Fosse um filme de guerra daria gosto de ver os aviões abrindo suas escotilhas e atirando bombas de delações premiadas, lançadas e chovendo também sobre todas as cabeças premiadas, só não se sabe até quando com a coroa.

Todo mundo manda. Ninguém obedece. Ou obedeceria quem tivesse juízo, diz o dito popular. O mais engraçado está em um tentando mandar no outro, os grandes, e de onde estão saindo as faíscas maiores e mais perigosas no momento em que tanto combustível está jogado no chão.

Repito: temo os exércitos invisíveis dos pequenos poderes e do que serão capazes os seus comandantes ainda tão toscos e primitivos nesse país que não consegue se desenvolver sem tropeçar. Temo os grandes poderes que embaralham as cartas e não sabemos quais escondem nas suas mangas, sejam togas ou ternos.

Nos lembra muito uma canção, de Chico Buarque: O que será, que será? Que todos os avisos não vão evitar/ Por que todos os risos vão desafiar… O que será, que será? Que andam suspirando pelas alcovas/Que andam sussurrando em versos e trovas/Que andam combinando no breu das tocas/Que anda nas cabeças, anda nas bocas?… O que não tem governo nem nunca terá/ O que não tem vergonha nem nunca terá?…

_____________geniOS DO PODER_______

20160813_143252Marli Gonçalves, jornalistaImprensa, uma profissão que até já foi um Poder. Agora só registra o estouro dos fatos que deixou passar debaixo de suas barbas por tanto tempo, durante tão longos anos.

São Paulo, 2016, o ano que estica suas sombras

ARTIGO – Clique aqui. Por Marli Gonçalves

magic-buttonAperta lá. Passa o dedo. Deslize para abrir. Clic,clic,clic. Nossa vida virou um enorme clicar, apertar, acessar, deletar. Inventar senhas doidas, alfa alguma coisa misturada com outra. Um novo mundo se desenvolve à nossa frente, tentando controlar tudo. Saudades do tempo em que a gente apenas não sabia onde estava o controle da tevê, aquele que ainda teima em se esconder no buraquinho do sofáani-cl~1

O cão late, um gato mia, o galo cacareja, toca um trecho de uma música boa para cortar os pulsos, assovios, canto de passarinho, vozes de new personalidades como o Cumpadi Washington (“Sabe de nada, inocente!”), fora os sambinhas e outros sons, alguns bem bizarros. Viraram todos parte de nosso dia a dia, em celulares que agora não mais só tocam para que se atenda, essa coisa simples e tão ultrapassada. Tem o som do Whatsapp, da mensagem SMS, da mensagem do Twitter, do Facebook, do e-mail. Virou uma farra ensurdecedora, que chega a ser engraçada quando, por exemplo, se está em uma reunião. E para decorar o que cada som quer dizer? Fora os toques diferentes escolhidos para contatos especiais.

asdf-pointless-button-oLi que as mulheres estão até adquirindo queixo duplo de tanto ficar com a cabeça baixa, atentas à telinha. Ainda não vi nenhum cálculo sobre o número de mortes por atropelamento ou acidentes causados pela distração com as maquininhas, mas os números já devem ser grandes. Sinceramente: fico doente quando estou com alguém desse tipo, que não larga o celular. Dá vontade de ir embora e telefonar depois, xingando, é claro; só assim a pessoa te ouviria mais atentamente.

Temo que além dos queixos duplos, possíveis acidentes, logo logo a humanidade perderá as impressões digitais, gastas, a começar pelos polegares. Já o indicador vai ficar todo gasto primeiro nas laterais.

Estamos todos teleguiados. E não sei se é bom ou ruim, antes que me pergunte. Apenas estou constatando que não dá para contar o número de vezes que, por dia, clico aqui, deslizo lá, para saber mais, ou para ligar alguma coisa. Também é cada vez mais complicado ficar longe do computador, mesmo que por algumas horas – você pode estar perdendo a transmissão online do fim do mundo e não fica sabendo. E o sentimento de culpa?

clickhereMas não é só dos celulares que estaremos falando – inclusive, por favor, alguém aí pode me ensinar como se comunicar pelo IPAD e o escambau igual fazem tão fácil nas novelas? Tipo telefone com imagem, você conversar vendo a pessoa? Acho lindo, mas não há Cristo que me faça acertar o tal Facetime.

Voltando: é ou não é? Reparei que há uma invasão de controles remotos. Os fios estão sendo assassinados, mas agora tudo se controla também digitalmente, até o choro do bebê – outro dia ouvi falar de um aparelho celular com aplicativo meigo que toca música clássica à distância na tal babá eletrônica. Pensa só que você abre e fecha portões, põe comida no microondas, se for rico abre a porta de casa naquelas fechaduras sem chave, pode ver o que acontece em casa via câmeras, apagar e acender luzes. Já vi uma banheira com a borda toda cercada de botõezinhos e rapidamente surgiram celulares vibradores, vibradores – bem, você entendeu para o que serviriam. E se já achava o máximo a ideia de ter um despertador que sai voando pelo quarto obrigando que o sonado ser comece o dia empreendendo uma caçada, agora a coisa já foi ainda mais longe.

robotTem padaria usando drone, as pequenas geringonças não tripuladas, aeronaves para o delivery de pão quentinho. E tem drone andando por aí fazendo cada coisa! De entregar drogas e armas em penitenciárias a fotógrafo aéreo de casamentos ou até, inclusive, substituindo os jornalistas em protestos. De qualquer forma devem sair bem mais baratos que os helicópteros de onde ultimamente vêm sendo feitos os relatos para a tevê. Gostaria de lembrar que talvez um binóculo também possa voltar a ser um bom acessório para os repórteres.

Eu sei que, sorria, você está sendo filmado – as câmeras nos prédios, ruas, shoppings, bancos, apontam para você, algumas até intimidadoras. Sei de muita gente que tem umas instaladas na porta de suas casas, mas “frias”, não estão ligadas a nada, serviriam apenas para assustar meliantes, de quando em quando se mexendo e piscando uma luzinha vermelha. Tem de tudo. Compra lá na 25 de Março.

0036Tem tanto de tudo que agora inventaram mais uma: os cabos eleitorais robôs que vivem infernizando e empesteando as redes sociais. Cada um deles tem nome, falso, perfil, falso, e até imagens, falsas. As ideias e opiniões, plantadas. Capaz até de eu ter alguns amigos robôs, que confirmei amizade, e não estou sabendo. Vai ser um inferno até o final do ano. Onde compra? Pergunta lá no Posto Petrobras.Animated_video_camera

Mas também vou admitir que nada nunca superará o ser humano. Já tem um monte deles, regiamente pagos, funcionando como controles remotos por aí, defendendo com argumentos absolutamente inacreditáveis cada bobagem que é dita lá pelos lados do Planalto. E vem surgindo , reparem, outro tipo que para não ser chamado (ou xingado) de petista, petralha, escreve como se fosse gente boa, mas querendo calar quem ousa se opor ao Grande Guia e, principalmente se for personalidade, dá entrevistas sobre a sua visão do que está acontecendo no país.

robot-animated-machine-mechanical0robotComo podem falar mal de um lugar onde está tudo tão bem, educado, saudável, bem dirigido, em desenvolvimento, só progredindo, honesto, com estradas, aeroportos, portos, e o que é melhor, com a bola rolando? Ôôô, gente má, não?

São Paulo, 2014, 30 anos depois do Grande Irmão de 1984.

Marli Gonçalves é jornalista Procurando aplicativos que detectem sórdidos. Economizando para comprar um “Google Glass “de Sol, para preservar a íris, que em breve deve substituir o clique aqui pelo olhe aqui, para abrir e fechar portas e outras coisinhas.

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