ARTIGO – Quem não te conhece, que te compre! Por Marli Gonçalves

Tem hora que nada melhor do que um bom ditado popular para resumir a ópera toda. “Quem não te conhece, que te compre! “- é um provérbio português que já deveria até ter virado camiseta, pichação em muro, título de filme e que, especialmente, já é a opção de argumento irrefutável para quem não é nem Bolsonaro, nem Lula. Gente que, como eu, neste momento não está vendo é nada pra comprar na precoce Black Friday eleitoral

Conheço e acompanho os dois, Lula e Bolsonaro, desde os tempos do onça, para combinar com o provérbio que desencavei porque não aguento mais ver o mundo e o espectro político dividido como se só essas duas metades pudessem existir – tipo a Terra Plana, para alguns. Claro que o líder político mais à esquerda é muito mais interessante, deixa eu aqui logo me adiantar antes de ser incompreendida e bordoada. Lula tem uma história, vitórias, conquistas, admiradores importantes, mal ou bem foi presidente em um momento deveras interessante do país. Dá de dez; mas não é – não pode ser – a única opção que se consegue ver no horizonte.

Antes a gente dizia – quando ele concorreu, concorreu, concorreu sem ganhar – que Lula precisava se modernizar, estudar, saber mais, ser mais tratável, aprender a unir. Parece que ele acabou mesmo fazendo isso, e assim conseguiu – foi eleito, e reeleito. Mas aí se lambuzou de vez, e nos deixou uma sucessora, por incrível que pareça depois também reeleita, que acabou desandando na segunda fornada. Foi o momento ápice Lava Jato, empresas, devassas, e praticamente todas as malfeitorias tomavam o rumo do PT e dos aliados, percorreram essa estrada, ou foram feitas bem debaixo dos seus narizes e janelas.

homem vendo o bunga-bungaAgora Lula bem que poderia ser mais humilde, reconhecer os erros gerais de suas indicações, a sua responsabilidade no momento atual e na eleição de Jair Bolsonaro, essa pessoa que encarnou o antipetismo, o antipetista, o anti. E sem merecer em nada, sabe-se lá de onde apareceu pinçado das profundezas do baixo clero como nome para candidato, e que um dia saberemos direito a história como ela foi.

Mas Lula saiu da prisão, e até dá para entender, revoltado e perigosamente boquirroto, dando munição ao inimigo. Aí, de novo, a coisa que já estava até de certa forma melhorando, cindiu de vez. Me lembra aquela cena antológica da tabacaria da obra Carmen, de Bizet. Um lado compacto avança, batendo firme em seu sapateado flamenco, e o outro responde, ambos em recuos e avanços ritmados, como em brigas de rua, de torcidas, batendo palmas. Blocos contra blocos.

O Jair Bolsonaro ficou 28 anos no Congresso sem sequer uma ação ou projeto que prestasse, ao contrário, surgindo apenas com tolices, preconceitos, polêmicas bobas como as que ainda estamos assistindo e que causaram surpresa em seu eleitorado. Não viram antes? Não sabiam? Pois, então, lembrem: “quem não te conhece, que te compre”.

Pois quem, e eu me incluo nesse grupo, conhece e não compra nenhum desses dois, produtos que chegarão avariados quando entregues, está vivendo um momento difícil. Embora acredite que sejamos maioria, estamos sem ninho. Atacados como se fascistas fôssemos, de um lado; ameaçados como se terroristas fôssemos, pelo outro.  Não há luz que faça com que vejam que o prisma emite mais cores e que essas cores podem se combinar criando outras, muito mais completas. Difícil explicar sem ser ouvido esse espectro tão natural, onde cada um prepara o seu prato a gosto.

O provérbio, claro, serve para muito mais do que apenas para esses dois – apenas aproveitados como exemplos. Cuidado com a massiva Black Friday eleitoral da política nacional, não compre gato por lebre. Se informe bem sobre os produtos ofertados. Veja se essas ofertas não são só milagrosas ou propaganda enganosa. Aliás, antes de mais nada, veja se você está precisando decidir sobre esse produto agora.  Vêm muito mais ofertas por aí. Tem tempo. Devagar com o andor, que os santos são de barro. Ou forjados nas sombras.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – A CONTA DE DIVIDIR DE BOLSONARO

#ADEHOJE – A CONTA DE DIVIDIR DE BOLSONARO

SÓ UM MINUTO – Impressionante, Bolsonaro é especialista em dividir e manter as divisões dentro e fora do país. Depois de seu discurso, seus ativistas partiram para cima com unhas e dentes para defender o indefensável. Não têm noção de política, de geopolítica, de meio ambiente, de nada – são agressivos e parecem que só vivem de soluções de outrora: LULA, DILMA, PT…como se existíssemos nós, os que não querem nenhum desses dois lados e que graças a Deus ainda somos maioria.

No Rio de Janeiro e no Ceará o horror nas ruas, o ambiente de guerra. Mas nós teremos rock`n roll

#ADEHOJE – MAFIOSOS, BOLSONARO, FRIO…E PERDAS

#ADEHOJE – MAFIOSOS, BOLSONARO, FRIO…E PERDAS

 

SÓ UM MINUTO – Meu João Gilberto foi embora. Muita tristeza.

Foram presos no litoral paulista dois mafiosos italianos, pai e filho. Coisa grande, eram responsáveis, dizem, por 40 % do tráfico internacional de drogas, e aliados ao PCC também chamado eufemisticamente pela imprensa de organização criminosa com ramificações em presídios e em outros s países. Taí, PCC na Itália. Organização chama-se Ndrangheta

Saiu pesquisa Datafolha sobre o Governo Bolsonaro – 6 meses desse governo de desgovernos: 33% acham ótimo/bom; 31% regular; 33% ruim ou péssimo. De ponto em ponto vamos vendo a coisa cada vez mais dividida, comparável só ao Governo Collor que bem sabem o que deu.

A reforma anda um pouquinho. O frio congela no Sul e Sudeste.

E a gente perdeu o poeta da cidade, Paulo Bomfim, o jornalista Salomão Schwartzman, a técnica de som Tunica, e o mágico maquiador Duda Molinos… Xô, que fim de semana!

#ADEHOJE – TODO DIA, NOSSOS SUSTOS. E A DIVISÃO SE ACENTUA.

#ADEHOJE – TODO DIA, NOSSOS SUSTOS. E A DIVISÃO SE ACENTUA.

 

SÓ UM MINUTO – Quando comecei esse programa há sete meses, logo após o resultado das eleições, mal ou bem, pela experiência, já sabia que todos os dias teríamos muitas coisas para comentar. Primeiro pensei em fazer com humor, mas com o tempo, infelizmente, as coisas foram se deteriorando tanto que até o humor fica prejudicado. Resta a ironia. São cinco meses de um governo confuso como biruta de aeroporto; que propõe retrocessos inaceitáveis e que cria casos em sequência.

Mas garanto que, por mais que soubesse que teríamos problemas, nunca poderia imaginar que seriam tantos! Ministros da Educação como esses dois, o de agora é mais perigoso que o colombiano! – a troca de cargos feitas à faca, relações externas feitas a navalha, ministra da Mulher que não vê os fatos, o da Justiça engolindo sapos seguidamente. O do Meio Ambiente mais um sem noção. E um presidente que, junto com os filhos e uma turma, parecem apenas querer uma divisão ainda maior do que a que vivemos tão apreensivos.

Presidiários instalam grades em Brasília. Do Migalhas

Atrás das grades

Na capital da República foram instaladas grades no meio da Esplanada, separando as alas sul (para os CG – contra o golpe) e norte (para os FI – a favor do impeachment), de modo a evitar brigas e confronto entre os manifestantes. As barreiras, sugestivamente, foram instaladas por presidiários.

Veja as imagens.


Manifestantes a favor e contra o impeachment montaram acampamento neste domingo, 10, em áreas próximas à Esplanada dos Ministérios.

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Um pouco sobre a choradeira carioca sobre royalties dos ovos do petróleo que ainda estão, digamos, para nascer…

NOTAS PUBLICADAS HOJE – COLUNA CLAUDIO HUMBERTO

Royalties não diminuem a pobreza de Campos

A gritaria do governo do Rio pelos royalties perde força diante de um dado incontestável: o mau uso dos recursos. Campos dos Goytacazes, no litoral Norte, é a cidade que mais recebe royalties no País e continua em estado crítico. Apenas de royalties e participação especial, recebe mais de R$ 1 bilhão por ano, e seu Índice de Desenvolvimento Humano é 0,752, que a coloca em 55º lugar entre os 92 municípios do estadoMiséria

Moradores de periferia em Campos paupérrimos não têm esgoto nem calçamento. Mas a praça principal tem banco de mármore de Carrara.

 Na conta

Em 2011, Campos já recebeu até outubro R$ 458 milhões de royalties e R$ 489,9 milhões de participação especial nos depósitos trimestrais.

 Ao lado

Nova Meca do petróleo, Macaé (IDH 0,790 – 15ª no estado) não fica aquém de Campos. E já ganhou este ano R$ 335 milhões em royalties.