ARTIGO – Elogio da Loucura. Por Marli Gonçalves

 A Deusa Loucura está entre nós, confortável e ironicamente instalada em todo o mundo, mas muito mais próxima de nós, rindo satisfeita de suas artes que obrigaram a quem fez muxoxo ficar bem esperto, que fizeram tremer as bolsas, as carteiras, as mochilas. Artes que, inclusive, nos mostram todos os dias o perigo da ignorância que ainda grassa

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O bom humor nacional, o jeitinho brasileiro, essa ginga toda, não tem limites, e às vezes penso que, se de um lado é bom, suaviza um pouco as coisas, de outro é também o que nos mantêm inertes quando tratamos de situações que requerem ações, responsabilidade, sabedoria e conhecimento.

Essa semana de tremores e terremotos, de angústia e preocupação valerá por muito tempo como reflexão dos caminhos e do comportamento nacional. Deve ser assinalada nos calendários da história, vista e revista como a dos dias que despertaram toda a sorte de incertezas, chamaram o medo para dentro das casas, onde tememos ficar isolados. E não sabemos se será assim, ou melhor, ou ainda pior, na semana seguinte, nos dias seguintes, ou, ainda, nos meses seguintes. Nem como será a sequela que deixará, além da cicatriz que for se fechando.

Os dias que não poderemos beijar, abraçar, dar as mãos, tocar, sem temor. Quando o tremor e o temor se juntam como em um anagrama do I-Ching. E o baile de máscaras não tem beleza, nem sedução, nem fantasia como ousou dizer o homem que nos governa, obrigado rapidamente a tirar a sua própria máscara da ignorância, e que agora deveria arrancar também de todos os que cegamente querem impor as suas tolas palavras e sua inversão de valores a toda a sociedade. Sentiu em sua própria nuca o bafo da realidade. Seu rosto foi obrigado a se desvendar, de forma a se desobrigar de responsabilidade com o ato que convocou, como um tapa na cara de todos os democratas.

Um grupo sem qualquer empatia, agressivo, autoritário, descontrolado dirige a nação em momento tão delicado; que já o era, mas agora soma à sua crise social, econômica, política e de poder  – de repente, estonteante, rapidamente – fatores inesperados como crise na área de petróleo, queda das bolsas, aumento sideral do dólar, e um novo vírus se espalhando, somando-se ao sarampo que voltou com mala e cuia, à dengue e à miséria. Como vai ser propor, se necessário, o isolamento do nosso povo?

Vem da iniciativa privada as decisões mais apropriadas e, agora sim, a palavra cancelar perdeu seu sentido frufru e passou a existir, canceladas atividades, reuniões, eventos, shows, partidas, etc., pelo menos até o fim deste mês. Alguém tinha de levar a sério esse assunto, sem meter os pés pelas mãos a não ser como o cumprimento inventado lá no Oriente de bater as pontas dos pés numa dança que logo ganhará nome e ritmos.

A insanidade do centro do poder nacional está tomando proporções que já não cabem mais apenas em comentários políticos feitos por jornalistas, sempre recebidos por xingamentos e bananas. Não cabem mais nos recados mal escritos que nos mandam através de redes sociais robotizadas para evitar que sejam questionados em suas informações e visões dantescas do mundo. Eles, salvo exceções – e nessas horas terríveis nossa visão fica mais aguçada – mostram-se de tal forma inadequados, inapropriados e desproporcionais que havemos de temer o desfecho local dessa terrível temporada.

Se a Deusa Loucura nasce rindo no secular ensaio de Erasmo de Roterdã que com fina ironia expõe a situação que visualizava, não desejaremos nós que a tristeza seja o fim, quando se teima em insistir no que nesse caso não é nada bom do ditado citado na obra, e que assistimos no poder atual: “Não tens quem te elogie? Elogia-te a ti mesmo”.

Um perigo.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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Leia os elogios. E também não entenda como um programa destes pode acabar. Volta, volta, volta! Frenteverso! Frenteverso!

Nosso amigo e super jornalista  Marco Lacerda levou ao ar um dos programas mais legais da rádio brasileira, o FRENTEVERSO. Hoje ele escreve informando que o programa vai acabar.

Não gostei nada disso.

 E vou ficar sentadinha esperando a volta o mais rápido possível

Em sua breve história o FrenteVerso colecionou muitos elogios:

 -“ É o melhor programa de entrevistas do rádio brasileiro. Deveria estar na televisão” – Lucas Mendes, Manhattan Connection, Nova York

 – “Os entrevistados são ótimos e o entrevistador, Marco Lacerda, é um dos melhores da imprensa brasileira” – Carlos Brickmann, Observatório da Imprensa

 – “Um programa que une brasileiros do mundo inteiro” – Angela Schreiber, Community News, Connecticut, EUA

 “Parabéns pelo excelente jornalismo” – Frei Betto

 – “Entrevistas bem pensadas e preparadas” – Carlos Bracher, artista plástico

 – “Papo inteligente, bem humorado e com boa música nas noites de domingo” – Marcos Caldeira, jornalista, Observatório da Imprensa

 – “Um entrevistador que gosta de fazer perguntas e entrevistados que gostam de falar”- Daniel Barbosa, jornalista, O Tempo

 – “Entrevistas com grandes nomes conduzidas por um jornalista irreverente, que não tem pudor em perguntar o que quer”- Mino Carta, Carta Capital

 – “Obrigado, Marco. Foi uma entrevista precisa, atenta, com perguntas surpreendentes que mostraram atenção, pesquisa e respeito pela trajetória do entrevistado” – Edney Silvestre, jornalista, Rede Globo

 – “Gostaria de agradecer pela oportunidade que você me deu de  participar deste seleto clube de entrevistados do FrenteVerso” – Leo Minax, músico

 – “Um desses programas que não se ouve mais no rádio” – Ivo Pitanguy, cirurgião plástico

– “É um programa maravilhoso” – Valério Fabris, atual presidente da Inconfidência

 
O Super Marco Lacerda: programa tem de voltar ao ar, o mais breve possível

FrenteVerso sai do ar

 Depois de quase quatro anos na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, sai do ar o programa FrenteVerso, comandado pelo jornalista Marco Lacerda. Neste período (2008-2011) foram realizadas perto de 150 entrevistas com algumas das personalidades mais expressivas da cultura brasilera nas áreas de literatura, artes, música, ciência, antropologia, sociologia etc.

 

O motivo alegado é que problemas financeiros impedem a Rádio Inconfidência, a mais tradicional emissora de rádio mineira, de manter o programa em cartaz. Tais dificuldades impossibilitam a Brasileiríssima, como a emissora é conhecida, de contratar um produtor para assessorar o jornalista Marco Lacerda em seu trabalho, o que tornou o programa uma missão impraticável de ser conduzida por um único profissional. “Algo como carregar o piano e tocar ao mesmo tempo”, brinca Lacerda.  

 Com viés estritamente cultural, o FrenteVerso sai do dial justamente no momento em que é reconhecido nacionalmente pelo público e por alguns dos mais influentes profissionais da mídia brasileira como o melhor programa de entrevistas do rádio brasileiro. Nesses quatro anos a atração, que ia ao ar domingo, às 21h, conquistou audiência nacional e internacional, sendo ouvido de norte a sul do país e no exterior, em países como Estados Unidos, Japão, Espanha, França, além dos países vizinhos da América Latina.

 Um dos idealizadores do programa, o ex-presidente da Inconfidência, José Eduardo Gonçalves, diz: “Sinto-me orgulhoso de ter participado da criação do FrenteVerso que, tenho certeza, fará falta nas noites de domingo e na cultura brasileira”.