ARTIGO – Bubuias e cucuias. Por Marli Gonçalves

Vamos de bubuias e cucuias, assuntos aleatórios que descrevem bem muitas das situações que acompanhamos, ficamos e onde vamos parar. Palavras sonoras, claras, e de fácil entendimento. Principalmente para quem já ficou de bubuia e foi pra cucuia. Muitos, essa semana.

BUBUIA - CUCUIA

Há alguns dias foi o aniversário de meu pai, que, então, faria 104 anos. Mas ele resistiu só até os 98. Datas são sempre estranhas porque ou nos fazem festejar, ou lembrar de muitas coisas, muitas vezes sofrer dependendo do que marcam. Bateu uma saudade imensa do meu caboclinho amazonense, mas também veio, recorrente, acreditem, uma lembrança engraçada. E por motivos óbvios: as tempestades que abateram São Paulo, os carros boiando, e o Datena se esgoelando no Brasil Urgente, das tardes (tenho a impressão que ele fica feliz com esse assunto). Era um programa que papai não perdia, sentadinho na sua poltrona. E em dias de chuva ficava ali vendo, contando, os carros todos de “bubuia”, como ele se expressava, feliz de estar protegido.

Sempre fui encantada pela palavra bubuia, sonora, vibrante, boa de falar e de escrever. No Amazonas, estar de bubuia é estar à mercê das águas, entregue à própria sorte. Como tantos estiveram esses dias e como tantos estarão ano após ano com qualquer chuva mais forte na cidade total e cada vez mais impermeável. Por aqui tudo anda uma loucura. Onde havia um monte de casinhas, vilas, constroem prédios. Nas esquinas, prédios. Onde tinha mato e terra, prédios. Piscou, mais um prédio – parece epidemia, que apaga tudo por onde se instala. Tudo piorado ainda mais com a recém descoberta que muitas construtoras estão pouco se lixando e derramam, vejam só, sobras de cimento nas ruas, que se solidificam bem duras nos bueiros já sem ar de tanto lixo. Ainda tem canalização de córregos feitas ao léu, muros gigantescos represando a passagem – e não só da água, como das pessoas, na nóia da segurança ou mesmo da total falta de fiscalização ou corrupção de suas tentativas. Problemas crônicos que nos farão ainda ver não só muitos carros de bubuia, mas as mortes nas enxurradas.

Tudo indo pra cucuia, mas esta palavra você deve conhecer melhor, faz mais parte do vocabulário nacional e a gente está sempre indo para lá, para cucuia. Bem abrangente. Vivemos indo para a cucuia no que depende especialmente do Poder Público, esse que ainda tenta se explicar com notas evasivas depois que já fomos para esse lugar, a cucuia.

Nunca tinha pensado muito nisso até outro dia, quando um amigo, Alexandre, que hoje vive na Espanha, coach e músico, passava uns dias aqui em casa, e acompanhando o desespero das chuvas fortes me viu falando de tudo que estava de bubuia. Ele ficou fascinado pela palavra, e saiu musicando, balbuciando bubuia, bubuia… Fui fazer uma pesquisa que nunca tinha feito e descobri que há o fascinante verbo bubuiar, com todas as suas possíveis conjugações e tempos.

Contei para ele que logo – imagino – vai aparecer com uma composição nova que até já tentava ao violão, juntando as notas musicais às palavras e conjugações de bubuia, falando de tudo que vai para a cucuia. Não vão faltar argumentos e rimas, não só pelos acontecimentos do mundo, como do Brasil, onde está de passagem tentando entender como pudemos chegar nessas situações tão estranhas, que nos afundam mesmo quando estamos bem longe das águas das chuvas.

___________________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

________________________________________

ARTIGO – Mil e Uma Noites e Dias. Por Marli Gonçalves

Pois não é que já se passaram mais de mil noites e dias desse pesadelo da pandemia, que agora marca o antes e depois de todas as coisas? Estamos praticamente completando três anos daquele dia terrível em que o mundo praticamente fechou suas portas e nós fomos obrigados a nos confinar. Todos somos Sherazades.

Mil e Uma Noites e Dias. Por Marli Gonçalves

Tudo mudou nessas mais de Mil e Uma Noites e Dias que não juntam, infelizmente, material para obra bonita de histórias poéticas que se desenrolam como fios de um novelo, embora o assunto continue ainda prendendo nossa atenção de alguma forma dias e noites, como no conto persa. Todos nós acabamos sendo como Sherazades buscando manter nossas vidas todas as noites e todos os dias nesse tempo que apenas agora de alguma forma começa a se dissipar. Mas nunca mais seremos iguais a quando tudo começou. Nossas vidas, hábitos e até as manias foram absurdamente transformadas.

Chegou mais um ano e desta vez não houve cepa nova ou fato que cancelasse ou proibisse o Carnaval que novamente ocupa as ruas e avenidas – o último, o grito, as aglomerações, as fantasias e máscaras bonitas ocorreu de 21 a 25 de fevereiro de 2020, quando ouvíamos os ecos de uma doença estranha lá longe, na China. Parecia que o pesadelo jamais se espalharia e que seria apenas dali a imagem tenebrosa das cidades quase fantasmas, isoladas, desertas. Mas logo no dia 26, uma Quarta-feira de Cinzas, pierrôs e colombinas já se preocupavam: o primeiro caso era conhecido no Brasil, e a gente já começava a rever mentalmente tudo o que fez no Carnaval e a temer a contaminação. O terror total, global, foi comunicado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, em 11 de março daquele ano, quando a palavra pandemia se tornou clara em todas as suas letras, necessidades e ordens.

A realidade que vivemos nesse tempo foi ainda pior no Brasil, onde no balanço geral somos recordistas de perdas, ao lado dos Estados Unidos. Foram quase 700 mil mortes até hoje, e de acordo com números oficiais, números os quais precisamos desconfiar quando vivemos em meio a negacionistas, problemas políticos, gente burra, atrasos no desenvolvimento e chegada de vacinas. Essas que só foram realidade no país, aplicadas, em 17 de janeiro de 2021, e assim mesmo de forma precária, embora renda ao Governador de então, João Doria, um de seus feitos mais positivos, em associação com o Instituto Butantan, que desenvolveu a CoronaVac.

É preciso situar todas essas datas para avivar a memória, para ajudar o entendimento desse tempo difícil, estranhamente exatos 100 anos depois de outra pandemia ocorrida, século passado, mas desta vez ainda mais desoladora e transformadora, e que marcará várias gerações. Nossos olhos, contudo, não esquecerão, creio, nunca, as cenas dos hospitais, da falta de oxigênio, o pouco caso de autoridades, as covas a céu aberto. Nossa memória não esquecerá tantas vidas perdidas, amigos, familiares, histórias interrompidas.

Todas as relações foram afetadas. Nossos corpos foram afetados, nossa saúde mental abalada e de uma forma que ainda saberemos qual foi essa extensão, embora já a pressentimos. Nos ensinaram como lavar as mãos, formas de higiene. Nos orientaram a usar máscaras que antes estranhávamos ver como rotina em alguns países. O home office, trabalho em casa, foi estabelecido e agora há várias empresas que precisam até ameaçar para que seus funcionários voltem aos seus postos de trabalho, sob risco de demissão.

No mundo online nacional, onde muitos ainda não têm qualquer acesso ao mundo digital, equipamentos, nem mesmo ao sinal da internet, houve baques profundos na Educação. A economia mundial abalada, e nesse tempo soma-se uma guerra que diziam breve, mais tragédias ambientais, a fúria da natureza fazendo queimar, chover, tremer, e também matar de montes, como na pandemia.

A Ciência, aqui tão desprezada, pelo menos, retomou um lugar de importância e o desenvolvimento de imunizantes mais eficazes nos ajuda agora a começar a, enfim, tirar a fantasia de Sherazades, trocá-las por outras neste reencontro – justamente e simbolicamente novamente no Carnaval.

___________________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

 marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

ARTIGO – Paraísos artificiais. Por Marli Gonçalves

Nos paraísos artificiais que vivemos, não precisa nem de drogas para esses efeitos, alguns alucinógenos, outros nem tanto, reais de doer. Drogas – e das pesadas, batizadas, misturadas com coisa ruim – são essas que nos enfiam diariamente goela abaixo. Não pode, pode. Decreta-se. Publica no Diário Oficial e a gente aguenta. Tudo fora da ordem, na desordem, e seja lá mais o que for.

 paraisos artificiais

“Trabalhar que é bom, ninguém quer, né?” – meu pai sempre dizia isso quando via umas situações – e olha que elas não eram nem de perto parecidas com as que estamos vivendo em realidade, verso, prosa, metaverso, universo paralelo, supermercado, justiça e bem mais. Faço uma adaptação: “Protestar na rua contra tudo isso, ninguém quer, né?”.

Me desculpem os carnavalescos, mas se tem coisa que considero a mais idiota dos últimos tempos foi esse Carnaval artificial, fora de hora, coisa mais esquisita, decretada, assim como todos os acintes que vivenciamos. Não, não sou daquelas que detesta carnaval, gosto até dos bloquinhos, mas tudo tem hora; e a hora não era esta. Ficou uma coisa isolada, e olha que andei por aí algumas horas pelo menos para ver se encontrava alguém, podia até ser uma criancinha com algum adereço, fantasia, alguma pluminha, aquele ar folião. Talvez até mudasse de ideia se encontrasse blocos espontâneos, fossem pequenos grupinhos. Nada. Aqui em São Paulo a coisa realmente se concentra na avenida que não é mais avenida, o Sambódromo. Com alguns ecos. Onde “permitiram”. Não sei no Rio.

A mim, tudo soa falso. “Jeca”, até, se me permitem. Não é porque estamos saindo de dois anos do horror da pandemia que tinha de obrigatoriamente ter o que estão chamando de Carnaval, e Carnaval não é. Pior, vou dizer: estão tentando programar mais outro, para julho. Para satisfazer os blocos. E eu que sonhei tanto com o dia em que, livres do vírus (o que ainda não estamos), iríamos às ruas cantar e dançar – na minha cabeça haveria um dia que isso aconteceria. Não por decreto, como esse ministro da Saúde miserável anuncia, dando pauladas na pandemia que ainda mata mais de cem pessoas por dia, e no mundo fica no vai e volta.

Muito louco esse momento, todos os dias, coroados com o perigoso presidente sem noção fazendo graça/desgraça e troça com a Justiça, desafiando a Constituição, dando indulto para seu amigo ordinário e que, como ele, não tem apreço algum pela democracia. Não, o talzinho não foi injustiçado, nem martirizado, nem preso apenas por ter roubado um pedaço de carne ou shampoo; nem é miserável – essas coisas sociais, como  miséria e o desespero,  não incomodam esse amontoado que temos de chamar de governo  e que está louco para fechar o tempo e continuar nele. Também não é liberdade de expressão ameaçar ministros e suas famílias, convocar ataques, juntar gente para soltar fogos no Supremo Tribunal Federal. Acreditem, por favor, seja como for, com os que estão lá, questionáveis, egocêntricos, mandados, o STF ainda é o último poste em pé de proteção que temos.

Que 2022 seria um ano difícil, nenhuma novidade. Ano de eleições, de Copa do Mundo, de consequências pós-pandêmicas, de economia titubeante e até guerra longe que ecoa aqui. Mas insuportável até para nosso bem estar psicológico – como anda – não era esperado. Perigoso em seus caminhos políticos. Ainda temos de aguentar na tevê propaganda de partidos famosos por sua adesões seja ao que for disputando agora quem é mais… conservador! De doer. Um diz que é o verdadeiro; o outro diz que é o primeiro, sempre com um amontoado de afirmações desconexas e gente tão falsa quanto seus cabelos grudados e o apelo a ver quem é mais reacionário, quem atrai o que há de pior se criando e procriando celeremente fora do cercadinho.

Viva Baudelaire! Que preguiça! Estão tornando o paraíso Brasil um pesadelo tal que a nossa reação quando acordados vem sendo jogar a toalha.

___________________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
No Twitter: @marligo
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves

ARTIGO – Pescados e Pecados. Por Marli Gonçalves

Pronto, chegou. A santa Semana Santa começa agora, domingo, e vai até o outro, a Páscoa. Do jeito que as coisas andam, sem pescados, com pecados, e sem chocolate, tudo na hora da morte, sacrificados. Vai ter malhação do(s) Judas? Ideias de personagens não faltam. Tem muitas coisas em comum, ou para serem lembradas com o que vivemos hoje, e a celebração da Paixão de Cristo, sua morte e ressurreição

pescados e pecados

Conta a lenda que Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros, e sua luta por justiça seria punida. Isso acaso lembra alguma coisa, algum lugar que conhece?

Momento sagrado que esse ano, ao contrário de todos, será subvertido ao bel prazer – normalmente tem Carnaval, 40 dias, quaresma, depois vem a celebração religiosa; agora é celebração, reza, reza, e depois, semana seguinte, Carnaval. Brasileiro não tem mesmo problema algum em mudar tradições. Vai por decreto. Piora em ano eleitoral, se pudessem distribuiriam ao povo saquinhos de bondades.

Mas mesmo agora nessa semana, ao que parece, ora, ora, muitas tradições serão afetadas. Por exemplo, na tradição católica, a Sexta-Feira Santa, a Sexta-Feira da Paixão, é dia reservado para a prática da abstinência. Uma tradição do catolicismo preconiza que não se coma nem carne vermelha nem frango nesse dia.

Silêncio. Não deveria conter ironia. Mas…já que faz tempo que esses itens sumiram ou escassearam na mesa dos brasileiros. Aí, é permitido se alimentar com peixe, ok? Claro que já viram os preços escalafobéticos, inclusive do desejado bacalhau, mas se não viram, deixe estar. Todos os noticiários repetirão as matérias sobre isso, sobre preços, sobre como comprá-los, verificar seus olhos brilhantes, suas guelras firmes, coisas assim. E que vivam as sardinhas que devem salvar alguns pratos!

Pessoas mais religiosas optam pelo jejum total, ou parcial, esse já disseminado na maioria da população que ou almoça ou janta, isso quando toma um café que vocês bem sabem quanto está custando. Tem o tal jejum intermitente que anda meio na moda para quem acha que assim emagrece. Ou se limpa de impurezas, coisa mais besta ainda. Má notícia: os médicos dizem que tal intermitência pode até fazer com que quem o faça engorde ainda mais!

Mas voltando à nossa celebração religiosa, feriado prolongado, que já deve estar assim de gente arrumando malas para cair fora para alguma gandaia. Não dá nem para ficar falando muito que, se não tem carne, não tem frango, não tem peixe, se opte por vegetais e frutas, produtos naturais. Não dá, inclusive, porque não quero arrumar encrenca com os pecuaristas que arrumaram treta até com o banco poderoso, e por muito menos que isso. Invocaram com o movimento dos vegetarianos que existe há anos – as “Segundas sem Carne”. Se bem que, em protesto, eles fizeram churrascos nas portas das agências, e vai que sobra uma picanha, uma maminha, uma costelinha… Mas ainda é melhor deixar para lá que encrencar com poderosos crucificou Jesus.

Desde menina, lembro, morria de medo de errar nesse dia e comer alguma carne – e sempre a gente ou esquece ou passa uma tentação pela frente. E claro que aqui ou ali quando se dá conta já está mastigando o proibido. A ideia do pecado, da punição, da culpa, sempre tão presente na religião. Oh, céus!

Aí chega o Sábado, de Aleluia. Dia de Malhação, que não é a da tevê. Malhação do Judas. Coisa até bem violenta. Tradição: juntar um monte gente para, divertindo-se, espancar, dar pauladas, arrastar por aí um boneco, espantalho, em geral primeiro dependurado, meio enforcado, do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos, qualquer coisa. Correr com ele, e depois tacar fogo, em geral ao meio dia. Aqui em São Paulo era até bem comum ver mais disso. Mas todo ano aparece algum, em algum lugar, algum bairro, já que sempre personifica, com placas ou máscaras, alguém malvisto do momento, políticos em geral, malfeitores do povo. Como disse, mais um ano em que a lista é enorme, difícil até de decidir, de candidatos. À eleição. E a virar Judas.

No domingo, os coelhinhos que se livraram de virar assado já que não temos o hábito de tê-los no cardápio normalmente, surgiriam como símbolo de renovação, ressurreição (quase virando lenda, dada a impossibilidade financeira e o oportunismo dos fabricantes), e trariam alegremente ovinhos de páscoa, de chocolate, para as crianças.

Como vemos, anda impossível até manter o mínimo de tradições. Pelo que parece a única mais garantida, que mudam até de data, ópio do povo sem pão, fora de época, é completamente pagã.

Assim vamos indo. De fantasia em fantasia.

E Evoé, Baco!

___________________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

___________________________________________

ARTIGO – Carta às 77.649.568 eleitoras brasileiras. Por Marli Gonçalves

Mais precisamente às 77 milhões, 649 mil, 569 eleitoras, contando comigo, que estou e estarei bastante atenta às questões relacionadas às mulheres e a outras que poderemos influenciar muito com o nosso voto, agora em 2020, e em todas as eleições para as quais as brasileiras forem chamadas a opinar; e somos maioria. O voto é uma arma, pacífica. Precisamos usá-la. Por nós, mulheres, pelas nossas famílias, por todos os brasileiros, por um futuro mais digno.

ELEITORAS

Prezadas,

Vejam que estamos em 2020 e ainda não somos respeitadas e nem representadas na medida em que somos a maioria da população brasileira. Nem nos cargos legislativos, nem em outros, incluindo Executivo, Judiciário e, ainda, nem na sociedade, nem dentro de empresas, ou no comando, nem no respeito. A população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres. (Dados IBGE/ PNAD Contínua/2019). Em termos eleitorais, somos 52,49% do total; os homens, 47,48% do total. (TSE/2020). Podemos ser a decisão, pela melhoria para todos.

Acredita? Por aqui, por exemplo, as mulheres compõem apenas 10,5% do conjunto de deputados federais. E de um total de 192 países, o Brasil ocupa a 152ª posição no ranking de representatividade feminina na Câmara dos Deputados, ficando até atrás de países como o Senegal, Etiópia e Equador.

A eleição deste ano, para prefeitos e vereadores, é aquela que está mais perto de nós, de nossa ação. É a que cuida de nossa região, onde vivemos e onde passamos nossas vidas, onde está a nossa casa, as mesmas casas onde um número absurdo de mulheres continuam sendo assassinadas por seus companheiros e ex-companheiros, e onde a proteção policial e as promessas de proteção ou garantias não têm passado em geral de apenas promessas. Você está vendo isso, não? Sentindo na própria pele, talvez?

São Paulo, por exemplo, registrou 87 mortes por feminicídio apenas no primeiro semestre de 2020. O maior número de casos desde a criação, em 2015, da lei que especifica o crime – é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência única e exclusiva do fato da vítima ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero, fatos que também podem envolver violência sexual), ou em decorrência de violência doméstica. No Brasil todo dados preliminares mostram aumento de mais de 22% nesse crime, em relação ao ano passado, que já era absurdo, e apenas contando os primeiros meses do ano. Uma situação ainda claramente mais agravada pela pandemia, quarentena e necessidade de isolamento social, crise econômica, etc.

Esta é apenas uma questão, mais específica. Temos todo um país a resolver, atrasado com relação a tudo, Educação, Saúde, Saneamento, aprimoramento da cidadania. Não é só uma questão de cotas – temos 30% de cotas nas candidaturas, mas sempre manipuladas, usadas para obtenção do Fundo Partidário, com nomes que muitas vezes, usadas como laranjas, nem as próprias mulheres sabem que as colocaram para votação nas chapas partidárias. Anime-se inclusive a se candidatar, vamos!

Junte-se a todas as mulheres do mundo!

Meu apelo é para a consciência; não é reserva de mercado, nem obrigação de votar apenas em mulheres, mas que o façam, participem, votem, e em pessoas sérias, que estejam comprometidas verdadeiramente com a sociedade em geral, sejam de que gênero ou raça forem, idade ou classe social. Será esse comportamento que levará à melhoria das condições, não só na política. Nos fazer ouvidas.

De qualquer forma são as mulheres que sempre têm a maior noção do que todos enfrentamos, fatos tão agravados este ano e que terão ainda ampla repercussão pelos próximos tempos: desemprego, falta de assistência, necessidades especiais e de direito reprodutivo, segurança – as mulheres são sempre as primeiras vítimas. E é cada vez maior o número de nós chefes de família, como principais responsáveis pelo sustento.

Chega de nos contentarmos com migalhas, segundo plano, pequenas conquistas que chegam de forma tão lenta, e que nos são devidas há décadas.

Animated%20Gif%20Women%20(63)Peço encarecidamente que se informem, não acreditem em notícias falsas, pensem com suas próprias cabeças, sejam independentes, respeitem-se entre si, estendam a mão a outras mulheres ampliando nossa ação, explicando como se dá a igualdade de direitos, e quais são esses direitos, que as mulheres, merecidamente, tem até em maior número por conta de sua fisiologia. Estenda a mão e atenda os gritos de socorro ao seu redor.

Vamos parar de achar normal o que não é – e nesse momento nada está normal; estamos vivendo num país perigosamente flertando com o retrocesso em vários campos, e onde até nossas acanhadas conquistas estão em risco, desmerecidas diariamente que vêm sendo.

Chamo você para o nosso encontro mais importante este ano: domingo, 15 de novembro, primeiro turno; e domingo, 29 de novembro, segundo turno, onde houver. Se arrume toda, chama a família, aproveite para arejar as ideias. Pensa bem em quem vai acreditar. Ah, e use máscara, que até lá ainda estaremos em perigo.

Todas nós contamos especialmente com todas nós.

____________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

________________________________________________________________________________

ME ENCONTRE, ME SIGA, JUNTOS SOMOS MAIS
 (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo

ARTIGO -O novo (a) normal. Por Marli Gonçalves

Ora, não me venham falar nesse tal de novo normal, que as pessoas vão mudar, que aprenderam, que daqui pra frente tudo vai ser diferente, que isso só é letra de música. A realidade é que a natureza humana gosta de viver seus conflitos e que a luta pela sobrevivência ainda é um pisando no pescoço do outro

O que é "normal"?: duração e variação do ciclo menstrual

O estouro da boiada. Como não vivo no campo, aprendi essa semana, vendo como as pessoas estão se comportando logo aos primeiros sinais de relaxamento do isolamento social, e compreendi a expressão – foi o que me pareceu um estouro da boiada. Vendo as filas horrorosas, os apertos e ajuntamentos, as burlas das leis ordenadas, mas sem fiscalização em um país onde faz tempo se aprende a viver ilegalmente. Parece que ficaram os quase 90 dias em casa esperando o sinal tocar, como esperávamos o sinal do recreio na escola, e que passaram esses dias anotando o que comprariam com o pouco que ainda lhes restou, se é que ainda restou. Ou se apenas o que aconteceu é que ficou mais escancarada a possibilidade do fim do mundo, ou da instantaneidade da vida. Partiram para o tudo ou nada.

Nos noticiários vi gente impaciente esmurrando a porta da loja que se atrasou para abrir. Vi também alguns comerciantes reclamando do horário limitado e do número baixo de clientes, como se isso já não fosse de certa forma normal até bem antes da pandemia. Gente atabalhoada tentando tirar o atraso, e esse atraso correndo deles.

Diferente das filas criadas pelo confuso e desatinado governo para dar o auxílio emergencial e quando muitos correram para portas de bancos para tentar garantir aquele trocadinho, o que até valeria algum risco, desta vez se aglomeraram para comprar nas ruas e shoppings populares, bater pernas atrás de presentes para datas que já não marcam é mais nada. Houve também muitos que vieram com sacolinhas e sacolões para comprar o que venderiam em outras filas e aglomerações, em outros locais, nos paraguaizinhos de todo o território nacional.

Máscaras foram o hit da vez nas barracas dos camelôs, mas nem todos as usam no lugar, ou mesmo as usam. Estão faltando beber álcool em gel, como se esse pudesse ser servido em copinhos e, espirrados, fossem mágicos seus respingos. O resultado dessa loucura estará no futuro logo ali, nos números de novos  infectados e mortos, como se não bastasse já termos ultrapassado a terrível marca oficial de 40 mil brasileiros mortos e de quase um milhão de infectados, números ainda acanhados perto da realidade, subnotificados de todas as formas possíveis, inclusive oficialmente, na cara dura.

Repito: e vocês aí achando que uma nova sociedade surgiria dessa experiência que, inclusive, não tem qualquer data para acabar, sem vacina, sem remédios, só desatinos e improvisos. Como? Com um dirigente máximo insano?, que pouco está se lixando para a vida, e que agora – dá até vergonha de falar – incentiva seus seguidores chucros (que certamente poderão, com razão, serem chamadas de gado, se o fizerem) a entrarem nos hospitais para registrar e “denunciar” (!) camas vazias… Qual o próximo passo?

Esse presidente e sua equipe, sim, podem ser chamadas de anormais por não pararem um minuto de multiplicar a ignorância e o perigo. Obrigaram até a oposição a tentar  se organizar e chamar protestos nas ruas, antes ocupadas apenas por uns seres estranhos e feios vestidos de verde e amarelo abanando bandeiras antidemocráticas ou desconexas, montinhos perdidos que podiam ser encontrados tentando  se acasalar e se multiplicarem lá na frente do Palácio da Alvorada; aqui em São Paulo, na porta da Fiesp e em frente ao II Exército.

E os ladrões, espalhados, enchendo os bolsos com o super faturamento de equipamentos e insumos hospitalares? Aumentando preços como se realmente não houvesse amanhã? Bancos posando de bonzinhos nas propagandas e ignorando pedidos de socorro por créditos a juros mais baixos?  A lista é enorme e você aí já deve ter lembrado de mais algum fato entre esses que assistimos estupefatos.

Daqui de meu posto de observação estou é vendo muita gente brincando com a morte, como se ela já não estivesse bastante visível. E fico, acreditem, cada dia mais preocupada e temerosa com a forma dessa abertura precipitada, sem conscientização, como se o vírus tivesse tirado férias. Mas ele ainda está lá escalando a montanha em busca de asfixiar e tirar o oxigênio vital, todo feliz com os pratos oferecidos para sua alimentação, especialmente os pobres.

Para finalizar, não me venham falando em percentual de ocupação de leitos estar folgado. Ninguém quer vê-los cheios. Ninguém quer ficar doente. Não é possível que esse tal novo normal seja tão burro que não possa entender isso.

Normal. O que é normal?

_______________________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

________________________________________________________________________

ME ENCONTRE, ME SIGA, JUNTOS SOMOS MAIS
 (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
Chumbo Gordo (site): www.chumbogordo.com.br
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo
YouTube: https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista
(marligoncalvesjornalista – o ç deixa o link assim)

ARTIGO – Máscara negra: uma nova marcha. Por Marli Gonçalves

A marcha entoada agora é fúnebre. E mesmo ela só pode ser silenciosa, já que não há tempo, esse senhor que nos mastiga, sempre empurrando, sempre sem volta. Os dias passam em um ritmo inexplicável. Cada um de nós os terá marcados na vida de uma forma, e sem que se possa saber o que será; mas certamente o que será, será.

 “…Quanta tristeza! Quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos pelo chão

Todos estão chorando

No meio da multidão.


Quanta tristeza, oh, quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos no salão

Joãos, Marias e Josés chorando

No meio da multidão

 –

Que bom será te ver outra vez

Tá fazendo meses

O carnaval que passou, o mundo parou

Eu sou quem te abraçou e te beijou, meu amor

 –

Na mesma máscara branca, negra, colorida

Que esconde o teu rosto

Eu vou querer matar a saudade

Vou beijar-te, mas não agora

Não me leve a mal

Hoje é quarentena total

 –

Vou beijar-te, mas não agora

Não me leve a mal

Hoje é isolamento social…”

Temos de sobreviver. Essa é a nova missão imposta pela natureza nessa época em que não há mais datas previsíveis, todas deslocadas, como os feriados antecipados, os planos adiados, as propostas em compassos de ritmos bagunçados. O Carnaval já não foi o mesmo, pensa bem, os 40 dias da quaresma já foram uma quarentena real que agora se estende trazendo para muito perto datas outrora distantes. Tenta-se, assim, esticar prazos, propor o futuro, mas ninguém tem certeza é de mais nada.

O melhor e o pior de nós surge, inclemente. Não há protocolo, decreto, determinação, conselho, entre as palavras que mais andamos ouvindo ultimamente, que façam mudar a terrível natureza humana – e estamos vivendo para ver e comprovar tristemente isso.

É um pesadelo tenebroso. E há ainda quem não tenha se dado conta que esse acordar não se dará em um estalo. Há ainda também quem consiga que tudo se torne ainda pior, acelerando suas sombras e avançando para o que temos de mais valioso para agir, a liberdade, o pensamento.

Não sei se dormem esse mesmo sono intranquilo; ou se apenas foram moldados como destruidores, conviviam entre nós e não os percebemos a tempo. Para eles, amizades não valem. Honra é coisa que não sabem. E amor é próprio, o próprio. A opinião contrária, massacrada, mesmo que todos os fatos criticados sejam límpidos – há quem jure que esses seres que nos importunam têm corações peludos, almas negras ocultas por suas roupas, ternos, fardas, camisas de futebol, e que agora andam por aí usurpando símbolos nacionais, bandeiras, cores, considerando que estão protegidos dentro de seus carros que usam como tanques de guerra. Por onde passam a terra fica arrasada, inclusive dizimando até alguns deles, mas isso não lhes importa – querem avançar sobre tudo. Afinal, como disse, são sombras.

Querem encobrir a luz, mas haveremos de desmascará-los. Vivemos uma tragédia. Nacional.

… “Quanta tristeza! Quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos pelo chão

Todos estão chorando

No meio da multidão”…

___________________________________

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

_____________________________________________________________

ME ENCONTRE, ME SIGA, JUNTOS SOMOS MAIS
 (se republicar, por favor, se possível, mantenha esses links):
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
Chumbo Gordo (site): www.chumbogordo.com.br
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo
YouTube: https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista
(marligoncalvesjornalista – o ç deixa o link assim)

 

 

ARTIGO – As datas de nossas vidas. Por Marli Gonçalves

Já vem mais uma ali no horizonte feita para alegrar alguns, vender – e também para entristecer muita gente que não tem mais aquilo para comemorar. É Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia disso, Dia daquilo. Mas você bem sabe: cada um de nós tem a sua data particular para as coisas que importam, em nosso próprio e surpreendente calendário, nossa folhinha.

Dá até frio na barriga quando elas, sorrateiras, mais de um mês antes, começam a se aproximar, as mais reconhecidas, comerciais. Você já vê aquela onda vindo, nas vitrines, nas ofertas, nos spots de rádio, comerciais de tevê (e que a cada dia estão mais complexos tentando acompanhar o progresso e comportamento da sociedade), no aumento de preços dos produtos que possam vir a ser os preferidos. Se não entrar no clima, acaba engolfado. Agora é Dia dos Pais, e será o primeiro que passarei sem o meu.

Não, nada muda, que ele também nunca foi ligado nisso de data, a não ser por ano a ano ficar bem feliz em ganhar uma comida especial, que – olha – meu pai adorava comer. Esse era o seu melhor presente, e se acompanhado de uma boa pinguinha, uma batida, um doce de sobremesa, não precisava de mais nada. Isso tudo em casa, comigo e meu irmão, porque ele não era chegado a restaurantes, a não ser que se acenasse com uma caneca de chopp. Mamãe também não era ligada, à exceção de Dia das Crianças: até o fim de vida ela sempre inventava e me dava alguma bobagem neste dia. Uma brincadeira nossa.

Mas a questão é que nessas datas tentam de qualquer forma nos emocionar para valer, para comprar, fazer virar obrigação. Não dá para se proteger disso, só virando eremita. Então tudo lembra o quanto é legal ter pai, ter mãe, ter namorado, um amor, ter família. Sempre imaginei o sofrimento que isso pode trazer à enésima potência. Pais perdidos, desconhecidos, adotivos, amores e paixões desfeitas, o emocional fica em frangalhos.

Tudo isso para que?- se cada um de nós se lembra de outros dias e datas – essas, sim, particulares, expressivas, marcantes, únicas, tristes e alegres, exclusivas, importantes, mas também umas completamente soltas, até bobas. Que a gente tem de cor na cabeça ou que marca no calendário com caneta vermelha, ou bolinha em volta do dia. Hábito que até já me causou problema.  Na época da ditadura dancei e fiquei detida por mais tempo do que devia numa dessas roubadas daquele período só porque havia destacado na minha apreendida  agenda daquele ano que já vai bem longe o 9 de outubro, dia da morte de Che Guevara. Ícone, ídolo idealista e bárbaro de adolescentes até hoje, até que se descubra aquele outro lado de Cuba e se relembre a importância da Liberdade. E pra se explicar com os “homi”?

Teve tempo que marcava com um coração as visitas de um grande amor, esperando sempre poder marcar novamente em outra data mais para frente, muitas vezes. Os dias passavam mais esperançosos assim. Uma sucessão de esperas, encontros e despedidas.

Uma coisa engraçada para marcar também, e que pode ser útil, é assinalar conjunções astrais de nossos signos astrológicos. Por aqui, todo dia 1 é dia de procurar o horóscopo mensal, tanto o feito pela Barbara Abramo, como o da americana Susan Miller, que acompanho antes de ser tão badalada como anda. Elas falam em datas ou períodos próximos que isso ou aquilo pode acontecer; dias em que será melhor ter mais cuidado ou, por exemplo, não comprar eletrônicos, ou não fazer qualquer tratamento ou mudança estética sob o risco de se arrepender depois. Boas conselheiras, em geral aproveitam para nos dar esperança de ganhos financeiros ao mesmo tempo em que alertam para possibilidades de maiores gastos aparecerem.  Dias de Lua. Dias de eclipses solares e lunares.

E você? Quais são suas datas? As datas que assinala, as datas que lembra mesmo quando o que mais queria era esquecer?  As datas que podem até não ter sido importantes para a outra pessoa, mas recordar acelera o coração?

______________________________________________

20170617_130831Marli Gonçalves, jornalista– Sim, não dá para pular este mês. E nele, para mim, o dia 25 marca uma grande perda há 24 anos, a de meu melhor amigo. Para piorar, o dia 20 vai marcar a ida para a Espanha do casal que adotei como se família, de sangue, fossem. Indo para muito longe de mim e desse Brasil que não dá mais oportunidades.

SP, agosto, 2017

__________________

marligo@uol.com.br

marli@brickmann.com.br

www.brickmann.com.br

www.chumbogordo.com.br

ARTIGO – Dias marcantes. Por Marli Gonçalves

terremotos diáriosAgenda (1)Estamos vivendo dias marcantes. Se até para quem já viveu outros iguais ou parecidos, são marcantes, imagine para quem os vive agora a primeira vez, caso de muitos que nesses dias estão nas ruas palpitando sobre política, tomando partido ou trocando de algum. Dias marcantes são os inesquecíveis. Esses que vivemos agora estão sendo marcantes, extenuantes e históricos.

Você tem dias marcantes na sua vida, deve ter alguns. Todo mundo tem. Às vezes só percebe que tinham sido marcantes quando lembra deles tempos depois, anos após. Dias são parâmetros diferentes, importantes, específicos. Você começa um e nunca sabe como ele vai terminar, do acordar ao dormir de novo, o período que vive o dia, e que claro abarca a noite, mas não é desse período o dia sobre o qual falamos. Você pode ter tido um dia marcante porque aquela foi uma noite magnífica. É coisa de memória, que vai para uma gaveta específica e às vezes até surpreendente.

Qual é o dia marcante para você? Dia de alguma luta inglória, ou de uma vitória suada?

Repara que tem essa: dias marcantes podem o ser por motivos bons ou ruins, essa coisa dialética. Morte, vida, começo ou fim. O dia que perdeu alguém; o dia que ganhou alguém.

Pode ter sido bobo ou extraordinariamente proveitoso. Pode ter virado dia comemorativo, tipo dia do casamento, dia do nascimento. Pode ter sido dia da caça ou do caçador. Datados ou não. Você pode deles lembrar o mês ou o ano, ou apenas uma época, em qual década. Alguns vêm completos, até com dia, mês, ano, hora. E cor, cheiro, sabor. Esses são os que marcaram a ferro e fogo.

Pensando agora, me veio à mente dias marcantes díspares. O dia em que tirei meu aparelho de dentes, que viveu comigo e foi um suplício oito longos anos. Tinha quinze anos. O dia do casamento, vejam só, de um amigo; na verdade exatamente o que aconteceu depois desse casamento quase 30 anos atrás. Uma paixão eterna, sem cura.

david_goliathNa minha profissão tive muitos dias marcantes. Muitos deles com o mesmo afã dessas horas de agora, quando acompanhava pelo Jornal da Tarde e Rádio Eldorado a luta pelas Eleições Diretas, os comícios, e especialmente o mais marcante, o grande dia da votação no Congresso da Emenda Dante de Oliveira, o nome do deputado que a havia apresentado. Fui a última a sair do ar, já de madrugada. “Eles” censuravam tudo e haviam proibido a cobertura livre. Meu golpe foi ficar falando de lá com a redação ao telefone direto de um orelhão (daqueles com ficha) na Praça da Sé, perto de onde havia um palanque acompanhando a votação em Brasília, e que dispunha de alto-falantes, nomeando voto a voto. Assim os meus ouvintes acompanharam a votação até eu ser “descoberta”. Lembro do dia por isso e mais ainda por causa da grande tristeza da derrota que ocorreu naquele dia e que ainda atrasaria o país alguns anos. Lembro do calvário de Tancredo Neves, e do marcante dia do féretro pelas ruas de São Paulo. Já choramos muito por política, sim.

Decepção também faz muitos dias serem marcantes. O time que deixou de ser campeão. O fim de um relacionamento. A descoberta de uma traição. Um encontro esperado e desmarcado.

Dias marcantes podem ter sido dias trabalhados ou descansados. Letivos, entre muitos que lembramos por motivos que só muita terapia poderia explicar. Dias úteis e inúteis, ou que foram úteis para alguém, talvez. Dias assim, assados, nublados ou ensolarados.janela homem corre atras da mulher

Pois esses dias de agora são desses, marcantes, e cujas marcas esperamos sejam boas e não nos deixem cicatrizes. Eles podem não ir para o lado que você gostaria, mas sabe de antemão que são dias frenéticos, do tipo que ainda por muito tempo procurará e precisará de ajustes. Dias melhores virão. Ainda mais marcantes.

Serão mais que dias, etapas. Só estou curiosa de saber como que lembraremos desses aqui mais tarde, ali logo mais no futuro.

SP, 2016, de um dia marcante.

Marli Gonçalves, jornalista Na Ordem do Dia: por que não vemos um movimento sério, suprapartidário, de união? Por que os artistas e intelectuais de um lado e outro, acompanhados de outros de os outros matizes, não propõem e saem em busca da solução? Porque são egoístas. Querem os dias assim. Se sentem importantes demais.

********************************************************************
E-MAILS:
MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR
POR FAVOR, SE REPUBLICAR, NÃO ESQUEÇA A FONTE ORIGINAL E OS CONTATOS
AMIZADE? ESTOU NO FACEBOOK.
SIGA-ME: @MARLIGO

Você quer saber o que eles – Câmara/Senado – fizeram o ano inteiro, além de nos dar vergonha?

corny3corny1corny20A reclamação sobre o excesso de burocracia no Brasil se explica pelo tempo perdido pelos governantes com leis sem qualquer relevância ou aplicação prática para a população. Das 163 leis criadas em 2015, 37 se resumem a dar nomes a estradas e pontes ou instituem datas comemorativas como o Dia Nacional da Poesia e o Dia Nacional do Milho. Antes de entrarem em vigor, todas foram analisadas e votadas na Câmara e no Senado, além de sanção da presidente da República

( nota da coluna de Claudio Humberto – Diário do Poder)

ARTIGO – Todo dia era, todo dia passou. Por Marli Gonçalves

40Todo dia é dia de tudo. Bem, nem tudo; tem coisa que “já era”. Mas, Baby, me ajude a decifrar quanta coisa todo dia era dia, e que agora nem dia, nem noite. Você fez uma data jamais ser esquecida, e sempre cantarolada. Ói, só! Ninguém nem lembra que 19 é também o Dia do Exército23

Se a gente sempre pudesse fazer canções assim, que se imortalizam, e que bastam apenas alguns acordes para ser reconhecidas, seria demais. Músicas e letras boas, em interpretações valiosas, marcantes, inesquecíveis. Poucos ligam para os índios, mas todo mundo sabe que 19 de abril é dia de lembrar que todo dia era dia deles. Dia também de Santo Expedito, aquele, das causas impossíveis, das causas urgentes, para quem tantos apelam na hora H, perto do momento X.

Tantas coisas nos vêm à cabeça, de alguma forma até saudosista, ou apenas para tentar fazer constar como era bom. Cenas perdidas no tempo e que não fariam nada mal se ainda hoje sobrevivessem. Mas o rolo compressor vai levando tudo, amassando, jogando fora sem reciclagem, numa maçaroca só, índios, vizinhanças, hábitos, respeitos, histórias e dramas, como esse, indígena, ou mesmo aquele, da mulher que andou na linha e o trem matou. …”Caia na estrada e perigas ver, estamos nos últimos dias de outrora, caminho em linhas tortas divertidamente”…

Eram melhores ou não os nossos compositores? O jogo das palavras, pensamentos, a forma como inseriam as ideias que viviam ou pretendiam, mesmo em meio à repressão? Todo dia era dia de boa criação. Hoje tem muita malcriação.

Muitas dessas coisas não vi também, não conheci. Mas já estou aqui a tempo de ouvir muito bom rock, aqueles que movimentavam nossos braços e pernas como se simplesmente não conseguíssemos controlá-los. Não sabíamos exatamente o que as letras em inglês diziam, mas confiávamos que também pensávamos aquilo, confiávamos que deveria ser alguma coisa boa, confiávamos, enfim.

people02thRockerEles, nossos ídolos, nos representavam. Recordo agora da centena de cartazes ao contrário desses últimos dias, que vi nas redes sociais e onde protestos pipocam contra um ser abominável, aquele deputado pastor lá. Ele não nos representa.

Mas sei lá o que você aí pensa. Não quero briga, mas o direito de todos. Coisa meio título de novelas: O Direito de Nascer X O Clone; O Astro versus O Profeta; Pedra sobre Pedra versus Bang Bang; Direito de Amar versus Escrava Isaura. Entendeu? Tipo Viver a Vida versus O Salvador da Pátria. Ou a Senhora do Destino.

Enfim, todo dia era dia de bater pernas por aí, olhar vitrines, sentar nas calçadas, deixar portas e janelas abertas. Dia de confiar em amigos, de seguir ídolos, de fazer com que nunca morressem, preservados sempre em imagens gloriosas.

Entendi por que há tanto interesse também em criar dia de tudo. É para beliscar nossa memória, em alguns casos. Em outros, para tentar ganhar algum – aliás, prepare-se! Já estão abertas as propagandas melosas, cremosas e insidiosas de Dia das Mães, algumas tão dramáticas que deprimem principalmente os já órfãos. Ninguém conta que num dia 19 de abril Joana D`Arc foi canonizada, tentando apagar os erros que cometeram contra ela.

Mas abril nos reserva outras boas lembranças: 18 é Dia do Amigo. 20, Dia do Diplomata e do Disco. 21, do Metalúrgico, a profissão daquele cara que já foi um, lutava por todos, mas que agora parece mesmo que esqueceu que em um 19 de abril de 1980 era preso porque ali, sim, ainda era um líder justo.

Todo dia era dia. Todo dia era dia de estar com a macaca, e lutar pela liberdade fosse como fosse.

27São Paulo, todo santo dia em polvorosa, 2013

Marli Gonçalves é jornalista, índia-neta– A propósito, Santo Expedito também é tido como o santo que nos ajuda a saldar dívidas. Isso não te lembra como é boa hora de acender uma velinha para ele?

http://youtu.be/Kk8KAKh51BQ

http://youtu.be/faVhdOnifxc
********************************************************************

E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

Olha só:
Toda semana escrevo artigos, que também são crônicas, que também são nossos desabafos, e que vêm sendo publicados em todo o país, de Norte a Sul. Isso muito me envaidece, porque é uma atividade voluntária que exerço pelo prazer de escrever e, quem sabe, um dia, possa interessar alguém que a financie. No momento, não é o caso – não consigo viver disso sem vocês, leitores. Se você recebe por e-mail é porque está inscrito em nosso mailing, ou porque é jornalista e a gente já teve algum contato. Ou, ainda, está recebendo de outra pessoa – são milhares de repasses, que agradeço muito – que gostou e achou que você deveria ler também.
Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

ATENÇÃO: Por favor, ao reproduzir esse texto, não deixe de citar os e-mails de contato, e os sites onde são publicados originalmente http://www.brickmann.com.br e no https://marligo.wordpress.com

ARTIGO – Girassóis daqui, com ovos. Por Marli Gonçalves*

ovosUfa, que por pouco a gente não passava a Páscoa sem Papa no Vaticano, igual à embaixada sem embaixador que a turminha da Dilma inventou para justificar as macarronadas que fizeram na Itália com nosso suado dinheirinho. Foram beijar uma mão, a de Francisco, e aproveitaram para bater umas pernas e fazer umas comprinhas, além de dormir em berços esplêndidos do hotel de nobres, como se o fossem. Mas estou querendo falar mesmo é dos símbolos. E os da Páscoa são bem fortes, girassóis entre elesgirassol

Vou me abster desta vez porque tem horas que acho verdadeiramente que essa gente não merece mais nem que percamos muito tempo com eles, apontando as marcas que estão deixando no caminho. Inclusive pondo bem negativamente a nossa santa imagem em jogo, e mundialmente. É uma atrás da outra. Igual ao Mercadante grudado atrás de Dilma, quase raspando o bigode na nuca da presidente para sair na foto. Alguns desses pelinhos devem ter caído no travesseiro do hotel, até eles arrepiados, primeiro com tudo, depois com os conselhos – defender os pobres, compreender as pessoas e suas opções “diferenciadas” – e o que certamente o Papa não deixará de levar em conta quando entender. Finalmente, com aquela inenarrável verve de contadora de piadas, Dilma declarou aquela máxima de que Deus é brasileiro. Seria.

Até que nem tudo foi tão ruim como poderia ser. O Papa Francisco foi presenteado com dois azulejos do genial Athos Bulcão (1918-2008): um, a Pomba do Espírito Santo; o outro, a Estrela de Belém. Muito melhor do que a espartana cuia de chimarrão que o Pontífice recebeu da presidente da sua própria Argentina, pelo menos.

alegriaIsso tudo me fez lembrar muito dos símbolos, das imagens mais marcantes da história, logotipos indeléveis e imortais, e a Páscoa nos traz um manancial desses sinais. De cabeça: peixe, estrela, cordeiro, pomba, pão, cálice de vinho, sinos, velas, e, claro, coelhos e ovos.

Mas o que eu não sabia até esse exato momento era que o girassol também era e sempre foi um símbolo pascal. Achei maravilhoso, primeiro por existirem coisas assim – pueris – que eu ainda não sei e, como boa apaixonada por flores que sou, girassol entre as preferidas, achei demais a explicação: segundo os cristãos, os seres humanos devem estar sempre voltados para o Sol- que seria Cristo, garantindo a luz e a felicidade. Girassol faz isso, do nascente ao poente, desde que desponta. O Sol ilumina o caminho.

Daí foi um pulo para viajar nas outras imagens, nos coelhos e na sua fertilidade, e nos ovos que nunca entendi porque é e como se misturam com os coelhos, que não os botam, bons mamíferos que são. E não confunda coelho com lebre, que vai aparecer gente descrevendo diferenças de tamanhos de patas, orelhas, pulos, etc.0sol

E aí vem o ovo, meio solto, e que ninguém ainda respondeu com firmeza quem nasceu antes se o ovo ou a galinha, que entra de gaiata nessa história, já que o legal desta época é comer peixe e o ovo é de chocolate. Neste samba pascal, que acaba reunindo religiões, e com a modernidade, hoje já tem ovo de tudo, e com tudo, para o negócio andar melhor comercialmente.

Procurando pelo em ovo, ovo no pelo (não é nada bom encontrá-los neste caso), o ovo é realmente uma coisa maravilhosa. Não para em pé, requer lugar especial e cuidados com sua fragilidade. Viram alimentos e produzem alimentos quando vingam, chocados. Podem também ser atirados. Dá para ser ovacionado, mas tem que ser bom, muito bom.

colored-eggs-source_4uwTraduzem como ninguém certas expressões. Você pode babar o ovo, chupar o ovo, e estará bajulando alguém. Pode deitar o ovo. Pode ter cabeça de ovo. Pode estar de ovo virado, ou pisando em ovos, e, ainda, pode só ser um ovo, de tão pequeno.

O problema é que também podem ser chutados. No caso, principalmente, os dos homens. Mulheres ovulam e copulam.

São Paulo, malhando o Judas, 2013sunflower_sisters 

Marli Gonçalves é jornalista– No frigir dos ovos, não dá para fazer omelete sem quebrar os ovos, nem colocá-los numa cesta só. Muito menos contar com eles, digamos, antes de vê-los do lado de fora da dita cuja. E uma ova. Que não é ovo. Ou é? Boa Páscoa!

********************************************************************
graphics-sunflowers-860406E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

Olha só:
Toda semana escrevo artigos, que também são crônicas, que também são nossos desabafos, e que vêm sendo publicados em todo o país, de Norte a Sul. Isso muito me envaidece, porque é uma atividade voluntária que exerço pelo prazer de escrever e, quem sabe, um dia, possa interessar alguém que a financie. No momento, não é o caso – não consigo viver disso sem vocês, leitores. Se você recebe por e-mail é porque está inscrito em nosso mailing, ou porque é jornalista e a gente já teve algum contato. Ou, ainda, está recebendo de outra pessoa – são milhares de repasses, que agradeço muito – que gostou e achou que você deveria ler também.
Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

ATENÇÃO: Por favor, ao reproduzir esse texto, não deixe de citar os e-mails de contato, e os sites onde são publicados originalmente http://www.brickmann.com.br e no https://marligo.wordpress.com

Dia do Homem? Olha, essa eu não conhecia! Com um simbolo apontando para cima e tudo, 15 de Julho é o Dia do Homem.

Peguei no Wikipedia, para acreditar que é verdade. 15 de julho é o Dia do Homem. Onde?

Dia Internacional do Homem

Origem: Wikipédia
 

 O Dia Internacional do Homem é um evento internacional celebrado em 15 de julho de cada ano. As comemorações foram iniciadas em 1999 pelo Dr. Jerome Teelucksingh em Trinidad e Tobago, apoiadas pela Organização das Nações Unidas (ONU)[1], e vários grupos de defesa dos direitos masculinos da América do Norte, Europa, África e Ásia.

A diretora da Secretaria de Mulheres e Cultura de Paz da UNESCO, Ingeborg Breines, disse que a criação da data é “uma excelente idéia para equilibrar os gêneros”[1].

Dia Internacional do Homem Símbolo

Os objetivos principais do Dia Internacional do Homem é melhorar a saúde dos homens (especialmente dos mais jovens), melhorar a relação entre gêneros, promover a igualdade entre gêneros e destacar papéis positivos de homens. É uma ocasião em que homens se reúnem para combater o sexismo e, ao mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, na famílias e no casamento, e na criação dos filhos.

A data é oficialmente celebrada em Trinidad e Tobago, Jamaica, Austrália, Índia, Itália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Brasil, Moldávia, Haiti, St. Ketts e Nevis, Portugal, Singapura, Malta, África do Sul, Gana, Botswana, Angola, Zimbabwe, Croácia, Uganda , Chile, Hungria, Irlanda, Peru, Canadá, China, Vietnã, Paquistão, Dinamarca, Suécia, Noruega, Guiana, Holanda, Bélgica, Geórgia, Argentina, México, Alemanha, Áustria, Finlândia, Espanha, França e Reino Unido