ARTIGO – É desejar muito? Por Marli Gonçalves

Me respondam: é pedir muito? Não pode ser pedir muito quando apenas o que se quer é viver em paz, podendo prosperar com alguma organização e sem que essa seja limitadora, sem tanta violência, com mais amor e cuidados com a redonda Terra toda em que vivemos todos nós. Não é desejar muito querer que as pessoas sejam felizes. E só se é feliz sendo amado, e com saúde e alimentos na mesa para si e quem amamos.

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 Sei que não é pouco conseguir essa graça, a de ser e estar feliz. Resumo assim meu desejo para todos, para ser incluído no rol geral.  Sei que cada um de nós tem sempre mais um detalhe aqui e ali para pedir, aquele algo só seu; e eu também tenho, um monte. Aquelas coisinhas que não contamos para ninguém, algumas vezes tão pequeninas que podem até achar que somos otários, mas para nós elas têm grande importância e nos darão gás quando obtidas ou vividas, nos farão sorrir e festejar nem que seja por instantes.

Já vi briga para provar que não se pode falar em década encerrada, segundo cálculos que contam a partir do 1 (hum), e que pretendem que a terceira década do século só comece em 2021. Por favor, não! Deixe-a começar já. Vamos aproveitar, renovar, imaginar um pulo maior, esse, de década, aproveitando a boniteza do número que repetiremos durante 365 dias: 2020.

Viva e deixe viver. Faça o que puder para ser uma pessoa melhor. Tenha compaixão. Tente entender os motivos do outro, até para continuar não concordando, mas entendendo. Busque espalhar conhecimento, sabedoria, razão e boas informações especial e justamente para quem não as tem – vamos parar um pouco de apenas falar ao espelho, senão não alcançaremos a maioria, não conseguiremos mais reforços para o nosso campo da batalha, que precisa se organizar, agir com inteligência, proteger o que nos é mais caro: a liberdade.

É desejar muito que tenhamos mais consideração, respeito, que nossos ouvidos não ouçam tantas bobagens e provocações, cada uma que até parece duas? Esse desejo é geral, antes que eu esqueça de frisar, porque esse será ano eleitoral e vai ter muita gente querendo meter os pés pelas mãos. A política não pode se distanciar das pessoas e é a municipal, a que nos cerca mais de perto, que deverá ser escolhida agora. Sua cidade, seu bairro, sua rua, sua casa.

Se olharmos para trás veremos que perdemos muita energia nos últimos anos, tentando sair de crises, vendo a política ferver, corruptos pisando miudinho, milionários torrando dinheiro como se fumassem notas, e as oportunidades minguando. A discórdia e o sectarismo.

 Não quero mais também ver tanta gente jogada nas ruas dormindo um sono como se tivessem sido desligadas de repente. E ali caíssem, como sacos de lixo, em sarjetas, calçadas, debaixo de árvores, pontes e viadutos, ou vagando nas ruas com suas mochilas rotas onde levam o muito pouco que têm.

Ah, tanta coisa a desejar! Que cessem os ataques às mulheres, os feminicídios, o ciúme e a sofreguidão maluca da vingança de morte quando o amor se encerra.

Que os adolescentes que lideram batalhas em todo o mundo sejam respeitados e compreendidos como puderam em tão poucos anos de vida entender o que nós em décadas tentamos ainda ignorar. Eles estão se movimentando, são o motor do Futuro.

Para terminar, trago informações sobre 2020 para vocês aí, os que são mais esotéricos, ligados em coisas que – não adianta não conseguiremos explicar a quem as nega, melhor nem tentar. Deixe achar que somos malucos. O próximo ano terá como regente o Sol (positividade e confiança). O número é o 4, que simboliza lei e ordem, vejam só. No Horóscopo Chinês, será Ano do Rato (prosperidade). O orixá que regerá o ano será Xangô, Deus da Justiça Divina e Senhor das Pedreiras.

Que ele, com seu martelo, brandindo, nos ajude a passar ao largo das pedreiras da vida.

Até 2020, até a próxima década!

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – À toa. E com a Década de 10 à frente.

Marli Gonçalves
Estava à toa na vida. Meio à toa, porque a gente jornalista não para de pensar nem quando dorme e sonha misturando tudo. Alguém pode me dizer por quais cargas de água eu sonhei uma noite inteira com a Erundina se casando? Pois foi.

Sonhei que ela se casava, com direito a uma festa grande, em algum lugar que não reconheci, mas onde havia, entre outras, duas casas de veraneio (ou inverneio) de advogados criminalistas que disputavam entre si a recepção. Non sense total, mas não me perguntem dos detalhes reais do casório, que não lembro; muito menos com quem ela casava. Recordo-me só que ela estava com tailleur nude. Meio rosáceo “Boto”. E o cabelo era o tal cabelo de mãe de noiva, que eu nem sabia que era uma categoria de penteado. No meu sonho, Erundina parecia com a Dilma, e temo que possa ter sido alguma premonição. E antes que me perguntem também, digo que sempre gostei muito da Luiza Erundina, uma das primeiras mulheres no poder, embora ache que de vez em quando ela pise seriamente na sua trajetória. Também afirmo que não bebo. Portanto, não foi ressaca.

“Queridos brasileiros e brasileiras”…Claro que o ocorrido foi na noite de sábado, dia 1º de janeiro, para domingo, depois da overdose da posse da primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e de ter passado a tarde meio de bobeira, dando risadas com as tiradas e fatos e fotos da cobertura. Vou dizer, recomendo para o fígado. Toda vez que ocorrer um fato grande assim, com cobertura, faça isso: corra para o Twitter. É como se você estivesse numa sala de visitas com um monte de gente. Sabe aqueles comentários que a gente faz na frente da tevê? – Nem vem que você faz também! – e que são quase chulos ou bobos? Tipo a roupa de uma, o cabelo da outra, o terninho apertado do Alan Severiano, a gafe daquele, os quilos a mais daquela, e as boquitas e expressões, ou o lapso do outro. Vai ver como é verdade, como a gente pensa igual, ou repara igual a todo mundo, o que todos acham, transmitido do sofá.

Nada escapa. Eles estarão no Twitter, que reúne o maior numero de gaiatos que já encontrei. Aprendi isso durante a Copa do Mundo, com aqueles jogos chatos e durante a apuração das eleições. Para isso servem os tais 140 caracteres. Para nocautear. “Celso Kamura eh um hibrido de Yoko Ono e Clodovil”; “Onde o Sarney comprou essa tinta de cabelo num tinha pra bigode?” ; (@claudiotognolli). “Encontrei algo em comum com o Michel Temer. Adivinhem!” (@FGaristo). “Sabia que o Temer teria alguma coisa boa! À direita dele, de marrom” (@mauro_beting) – para citar algumas, as republicáveis.

Enfim, a overdose total veio depois de ouvir os discursos do óbvio, três Hinos Nacionais, e muita gente passando rodo no Palácio, enxugando o Planalto, e dizendo “foi com muita emoção”, ou “a presidente eleita se emocionou” ( e a própria lá, com uma cara só, que agora inventou e grudou na face); depois de ver um monte de canhões, puxa-sacos, gente que era para ter ido e voltou, e do selinho dela na bandeira (que aquilo não foi bem um beeeijo). Claro: depois de não ter mais nada em que reparar. Não admira que tenha sonhado aquilo. E que já implore: é mínimo nosso interesse pela Bulgária, ok?

Assim passou o primeiro dia da Década de 10. Indo para a de 20. Quantas transformações reais ocorrerão? Quais os desafios? Décadas a gente olha sempre depois que elas passam. E precisamos pensar muito, prestar atenção para reparar o que mudou e a gente nem viu. O que e quem entrou e o que saiu. Inclusive da sua própria vida. Pequenas e grandes coisas. O tamanho do cream-cracker, por exemplo, diminuiu. Os rolos de papel higiênico aumentaram. Continuamos, contudo, sem saneamento básico para todos.

As plásticas e os plásticos foram discutidos. A China está chegando lá. A Internet se instalou em nossas vidas, fazendo rebolar todos os meios de comunicação. As energias renováveis ainda engatinham, enquanto o futuro é içado das profundezas. O global não impede as pendengas religiosas, e fanatismos específicos se alastram. Uma nova sexualidade, com um cardápio repleto de opções, está em campo, sendo que ainda não resolvemos nem as dúvidas advindas da recente liberação feminina.

Continuamos com mais de 30 um monte de coisas, inclusive ministros, enquanto esse número diminui onde se desenvolvem as potências. Nossa corrupção continua com aquela imagem ladina e latina, preservada pela verdade dos fatos, agora gravados em imagens e sons digitais, em canetas, botões, relógios – sem a graça do Sherlock Holmes de cem anos atrás.

Década de 10, 100 anos atrás, teve a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa. Os automóveis se desenvolveram, enquanto o Titanic afundava. Grandes movimentos artísticos cresceram, registrando, denunciando, fantasiando ou não. Apenas pirando, como o jazz, o cubismo, o dadaísmo. Pragas também chegaram – a mais marcante, a Gripe Espanhola.

Por aqui, 100 anos depois, o que esperamos nos próximos 10? A cura para a outra praga que nos dizimou, a AIDS; que a arte floresça, por sua incrível capacidade de denúncia e difusão. Que haja mais justiça e fraternidade, levando em conta a cidadania; que a vida volte a valer alguma coisa.

Pronto, começou. São os primeiros dias dos nossos próximos dez anos. Que a Década seja de ouro, como proclamou o Rio de Janeiro. Mas que os garimpeiros deste brilho se controlem, para não deixar nenhuma Serra Pelada pelo caminho.

São Paulo, semi-férias, já em 2011. Na verdade, só um dia depois de outro. E eu estou prometendo dar uma chance.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. A vida é um punhado de desejos, que saímos buscando, esperando encontrar. Há quem consiga. E isso é bom.
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