ARTIGO – Tudo o que você quer ouvir de verdade

Marli Gonçalves

 Preparei uma listinha básica de coisas para desejar agora, para mim e para você, esperando que esta mensagem lhe encontre onde estiver. Mesmo que não a leia jamais, mesmo que ela fique presa na caixa de spams, mesmo que você nem me conheça. A esta altura da vida já descobri que nenhuma felicidade pode ser completa, se não fizer a alegria de mais alguém e que não custa nada tentar

Feliz Natal. Jingle Bells! Feliz Ano Novo. Pronto. Dito o geral, sei bem que cada um de nós tem desejos bem particulares que gostaria de poder pedir ao Papai Noel, mas só se este existisse, o que você já deve ter descoberto que não é bem verdade. Como a moda agora é compartilhar tudo, bem, preparei uma lista de itens que não podem faltar neste finzinho de ano, junto com a boa comida, bebida, o sorriso e abraço franco de quem a gente ama.

Queria mesmo, para começar, ter o dom e poder dizer tudo o que você quer ouvir. E que você fale e seja compreendido pelos seus.

Você pode e deve sonhar por um mundo melhor, por uma vida melhor. Porque não?

Você merece. Às vezes é tão pouco o que no seu íntimo deseja que ninguém acreditaria, mesmo se contasse.

Onde estiver, quero que respire o ar puro como o das montanhas. Sinta a brisa do vento como o que bate quando caminhamos leves e soltos numa praia, preferencialmente tranquila, deserta, calma, mas com pelo menos uma barraquinha para a água de coco gelada, o peixe fresquinho, uns camarõezinhos fritos, quiçá uma lagosta. E caso esteja mesmo nas montanhas, dias lindos, cheiro de relva. Se chover, que nada alague. Que ela seja bem refrescante, como era quando éramos crianças e gostávamos de chapinhar na água, ficar debaixo dela, levar bronca depois.

Se viajou, se viajar, uma viagem segura e tranquila. E se houver perrengues pelo caminho – sabe como é – que os resolva de forma bem humorada, sem perder a razão. Que os caminhos levem e tragam você de volta ainda melhor do que foi.

Sei o quanto queria que sua família pelo menos – vá lá – se entendesse, para poder continuar pensando nela como uma família, algo bom. Se tem filhos, que estes tragam mais alegrias do que preocupações, e que eles percebam que mesmo quando erra o faz por amor demais. Talvez até eles tragam outros filhos, e uma segunda chance de ver crescer uma pessoa íntegra, que faça a diferença no futuro, quando não mais estaremos aqui.

Espero que tenha por perto alguém em quem possa confiar, confiando a esse eleito até alguns entre tantos segredos que carrega e às vezes chegam a pesar sobre seus ombros. Que nem agora, nem nunca, seja traído, para não saber jamais a imensa dor que isto causa, para não ter jamais de passar a desconfiar de tudo e todos a partir daí. Para jamais temer o abandono. Para nunca conhecer o terrível silêncio e vazio que se segue ao ver alguém lhe virar as costas quando mais precisa.

Que possa comprar, senão tudo, algumas das coisas que cobiça e que farão – por mais bobas – o seu dia a dia melhor, mais confortável ou divertido. E que ainda sobre algum, para presentear e ver a alegria que dá atender ao sonho de outros, mesmo os pequeninos.

Que ocorra uma mágica de Natal, um bom milagre, à mesa: que tudo esteja ótimo, com bom tempero, fartura. E que você possa comer sem engordar, sem ter problemas, nem com o sal nem com o açúcar, nem com o álcool em boa medida, como se momentaneamente sua pressão e seu índice de açúcar acabem de ser decretados normais e regulares, e assim fiquem por bom tempo. Que possa ainda beber sem tontear, pelo menos nem tanto para fazer besteiras das quais se arrependeria. Que seu coração palpite no ritmo da boa música que haverá de estar tocando, suave, em volume e em ritmo.

Que sua memória reviva todos os que puder lembrar, e que as lembranças sejam as melhores e possam levar luz e elevação para os seus espíritos. Ou, no mínimo, se for cético, que estas pessoas possam realmente ter mantido suas inscrições no livro de sua vida.

Que na noite de Natal você possa também falar de si próprio, contar as façanhas pelas quais passou, e ser ouvido atentamente. Que ouça delícias de seu amor, ao pé de ouvido, as palavras que sempre espera sejam ditas.

Que possa brilhar como uma estrela na ponta de uma árvore, de verdade, no céu, ou de Natal, em sincronia colorida, como as luzinhas que fazem brilhar os nossos olhos nos enfeites.

Que me queira bem.

São Paulo, iluminada, últimos dias de 2011, e toda esperança nos dias que seguirão.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Pena que o Natal também nos deixe tristes. Pena que não possamos fazer tudo acontecer tanto como gostaríamos.

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ARTIGO – Coisas que faremos juntos

                                                                                                                         Marli Gonçalves

Esta é uma Mensagem de Natal que, como recado em garrafa atirada ao mar, espera encontrar o seu endereço. E que seja recolhida e acolhida, ou novamente distribuída para outros corações e mentes. São desejos.   

 

     Que as águas límpidas e aquela sensação de frescor, de banho tomado, de mergulho no mar contra ziquiziras, e uma brisa suave nos acompanhe hoje, amanhã e sempre.

     Que nosso coração se fortaleça, e nos mantenha vivos como regentes harmoniosos de nossos destinos. Que nossos olhos enxerguem longe – tanto as injustiças, como que consigam ver quaisquer ameaças veladas tramadas contra nós ou nossos amores. Que nossas mãos sejam estendidas aos que as merecem, e que nossos pés toquem o solo reproduzindo vida e criação em sementes carregadas nas solas dos nossos sapatos. De nossa boca, que saiam respostas e soluções; ou perguntas inquietantes. Que se rompa o medo que fez o silêncio muitas vezes comandar os arrependimentos que carregamos.

     Que o peso da balança seja mais leve, e que a fita métrica meça e mostre sua altivez diante do mundo. Que você tenha energia e equilíbrio para enfrentar percalços e perdas, tomando-as como ganhos e sabedoria, ou desígnios. Que seus sonhos sejam sempre confortantes e restauradores, mesmo que viva só com seu travesseiro já roto, mas sabedor calado de segredos, dúvidas, angústias, pecados, fraquezas e cansaços. Que você viva bem com você, com o espelho – do carro, do elevador, do banheiro, do hall de entrada, do reflexo do vidro, do copo de água bebido, da poça de chuva. Tal qual Narciso, tenha a honra de bem se mirar. E se ainda não puder fazê-lo, que consiga mudar a tempo para o ano que vem. Mas que consiga se ver.

     Que uma seiva como a da alfazema, a luz do Sol, a beleza das flores e o canto dos pássaros, o amor bem feito, sejam os seus vizinhos, convidados a entrar todos os dias em sua morada, por menor que seja o espaço dela, ou sendo apenas o seu próprio corpo, sem teto, sem terra, sem lenço, sem documento. Anárquico, mas com as janelas abertas. Para que nenhuma clausura se justifique, a não ser na sua renovação, na meditação, e na procura por trilhas.

     Que você seja um ser muito amado. E odeie menos. Que perdoe mais, e que expire suas culpas antes que elas cresçam. E que todos os dias receba ao menos um olhar límpido da atenção de uma criança, que também pode estar em espírito dentro de um velho, do maltrapilho, do passante. Nos animais que parecem tudo saber e sentir quando nos pedem afagos, quando se esfregam em nossas pernas, quando emitem sons para os quais ainda não há tradução formal, mas você sabe.

     Que consiga ultrapassar as barreiras impostas pela moral reinante de alguém a quem não se autorizou, e respeite todos os outros sexos, todas as outras manias, todas as outras crenças e não-crenças, todas as outras estéticas, culturas, hábitos. Mas jamais aceite a imposição de qualquer delas, se delas depender para ser aceito.

     Não há tanta poesia no mundo, bem sei. E isso não mudará quando o calendário passar por qualquer das estações, sejam as do mundo, ou as do rádio que irradiará a realidade junto com sucessos musicais. Certamente que não poderá comprar tudo o que deseja, e pode estar certo que dia após dia estará mesmo envelhecendo de alguma forma – como o vinho, como a madeira, ou como o alimento vendido nas prateleiras. Mas há a reciclagem. De nossas cinzas e de nossas ideias. Seremos, sim, substituídos. Só podemos rogar que sobrevivamos na memória dos que ficam, e enquanto ficam, e que assim a gente fique sempre.

     Você já viu: começaram a chegar mensagens de Natal. Boas Festas. Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. Que tudo se realize no ano que vai chegar. Sempre gerais e quase utópicas e iguais, impressas, com seus envelopes, alguns até garbosos. Por debaixo da porta, e não pela chaminé, entram os Papais Noéis, as guirlandas, caixinhas e lacinhos, sinos, renas e trenós. A tradição volta e se espalha pelas cidades, em luzes, nos enfeites nas janelas, alguns pelo amor. Outros, pelo comércio. Pouca ousadia para não cometer pecados numa época que todo mundo fica bonzinho, manso, solidário, principalmente com as pobres criancinhas pobres.

      Como se fossem dois mundos incutidos religiosamente nas cabeças desde a infância, há a procura pela família, os agrados dos presentes, lembrancinhas e dinheiro em listas, as cestas de Natal, as caixas de espumantes, os panetones. O vai-e-vem, aqui, vira a forma metódica de ano após ano afirmar os caminhos pelos quais trilhou nos últimos meses. Uma espécie de revisão, nas barbas do tal Noel.

     Não se impressione com isso agora. Você pode todos os dias fazer um Natal interior. Que os anos sejam como os dias. Para a gente nascer, viver e morrer felizes, no que ainda der para salvar.

São Paulo, 2010-2011, de um mundo todo girando, girando, girando. Todos querendo uma resolução. Uma revolução.

 (*) Marli Gonçalves é jornalista . As coisas ( bem gostosas) que faremos juntos são muitas mais. No coletivo, só vale o que é recíproco. E o que é recíproco é verdadeiro. 

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