#ADEHOJE – DE PRINCESAS E SAPOS QUE ENGOLIMOS

#ADEHOJE – DE PRINCESAS E SAPOS QUE ENGOLIMOS

SÓ UM MINUTO – A gente fica daqui encantado com a história de Megan e Harry causando na monarquia britânica. Nada como acompanhar história de príncipes e princesas. Aqui a gente só tem sapos para engolir. Hoje eu destaco a série de acidentes de carro assassinos, de assassinos que bebem, ou usam drogas, ou ambos e dirigem. Um encheu a caçamba de gente e capotou. O outro, um maluco cheio de lança-perfumes na fuça, invadiu um lugar onde havia uma festa, matou uma criança e ainda feriu um monte de gente. Teve mais. É hora de parar.

Outro sapo foi a declaração do infeliz oficial da PM-BA (Polícia Militar da Bahia) que afirmou que uma vítima de estupro de 19 anos, também assaltada. Ele disseque a menina “assumiu o risco” por estar sozinha andando na praia de Itapoã, um dos maiores pontos turísticos de Salvador.. Acreditam? #chegadeviolênciacontraamulher

Outro destacão de hoje foi a indicação do filme Democracia em Vertigem, dirigido pela jovem cineasta Petra Costa e distribuído pela Netflix, ao Oscar 2020 de melhor documentário. O filme cobre o impeachment de Dilma. A história começa a ser contada a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e segue analisando a posterior crise política no Brasil que deu no que deu, no que vivemos hoje. Do sapo barbudo ao Bolsonaro dedos de pistola.

 

#ADEHOJE – LUZ DE GRAÇA? VOCÊ PAGA OS VENDILHÕES DOS TEMPLOS

#ADEHOJE – LUZ DE GRAÇA? VOCÊ PAGA OS VENDILHÕES DOS TEMPLOS

SÓ UM MINUTO – Está saindo do controle – a forma agressiva de manter o poder do presidente e seu núcleo mais xiita – e é preciso que isso pare antes de resultados desastrosos. Os vendilhões dos templos, que abusam das crendices, da ignorância, das necessidades reais de um povo.

O que não dá para se conformar é como que ainda tem quem ataque os jornalistas que apontam as mazelas, contradições, projetos estapafúrdios deste governo. Lembrem que também apontamos e denunciamos as ideias e erros – e foram muitos – de Lula, Dilma, Temer et caterva. O problema é que esse governo atual está batendo recordes e se imiscuindo em questões pessoais, particulares, de comportamento. Tentando impor uma moral religiosa e indo contra tudo o que prometeu. Porque o que estão tentando fazer também se chama corrupção. Ela vem disfarçada de comportamento, de religião, com a cara lavada no país a cada dia com mais miseráveis nas ruas.

Escuta essa: o presidente Jair Bolsonaro quer conceder subsídio na conta de luz para templos religiosos de grande porte. Óbvio que para beneficiar especialmente os amigos evangélicos – na verdade, Edir Macedo, o alvo principal da medida graciosa. Tudo para conseguir apoio e coletar as quase 500 mil assinaturas necessárias para criar seu novo partido, o Aliança pelo Brasil.

Fiquem atentos. Nos ajudem também. BRASIL, PAÍS DE TODOS. Que ele reze, mas com seus próprios joelhos.

#ADEHOJE – NEYMAR, BOLSONARO, JUCÁ…AGRESSÃO OU ESTUPRO?

#ADEHOJE – NEYMAR, BOLSONARO, JUCÁ…AGRESSÃO OU ESTUPRO?

 

Só um minuto – Quando um presidente como Jair Bolsonaro, como se não tivesse mais nada de importante a fazer, sai do seu quadrado para ir à Câmara só para entregar um projeto de mudança de regras para a Carteira de Habilitação ( validade para dez anos e perda de carteira só com 40 pontos em multas)a gente tem de lamentar.

No caso Neymar, continuam tratando a mulher como se fosse a culpada sem que os fatos todos tenham vindo à tona. Foi agressão? É sério! Foi estupro? É sério. Não foi nada disso? Vamos ver. Por favor, parem de tratar a mulher dessa forma, uma coisa é o flerte; outra a consumação. É a cara do preconceito, será que não conseguem enxergar? Neymar nunca foi flor que se cheire.

Romero Jucá, aquele que esteve em todos os governos, e Sergio Machado, denunciados pelo MPF no Caso Transpetro. São os milhões de corrupção que saíram pelo ralo.

#ADEHOJE – SUICÍDIOS POLÍTICOS. VÁRIAS FORMAS

#ADEHOJE – PICADINHO DE NOTÍCIAS

#ADEHOJE – PICADINHO DE NOTÍCIAS

 

– O dólar subiu, a bolsa caiu e as crianças pararam de brincar de brigar, ao menos publicamente. Maia falou com Moro; Bolsonaro diz que está tudo bem com Maia…O ministro da Educação, o Vélez, na corda bamba. Damares fazendo as bobagens de sempre.

– Finalmente o reinado de Perillo em Goiás está sendo investigado. Hoje prenderam o ex-chefe de gabinete com dois milhões de reais em dinheiro

– Ditadura militar que querem comemorar: 132 VIAS COM NOME DE 31 DE MARÇO! Bolsonaro agora diz que era só para lembrar…Muito obrigada, mas quem esquecerá o horror que foram esses 21 anos?

– Barragens em Nova Lima e Ouro Preto entraram em alerta máximo por falta de declaração de estabilidade. Sirenes tocaram. Minas Gerais em pânico. Brasil em pânico.

– Assaltantes explodem Caixa eletrônico de hotel vizinho à residência do presidente, em hotel de luxo, do ladinho do Palácio da Alvorada

– 106 presos em operação de combate à pedofilia, em 133 cidades

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

 

SÓ UM MINUTO – O dia amanheceu quente hoje, e não só por causa das prisões de Michel Temer e Moreira Franco, pedidos expedidos pelo juiz Marcelo Bretas do Rio de janeiro, e para onde Temer foi levado. Logo cedo a PF estava nas ruas, em São Paulo e Alagoas cumprindo mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra acusados de emitir fake News e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Fora isso ainda há gente que parece que está cego e surdo – não conversa com o povo nas ruas – e ainda insiste em acusar a pesquisa Ibope divulgada ontem de mentirosa. Sim, gente, a aprovação ao governo e forma de Bolsonaro governar está despencando. Ele precisará colocar a economia para andar, se quiser deter essa sangria, mas até agora permanece no Twitter. E a equipe a nos fazer passar vergonha.

#ADEHOJE – BOLSONARO GELADO – E RASO – EM DAVOS. E O CARNAVAL DE SP EM RISCO

 

#ADEHOJE – BOLSONARO GELADO – E RASO – EM DAVOS. E O CARNAVAL DE SP EM RISCO

 

 

DOIS MINUTOS – Era para ser de 45 minutos e foi diminuindo. Jair Bolsonaro falou durante apenas oito minutos em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico. Fora frases curtas, telegráficas, dentro do esperado. Embora Bolsonaro aparentasse certa tensão, na sua primeira fala no exterior, terminou mais uma vez falando em Deus, no slogan da campanha. Na entrevista com o presidente do Fórum, buscou aparentar calma, embora visivelmente tenso. Repetiu a história do viés ideológico, que virou bordão. No discurso, citou Paulo Guedes, o super ministro da economia, e o chanceler Ernesto Araújo, Ministro das Relações Internacionais. Os temas gerais, os esperados: corrupção, economia, investimentos. Bolsonaro pareceu muito treinado a não se estender sobre os assuntos, e até tolhido. Bom que se livrou logo… Se posicionou como centro-direita. Esqueceu pra lá direitos humanos, minorias, imigrantes…

Por aqui em São Paulo, o Carnaval de rua está na berlinda. Não apareceu nenhuma empresa hoje querendo patrocinar, na abertura da concorrência. Estariam pressionando oo governador Joao Doria?

 

 

 

 

 

#ADEHOJE, #ADODIA – JESUS, GOIABAS, NOSSOS SOBRESSALTOS. 50 ANOS DO AI-5

#ADEHOJE, #ADODIA – JESUS, GOIABAS, NOSSOS SOBRESSALTOS. 50 ANOS DO AI-5

 

 

MINISTRA DAMARES ALVES JURA QUE JÁ VIU JESUS SUBINDO EM UM PÉ DE GOIABA. O VÍDEO CIRCULA POR AÍ. INACREDITÁVEL. OLHA SÓ: CRIME DE SUBVERSÃO DA ORDEM POLÍTICA. A PF, LÁ NO RIO DE JANEIRO, ATRÁS DE UM SUSPEITO DE IR CONTRA O BOLSONARO E VICE. A SEGURANÇA DO PRESIDENTE SENDO DETERMINADA COM RIGOR. NÓS, AOS SOBRESSALTOS COM REVELAÇÕES SOBRE ASSESSORES DO BOLSONARINHO FLÁVIO QUE REPASSAM E PASSAM SALÁRIOS COMO PASSA-ANEL. HOJE COMPLETAM-SE 50 ANOS DA DECRETAÇÃO DO HORROR DO AI-5. MAIS DE HOJE? PREFEITO DE MAUÁ, EM SP, PRESO NOVAMENTE; MINISTRO DO TRABALHO AFASTADO POR SUSPEITAS; MILICIANOS CAÇADOS NO ACUSADOS DE PARTICIPAÇÃO NO ASSASSINATO DA VEREADORA MARIELLE FRANCO E SEU MOTORISTA. JOÃO DE DEUS? SOB PRESSÃO, SE ISOLOU, INTERNADO EM UMA CHÁCARA DA REGIÃO. E A FILA DAS MULHERES COM DEPOIMENTOS ATERRADORES CONTINUA A PLENO VAPOR.

#ADEHOJE, #ADODIA – COM A CORDA NO PESCOÇO. PORQUE ESTAMOS ASSIM.

#ADEHOJE, #ADODIA – COM A CORDA NO PESCOÇO. PORQUE ESTAMOS ASSIM.

 

O EX-MINISTRO ANTONIO PALOCCI ABRIU O BICO MAIS UMA VEZ E ENROSCOU AINDA MAIS O EX-PRESIDENTE LULA NAS GRADES. ELE TERIA AVALIADO A MP 471, ASSINADA EM 2009, E QUE PRORROGOU OS BENEFÍCIOS FISCAIS CONCEDIDOS ÀS MONTADORAS INSTALADAS NAS REGIÕES NORTE, NORDESTE E CENTRO OESTE. TUDO POR DOIS OU TRÊS MILHÕESZINHOS DE REAIS PARA SEU FILHO LUIS CLAUDIO LULA DA SILVA QUITAR UMAS PENDENGAS QUE TINHA. ENTENDEU PORQUE A MISÉRIA AUMENTOU, AUMENTOU, AUMENTOU? O IBGE ONTEM DIVULGADOS DADOS QUE MOSTRAM QUE A POBREZA E A MISÉRIA AUMENTARAM ESPECIALMENTE ENTRE 2016 E 2017. O DESEMPREGO AUMENTOU E, AINDA, MAIS DE DOIS MILHÕES DE PESSOAS ENTRARAM PAR A LINHA DE EXTREMA POBREZA – GANHAM 140 REAIS POR MÊS PARA VIVER. E OLHE LÁ QUANDO GANHAM, COMO GANHAM. AH, O CONGRESSO TODO DIA SOLTA UMA BOMBA A MAIS PARA O PRÓXIMO GOVERNO: ONTEM LIBEROU GASTOS QUE ANTES ERAM CONTIDOS PELA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL.

Brasil, mostra sua cara. Mas com dignidade. Por Marli Gonçalves

Eleições, dias que deveriam ser de festa e hoje são de discórdia, como se os principais e visíveis problemas fossem sentidos só por uns ou só por outros. Violência e virulência, assuntos deslocados, mentiras pavorosas, egoístas hipocrisias religiosas e uma cordata ignorância entraram no campo onde todos perdem. E isso não é futebol que nos deixa tristes apenas por alguns dias

Eleições, dias que deveriam ser de festa e hoje são de discórdia, como se os principais e visíveis problemas fossem sentidos só por uns ou só por outros. Violência e virulência, assuntos deslocados, mentiras pavorosas, egoístas hipocrisias religiosas e uma cordata ignorância entraram no campo onde todos perdem. E isso não é futebol que nos deixa tristes apenas por alguns dias

Serão anos duros pela frente, haja o que houver, isso está muito claro nesse país que não só está dividido, mas cortado em pedaços arrastados e espalhados salgados e com gosto de fel pelos chãos de todas as regiões. As eleições deste ano marcam um dos períodos mais tristes que vivemos, pelo menos desde que vim ao mundo, e já são seis décadas. Ainda – ainda, repito, e que pare por aqui – apenas não comparável aos 21 anos de uma ditadura que nos feriu, censurou, torturou, matou, cortou as asas de nossa imaginação, deixando apenas um toco de esperança, e que mal ou bem vinha de novo se reconstruindo.

Está uma tristeza, um desalento. Mas do que isso, um processo de cegueira coletiva, surdez geral, insanidade e infantilização de costumes, busca de falsos heróis, falta de educação, gentileza, raciocínio, de comunicação interpessoal. Não tem graça alguma, mas tem quem se ache o máximo por apoiar uma pessoa que reúne as piores outras pessoas ao seu redor, com a pior família, além dos piores pensamentos, o despreparo, e que pode nos levar a situações insustentáveis inclusive diante do mundo hoje globalizado do qual dependemos economicamente.

Do outro lado, há os que surgiram impondo um candidato fraco, fracóide, querendo nos fazer de palhaços. E que não é ele, é o outro, mas o outro está preso, e ele atua por telepatia, sem vontade própria, sem segurança, sem qualquer condição. E sem pedir desculpas pelo mal que fizeram e nos levou ao ponto onde estamos. Para eles, a culpa é sempre “dos outros”, como sobreviventes de Lost. O avião caiu, mas eles o querem remontar só com peças velhas. Ainda assim batem no peito como vestais. Também são machistas e a real é que tratam questões de comportamento de formas muito duvidosas e claudicantes.

Onde foi que nos perdemos dessa forma? Para agora termos diante de nós duas forças tão perigosas? Para onde correr? Onde está a ponte?

Há quem diga que foi tanta corrupção aparecendo. Credite isso apenas à Liberdade, e jure fidelidade a ela. A corrupção sempre esteve aí, inclusive no tempo das fardas, mas não podíamos dizer, não podíamos saber, não podíamos falar, não podíamos escrever.

Há quem diga que a violência está espalhada. E está mesmo, de uma forma terrível, mas só piorará porque poderão ocorrer confrontos ainda mais violentos e não só entre bandidos e organizações criminosas, mas entre pessoas comuns babando de ódio como as que já estamos encontrando nesse momento, inclusive amigos que considerávamos e que agora vemos apoiando, aplaudindo a insanidade, de um lado e de outro.

Mas o Brasil não é uma laranja cortada, e nós não somos gomos. Aproveito esse espaço para um apelo emocional, de coração: não deixem imperar a ignorância. Nossos maiores problemas são comuns a todos. Parem de se infernizar e nos infernizar usando mentiras, desconhecendo a história, falando esse português ruim. Procurem saber mais sobre sistemas políticos antes de falar em comunismo, fascismo. Entendam melhor o que é a cultura, as características regionais, leis de incentivo, como funcionam. Abram os olhos, esfreguem bem, vejam: as mulheres e crianças vêm sendo as maiores vítimas da ignorância e do apelo à violência.

Mais: redes sociais não são a vida real. Não faça e não deixe circular informações falsas. A realidade já é bem terrível, não precisa ser piorada, e precisa da imprensa forte e livre para ser vislumbrada – não bata palmas para malucos dançarem. Sejam eles de esquerda, direita – não são socos de uma luta de boxe ou MMA.

Não podemos quebrar nossa cara, nem termos nossas orelhas deformadas fazendo ouvidos moucos para situação tão delicada.

Vivo dias angustiantes. Sei que não sou só eu que não sou nem de lá nem de cá, e que procura a tal saída dessa caverna pré-histórica em que nos trancaram. Para acharmos, o trabalho terá de ser coletivo, e teremos de nos dar as mãos. Firmemente. Sem traições.

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Marli Gonçalves, jornalista – Volto a repetir: solteira, sem filhos (e sobrinhos, etc.). E se me perguntar “E daí?” – direi que, veja só, estou me preocupando tanto com um futuro e que é meu por um tempo bem menor do que o das gerações que muitos de vocês estão criando nesses dias que se passam hoje e que por descuido estão esquecendo de ontem.

marligo@uol.com.br e marli@brickmann.com.br

Brasil, outubro 2018

ARTIGO – Buraco Brasil. Por Marli Gonçalves

buracoEu bem poderia escrever, sei lá, sobre rock n`roll. Ou sobre a possibilidade de enfrentarmos um grande e grave racionamento de água e energia. Ou sobre os constantes atentados na Europa ou mesmo sobre a bomba maldita voando sobre o Japão. Mas não dá. Sinto muito. Tem mesmo de escrever sobre o buraco cheio de lama em que estamos atolados por causa dessa gente, que agora, ainda por cima, deu de querer censurar as coisas. Tem de reclamar, alertar a todos que estamos vivendo momento perigoso, sombrio.

Que pobreza! Não merecíamos isso. Um país bonito por natureza, cheio de possibilidades, ficando para trás, cada vez mais trás, lá na lanterninha.

Sabe aqueles noticiários sobre inspeções surpresa que a polícia costuma fazer nas celas das prisões em busca de celulares, armas e drogas? Reviram os colchões pelo avesso, procuram túneis de fuga. Pois foi essa a exata imagem que veio à minha cabeça quando soube que mais um – mais um, dois, três, quatro, cinco, mil… – Ministro, desta vez o multimilionário Blairo Maggi, estava com todas as casas por onde passa sendo minuciosamente revistadas.

Repara que não está sobrando um, e isso não pode ser normal. Não é normal. Não podemos considerar normal, e acabar nos acostumando, o que aparenta claramente já estar acontecendo. Tudo quanto é presidente, ex-presidente, ministro, ex-ministro, mais os lacaios todos, os asseclas… Pior: os do passado, do presente, e os de um futuro que talvez até fosse possível, se é que deu tempo de pensarmos em alguém novo e capaz.

Ou, me diga, você ainda se choca com as cabeludas verdades, mentiras, mentidos e desmentidos todo santo dia? Confessa: com cada vez mais enrolados arrolados, já centenas de nomes, de empresas, pululam delatores, se perde boa parte da história. Resta esperar o capítulo do dia, que trará? Já nem sabemos mais exatamente sobre o que eles estão falando.

O país virou uma enorme Casa de Detenção. E passo a temer (não tenho nada que o verbo também seja nome do homem) que nessa toada poderá ocorrer rebelião.

E o linguajar? São detalhes que talvez você nem preste atenção, mas por conta até da profissão a gente aqui leva em conta, pega o detalhe.
Primeiro, não parece que ninguém queira comunicar nada. Ou estão querendo falar só mesmo com a meia dúzia que poderia vir a comandar essa rebelião ainda possível? Querem falar apenas a essa classe média que anda por aí batendo cabeça em grupelhos, e que estão parindo uns monstrinhos muito dos esquisitos? Que até de censura gostam. Que se alimentam de ódio? Que não entendem nada além do mundinho besta no qual se isolam, e vêm palpitar e nos tirar o direito de decidir.

Como disse, talvez você não tenha reparado, mas, por exemplo, a última nota da presidência falava em realismo fantástico, entre outras expressões pomposas num momento tão importante para quem diz que tem como se defender. Fala logo, não enrola! E o outro, o preso dos 51 milhões, que pede liberdade porque está com medo de ser estuprado? Isso o povo entende direitinho. Fico imaginando os comentários a respeito.

Momento esquizofrênico.

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Marli Gonçalves, jornalista – Comunicar é arte que se faz, mas só com sinceridade; senão precisa falar, falar, falar, para ninguém entender nada mas ficar achando que entendeu

SP, 2017
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ARTIGO – Banhos de água fria. Por Marli Gonçalves

Para a saúde, beleza, circulação – até para sexo! Se todo mundo soubesse quanta coisa a água fria faz de bem até pararia de usar essa expressão para falar de decepção, desilusão, ou de quando alguém estraga tudo o que nos empolgava. Tô boba. Mas na verdade vocês bem imaginam porque pensei nisso. Nesse nosso enorme banho coletivo de água fria, de chuveirada. Precisamos botar água na chaleira para ferver

A primeira vez que tive consciência do que era um banho de água fria foi na vida profissional, no Jornal da Tarde, idos dos 80. À época houve uma chacina, e sete jovens foram achados mortos à beira de uma represa. Um deles era um temido menor, de que alguns ainda devem se lembrar, Wilsinho Galileia, que vinha de uma estirpe de bandidos, Os Galileia, eram conhecidos e atuavam na região de Diadema, São Paulo. Entre os mortos, todos menores, a namorada dele, grávida, da qual infelizmente hoje não me recordo mais o nome; pouco mais do que 15 anos.

No Jornal da Tarde, histórias, gente, fatos, imagens, detalhes da vida, calor dos fatos, eram os ingredientes que o tornavam uma delícia diária de ver, ler, em textos escritos pelos que ainda hoje considero – e o são – mestres da palavra.

Mas, enfim, foi trabalho árduo de um dia inteiro conseguir detalhes importantes, alguns dramáticos, outros muito emocionantes sobre a vida da menina, a quem me coube construir o perfil. Seria uma grande matéria: abri a mala que ela havia deixado no abrigo, o que equivalia ali a conhecer todos os seus bens. O colega Fausto Macedo, por outro lado, levantava o perfil do mirrado e violento Galileia.

Já passava das dez da noite quando regressamos para a redação. Já batucava entusiasmada a máquina de escrever quando veio uma ordem de cima: a matéria não seria publicada. “Aqui não queremos o mundo cão” – era o recado seco que – lembro como se fosse hoje – me encharcou e nos deixou, eu e Fausto, arrasados.

As histórias nunca foram publicadas. Eu nunca perdi esse sentimento do banho de água fria. Com ele preparei-me para todos os outros tantos que viriam ao longo dessa vida, garanto que já não foram poucos de todas as águas doces e salgadas.

Tudo isso conto porque não achei maneira melhor de descrever o sentimento nacional que percebi essa semana com a tomada de algumas decisões do Poder Judiciário. A libertação de alguns presos por corrupção bateu muito pesado, impressionante notar. Estavam ali… rolando o desenrolar de um romance onde… os corruptos seriam todos presos, punidos e que o país num final feliz se reencontraria limpo e lépido… Mas explodiu o gerador. Acabou a luz. Caíram da escada. E veio o banho de água fria.

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Temos tomado muitos banhos bem frios na cabeça. Quando a gente acha que uma coisa vai, ela nem vem, quanto mais reformada. Agora deu outra moda, a dos mesmos de sempre mudarem – certamente por vergonha, os nomes de seus partidos, jurando que fazem isso pelo nosso bem com um blábláblá de fazer bicho preguiça querer correr. Notou? Livres, Mudamos, Avante, Podemos. Se fizer DNA vai dar consanguinidade.

Como uma de minhas missões é sempre tentar ajudar, finalizo listando algumas das qualidades que encontrei e alardeiam sobre o tal banho de água fria na real, vejam só. Melhora a irrigação sanguínea. Alivia as tensões dos músculos. Aumenta o brilho do cabelo. Previne a calvície e elimina a caspa. Serve para combater a depressão e ativa as funções cerebrais. Ajuda a despertar e por o organismo em alerta. Ameniza varizes. É afrodisíaco; em homens aumentaria a testosterona. Finalmente, e a minha preferida: eleva a autoestima, com benefícios mentais e emocionais. Por quê? O sentimento de vitória por ter conseguido tomar o tal banho de água gelada.

Fica a dica, porque as coisas ainda vão esquentar muito, e a energia, literalmente, pode acabar. Nós temos de ser vitoriosos.

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marli n a gabiMarli Gonçalves, jornalista – Na vida, a última ducha de água fria que tomei até agora me faz pensar se eu não devia ter devolvido. Me veio à cabeça mamãe falando: “Tá com frio? Bate o traseiro no rio!”

SP, 2017

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banho de água fria

 

 

 

 

ARTIGO – E agora, brasileiros? Que é que a gente faz? Por Marli Gonçalves

Está aturdido? Percebeu só agora a causa de o país estar nessa bancarrota, e nós bancarrotados? Na lista tinha nomes pelos quais você ainda juraria de pés juntos? Sinto muito. O que a gente pode fazer? Vamos ficar parados, só olhando, ouvindo, achando que tudo isso vai passar e o mundo estará livre de ratos?

O que os olhos não veem o coração não sente. Pois agora não só estamos sabendo, como ouvindo e vendo, em detalhes formidáveis, a roubalheira que parece não ter mais fim e que não temos noção de onde foi exatamente esse começo. Talvez quando nos orgulhávamos do tal “jeitinho brasileiro”. Ou quando começaram a aparecer de todos os lados ídolos de lama, salvadores da pátria, guerreiros dos trabalhadores, do povo, libertadores? Gente parecida com agentes de trânsito que só sabem de esquerda, direita. De uma vez por todas, presta atenção naquela máxima “quando a esmola é muita até o santo…”

Não podemos substituir o coentro pelo cheiro verde, como diria a natureba Bela Gil. Então eu te pergunto, porque também estou me perguntando, angustiada. O que a gente faz, objetivamente? Na prática?

Não quero ser chata, mas informo: primeiro, que vem mais, muito mais por aí, e as revelações serão depuradoras; segundo, que não será a Justiça – nem se ela tomasse anfetamina e de repente aparecesse toda lépida, ágil, e moralizadora – a resolver a pergunta sobre qual país estará saindo disso tudo, que direção tomar. Sozinho não anda.

Continuo vendo na tevê as mesmas caras de pau, com os mesmos bocas-duras, línguas de trapo, os mesmos partidos, com as mesmas cantilenas, como se não fosse com eles o assunto. Desmemoriados. Contra o soro da verdade que, parece, embebedaram os delatores executivos, um relaxante, antes que começassem a dar o serviço. Não posso ter sido só eu que detecto alegria e certo alívio nas declarações, naturalidade sincera, ironia cáustica e vingativa nos detalhes e nos apelidos. Ah, os apelidos! São um capítulo à parte. Definitivos. Eles pagaram, gastaram, mas também se divertiram. Extorquiram e foram extorquidos. Mas botaram no papel – até programa especial inventaram – tim-tim por tim-tim, até porque precisavam cobrar os préstimos. E negócio entre malandros tem leis especiais, fora dos círculos oficiais. Igual droga.

Uma amiga querida, muito querida, está tão indignada que não consegue pensar em outra coisa que não seja o degredo de todos eles, vejam só. Degredo. Lembra que há 500 anos Portugal mandou para cá tudo quanto é gente que não prestava, e que agora seria hora de devolver esses que parecem ser seus descendentes. Suei para explicar a ela que seria uma sacanagem com o local escolhido para largá-los. Como ela está muito brava, também deve ter pensado numa cela gigante, um dragão engolindo a chave.

O problema – e nisso ela concorda – é que nada disso resolveria a questão principal. Como salvar o país que derrete sob nossos pés? Esses envolvidos são lixo que não dá para ser reciclado, altamente infectados.

Como lidar com essa vergonha que nos assola diariamente, nos deixa tão atônitos que acabamos esquecendo que algo precisará mesmo ser feito qualquer hora dessas, e o momento é agora, now? As Organizações Odebrecht acabaram. O Rei pode ser deposto. Não sobrou nem a pedra fundamental.

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20170227_154333

Marli Gonçalves, jornalistaNão. Nunca vi nada igual. Hora que é bom ser como sou, sempre fui, meio do contra. Mas estou anotando todas as sugestões que me parecerem sérias, porque não dá para se acostumar jamais com tanta sacanagem. Lista delas.

Brasil, escandalizado, humilhado, na encruzilhada, 2017

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ARTIGO – Zum-zum-zum, pá-pá-pá, blá-blá-blá e os cricris. Por Marli Gonçalves

Clap, Clap, Clap. Tem gente investigando tim-tim por timtim tudo quanto é tipo de falcatrua por aqui e ali. Mas o fundo do poço nos parece infinito, uff! Ai ai, todo dia tem um plaft na nossa cara. Grrr…

Tchantchantchantchan. Cada amanhecer é uma surpresa sobre qual vai ser o Oh! que nos deixará a todos boquiabertos. Aí é se preparar para passar o dia inteiro ouvindo os desdobramentos do caso, ou casos, porque ultimamente eles se sobrepõem de uma forma tal que quando você pensa que está ouvindo falar sobre um assunto, já é outro. Não dá nem mais tempo de sair por aí com o fubá enquanto o outro já está chegando com o bolo pronto e o café no bule.

Mesmo para quem trabalha com informação, como é o caso de nós, jornalistas, a velocidade absurda e incontrolável da comunicação em tempos atuais chega a ser exasperante. Não dá tempo para assimilar, entender, ver todos os lados da questão para poder analisar e transmitir aos leitores uma impressão mais segura, consolidada, uma análise mais esclarecedora e que acredito é o que se espera de nós. Glub-glub-glub, estamos nos afogando no mar de acontecimentos, morrendo pela boca, fisgando iscas em anzóis.

Mas quem quer saber? É tiroteio verbal para todos os lados. Não é à toa que até as onomatopeias estão sendo trocadas pelos simpáticos desenhinhos de emoticons, imagens que acabam representando a nossa opinião bem mais rápido. Outro dia mesmo até o presidente aí, ao se vangloriar no Twitter da compra de aeroportos por grupos estrangeiros usou duas daquelas cornetinhas de festa lançando confetes. Fofo, né? Nós é que temos de fazer aquela carinha brava, vermelhinha de raiva, de smile, por assunto tão importante aparecer assim engolfado, espremido entre listas e novas denúncias e escândalos. Numa semana que teve uma absurda e mal amanhada greve geral (! Até parece!), protestos contra a reforma da previdência e até um sapo barbudo emergindo do lago cheio de lama – coach,coach,coach.

Toda hora é preciso explicar para alguém porque e como que é cada vez mais supérfluo o tratamento de alguns temas em momentos com esse. A gente precisa sempre fazer que recordem que o espaço, seja o de jornais, tevês ou rádios é o mesmo, e dentro dele devem caber todas as notícias. Incluindo as seções fixas, o resultado dos jogos, o horóscopo, as colunas cada vez mais numerosas, espaços e programas que estão dando para qualquer um falar ou escrever, bem barato, especialistas, cheios de opinião a favor ou contra, numa dicotomia constante, maniqueísmo do bem ou do mal, “tucanos” ou “petistas”. É tanto cricri que parece noite de verão com cigarras gritando até estourar os peitinhos.

Mais: dizer que a internet é gloriosa porque é mais condescendente com os espaços é bobagem, porque nessa loucura não dá mais tempo de ler tudo. É vapt-vupt. No Facebook já até foi cunhada uma expressão “lá vem textão”! quando alguém quer mais tempo de sua atenção para expor um assunto. (Cá entre nós, acredito que não funciona, e tem gente que sai correndo justamente nesse alerta).

Fom fom! Bi-bi! Quando é que conseguiremos um pouco mais de normalidade, andar para a frente, sem ouvir o ratatá da violência, o sentido sniff e ais das mulheres violentadas das mais diversas formas, o buááá das crianças massacradas?

Quando poderemos ouvir o trimmm do telefone nos chamando para trabalhar e não ter medo do ring, din-don e toc toc em nossas portas? Ouvir o tumtumtum de nossos corações apenas por paixões?

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Marli Gonçalves, jornalista Ah! Ah! Psiu. Chega de trololó.

Brasil, São Paulo, tsk-tsk, 2017

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ARTIGO – Procura-se. Por Marli Gonçalves

 

Prepare-se. Há uma missão a ser cumprida pessoalmente nas ruas. Não dá para botar anúncio. As cidades ficariam entulhadas de cartazes se pudéssemos neles expressar tudo o que andamos perdendo ou só procurando; aliás, precisando desesperadamente procurar. E achar, mais urgente ainda. Sem recompensa.

Procura-se. Um presidente. Não é para agora, já, assim tipo tão imediatamente. Ainda temos alguns meses, mas são poucos – calcula – dá pouco mais de 500 dias. E vamos precisar procurar em tudo quanto é buraco para ver se surge alguém que preste, novo, um quadro político sério que surja depois desse expurgo geral a que assistiremos esquentar a brasa nos próximos dias com a revelação do conteúdo das delações.

Surgirão detalhes, cenas dantescas, certamente degustaremos algumas muito saborosas quando envolverem nossos desafetos, aqueles que a gente sempre achou que tinham culpa no cartório porque já enxergamos escrito Culpado na testa deles, como uma estranha tatuagem invisível que aparece só quando se joga a luz.

Ouviremos falar de valores inimagináveis até para quem habitualmente os tem, mas que não saberiam usá-los de forma tão irresponsável e imatura quanto alguns dos corruptos, esbanjando, se melecando vergonhosamente. Saberemos detalhes de suas compras, suas viagens, e especialmente saberemos para o que foram pagos, o que foi que venderam, o que fizeram para nos prejudicar para ganhar tanto. Qual foi o preço todo.

Não vai sobrar pedra sobre pedra. Só temo que seja tanta e tão volumosa a informação que virá que pode se perder despedaçada por domesticados e vorazes lobos da informação. Já vi acontecer. Pior é que também não dá mais tempo dessa saga ser lançada em capítulos, porque não temos mais esse tempo mantendo a cabeça fora da água para respirar com ondas tão agitadas.

Assim, voltando ao megafone: procura-se! Povo perplexo procura. País saqueado procura. Gatos escaldados procuram.

Procura-se também, aliás, um povo mais atento em quem elege. Daí o apelo para ligarmos todos os radares em busca de novos quadros que ainda possam vir a ser burilados nesses poucos dias que nos restam até as próximas eleições de 2018. Não podemos deixar que só vivaldinos, figuras execráveis como essas se apresentem com seus discursos de ilusões, vingança, grosseria, lero-lero. Eles já estão pondo as manguinhas de fora, mesmo ainda com a roupa cheia de lama respingada. Não queremos mais olhos esbugalhados, moralistas, reacionários, militaristas, bocudos, aventureiros, moscas mortas, sem vergonhas.

Temos de ter alguma chance de encontrar alguém. Pelo menos um rumo.

Aí você me pergunta por que eu não disse primeiramente “fora homi”. Porque creio que isso não vai acontecer; se acontecesse já iria ser a substituição do ruim que ficou no lugar da péssima, sendo trocado pelo pior ainda, dada essa atual linha de sucessão que se impõe no momento.

Para o tratamento de emergência, no entanto, depois de colecionar as sandices ditas ultimamente pelo atual e empertigado presidente, sobre todos os assuntos importantes e fatos que necessitariam de sua atuação e compreensão, culminando nessa da mulher no supermercado e no lar, proponho uma solução. Esparadrapo. Ampla distribuição e orientação para que preguem em suas bocas, em X.

Em boca fechada não entra mosquito. É melhor prevenir do que remediar. Ladrão de tostão, ladrão de milhão. Sucintos e sábios ditos populares.prcura se

20170227_154333Marli Gonçalves, jornalista – Por onde começamos?

São Paulo, 2017

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Comprazer-nos-emos até quando? Por Marli Gonçalves

tumblr_n99zm3zxz61qmzkw1o1_400Eu tenho-me comprazido. Tu tens-te comprazido. Ele tem-se comprazido. Nós temo-nos comprazido. Vós tendes-vos comprazido. Eles têm-se comprazido. Comprazer, em pretérito perfeito. Comprazer, em todas as suas conjugações: exercitamos esse verbo essa semana inteira. Que está acontecendo? Estamos descontando neles nossos piores instintos?

Estamos. Estamos sim, e como estamos! Troçando com a nossa própria desgraça. Não deixa de ter explicação de alguma forma orientarmos nossa raiva para esses caras porque nos parece que se estamos nessa pindaíba é muito por conta desse tanto que o país foi roubado, saqueado. A gente já sabia ou desconfiava de vários deles. Mas agora eles estão sendo presos e expostos em praça pública como troféus de caça. Conheço gente que adoraria ter a cabeça deles empalhada pendurada na parede.

Está havendo exagero – não se pode ficar remoendo, incitando mais ódio do que eles até já merecem espontaneamente; não dá para ficar feliz com o que está acontecendo. Não tem sentido. Não faz bem para saúde. É cruel. Uma energia ruim. Embota os pensamentos, nos torna rudes, e já vem levando a atitudes fundamentalistas, reacionárias, intransigentes. Não resolve exatamente a questão.

Por exemplo, o Lula. Ele já está preso, não percebem? Imagina ele flanando lindo e maravilhoso fora dos domínios dos seus seguidores, que, aliás, estão cada vez mais escassos ou porque vêm se tocando ou porque já estão até presos mesmo? Não. Todos os amigos estão no círculo de fogo; de fora sobrou só o advogado, o seu compadre. Ele não pode ir mais a lugar algum sem que os fantasmas e as perguntas não respondidas o sigam bem de perto. Todos os dias lá pelas seis da manhã temer que a Polícia Federal faça toc toc em sua porta? – Acho estranha essa praxe da PF, meio maldade. Deve ser porque os pegam de calça curta, chinelão, remelinha, barriga vazia. Esposas sem maquiagem.

(Fico boba de ver que a Dilma é tão desimportante que vem dando sopa lá pelo Rio de Janeiro, e nem atenção chama mais; nem para ser acusada serve. O que lembra que sempre me incomodou muito a impressão que tínhamos dois, uma presidente eleita e um presidente operador, que ela expressamente cumpria ordens do tal grupo político agora desmantelado).

aplausMas, voltando ao nosso verbo, não te comprazas, não se compraza, não nos comprazamos, não vos comprazais, não se comprazam em ver as pessoas sendo esculachadas. Tá bom, exemplo: Sérgio Cabral preso, provas contundentes, tão cedo visivelmente ele não sai das grades, preso por dois (!) juízes, levantamentos completos de malfeitos. Ok.

Precisava ter sido divulgada pela polícia aquela foto dele com cabelo raspado, uniforme de presidiário? Que ele comeu pão com manteiga? Arroz com feijão? Eu penso que não. Se tivesse sido “descoberta” pela imprensa, tudo bem que reportagem é sagrada, mas aquela foto foi divulgada, dada, pela polícia! Ouvi uma jornalista dizendo que ele ”acessou” carne na hora do almoço.

Por favor, façam atenção. Isso não está certo. Não é sério. O próprio juiz Sergio Moro tem sido muito mais condescendente e quando assina suas ordens judiciais sempre ordena discrição e que o preso tenha os seus direitos garantidos.

Aquelas cenas do Garotinho se debatendo não fazem parte desse pito: são jornalísticas. Ele (e sua familinha esperta) nos deu de propósito, que aquilo não dá ponto sem nó. Valeu ver aquela teatral apresentação à beira da ambulância, perceber que ele mentiu obviamente com a ajuda de muitos para não chegar lá em Bangu, e o que, vejam só, acabou conseguindo – isso precisa ainda ser bem analisado. Que tentou subornar juiz, e que ainda vamos ver e saber muito de suas artimanhas. Com essas cenas, nós comprazemo-nos.

Comprazamo-nos, sim, mas quando vierem as soluções. Por enquanto o desmonte está só no começo. O que está ruim pode piorar porque estamos ligados também numa tomada global e aquele poste loiro que plantaram no país mais poderoso do mundo pode sim, infelizmente, nos trazer ainda muitas surpresas.

Pensando bem: esse lá é um cara que parece comprazer-se em ser desagradável.

aplausos

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20160813_143252

Marli Gonçalves, jornalista – Que nós nos comprazamos, mas no bom sentido da palavra.

SP, 2016, redemoinhos políticos

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Trabalhando ninguém ganha para esbanjar assim. Veja (CHOCANTE) como foi a festinha de 15 anos da filhota do Delcidio, em maio.

DA SÉRIE ACHADOS DA MARLI

OLHA SÓ O DESCALABRO, A CAFONICE , A OSTENTAÇÃO, A BANDEIRA, O DESPROPÓSITO DA FESTA DE 15 ANOS QUE FOI DADA PELO SENADOR DELCÍDIO AMARAL PARA A SUA FILHINHA.SÓ GASTA ASSIM QUEM NÃO TRABALHA PARA GANHAR. OU SEJA, VEJA A FESTA QUE VOCÊ PAGOU.

DO COLUNISTA FERNANDO SOARES, DO MATO GROSSO, TERRA NATAL DO SENADOR DELCÍDIO AMARAL, AQUELE QUE  SEMPRE FEZ CARA DE BONZINHO. E QUE ME LEMBRA UMA OUTRA HISTÓRIA QUE ESTÃO ESQUECENDO, A DO EX-FAZEDOR DE REGRAS DE GOIÁS, O EX-SENADOR DEMÓSTENES TORRES, AGORA APENAS EX-LADRÃO.

COMO SEMPRE DIZEMOS: DESCONFIE SEMPRE DE QUEM SE ACHA A MANDIOCA DA FARINHA.

ABAIXO O TEXTO – ABSOLUTAMENTE DELIRANTE SOBRE OS DELÍRIOS, AS LEGENDAS E AS FOTOS. LEIA COM ATENÇÃO E DIVIRTA-SE.

BRINQUE: LIGUE OS FATOS E AS FOTOS – LEGENDAS EM LARANJA
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OS 15 ANOS DE MARIA EUGÊNIA DO AMARAL

A icônica mansão que já foi palco da Casa Cor no ano passado voltou aos seus tempos áureos. Maria Eugênia Amaral, carinhosamente chamada de Gigi, celebrou seus 15 anos na casa que teria capacidade para abrigar os 700 amigos da família. Na noite de sábado, a caçula do senador Delcídio e de Maika do Amaral fez a noite mais vibrante e intensa dos últimos tempos. Noite esta que ficará marcada na memória social de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. Não apenas pela natural suntuosidade que sugeria a atmosfera, mas pela singular energia que emanava em cada pedacinho da festa. Parecia mágica. Num estonteante vestido, na parte de cima, inteiro em Cristais Givenchy, com saia em tufos de tule dourado com pastilha de paetês, confeccionado por Júnior Santaella especialmente para ela, Maria Eugênia parecia flutuar. Estava em casa, envolvida pela família, recebendo as amigas exatamente do modo como havia imaginado. À irmã, Maria Eduarda, foi entregue a missão de construir o espetáculo da alegria. Ao longo de um mês, a mansão vinha se transformando para ser um espaço dourado de 1,6 mil metros, inteiramente coberto em teto transparente, onde frondosas árvores naturais surgiam iluminadas na lateral do espaço.

Na entrada, painéis, com celebridades internacionais, revelavam que hollywood era ali. Em seguida, TVs de LCD trazendo alguns filmes clássicos como “Cantando na chuva” e “Os homens preferem as loiras”, e mais adiante 04 imensos lustres de cristal davam as boas-vindas aos convidados no salão. Tudo remetia aos desejos de Maria Eugênia. Centenas de orquídeas harmonizavam com minirosas pink. O mobiliário era assinado por Philippe Starck, em preto e suaves interferências em ouro. O cardápio de Maria Adelaide Noronha, do Yotedy, também impressionou em especial pelos ouriços de cream cheese com camarão e as tilápias ao duo de queijos e creme de limão. Foram mais de 120 garrafas de uísque Johnnie Walker e 240 de champanhe Veuve Clicquot. A moçada gostou mesmo foi do pizzaiolo do Faustão e das bebidas servidas com pouco teor alcoólico, que vinham nos drinks e shots. E dos barmen, lindos que vestiam smoking branco, todos do Help Bar, de São Paulo e Brasília.

Maria Eugênia ganhou surpresinhas ao longo da noite… Dentre elas, brincos, anéis e pulseiras de ouro e brilhantes. Depois veio o show, entrou em cena um dos mais eletrizantes DJs que já esteve em Campo Grande, Fabiano Salles, residente da internacional Pink Elephant Club. Ele segurou a pista até as seis horas da manhã, quando o sol ganhou a festa. Em tempo, Maria Eugênia trocou de roupa no meio da noite. O vestido desprendia a saia e se tornava próprio para pista. Decotadésimo e iluminado. A festa falava vários sotaques. Havia amigos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Maria Eugênia viveu uma festa, como sugeriu em seu convite baseado na calçada da fama de hollywood. Deixou aflorar toda intensidade de sua felicidade em poucas horas. Alegria pelo dia. Euforia pela ocasião. Disciplinada, detalhista e admirada, no sábado, ela dividiu suas glórias.

Maika, com as filhas, Maria Eugênia e Maria Eduarda, e o marido, senador Delcídio Amaral

Detalhe da festa, com pista de dança looootada

Detalhe para a ilha com salmão e caviar

Detalhes para a mesa de frios, com queijos importados

As habilidades do pizzaiolo do Faustão, Edmundo Vieira

A pista de dança foi montada em pastilha dourada de murano italiano

Os garotos do Help Bar, Felipe Rodrigues, Douglas Neis, André Coelho e André Del Negro, habilidade nos drinks
A charmosa aniversariante, Maria Eugênia Amaral, vestida em cristal Givanchy, do estilista Júnior Santaella

Presenteou cada um dos convidados com doses generosas de alegria. Enquanto todos dançavam, sorriam, cantavam, se abraçavam e brindavam, lá no fundo da alma, também agradeciam. Afinal, aquele momento era um grande show. Da vida.

Sabem quantos chefs prepararam os canapés? 06 chefs. Os convidados puderam escolher entre mais de 30 tipos de iguarias. Entre os pratos quentes, havia escalope de filet mignon ao molho de abacaxi e mel, purê de 3 castanhas (nozes, amêndoas e castanhas portuguesas) com um toque de tâmara, tornedores de pupunha grelhados na manteiga de sálvia, camarões da Escócia com purê de macaxeira e wasabi. Na parte de ilhas, havia a japonesa e as de queijos maasdamm, brie, além de foie gras e terrine de aspargos e muito mais.

A nobreza inglesa que me perdoe, mas aqui em Campo Grande essa festa da Maria Eugênia Amaral não ficou devendo quase nada ao servido naquele chamado “casamento do século”, que eles fizeram na Inglaterra. Não temos a Fiona Cairns, mas temos doceiras de primeiríssimo time e, quanto aos chefs, do Yotedy, em sua maioria são premiados nacionalmente, mas, como nobreza é nobreza, rendemos nossas homenagens. As fotos, com exclusividade da coluna, revelam um 15 anos digno de princesa, que será mostrado com mais detalhes durante a semana. Confira alguns flashes…

Esta mesa de 5,9 metros foi recheada de trufas, bombons feito pela Andressa

Assim ficou o salão, com móveis do Philippe Starckimage038 image039 image031 image033 image021 image035 image022 image024 image037 image032 image034 image030 image036  image025 image023

Uma panorâmica da festa, repleta de convidados

Aqui foi montada a temakeria para os jovens

A ilha japonesa, de Alberto Higuti

No hall de entrada, duas enormes esculturas do Oscar, simbolizavam que Hollywood era ali

Uma visão completa do salão

ARTIGO – Bravateiros e boquirrotos. Por Marli Gonçalves

whack_a_mole_revenge_by_mrdoctorunk-d62csw0Bobos. Só na letra B. Posso falar mais, descrever ainda melhor, e de A a Z. Fanfarrões, velhacos, papudos, embusteiros… Os carrapatos do poder – que não são o poder em si, vejam bem, não são – estão se movimentando para não desgrudar do corpo que os amamenta, onde estão atarracados com as perninhas grudadas. Resolveram tocar o terror. Teve até um gorducho celerado ameaçando irem para a “rua, entrincheirados, com armas na mão, se tentarem derrubar a presidente”. Brincando de bravo, brincando com o fogo, brincando com a língua solta. Vão fazer o quê? Dar bengaladas?

“Nós não vamos deixar”– ouvi essa semana, dito em tom ameaçador em um programa político pelo rádio, de um partido de esquerda que conheço bem, por um trecho da história que não vem ao caso agora. Sim, era um partido atuante, ligado à derrubada da ditadura militar, e no campo. Foi no braço, na briga, no perigo, armados, perdendo amigos, na guerrilha, na paz e na guerra, que todos fizemos a luta que matou a ditadura, há mais de 30 anos. Põe ano nisso. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Outra.

Por favor, que o momento é sério e não é para chistes, brincadeiras de criança malcriada. Estão se fazendo de bobos, ou o que? Estão fazendo muxoxo dos protestos por causa de que? Estão com medinho mesmo? O que é que ainda não deu para entender? Imaginamos, em um último voto de confiança, que não sejam tão burros assim; pelo menos em suas consciências.old people

Para você aí, cheio de medos e emburradinho, didaticamente, vamos desenhar e passar slides coloridos: não tem jeito. Os protestos são contra tudo mesmo, porque está tudo errado e toda a sociedade precisa ser reorganizada. A atual presidente mentiu para se eleger. Mentiu feio, cara de pau. Hoje amarga uma rejeição histórica, vinda também de mulheres que acreditaram que poderia ter sido diferente, esperavam sucesso. Roubaram nossa carteira, com documentos e tudo, juntaram muito dinheiro e se divertiram às nossas custas, do nosso ouro negro, e todos os dias dos últimos meses ficamos sabendo de coisas cada vez mais cabeludas. O tal partido dos trabalhadores se transformou numa fábrica de corrupção, e os grandes líderes estão ou já vão já-já para o xilindró. A política econômica, a política legislativa, as políticas públicas, parecem ser a dança dos malucos, esses sim atirando para todos os lados medidas inócuas ou assustadoras e sem planejamento. Aliás, falta de planejamento é a doença mais comum aos governantes de estrela no peito, veja São Paulo. Os sem estrela, mas com bico, também não estão nada bem em nenhuma fita. Estamos sem lideranças, andando para trás. Tem conservadores horrorosos e atrasados se criando, tal qual bactérias, fungos. Quer mais um parágrafo ou posso parar por aqui mesmo? Se liga! Vamos buscar uma solução. Elas existem.sport-graphics-water-skiing-619865

E aí vêm uns e outros garganteando. “Nós não vamos deixar”…

Vão fazer o que? – Pergunto de novo. Comprar balas usando o dinheiro do Fundo Partidário? Empréstimo consignado de servidor público? Mais vaquinhas que tossem? Assaltar bancos passando pelas portas giratórias? – lembrem que hoje próteses apitam. Jurar que a crise não existe, talvez seja um delírio coletivo? Hipnose? Vão misturar bolinhas de sabão na água? Ou vão continuar maltratados, usados apenas como escada, arrogância, porque é assim que o PT trata inclusive seus mais próximos? Por uns carguinhos? Cá entre nós, e que não nos ouçam, o partido (nossa esquerda…) não amealhou muita carne nova e não consigo mesmo ver vocês, lustrosos avós, pegando em armas. Vejam bem. Ela não gosta de ninguém. Não vale a pena não pegar o metrô da história.

Quando vamos às ruas, quando escrevemos, estamos guerreando sem armas, tirando a bunda da cadeira, se me permitem – sabendo que redes sociais ainda escondem a realidade. A apatia nos será altamente prejudicial – só se muda a direção com ventos mais fortes que precisam ser soprados. Ninguém quer golpe; mas a rota precisa ser retomada e para isso precisamos ir lá abrir o livrinho da Constituição, ver qual remédio pode ser prescrito, seguir a receita. E rápido.cowfax

O que a gente não pode é continuar calados assistindo apoios comprados com nossos dinheiros, bravatas ditas em encontros oficiais e sendo aplaudidas por uma aturdida presidente que não defende nem os seus próprios ministros. Se continuar fazendo corpo duro vai ter de viver em casulos como os que esfregou essa semana, falando abóboras para as trabalhadoras rurais, frases feitas e sem pé nem cabeça para as sociedades e instituições, organizadas, mas cada vez mais esvaziadas.

Finalmente, quanto a esse Vagner Freitas, da CUT, central sindical que infelizmente comanda minha profissão, no sindicato e na federação, anotei mais uns adjetivos para nomeá-lo: treteiro, pernicioso, nocivo, pernóstico, lesivo. De araque. Truco. E da próxima vez que não conseguir segurar a língua dentro da boca como fez essa semana, não tenta vir com esse lero-lero de dizer que usou figura de linguagem. É patético.

Crculovicioso.gif~c200São Paulo, agosto, 2015

Marli Gonçalves é jornalista Desculpem o mau humor, mas é que a paciência está se esgotando de ver eles insistindo, jogando na maledicência. Dizendo que quem não está com eles é que está errado. Fazendo churrasco na porta do homenzinho que qualquer hora dessas vai entrar pelo cano. E o chopp vai fazer espuma.

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MAIS UM! Zé Rainha, do MTST, se entortou. Pegou 31 anos e 5 meses. Leia as informações da Justiça Federal

07def-homematrasgradesJUSTIÇA CONDENA ACUSADOS DE DESVIO DE VERBAS EM ASSENTAMENTOS AGRÁRIOS
São Paulo, 23 de junho de 2015
A 5ª Vara Federal em Presidente Prudente/SP condenou o ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), José Rainha Júnior, a 31 anos e 5 meses de reclusão pelos crimes de extorsão, formação de quadrilha e estelionato, além do pagamento de multa. O réu foi investigado em 2011 pela Polícia Federal na chamada Operação Desfalque, que descobriu um esquema de extorsão de empresas e desvio de verbas destinadas a assentamentos agrários.
Na mesma ação também foi condenado Claudemir Silva Novais, acusado de ser um dos principais integrantes da quadrilha liderada por José Rainha. Claudemir teve a pena fixada em 5 anos e 6 meses de reclusão; 4 meses e 20 dias de detenção e pagamento de multa pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e favorecimento real (art. 349 do CP). Devido à concessão de um habeas corpus, os réus poderão apelar da sentença em liberdade. Em relação aos demais acusados, houve o desmembramento da ação por ocasião do recebimento da denúncia.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os réus agiam utilizando trabalhadores rurais ligados ao MST como “massa de manobra” para invadir terras e exigir dos proprietários o pagamento de contribuições para o movimento social. No entanto, interceptações telefônicas comprovaram que na verdade o dinheiro era desviado para os próprios integrantes do grupo.
Em abril de 2011, época em que foi realizado o movimento chamado “Abril Vermelho”, José Rainha teria cobrado e recebido de duas empresas do agronegócio, R$ 50 mil e R$ 20 mil, respectivamente, para não invadir e queimar as plantações de cana-de-açúcar mantidas em fazendas na região do Pontal do Paranapanema/SP e Paraguaçu Paulista. Em outra ocasião, pediu R$ 112 mil aos representantes de uma concessionária de rodovias, a título de “ajuda solidária”, ameaçando obstruir e danificar as praças de pedágio da empresa caso o pagamento não fosse efetuado.
Além disso, a organização também teria se apropriado de cestas básicas fornecidas pelo INCRA às famílias que residiam nos assentamentos, instituindo cobranças indevidas. Para ter direito aos alimentos, os réus exigiam que os trabalhadores rurais pagassem uma taxa por eles, sob a justificativa de ser o custo com o frete dos produtos. Claudemir Novais era o responsável por realizar essa tarefa utilizando os coordenadores dos grupos dos acampamentos.
“No caso dos autos, verificou-se o aproveitamento, pelo réu [Claudemir] e demais membros do ‘grupo de frente’, do comportamento ou das fraquezas das vítimas para lhe facilitar a prática criminosa. É dizer, o réu valeu-se do temor que incutia nas pessoas, em regra analfabetas e já fragilizadas pela sua atual condição de sobrevivência, para auferir vantagem indevida”, afirma o juiz federal Ricardo Uberto Rodrigues.
De acordo com a sentença, José Rainha valeu-se de sua condição de líder de um movimento socialmente legítimo para a prática dos crimes. A decisão acrescenta ainda que o réu aproveitou-se da exclusão social de seus seguidores para obter lucro pessoal. “A ganância desenfreada se mostra na realização de diversas ameaças ou invasões de terras, sempre com o objetivo de auferir proveito próprio”, afirma.
Para o magistrado, a atuação do líder da quadrilha reveste-se de maior gravidade por ter mobilizado um contingente de pessoas (inclusive mulheres, crianças e idosos), expondo-as ao perigo das invasões e submetendo-as à tensão dos conflitos agrários, tudo em nome do ganho particular. “Colocou-se, portanto, em risco, a vida e a saúde de diversas pessoas em nome de um objetivo mesquinho de ganho pessoal”, conclui o juiz. (JSM)
Processo nº 0001907-02.2011.403.6112

ARTIGO – Bola quicando na área, Por Marli Gonçalves

OneStepWallThrowsTenho tido a terrível sensação de que não estamos conseguindo completar as coisas. Sabe? Tipo fazer, finalizar, do começo ao fim, ver linha pontilhada virar traço e as reticências, ponto final. A bola bate, bate, quica, e não entra na rede, não encaçapa. Não chega lá. Não vira solução.

Desde menina sou apaixonada por desenhos animados, principalmente aqueles que tinham uma musiquinha que era cantada com uma bolinha correndo, pulando ali no pé da tela da tevê, dando a letra e a cadência – uma espécie de precursor do karaokê. Adorava ver a bolinha branca pulando toda feliz, até o fim da canção. Também adoro o som da raquete batendo na bolinha de ping-pong, e esta sair batendo na mesa, pulando a redinha, naquela sequência emocionante até voar para fora, gaiata, fazendo correrem atrás dela, bolinha sonora, oca, veloz.bola

Pois foi essa imagem que me veio à cabeça esta semana. Uma bola quicando. A bola apareceu obviamente por causa da cabeçada dos super cartolas, presos justamente por causa de uma “bola”, mas uma outra super bola, a que pula debaixo dos panos para fazer o jogo correr de várias formas, nem sempre redondas, em vários campos. Vide estado dos Estádios.

A bola continua quicando. Protestos, gritos e sussurros, pedidos de impeachment, uma caminhada frustrante de gatos pingados que se jogam em qualquer abraço político correndo na estrada que ao final vai dar em nada, nada, nada nada, do que pensava encontrar, parafraseando Gilberto Gil ensinando a falar com Deus.

Uma economia em parafuso, sem rosca, um país com prego na ponta, todo dia um pássaro cantando na gaiola, uma surpresa, uma revelação. Todas com o mesmo polegar de identificação digital, feitas para um caixa, de algum número, 1-2-3, para alçar alguém, por ganhar algo, e levando o que é nosso no rabo da estrela – e que, de tão afoita, deixa a cada dia mais rastros. Fora a panela no fogo, fritando, lentamente, uns e outros que estão ainda se trocando no vestiário.

A bola pulando, quicando; picando, como se diria em Portugal. Tudo do mesmo. Quase um ano e meio da Operação Lava Jato, a novela – toda hora entra um ator – em capítulos intermináveis, que já vira uma nova Redenção e talvez até a ultrapasse em algum passe, enquanto a bola perde força a olhos vistos, ficando quadrada como o Sol que vários ainda vêem pensando se piam ou não. No cenário, uma comissão, melhor, mais uma, analisando, analisando, em embaixadinhas que ficam no mesmo lugar. E tudo virando uma bola de neve. De grude, isso sim.

No campo a escalação parece não mudar ano após ano, e o que muda são só uns de segundo time. O Brasil nunca chega lá, não finaliza a jogada. Fica tudo inacabado, um orgasmo não sentido, um coito interrompido, e uma terrível sensação de frustração por não resolvermos nem nossas primeiras necessidades e desejos. Ficamos na promessa. Ficamos na mão.

gif-bolinhaNas mãos dos bancos que nos exploram como cafetões, ou nos escravizam por dívidas marcadas em algum caderninho, e que correm céleres para frente, deslizando quando tentamos contê-las. Se for em cestas, nem as básicas – furadas que são.

Ficamos na mão do governo e seus governantes tendo ideias medíocres, ou chutando, chutando e a bola quicando com um monte de jogadores atônitos em campo, especialistas em gol contra, conversa fiada, explicações estapafúrdias. Quando a esmola é muita, o santo deve desconfiar. Temos de tentar bolar uma saída. Antes do mata-mata.

Surgem heróis todos os dias. O mais novo é bem baixinho, tem língua presa e vem de um campo de futebol. Vai meter a mão na cumbuca, no vespeiro. Apitar como juiz para ver se aparece algum outro aí de novidade. Mas temo que seja mais uma bola fora.bola_pulando_9

Aqui, onde qualquer meleca de pessoa é chamada de guerreira, louvada, ganha loas e boas. Grudadas em bolinhas de baixo das mesas, essas melecas quando descobertas já estão largadas, ninguém as assume. Seus donos já estão nas arquibancadas fazendo outras bolinhas, de chiclete mascado para grudar em alguém.

“Aqui, onde o olho mira/Agora, que o ouvido escuta /O tempo, que a voz não fala /Mas que o coração tributa” … Recorrendo ao Gil novamente, infelizmente, ainda, “O melhor lugar do mundo é aqui. E agora. Aqui, fora de perigo. Agora, dentro de instantes/Depois de tudo que eu digo/ Muito embora muito antes”…
Dizendo tudo, dizendo nada, enrolando, a bolinha vai quicando.

E a gente vai levando, a gente vai levando… E como vai.

São Paulo, campo minado e seco, com possibilidade de trovoadas, 2015

4957027Marli Gonçalves é jornalista – – Adoraria ter uma bola de cristal para saber quem vai ganhar esse jogo, afinal. Onde ele vai acabar, qual time vai sacudir a rede, nos fazer vibrar.

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ARTIGO – O Bilhão e seus nove zeros. Por Marli Gonçalves

zeroNove zeros, um atrás do outro. Bilhão é muita coisa. Mil milhões. Um milhão de “mils”. Muito dinheiro. Muita gente. Muito roubo. Muito estrago. Para se ter uma noção do que realmente se passa ao nosso redor muitas vezes temos de recorrer à matemática. Só que atropelados dia a dia pelos fatos não temos mais tempo nem de parar para pensar e perceber qual é a verdadeira dimensão desses números. Vou tentar dar uma ajudada.zero

O mundo é muito grande, não? Tem gente para tudo quanto é lado, não? Pois somos, ao todo, ao todo, oficialmente, 7,2 bilhões de pessoas. Se cada pessoa desse mundo, incluindo as milhares que estão nascendo nesse exato momento, fosse um real, um realzinho desses, moeda, ainda assim não seria alcançado, por exemplo, o prejuízo da Petrobras, o oficial, veja bem, que ultrapassa fácil os 8 bilhões de reaizinhos. Como mentem em tudo, a gente pode tranquilamente puxar ainda mais para cima esse número. O mundo todo ainda não conseguiria tapar esse buraco. Aqui não tem avalanche nem vulcão; tem rombo. Nem precisamos de foguetes perdidos ou cometas.

Com isso, com esse valor, da mesma forma que estão conseguindo destruir um país, com mãos grandes e decisões patéticas, poder-se-ia reconstruir outro, como o Nepal, devastado pelo terremoto, incluindo aí reerguer os templos maravilhosos, as casas, os prédios. E ainda certamente sobraria um troco, porque aquele povo é dos que trocam bens por espiritualidade.

Deu para ter uma ideia? Pois é. Pior é pensar que, assim como a população mundial não para de crescer, aqui também esses prejuízos se alargam, porque não param de roubar um minuto, nem param de tomar as tais decisões patéticas. Não há um medidor para nos mostrar online quão assustador são esses números – como neste momento alguém está batendo a sua carteira.

ZEROPensei nisso – e em como é bom que haja muitas coisas que podem ser acompanhadas no momento que ocorrem – ao ficar olhando pela internet o foguetinho Progress perdido dando voltas no mundo antes de se espatifar ao entrar na atmosfera, graças aos céus, caindo nos mares. Os peixes é que não devem ter gostado desses insossos pedaços russos de nave. Assim, achei um site – http://www.worldometers.info/br/ – bem dinâmico, que fica o tempo inteiro atualizando números mundiais, população, nascimentos, mortes, despesas governamentais, cigarros fumados e as mortes por eles causados, emissões e consumo de água, energia, petróleo, etc. Não contem para o prefeito de São Paulo, mas tem até o número de bicicletas fabricadas este ano, até esse momento que congelo para contar para vocês, 48.868.804, contra 23.705.470 carros produzidos.

Coisas de milhão. Voltando ao nosso bilhão, e relembrando que cada um bi tem mil milhões, repetimos: fomos tungados, e apenas no cálculo da Petrobras, em 8 bilhões de reais. Vocês aí querendo que ainda sobre dinheiro para a Saúde, Educação, infraestrutura? Só se tomássemos a Casa da Moeda.

Não temos ainda um bom contador desenvolvido, mas uma coisa é certa: está tudo grande. Os números não param. Juros, inflação, demissões, roubos, roubos, roubos, ministérios, secretarias, desinteligências. Tudo para mais de mil, milhão, bilhão. Sem essa de percentuais, tabelinhas, infográficos. Nada como uns bons zeros para se ter noção do que os zeros à esquerda no poder podem fazer de mal. E olha que não me refiro apenas à nossa Nação.number-zero5

Dezenas, centenas, milhares, bilhões, trilhões. Ultimamente temos ouvido muito os dois últimos. Agora também é tudo K. Fulanos conhecidos têm milhares de K de seguidores, tipo Lady Gaga, Rihanna, Neymar.

Nos fazem lembrar de outra série – segundos, minutos, dias, horas, meses, anos, décadas – que lutamos para tentar sobreviver e melhorar as coisas. Nosso tempo também tem zeros, e cada vez mais temos de usá-los nem que seja pensando como pular a fogueira. Sobra pouco – quase nenhum – tempo, para falar com quem se ama, de quem temos saudades, às vezes apenas para dar um oi. Ficamos falando com grupos, nas redes sociais.

Aliás, quer saber? Vou aproveitar e fazer isso aqui mesmo: Luiz, como está? Acabou a dor? E os cachorrinhos? Já nasceram dentes na Serena? Gabi amada, você está feliz, sucesso total? Carmen, como vão as coisas aí para os seus lados? Irmão, você vem almoçar com a gente no domingo? Pradinho, que bela viagem! Mauro, se recuperando? Sua mãe continua preocupada. João, dê um beijo na Tânia e diga que rezo por ela, por forças, todos os dias. Ulysses, quando vem para São Paulo? Maria Helena, já conseguiu receber aqueles direitos autorais?

São Paulo, maio de 2015MULHER NO TELEFONEMarli Gonçalves é jornalista – – A propósito, só hoje foram enviados mais de 146 trilhões de e-mails, fumados mais de 10 bilhões de cigarros, além de feitas quase 3 trilhões de buscas no Google.

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E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS

Aziz Ahmed fala sobre os bolsos do paletó de João Vaccari, tesoureiro do PT. Enormes…

cow-clockEngole ele paletó!
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, tem o hábito de usar paletós
muito largos e compridos. Os maledicentes acham que um paletó
desses tem grande bolsos internos, ideais para se carregar algum
grande volume, como, por exemplo, pacotes de dinheiro.

 

NOTA DA COLUNA DE AZIZ AHMED – O POVO/RJ

Faz sentido. Bendini chega com o rodo e o paninho. Limpa tudo. Tira manchas. Lustra com peroba, aspira o pó, guarda e joga fora os documentos. Depois …é depois!

fonte: nota da coluna radar de veja online

sweep%20under%20rugA missão

Sessões de acupuntura com chinês

A pelo menos um interlocutor, Dilma Rousseff justificou a escolha de Aldemir Bendine para a Petrobras com um paralelo de sua atuação no Banco do Brasil.

No BB, segundo Dilma, Bendine conseguiu limpar a área das manchas do mensalão cometidas por Henrique Pizzolato & Cia e ainda administrar bem o banco.

Na Petrobras, sua missão será parecida: limpar a área das sujeiras do petrolão e tocar a estatal.

A propósito, será que Bendine terá cacife para demitir Wilson Santarosa, o poderoso sindicalista que há onze anos comanda a área de comunicação da Petrobras?

Por Lauro Jardim