ARTIGO – Em busca do prazer perdido. Por Marli Gonçalves

Vou falar desse assunto um pouco proustiano porque creio que muito mais gente pode estar se sentindo assim e talvez seja bom trocarmos ideias, um pouco de filosofia, essa conversa particular. Não confunda prazer com felicidade. Prazer é fugaz, mas alegria necessária no nosso árido cotidiano.

 

Anda faltando prazer. Anda me faltando prazer. Demorei dessa vez um pouco mais do que de costume para distinguir o porquê de uma certa tristeza no fundo do coração, como definiria e responderia como me sinto, claro, caso alguém me perguntasse. O que anda meio difícil, que alguém queira saber de outro realmente se está tudo bem. Tudo bem, tudo bom. Cada vez mais as relações são fugazes, superficiais e as pessoas estão voltadas aos seus próprios umbigos e a como salvar os seus rabos. Não é uma crítica. O mundo está assim mesmo. Cabe a todos admitirem onde o sapato aperta.

Mas especialmente quem vive só, ou melhor, convive consigo mesmo, tem de estar esperto ao que o seu eu interno está sentindo, até para evitar o agravamento enquanto é tempo. Quem pode, pode, faz análise, viaja, tira ano sabático, inventa uma moda, sai comprando coisas – que comprar coisas é sempre bom. Quem não pode… escreve.

Pode ser a aproximação de mais um aniversário, os teimosos e inúmeros cabelos brancos que despontam revelados pelo espelhos. E que parecem rir da sua cara quando se tenta puxá-los da cabeça. Pode ser essa sensação de ter se tornado invisível justamente para aqueles os quais mais gostaria de estar sendo vista. O tempo correndo.

Pode ser por causa de tanta coisa. Pode ser esse país maluco e desorientado, todo dia ouvir índices bons descendo, índices ruins subindo, o tempo escorregando numa rotina qualquer. A repetição das desgraças que poderiam ser evitadas, e das tragédias que, por mais longe que seguidamente ocorram, nos afetam a sensibilidade – cada vez mais acompanhamos ao vivo muitas delas e diante de nossos olhos elas se desenrolam sem que possamos interferir em nada.

Tenho um bom amigo psicanalista, um vizinho de quem gosto muito, também jornalista, e que um dia vi conseguir mudar um monte de coisas na vida dele. Continua mudando. Me contava que para se “salvar” diminuiu drasticamente o número de horas “GloboNews”; se informa no estritamente necessário. Já eu não posso fazer isso, por conta da atividade, mas detectei uma parte da minha própria angústia: os plins 24 horas vindos da internet, dos e-mails, das redes sociais, do SMS, do Whatsapp, que agora ainda tem mais essa. Cancelar notificações: ajuda.

Continuando a conversa, ele citou um autor que pergunta: “Você realmente quer aquilo que deseja?” “É mesmo o que precisa?”. Porque desejar muito é constante fonte de angústia. Citou ainda mais o que faz para si, a leitura e a culinária, essa última encontrei várias vezes citada como excelente forma de prazer. Cozinhar. Criar.

Prazer é descrito como uma sensação de bem-estar, a gente demonstra alegria quando tem prazer. É uma resposta do nosso organismo. É aquela sensação agradável. Efêmera, curta, mas fundamental. Os prazeres ocorrem à flor da pele.  O dicionário é claro: sentimento agradável que alguma coisa faz nascer em nós; deleite, gozo, delícia; gosto, desejo; alegria, contentamento; boa vontade, agrado; distração, divertimento. E olha que nem estou falando do prazer sexual, que esse é outro capítulo.

Cazuza queria uma ideologia para viver. Eu quero prazer, ter mais prazer. Ideologias há muitas e ultimamente elas têm sido fonte é de enorme desprazer. Porque as pessoas se apegam a elas – talvez até em busca de preencher seus vazios existenciais – e têm ficado meio burras agarradas nessas tábuas de salvação.  Acabam tentando limitar o prazer a aquilo que alguém ao longe acena friamente buscando fanáticos para segui-los. Acabam com os nossos, em palavras, canetadas, agressões.

O prazer é coisa pessoal, individual, precisa ser livre e desimpedido, acontecer quando menos se espera, naturalmente. Prazer me faz sorrir, me impulsiona, dá ânimo, me deixa bem, combina comigo.

Mas precisa de ambiente propício. Que é o que não vem sendo o caso, também descobri nessa busca que empreendi para entender meus sentimentos.

 E você, como está se sentindo? O que é que te dá prazer?

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(CRÉDITO FOTO: Alê Ruaro, para o projeto Identidade Brasileira)

Marli Gonçalves – jornalista

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

São Paulo, no outono.

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ARTIGO – A Era do Bate-boca. Por Marli Gonçalves

  Creio que, a partir de janeiro, com a posse do novo Governo, a Era do Bate-boca se torne realidade histórica. Já vem num formidável crescendo, pega pra capar, durante o processo eleitoral. Tudo acaba em bate-boca, por mais que se evite. Na vida, na política, no futebol, nos amores. Mas no maior dessa semana deu orgulho a altivez (e até certa paciência) com a qual a juíza Gabriela Hardt enfrentou o ex-presidente Lula

Com quem você pensa que está falando? Lembra do tempo em que tínhamos de abaixar a cabeça diante de poderosos? Acabou. E não volta mais, não há de voltar. Pois eu lembro bem e faço de tudo para esquecer, hoje batendo é palmas para esse novo momento de não levar desaforo e desrespeito para casa, especialmente as mulheres, que de igual para igual vêm participando em todos os debates. O Lula revoltado que apareceu essa semana dando depoimento no caso do Sítio de Atibaia pareceu claramente achar que a juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro, baixaria a cabeça diante de sua ex-autoridade. Acho até que ela foi paciente demais.

É o evidente velho hábito – desculpem aí, hein, esquerda, direita, centro! – de achar que mulher é menos, mais facilmente amedrontável. Vimos um Lula destemperado (ok, isso não é tão anormal assim) ao lado de seu pálido advogado silente, enfrentando a Justiça como se ela não fosse para todos, e ali personificada por “aquela mocinha”, como tenho certeza de que ele pensou antes de estar ali cara a cara com ela. Sobrou até para o promotor, várias vezes chamado de você, e para quem ousou até insinuar o que é que ele e ela deviam estar perguntando. E aproveitando para desmerecer com evidente ódio e insinuações o ex-juiz Sergio Moro, que o colocou ali naquele banco. A juíza brincou de Stop; de Wanderléa ao contrário: senhor ex-presidente, pare, agora!

O doloroso processo político que o país vem enfrentando, o momento eleitoral que parece interminável, a sensação de poder das redes sociais e a intransigência colocaram o bate-boca na ordem do dia. Mas há o bom bate-boca, o que poderá nos defender dos desatinos e ignorâncias. Vamos e devemos bater muita boca ainda, principalmente se decisões do novo governo (dos novos governos, se contarmos outros seres reacionários que dirigirão os Estados e alguns de seus parlamentares lambisgoias) nos afrontarem – e algumas já estão vindo recheadas de desaforos.

Debates: saempre bons, para a democraciaA discussão burra que eles chamam de “Escola sem partido”, que sabe-se lá Deus de onde apareceu essa besteira que só atrapalha o foco e a verdadeira busca por uma Educação eficiente; as tentativas de encabrestar os indivíduos e seus corpos numa moral religiosa excludente; as tentativas de criminalizar atos civis e individuais de uma liberdade pela qual tanto lutamos; e, entre outros tantos atos que já podemos prever, o de buscar jogar a sociedade contra a imprensa, a guardiã, trocando-a por falas únicas em caracteres de Twitter, copiando outros topetes do poder mundial.

Motivo para bate-boca não vai faltar. Inclusive de outros países com o nosso, se o diplomata escolhido para Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, resolver levar seus patéticos pensamentos de cabeceira para a política externa. Serão bate-bocas memoráveis.

Por conta disso vamos bater cabelo e bater barba contra os bate-orelhas; bater chinela e os pés pelos nossos direitos. Zunir e chamar atenção até resolver, como as pequenas abelhas bate-chapéu. Que bater panelas virou démodé e bater coxas é coisa íntima.

Não nos intimidarão como fazem os bate-bolas que saem nas ruas à época de Carnaval, personificando o bicho-papão. Quem fará barulho, porque não somos palhaços, seremos nós. Afinal, já estamos acostumados.

Embora claramente prefiramos um bom e velho bate-papo para resolver as diferenças.

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  – Marli Gonçalves, jornalista – Tudo para não entrar se não for preciso…, mas mamãe sempre ensinou a não trazer desaforos para casa e que ninguém é melhor do que ninguém. Também sempre respeitei a hierarquia, desde que ela não tente a submissão pela força.

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Brasil, à espera da posse de 2019

 


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ARTIGO – Vamos mudar o disco. Por Marli Gonçalves

 

Vou atirar para tudo quanto é lado, adianto, que não estou gostando nadinha dessa coisa de ficar falando só em dois lados da questão Brasil. Essa moeda tem pontas, muitas, uma pluralidade delas. Quero meu país de volta. Quem ganha com essa paradeira, com essa tensão toda? É cansativo. São já pelo menos mais de três anos que parece que não temos mais um minuto de sossego, que nada funciona normalmente, que não tem dia sem algum sobressalto

        Se você me conhece pode imaginar com mais precisão, mas não importa, se você não me conhece pode imaginar também. Estou aqui segurando uma plaquinha – um papel daqueles, sulfite, escrito à mão com os dizeres: Por uma Nova Constituinte Já! Só assim, com uma reforma política, com uma ordem social mais planejada, moderna, visando o futuro que já mostra a cara, com tecnologia e avanços, vamos conseguir levantar o pé dessa lama. Começar de novo.

Essa semana foi, vem sendo (e será a outra também) desesperadora. Mas foi a prova de onde reside um dos nossos maiores entraves. Dias e dias vendo e ouvindo bate-boca de ministros com suas togas negras e vistosas debatendo entre si, se entreolhando feio, falando, falando, falando, e poucos entendendo exatamente o que diziam em seus sonolentos votos.

Pior, ao analisar esses debates com um pouco mais de atenção, perceber que todos discutiam, de alguma forma, a forma da lei. Que cada um lê essa lei, que não é clara, de uma forma. Do ângulo que lhe convém, uma coisa meio Babel. Ao mesmo tempo, para defender seus argumentos, todos acenam iguais brandindo com o mesmo livrinho verde e amarelo nas mãos, e as palavras Constituição e constitucional, repisadas. Engraçado é que aplicadas igualmente a justificar visões opostas. É esquizofrênica a situação; bipolar.

A coitada da Constituição de 88, tadinha, já nasceu meio capenga, vinda de uma época cheia de dúvidas, recém saindo de uma longa noite de ditadura onde foi fecundada. Nesses 30 anos, a já balzaquiana foi emendada, remendada, costurada, acharam um monte de verrugas nela, incrustadas e escondidas por hábeis manobras. Agora é isso aí: todo mundo fala que a segue porque ela é gordinha de tanta coisa que satisfaz a qualquer um, ao gosto do cliente.

Não vou me deter em tratados sociológicos ou meandros jurídicos, que nem me arriscaria. A realidade é maior. Quem está conseguindo trabalhar direito, sem sobressaltos? Sem medo? Quem está realmente satisfeito com seus governantes, com seus representantes eleitos, uma decepção atrás de outra? Quem é que está confortável com as Eleições que se aproximam, marcadas para daqui a apenas seis meses? E essa mais nova moda trumpiana que baixou aqui – comunicação pública – recados, posições, controvérsias, fusquinhas e rusgas – via redes sociais, tuítes.

As contas não param, os bancos não perdoam, ninguém quer saber se teve ou não protesto, se a cidade parou, se não sei quem vai preso, se outro manda soltar, se os dias não estão rendendo. Você está aí com os boletos nas mãos, sacudindo. Falam em milhões, bilhões surrupiados, enquanto contamos as moedas. Não entendo porque o país está tão dividido se o barco é esse mesmo, igual para todos, excetuando-se só os palermas que ainda acreditam que as coisas não se passaram como se passaram. Que o Grande Líder, Pajé Lula… Que o Chuchu… O maluco beleza… Andam até ameaçando ir buscar nos confins aquele exemplo de postura, Joaquim Barbosa! Porque é negro. Mulher, não, que já acham que não deu certo.

Embora tenhamos pouco tempo, talvez com o andar dessa carruagem que está descarrilando tenhamos de pensar logo nisso. Numa eleição onde escolheríamos constituintes. Talvez pessoas mais gabaritadas se apresentem em suas áreas, vindas da sociedade civil, criando, aí sim, uma nova política. Sem esse blábláblá de gestão, sem messianismo, sem que sejamos ameaçados todo dia com alguma tirada genial da cartola de algum cartola. Com o tempo determinado.

Como é que faz não sei. Sei que tem mais gente pensando nisso. Eles que são importantes que se entendam. Eu vou continuar segurando minha plaquinha com o pedido. Foi a única coisa que achei até agora, mas se você tiver outra sugestão vai ser legal.

Precisamos mudar o disco dessa vitrola.

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Marli Gonçalves, jornalista – É tanto embargo, tanta presunção de inocência e culpa que só cantarolando a música do Djavan com outra letra: “Um dia tenso/Sem um bom lugar nem pra ler um livro/ E o pensamento lá em você/Que é muito vivo… Um dia triste…”

marli@brickmann.com.br / marligo@uol.com.br

Brasil: mostra uma nova cara!

ARTIGO – Mulheres, sempre à beira de algum abismo. Por Marli Gonçalves

tumblr_n22lpobkUP1sltk8co1_500Muitas vão ler isso, virar a cara, fazer muxoxo, espernear, negar, dizer que estou exagerando, que não é tudo isso, mas nunca na frente de um espelho. A mais nova ridiculice, misto de tolice com ridículo, é ficar discutindo se qualquer tititi que tem mulher no meio é feminismo ou não. Aliás, ultimamente se afirmar feminista – e eu, já adianto, sou, até porque sei do que se trata – é equivalente a ser uma bruxinha. Errado

Pois repito: mulheres, sempre à beira de algum abismo. Sempre tendo que fazer uma escolha, tendo que se desdobrar especialmente mais, com a corda esticada no limite. Não pensem que é fácil falar tão duro, mas de novo essa semana vamos ouvir muito aquelas frases construtivas que inventaram dizer em nossos ouvidos e só não tão piores como as que aparecerão no Dia das Mães, que aí o jogo é mais duro ainda. O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, não foi criado para vender rosas nem batons. É dia nosso, mas em outros sentidos, quando devíamos todos contemplar a situação, inclusive a sua própria situação, se for mulher. Só isso. Não é nem feriado; é simbologia. É dia criado para nunca esquecermos quando outras mulheres antes de nós começaram a se impor. Não precisa mudar nada se achar que está tudo bem. Ok? Calma. Ninguém quer brigar.

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É certo ainda que novas formas sexuais híbridas começam a se apresentar bastante influentes, e mudando a paleta de cores do que é ser homem ou ser mulher. Há variações. No caminho o povo vai se acomodando onde lhe aprouver, tantos homens quase mulheres e mulheres quase homens, numa interessante gradação. Que acomoda a todos.candystriper_pushing_pregnant_woman_hg_clr

Mas repito: ser mulher é mais complexo, essa coisa de ser geradora, fabricante de outros humanos, importa sim. Mas não é fundamental, até porque entre nós há as que não querem fazer ninguém. É mais complexo na coragem, na força que tira sabe-se lá de onde quando acuada, nas escolhas de sofia que faz praticamente todos os dias, nem que seja escolhendo o cardápio da casa, ou a cor de seus sapatos. Se vai prender ou soltar os cabelos. Cheguei à conclusão de que as mulheres sempre têm muito mais o que decidir. O dia inteiro, toda hora. Sinto na pele.

A mulher tem de sobreviver, nascer, crescer, ter orgasmos, ser feliz, bonita e disponível, compreensiva, dedicada, delicada, ao mesmo tempo que está na máquina de moer carne do mercado. Ainda tem que esperar que percebam que é dona absoluta de seu próprio corpo, não está disposta a assédios brutos. Sem autorização, jamais toque numa mulher, nem pegue nos seus cabelos – ela pode se transformar em uma onça. Eu, pelo menos, até afio as garras.

womanHá muitos paralelos. As meninas do movimento #vaitershortinho nos lembram vagamente o que foi a polêmica da minissaia, os 20 centímetros acima do joelho que mudaram uns rumos, desnorteando revolucionários. Hoje são outras coisas as solicitadas e fundamentais. Vamos lá. Outras igualdades, se é que ainda poderá haver algo igual a outro analisado do ponto de vista de gênero.

3d animasi woman playing violin animated human animation could be wallpaper and screensaverVamos organizar melhor essa batucada.

Outro dia li e fiquei muito contente com a notícia de que a Marilia Gabriela vai fazer um novo TV Mulher, reeditar a ideia básica. Vai sair coisa boa daí. Multifacetada, ela acompanhou todo esse tempo a que me refiro, que não é muito, mas já são décadas. Vamos poder conversar melhor – espero que façam as mesmas boas pautas de outrora. As sexólogas também deverão ser muito mais arrojadas do que eram a Marta Suplicy e outra famosa da época, também Matarazzo, a Maria Helena, que lembro como mais conservadora.

Vamos, por favor, continuar comentando, observando, fazendo. Nos encontraremos todas à beira de nossos abismos pessoais, e onde acabamos sempre por mergulhar, no mínimo para ver no que dá.
Mulher é curiosa.

SP, 2016 programmer_woman

Marli Gonçalves, jornalista Estamos em um momento muito pulsante, que não requer divisões, mas homens e mulheres com atitude. Ah, outra coisa, antes que esqueça: se me xingar de feminista eu gamo, entendeu?

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Do MIGALHAS: discussão sobre mudanças no Código de Ética dos advogados passa por confidencialidade dos novos meios, “zapzap” e outros. Veja, “

Ética da advocacia

judge6Atualização do Código de Ética da OAB deve gerar intenso debate sobre publicidade

Dai 12/14 o Conselho Pleno da Ordem discutirá texto do novo Código.

 

No próximo domingo, o Conselho Pleno da OAB discutirá o anteprojeto do novo Código de Ética e Disciplina em sessão Extraordinária. A proposição é de relatoria do conselheiro Federal Humberto Henrique Costa Fernandes do Rêgo.

Aprovado em fevereiro de 1995, o atual Código passa por atualização com o objetivo de orientar os causídicos em diversas situações enfrentadas pelos profissionais no exercício de seu mister.

Sua atualização começou a ser debatida em 2014, quando a Ordem realizou consulta pública sobre o anteprojeto elaborado por Comissão Especial. Após a consulta, debateu o texto e as sugestões nas seccionais, intensificando as discussões durante a Conferência Nacional da OAB.

Acerca do tema, a Coordenação do Conselho Pleno encaminhou memorando ao conselheiro Humberto com as sugestões do colégio de presidentes.

Novos tempos

Na era de conversas instantâneas por meio de diversas redes sociais e aplicativos de comunicação, o texto da proposta em discussão determina claramente a confidencialidade de comunicações de “qualquer ordem entre advogado e cliente”.

Mas de alguns assuntos mais polêmicos o debate a ser travado deve ser mais intenso. Um deles, claramente, é a questão da publicidade profissional. Em um país com 863.819 advogados e 37.782 estagiários (dados atualizados da OAB), ninguém ignora a importância da publicidade para os negócios. Com tamanha concorrência, é natural a busca constante por práticas que auxiliem os causídicos a se destacarem no mercado.

Publicidade

Transcrevemos abaixo como está o projeto do novo Código com relação ao tema da publicidade profissional.

CAPÍTULO VI

DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL

Art. 38. A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo, não podendo as publicações feitas com esse objetivo apregoar serviços, induzir as pessoas a litigar, invocar atuações precedentes em determinados casos ou utilizar expressões que, de qualquer forma, possam configurar captação de clientela.

  • 1º O advogado e as sociedades de advogados poderão manter sítios eletrônicos, onde deverá necessariamente constar o nome do advogado, da sociedade de advogados, caso existente, e o número de inscrição na OAB.
  • 2º O sítio eletrônico do escritório poderá disponibilizar uma área de acesso restrito aos clientes interessados, mediante login e senha específicos, para informações concernentes aos seus processos.
  • 3º São vedados quaisquer meios de autopromoção, nas redes sociais ou na mídia, ainda que a pretexto de divulgar atividades de outra natureza a que o profissional esteja vinculado.

Art. 39. O anúncio deve mencionar o nome do advogado ou da sociedade de advogados, dele constando, necessariamente, o número da inscrição na OAB, podendo trazer o logotipo do escritório ou da sociedade, bem como o respectivo endereço.

  • 1º. O anúncio adotará estilo sóbrio, na forma e no conteúdo, podendo indicar a especialidade do escritório ou sociedade, o horário de atendimento aos clientes e idiomas em que estes poderão ser atendidos, títulos acadêmicos de que sejam portadores os seus integrantes, bem como instituições jurídicas de caráter cultural a que sejam filiados.
  • 2º. O anúncio não deverá fazer referência a clientes atuais ou antigos, a causas em que atue ou haja atuado o advogado, a cargos ou funções públicas por ele exercidos nem mencionar valores de honorários cobrados.
  • 3º. O anúncio será redigido em vernáculo ou, simultaneamente e nos mesmos termos, em outra língua, quando for o caso.
  • 4º. O anúncio não poderá veicular serviços de outra natureza ou distintos dos que são peculiares à advocacia nem denotar vínculos com outras atividades, ainda que afins ou de caráter auxiliar.

Art. 40. As placas afixadas na sede profissional ou na residência do advogado devem ser confeccionadas segundo modelo sóbrio, tanto nos termos quanto na forma e na dimensão.

  • 1º É vedada a utilização de outdoors e de formas assemelhadas de publicidade, tais como anúncios eletrônicos, painéis confeccionados com material de qualquer natureza e inscrições em muros, paredes ou veículos.
  • 2º A critério do Conselho Seccional e segundo modelo por este aprovado, os veículos utilizados por advogados ou sociedades de advogados poderão estampar adesivos discretos, com a finalidade de facilitar-lhes a identificação em estacionamentos oficiais.
  • 3º São vedados quaisquer meios de autopromoção ou formas de publicidade que, utilizando atividades de outra natureza a que esteja vinculado o profissional, tenham por fim promovê-la nas redes sociais ou na mídia em geral.

Art. 41. O anúncio do escritório ou da sociedade de advogados poderá ser veiculado em jornais, revistas, catálogos telefônicos, cartazes de promoções da OAB, folders de eventos jurídicos ou outras publicações do gênero, bem como em sítios eletrônicos de conteúdo jurídico, sendo vedado fazê-lo por meio de mensagens dirigidas a telefones celulares, publicidade na televisão, cinema e rádio, nem podendo ser a mensagem publicitária transmitida por outro veículo próprio da propaganda comercial.

Art. 42. O escritório ou a sociedade de advogados poderá editar boletins sobre matéria jurídica ou veiculá-lo por meio da internet, tendo como destinatários clientes, colegas ou interessados que os solicitem.

Art. 43. A utilização de mala direta deve ficar restrita a comunicações de mudança de endereço, de horário de atendimento, alterações na sociedade de advogados, indicações de ramos do direito a que se dedique, modificações ou ampliações de especialidades, órgãos judiciais ou administrativos perante os quais atue, o que poderá ser feito, igualmente, por outras formas admissíveis de publicidade.

Art. 44. O advogado que publicar colunas em jornais, revistas ou sítios eletrônicos ou participar de programas de rádio, televisão e internet sobre temas jurídicos haverá de pautar-se pela discrição, não podendo valer-se desses meios para promover publicidade profissional.

  • 1º. Quando a abordagem de temas jurídicos envolver casos concretos pendentes de julgamento pelos órgãos competentes, o advogado deverá abster-se de analisar a orientação imprimida à causa pelos colegas que delas participem.
  • 2º É vedado ao advogado e à sociedade de advogados:

I – Comprar de forma direta ou indireta espaços em colunas e matérias jornalísticas em jornais, rádio, televisão e internet;

II – Participar com habitualidade de programas de rádio, televisão ou veículos na internet com o fim de oferecer respostas a consultas formuladas por interessados em torno de questões jurídicas;

III – Divulgar seus dados de contato, como endereço, telefone e e-mail, em suas participações em programas de rádio, televisão e internet.

Art. 45. Os cartões de visita, os papéis timbrados e todos os materiais utilizados pelos advogados e sociedades de advogados devem obedecer às mesmas normas da publicidade profissional, não podendo deles constar fotos ou qualquer ilustração incompatível com a sobriedade da advocacia.

Art. 46. Deve o advogado abster-se de participar de enquetes, entrevistas e publicações da imprensa que impliquem a publicidade, direta ou indireta, de suas atividades profissionais.

  • 1º É vedado ao advogado insinuar-se ou de qualquer forma buscar a participação em entrevistas e matérias jornalísticas.
  • 2º Ao participar de entrevistas à imprensa, sempre atendendo a convite espontâneo e observada a moderação na frequência com que o faça, o advogado limitar-se-á a responder a questões de interesse geral, emitindo opiniões em tese, abstendo-se de conduta de autopromoção.
  • 3º Em eventuais aparições na mídia, em razão de seu exercício profissional ou de sua vida privada, o advogado deve pautar-se com a máxima discrição.”

Após a discussão no domingo, o tema volta a ser debatido nos dias seguintes.

  • Proposição : 49.0000.2015.000250-3/COP

Artigos que eu assinaria embaixo 1, sobre Copa do Mundo. Esse, do Gabeira

Nos anos 60, corria uma história engraçada nos bares frequentados por intelectuais Um garoto transou com um maduro diretor de teatral. Consumado o ato, como diria um escrivão, o garoto se dirigiu ao diretor e disse:

-Quero 100 cruzeiros

-Não, respondeu o diretor

-Quero 50 cruzeiros

-Não

-Quero 20 cruzeiros

-Não

-Tudo bem, me dá dez cruzeiros

-Não

O garoto olhou para a mesa ,estendeu a mão e disse: então vou levar essa caixa de fósforos.

Essa história me vem à cabeça na relação do Brasil com a FIFA. O Brasil decidiu ceder em tudo. Mas vai preservar o direito dos idosos, que terão meia entrada

O Ministro Orlando Silva, do PC do B, não mencionou os estudantes. Como o partido dirige a UNE é possível que não haja protestos pela suspensão da meia entrada durante a Copa.

Os marqueteiros do Planalto vão convencer a todos que Dilma resistiu à FIFA e defendeu bravamente os idosos. Alguns jornalistas vão repassar essa imagem e Dilma, que já está nas alturas pela suposta faxina contra a corrupção, será a heroina da terceira idade.

Esse é o tempo que vivemos. Evidências são envenenenadas pelas versões e poucos se importam com isso; deixaram de ser a materia prima da avaliação , tornaram-se   página em branco , nas quais, a partir de alguns fragmentos tudo pode ser escrito.

Em Cuba já se pode comprar carro novo,  falou muito disso em setembro. Mas 563 pessoas foram presas por razões políticas, quase o triplo da média mensal; a notícia vai desaparecer, após uma discreta menção.

Ressaltar estas prisões, vale sempre uma enxurrada de protestos. Por que não falar de Guantanamo? Por que não reconhecer a importância da revolução cubana e mencionar apenas alguns detalhes negativos, como 573 pessoas presas ?

Por que não olhar para Gisele Bundchen, de biquini, tentando seduzir o marido numa propaganda da Hope?  Aí sim, vemos uma questão de direitos humanos que é preciso equacionar.

São tempos em que a maioria vai para um lado e é preciso coragem e bom humor para contestá-la. A pátria de chuteiras aceita tudo porque já cedeu o principal: a Lei Geral da  Copa do Mundo tem como objetivo máximo garantir os lucros da FIFA e ponto.

Durante anos, a pirataria foi regida por uma lei. As penas serao ampliadas na Lei da Copa. A pirataria não é mais apenas a apropriação dos direitos intelectuais de criadores ou da pesquisa das grandes marcas.

Ao chegar ao futebol, ameaçando os lucros da FIFA, a pirataria ganhou um novo e sério estatuto como crime. Tudo vai ser interpretado assim: Dilma heroina dos idosos é também a defensora máxima dos direitos intelectuais. E o PC do B ao promover a supressão de conquista dos estudantes na verdade é o seu supremo dirigente , pois está estimulando a emancipação da juventude.

Além de ser bonito e rico, o Brasil é um país muito engraçado.