ARTIGO – Alvoroço no Alvorada. Por Marli Gonçalves

Virou praxe. No nascer do dia, logo após o toque de cornetas, clarins e tambores nos quartéis ao amanhecer, na alvorada, surge um homem completamente alterado à porta de seu Palácio, o Alvorada. Ele vai abrir a boca, dizer sandices, um ou dois ou mais palavrões, gesticular, ameaçar a democracia e as instituições, pior, por isso ser aplaudido por um pequeno grupo fazendo alarido no seu quintal

Agora esse homem deu até de usar gravata ostentando o símbolo de suas loucuras. Pequenos fuzis em verde e amarelo, como tão bem registrou o genial repórter fotográfico de Brasília e da história, Orlando Brito. Outro dia mesmo, Brito, mais de setenta anos, foi ao chão, teve os óculos quebrados por essa turba que surrupia as cores e símbolos nacionais para enaltecer o obscuro, para tentar que o Brasil novamente anoiteça sem liberdade. Outro repórter, Dida Sampaio, derrubado e chutado.

Não era sem tempo que alguns dos principais meios de comunicação do país deixassem de presenciar essa cena macabra ocorrendo sob o brilhante céu da Capital da República, onde diariamente – além de registrarem esses descalabros – ao tentarem fazer perguntas, recebem de volta ironias, provocações e ameaças que vêm aumentando em escalada, sem que providências sejam tomadas para garantir minimamente sua presença no local. Essa semana muitos deram um basta.

Mas o homem não para. A cada dia mais violento, ameaçador, faz desse show matinal material para os vídeos que planta na internet para serem dispersados por uma equipe que coordena milhares de robôs e gente que se diz “patriota”, entre outros que, coitados, acreditam que os robôs sejam gente de verdade. Nessa semana vimos bem a cara de alguns desses seres digitais capturados na realidade da rede de uma parcela da Polícia Federal que se esmera pela independência.  O homem chiou, os olhos chisparam, mais disparates foram ditos, feitos, anunciados e ordenados em ameaças, inclusive de grave descumprimento da ordem constitucional.

A cada alvorecer mais preocupante, os dias nacionais quando já acordamos em sobressaltos, como se já não bastassem os milhares de mortos, os números que diariamente sabemos no crepúsculo dos dias em meio à pandemia, ao desencontro de ações, dos conflitos entre regiões, do vazio verde-oliva ocupado na Saúde por patentes e coturnos.

A vestimenta da Alvorada traz detalhes que acabam passando, como se lei não tivéssemos mais: talvez vocês não tenham reparado ainda que o homem da gravata com fuzis agora aparece cercado por seus seguranças ostentando máscaras de proteção com a sua figura carimbada, em um personalismo que conhecemos no século passado durante a ascensão do mal do fascismo e nazismo.  O “e daí?” usado alegremente na máscara da deputada que já estaria cassada em momentos normais. E naquela reunião do dia 22 de abril que agora, perplexos, assistimos, vários ministros e autoridades regurgitaram suas ignorâncias em alto e bom som, sem que tenham sido presos. Aliás, o que é compreensível, se ali tivesse havido voz de prisão entre uns e outros não sobraria quem apagasse a luz daquele salão.

O alvoroço não é pouco, e se distribui muito além da alvorada e do Alvorada, das manhãs, tardes e noites, causando inquietação no nosso sono das madrugadas, do Planalto às planícies; entre os Poderes, agora em isolamento social, engaiolados em lives e encontros digitais, reuniões extemporâneas, declarações e notas de repúdio em redes e folhas de papel que não duram minutos respirando até que outras tenham de substituí-las.

Fosse só o homem, mas ele tem os filhos enumerados, porque agora é moda, além do banheiro, o ir lá fazer 01, 02, que já era bem ridículo como expressão. Temos por aqui mais zeros, sempre à esquerda, nunca nos lugares onde no mínimo deveriam estar trabalhando, mas tentando desgovernar juntos, como clones do sobrenome que precisamos urgentemente, e antes que seja tarde, parar.

Nosso alvoroço – dos que prezam pelas liberdades individuais e pelo respeito – tem de começar a ser sentido lá no Alvorada.

Nossa alvorada haverá de ser muito melhor. Do jeito que está, sujeita a trovoadas, poderá nos levar a uma noite terrível. Mais terrível dos que os pesadelos que atormentam nosso sono buscando sobreviver, além da pandemia, além deles, e de todo o atraso e violência que claramente representam.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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FONTE: OS DIVERGENTES – FOTO DE ORLANDO BRITO

ARTIGO – O epicentro de cada um de nós. Por Marli Gonçalves

Acostumada a vida inteira a resistir às inúmeras pressões, dificuldades, verdadeiras visões do inferno assistidas como jornalista, como mulher, na vida pessoal, admito: me encontro agora com o emocional abalado como há muito não acontecia. Pior: desta vez não está em minhas mãos a solução, mas na de todo um país, completamente desarvorado, triste, confuso, louco, e claramente nas mãos de uma equipe de desajustados. Mais perigosos a cada dia que passa.

Saxofonista. Pano de fundo preto. — Vetores de Stock © JonCrucian ...

Sim, é um desabafo. Sincero, necessário, para não explodir. Sinto também que falo por muitos e muitas em todos os cantos desse país perplexo e assustado, que tem medo não só da mais da morte ou da terrível doença que nos assola a todos, mas também do desenrolar do embaraçado (e embaraçoso) novelo político que torna tudo ainda pior. Não há nervos que aguentem.

Rompi em choro descontrolado pouco antes de começar a escrever. Assim. Ouvia o noticiário de tevê, com todo o cotidiano das histórias terríveis, emocionantes, dos números tenebrosos, dados sobre a ignorância das desobedientes aglomerações, as falas patéticas reveladas, a queda de mais um Ministro da Saúde em meio a esse caos, quando de repente ouvi um som magistral, um jazz. Não vinha da tevê, claro, que dali ultimamente as belezas andam afastadas.

Corri à janela e, lá embaixo, estava, na esquina, um solitário saxofonista que entoava as mais belas canções, Pixinguinha, Adoniran, Tom Jobim, Cole Porter. Junto comigo, outras janelas se abriram juntando seus sons a aquele som mavioso, esse despertar. As minhas lágrimas teimosas rolaram com gosto, como um desabafo necessário, que devia estar ali represado, querendo virar água, fluir.

Somos todos hoje nós mesmos um epicentro – essa palavra que tanto ouvimos – e que veio se mudando, da China, passando pela Europa, Estados Unidos, até nos atingir tão pesada e brutalmente. Somos, cada um de nós, um epicentro de emoções. Tão controversas quanto absolutamente incontroláveis.

É bonito demais ouvir as janelas se abrindo. As pessoas aplaudindo, várias mandando colaborações para aquele chapéu que o músico passava, para amealhar alguns trocados.  Creio que todos um dia merecem ouvir serenatas. Por aqui onde moro, São Paulo, sempre estranhei não ver ninguém nas janelas, as cortinas sempre fechadas. Precisou desse isolamento para descobrirem que elas podiam ser abertas. Para ouvir seja a música do saxofonista, do amolador de facas, ou o som do bater das panelas, dos protestos que se multiplicam, entoados pelos mais ativos. Muito além dos costumeiros alarmes disparados, das ambulâncias e sirenes, do trovoar, das turbinas do aviões que já não cruzam mais os céus.

SAX MUDOSair às ruas não dá mais prazer como outrora. Não há passeio ou destino legal quando se sai apenas por necessidade, para o médico buscando socorro, para o mercado onde os preços nos esmagam a cada dia mais, assim como na farmácia onde borrifam um álcool gel fedido em nossas mãos, como se fizessem algum favor. Não reconhecemos rostos amigos que passam de nosso lado, e os olhos, ah, os olhos descobertos! Nos rostos mascarados demonstram toda essa ansiedade, o pavor, e a tristeza. Claro, isso quando a máscara não está no queixo ou, às vezes, nos mais humildes, tão suja que dificilmente pode proteger alguém, seja de fora ou de dentro.

As insanidades, as frases irritantes, as revelações em gravações, vídeos, as ordens e medidas sem pé nem cabeça tomadas por governantes que se debatem uns com os outros, ver um povo tão dependente de um líder que é capaz de ficar cego, pular num cadafalso, num buraco aberto. E incitados por alguém que a cada dia parece apenas querer provocar a hecatombe, e que ele, sim, no momento é o epicentro de tudo que é ruim, e que nos traz ainda mais angústia. O epicentro do mal.

Como assim? Exames de laboratório feitos com pseudônimo inventado? Airton Guedes, Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, 05? Vocês já tentaram fazer algum exame, sem que tenham pedido inclusive documentos originais, com foto, carteirinhas e etcs? Como alguém pode achar isso normal, aceitar? Dois ministros da Saúde derrubados no meio de uma pandemia sem igual, em menos de um mês? A insistência em um remédio rejeitado pela comunidade médica internacional; o que ele pretende? Até onde vamos deixá-lo chegar? Até onde essa equipe desnorteada e má continuará agindo, enquanto estamos amarrados, isolados?

Precisamos abrir mais nossas janelas para conversarmos pessoalmente entre nós, e nem que seja aos gritos.

Nem sempre tem um saxofonista na esquina. Mas não seja por isso: sempre haverá um Hino pela Liberdade a ser entoado.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Calar? Jamais. Por Marli Gonçalves

Todo dia, toda hora, todas as manhãs, tardes e noites de um momento tão doloroso como esse que vivemos,  ansiosos, preocupados com nossas famílias, amigos, com quem amamos, como sobreviveremos, temos de ainda ouvir a voz estridente e ver os atos de um presidente sem noção e deslocado da realidade nessa acelerada marcha de insensatez. Que ainda ousa gritar para a imprensa calar a boca…

– “Cala a boca, que eu não te perguntei nada”?

Como ousa? Quem pergunta, aqui, somos nós, presidente. E são muitas essas perguntas. Não queremos calar sua boca, mas interromper o quanto antes e enquanto ainda é tempo – e esse se esvai – a sua visível loucura, destempero, incapacidade de liderança. Suas marchas insanas. Suas aparições assombrosas. O terror das milícias que o apoiam, incentivando grupos, violência, agressões e ataques, as carreatas da morte e agora, nessa última versão, suas passeatas com engravatados contra a democracia, invadindo os guardiões da ordem constitucional. Não nos calaremos, mas o senhor poderá, sim, ser afastado.

Ter o poder não lhe fez nada bem, e parece piorar a cada dia, nessa ânsia de querer ter razão, querer se desvencilhar de culpas que já estão em seu colo, explodindo como bombas do Riocentro, daquele período de terror que tanto admira.

Olhe no espelho, senhor presidente. Pegue uma foto antiga sua, nem precisa ser de muito tempo atrás, pode ser de quando era apenas mais um deputado mequetrefe do baixo clero, que de vez em quando aparecia como boquirroto. Até que dava pro gasto. Hoje o senhor está acabado, envelhecido, transtornado, impaciente, seus olhos apenas transmitem ódio e ironia, transmitidos geneticamente inclusive aos seus filhos, os numerados. O ciúme de quem se destaca, indisfarçável. Sua face, rígida, pálida como a morte, não haverá máscara que a cubra.

bocafalanteO senhor não está nada bem. Já não consegue nem mesmo disfarçar. O medo, a raiva, a sua própria ignorância, despreparo para o cargo, para a indicação de sua equipe – já está tudo desfraldado na sua imagem. Nas imagens que produz. No asco que causa na maioria de nós. Nas piadas que já contamos sobre vocês todos, publicamente.

De nós, já está afastado. Somos gente comum, trabalhadores, brasileiros, parte de uma população apavorada com um vírus que se espalha pelo ar, de pessoa a pessoa, causando uma doença de difícil cura, com graves sequelas, e que mata sem dó pessoas de todas as idades, lotando hospitais, já obrigando a que profissionais de saúde escolham quem poderá ser socorrido, macabra loteria.

Qual é a sua? Diga logo a verdade, o que é que ousa pretender? Por que não para de nos prejudicar? De nos envergonhar diante do mundo? O país pagará esse preço por muito tempo, dias que já estão marcados na História.

Por que não dá ênfase à busca de mais testes em massa? À compra de respiradores e equipamentos e contratação de equipes que já faltam em todo o país?  Onde estão as medidas reais para salvar a economia, de que tanto fala? Porque não sabe o que fazer, admita.

O senhor entende que jamais dormirá em paz novamente porque o peso de muitas dessas mortes já recai sobre as suas costas e essa sua insistência em negar a importância do isolamento social, da quarentena, e que tem levado à desobediência da que ainda é a única medida possível hoje para ao menos conter o avanço da contaminação?

Não é capaz nem de ao menos perceber que a cada dia as medidas precisarão ficar ainda mais rigorosas, ao invés de serem relaxadas, e por sua causa? Os governadores e prefeitos um pouco mais sensatos obrigados a diariamente atropelar seus desfeitos e desmandos.

Por que o senhor, essa equipe e gente desconectada da realidade que o segue como zumbis, não veem o que acontece à cada medida improvisada, a cada crise institucional?

Repito: o senhor não está nada bem. E tudo que faz está sendo escrito, filmado, registrado, bastante comentado.

Eu não me calo. E sei que não nos calará. Nem adianta tentar, porque a cada dia somos mais e mais, contando agora com muitos dos que um dia até o apoiaram, e se sentem traídos. E que estão muito bravos, senhor. E desilusão não tem volta.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – APOIAR O QUE É BOM. E CRITICAR O HORROR

#ADEHOJE – APOIAR O QUE É BOM. E CRITICAR O HORROR

 

SÓ UM MINUTO – Primeiro, FELIZ SEGUNDO SEMESTRE na medida do que for possível a todos.

Aqui, a gente conversa. Às vezes, com ironia e humor para aguentar melhor o tranco. Quem acompanha sabe que as críticas não são questão de ideologia, esquerda, direita, que isso é bobagem quando todos precisamos avançar e sair do inegável buraco em que estamos metidos já há alguns anos. Muitos anos, muitos governos, muitos roubos. Se não tomarmos consciência de que é preciso união, vamos continuar perdidos. Assim, precisamos torcer para que o presidente Bolsonaro que em seis meses de governo nos deu tantas manchetes vergonhosas, com ataques a coisas que nos são tão caras e à nossa liberdade individual, tome tento. Que Bolsonaro pare de agir como se estivesse na cozinha de sua casa, acompanhe as pessoas e técnicos de seu governo, os bons, os ouçam.

As manifestações de ontem foram expressivas, mas menores, e muito mais em apoio a Sergio Moro e à Lava Jato do que exatamente pró-governo, que tem aprovação despencando. É preciso também tomar muito cuidado com os ataques à imprensa e ao STF, ainda os guardiões da democracia e quem nos informa da realidade.

 

#ADEHOJE – INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. E A FALA DA MULHER. SEI NÃO…

#ADEHOJE – INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. E A FALA DA MULHER. SEI NÃO…

 

SÓ UM MINUTO – Começou a valer hoje, assinado pelo próprio, decreto autorizando a internação forçada de dependentes de drogas. Do jeito que as coisas estão indo, o decreto poderá ser usado até contra ele e para internar quem ainda aprova a sua forma de governo, as decisões absolutamente pessoais que vêm tomando, as declarações estapafúrdias. Muitos de sua equipe estão no mesmo barco.

Caso Neymar – Como vocês acompanham venho pedindo calma no julgamento, especialmente quanto à mulher, já inicialmente chamada de tudo quanto é coisa. Sou mulher, primeiro as defendo. Assim como não entendo qualquer gay apoiando Bolsonaro. Tô tomando pauladas por isso. Estarei sempre o lado das mulheres. Mas, admito, depois de assistir à entrevista dela, acompanhar os novos fatos, começo a duvidar, não só dela – da Najila – em vários detalhes, mas especialmente dos dois juntos, do que de verdade teria ocorrido naquelas noites quentes de Paris. Esse imbróglio – como já disse – ainda vai dar muito pano para a manga. Já deu para o pé que, virado, tirou o jogador da Seleção. Amanhã, sexta, os dois devem aparecer nas delegacias, um no Rio; a outra, em São Paulo.

#ADEHOJE – O REJEITADO DE NEW YORK. BEBÊ REAL CHEGOU.

#ADEHOJE – O REJEITADO DE NEW YORK. BEBÊ REAL CHEGOU.

 

SÓ UM MINUTO – Como escreveu um velho amigo, Bolsonaro e equipe fazem e falam tantas bobagens e disparates que fica difícil acompanhar, e até por dia, a tal metralhadora giratória. Tantas polêmicas que fica difícil escolher o que destacar. Agora, Bolsonaro pensa em ir para o Texas… já que foi rejeitado por Nova Iorque. Ele está batendo o pezinho e deve estar muito, digamos, bravo, com essa situação. A da semana parece ser mais um embate entre os chatos ligados ao Olavo de Carvalho e alguns militares que já estão se sentindo bem incomodados com os rumos do governo. A ladeira deve ter um limite.

Nasceu o bebê de Meghan e do príncipe Harry, um menininho.

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

 

SÓ UM MINUTO – O dia amanheceu quente hoje, e não só por causa das prisões de Michel Temer e Moreira Franco, pedidos expedidos pelo juiz Marcelo Bretas do Rio de janeiro, e para onde Temer foi levado. Logo cedo a PF estava nas ruas, em São Paulo e Alagoas cumprindo mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra acusados de emitir fake News e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Fora isso ainda há gente que parece que está cego e surdo – não conversa com o povo nas ruas – e ainda insiste em acusar a pesquisa Ibope divulgada ontem de mentirosa. Sim, gente, a aprovação ao governo e forma de Bolsonaro governar está despencando. Ele precisará colocar a economia para andar, se quiser deter essa sangria, mas até agora permanece no Twitter. E a equipe a nos fazer passar vergonha.

#ADEHOJE, #ADODIA – VEM CHEGANDO O VERÃO. DEIXEM NOSSOS COSTUMES EM PAZ

#ADEHOJE, #ADODIA – VEM CHEGANDO O VERÃO. DEIXEM NOSSOS COSTUMES EM PAZ

 

 

OLHA SÓ. Vai ser complicado, porque a partir de janeiro assumirá o poder toda uma turma absolutamente heterogênea. Uma equipe e eleitos com cabeças retrógradas, ideias conservadores e o que é pior, ideias malucas. Por exemplo, essa do tal Osmar Terra – atenção que eu acompanho esse aí faz tempo e só pensa e fala bobagens desconectadas da realidade – que quer limitar a venda de produtos alcoólicos. Ele é totalmente contra a legalização das drogas, e não tem noção do assunto. Mas quer aparecer. Era o que nos faltava: uma lei seca. Como se fosse assim, passe de mágica. Precisaremos ficar bem atentos à essa turma que quer mexer com costumes. Creio que aí estará o grande foco de tensões do futuro governo. Vem chegando o verão e já tem gente queimada.

#ADEHOJE, #ADODIA – Portas abertas para a PF nas manhãs. Habitués. E o Meirelles no colo de Doria

#ADEHOJE, #ADODIA – Portas abertas para a PF nas manhãs. Habitués. E o Meirelles no colo de Doria

 

Chegaram no Mineirim mais uma vez. Aécio Neves, a irmã, Andréa, Paulinho da “Força” e seu Solidariedade, todos visitados hoje pela manhã pela Polícia Federal, chamada Ross. Desta vez é sobre os acordos – e o dinheiro que circulou voando entre contas na campanha de 2014. Toma lá dá cá, revelado nas delações de executivos da J&F. propinas da ordem de 110 milhões de reais. Meirelles no Governo de SP. Quem sabe agora João Doria, futuro governador de São Paulo consiga chamar a atenção para sua equipe, absolutamente enevoada pela formação do Governo Bolsonaro. É importante mesmo que se veja que também ele, Doria, forma um governo mais para cá, do que para lá, se é que me entendem. Filas para denúncias contra João de Deus. Abadiânia, em Goiás, em pânico, porque orbita em torno do médium há décadas. Ah, e aguarde os próximos temerosos passos do chanceler que botarão no Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Aliás, esse novo governo terá emoções trepidantes a cada dia…

ARTIGO – Os filhos do Capitão. Por Marli Gonçalves

Os três filhos do Capitão. Eles não são três; são quatro os meninos. Mas o quarto, Jair Renan, ainda não preocupa e não aparece muito – é imberbe, 20 anos, e de qualquer forma vamos vê-los crescer, ele e a sua irmã mais novinha, às nossas vistas, nos próximos quatro anos. Os três que estão na política já dão trabalho e o que falar. Flávio, Carlos e Eduardo me fazem lembrar de certas reinações, as dos Sobrinhos do Capitão, uma HQ histórica do século passado. Lembra?

Os dois molequinhos (na história dos Sobrinhos, sim, eram dois, Hans e Fritz, gêmeos), levadíssimos, infernizavam a vida do Capitão, que não era propriamente tio, era aquela coisa de tio, tia, que a gente chama qualquer um mais velho que nós. Atazanavam na verdade tudo e todos os que estavam à sua volta, e apanhavam, apanhavam muito. Pouco adiantava.

Aqui no nosso caso real que também certamente vai render história, os três irmãos parecem combinar entre si é mais como aterrorizar a vida da outra banda, a que não votou no pai deles, não necessariamente por ser petista, ressalte-se, por favor. Foram quase 2/3 da população, 61,8% dos aptos a votar que, ou sumiram, ou anularam, branquearam ou estrelaram seus votos. É muita gente.

Flávio, 37 anos, Eduardo, 34 anos, e Carlos, 35 anos, são filhos de Rogéria, a primeira ex-mulher do presidente eleito. Pensam o que? Michelle, a nossa jovem futura primeira dama, é a terceira esposa do Capitão. Olha só – também poderia haver outra série: “As esposas do Capitão”.

Voltando aos três que não são mosqueteiros, mas estão se saindo excelentes marqueteiros, inclusive de si próprios, veja que Flávio e Eduardo tiveram votação recorde, respectivamente para senador pelo Rio de Janeiro e deputado federal por São Paulo. Carlos já é vereador no Rio de Janeiro. Assim ocupam todas as Casas com a mais nova marca da política nacional. Um carimbo. Radicais e empinados.

E opinam sobre tudo. Quando não vêm com suas opiniões fresquinhas que disparam principalmente pelo Twitter, a rede onde acharam seus reinados de poucos caracteres, toda hora aparecem vídeos de suas opiniões e feitos que deve ter gente cavoucando até a marca e a cor das cuecas deles todos.

Já pitacaram sobre fechar o Congresso, aquecimento global, Direitos Humanos, Educação, áreas sobre as quais destilam desinformação e preconceitos, assim como sobre a História recente do Brasil que devem ter aprendido em livros com páginas arrancadas, só pode ser.

Adoram arrumar uma briga. Suas falas e aparições estão criando é ainda mais muitos outros problemas para o pai, que até parece estar tentando montar um governo razoável enquanto lida com uma equipe boquirrota, começando a já gostar de ser fonte “confiável” dos jornalistas cativados que ganham declarações logo desmentidas. É rápido, gente: os caras estão gostando do poder, de Brasília, dos segredos dos caminhos e corredores, de soltar balões de ensaio com nomes que se valorizam imediatamente após aparecerem em lista de indicados. Notícias chegarão sopradas pelos ventos.

Os garotos de Bolsonaro, não. Esses não são novatos. Já vivem isso tudo praticamente desde que nasceram, já que o pai tem quase 30 vividos na política. Só houve uma mudança importante, do baixo clero ao mais alto cargo da República.

Isso sobe pra cabeça. Tomara que o pai deles cuide disso também. Nem precisa dar palmadas; só puxão de orelhas. Para não virarem Os Três Patetas.

——

Marli Gonçalves, jornalista – Não vai faltar assunto ao meu programinha #adehoje, #adodia. Ah, sabia que o cartunista Angeli criou a tira “Os Skrotinhos” para homenagear “Os sobrinhos do Capitão”? Quem se habilita a desenhar “Os filhos do presidente”?

Brasil, 2018, reality, reality

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ARTIGO – Ordem e Progresso? Falta alguma coisa. Por Marli Gonçalves

bandeira BRPositivo operante. Estou numa saia meio justa e nem sei se justifica, porque ainda não tenho exatamente certeza do que acho mesmo desse lema adotado pelo governo que chamarei novo, mas só porque é novo, não por seus integrantes. Ordem e Progresso. Tem alguma coisa nele que já me incomodava ver estampado na bandeirabandeira BR

Amigo querido, conheço o publicitário Elsinho Mouco, e sua equipe, que foi quem bolou já começar o primeiro dia do governo Temer com uma nova simbologia, imagem, motivação. Achei perfeito terem pensado nisso, em um novo visual, que fosse astral. Foi ele quem encontrou a solução dentro de casa, rapidinho, nas imagens das manifestações de ruas com milhões de pessoas enroladas nelas, nas bandeiras brasileiras. Elas estavam nas ruas nas mais diversas aplicações, tamanhos, tecidos – e renderam dinheiro para os ambulantes. Se não é todo o mundo que conhece, certamente todos os brasileiros a conhecem. O verde de nossas matas, o ouro de nossas riquezas, as estrelas de nosso céu azul, e no seu meio, , o lema! Simples, compreensível, assimilável.

No novo símbolo que pretende substituir aquele horror da Pátria Educadora, que ficou só no discurso da posse da Dilma 2, a escolha caiu para o azul, em dégradé, o branco. O amarelo do ouro, aquela riqueza que a bem da verdade sumiu mesmo ultimamente, aparece só na faixa que circunda o globo que por sua vez se destaca, e parece pedir ordem e progresso em letras verdes, não tão garrafais, mas verdes. Bonito ficou. Ponto positivo. Uma coisa nacionalista. É, pode ser. Para recuperar um pouco do orgulho nacional. Sim, era preciso.

Aliás, passadas já algumas horas dos fervilhantes acontecimentos, podemos ver outros pontos positivos. Entre eles, a calmaria geral como se nada de diferente estivesse acontecendo, e como se houvesse, sim, um enorme alívio coletivo, interrompido apenas por murmúrios angustiados soluçando golpe, golpe, golpe, como se precisássemos bater nas suas costas para fazê-los desengasgarem. E o rebuliço das redes sociais, com seus militantes encastelados, de um lado e de outro formulando revoluções e resistências, ambos inúteis quando precisamos apenas de muita realidade. Até para entender o que foi isso tudo.

Horas depois da saída de um, já havia um outro governo entrando pela portinha quase que completo assumindo a direção – e até com símbolo! Isso eu achei genial. Tipo em horas trocamos tudo, bem, quase tudo – claro, cheio de resquícios esquisitos do passado recente e personagens que ainda nos deixam pasmos com suas incríveis capacidades de adaptação, troca de opinião e posição, e que colocam pedras e névoas em cima de seus passados. Se hay gobierno, yo estaré con él.

Voltando ao lema Ordem e Progresso preciso dizer que me incomoda ouvir isso e lembrar imediatamente de OSPB, Organização Política e Social Brasileira, que éramos obrigados a estudar como matéria. Literalmente, obrigados. Porque ensinava disciplinas, distribuía regras, obrigações e normas, disso e daquilo, uma coisa horrorosamente reacionária e limitadora. Pelo menos é assim que lembro, estudando no segundo grau no tempo da ditadura. Muita coisa que a gente precisava decorar. Eu odiava.

“O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. “O progresso é o desenvolvimento da ordem”. Ideais republicanos. Teoria positivista de Augusto Comte (1798-1857) foi a origem do Ordem e Progresso de nossa bandeira. Esse Comte era tão louco que chegou até a elaborar um calendário, para “desenvolver o espírito histórico e sentimento de continuidade”. Vejam só: a proposta era que o ano tivesse 13 meses de 28 dias, cada mês exatas quatro semanas, e um ano bissexto para a compensação. O dia restante no final de cada ano seria para a celebração dos mortos.

LABRASIL0219Nos anos bissextos, o outro dia que sobraria, seria para, ainda segundo a proposta dele, dedicar às Santas mulheres (?!?), ou a uma determinada mulher (?!?). Impressionante o tamanho da concessão, não? – puxa, que homem generoso com as mulheres!

Ah, vá! Mas o mais doido é que ele também propôs dar nomes aos meses, glorificando importantes da religião, literatura, filosofia, ciência e política, nessa ordem, e todos bem masculinos: Moisés, Homero, Aristóteles, Arquimedes, César, São Paulo, Carlos Magno, Dante, Gutenberg, Shakespeare, Descartes, Frederico II e Bichat, esse último nome, bem acentuado, e que foi um importante anatomista francês.

Foi saber disso para ficar ainda mais preocupada com o grupo de vetustos senhores – sem nenhuma senhora – que entrou na cabine de direção do Brasil e dessa Ordem e desse Progresso. Começo imediatamente a achar melhor propor para a gente ir cuidar das nossas vidas e de nossos costumes – do que nos é de mais precioso. Vamos dar um tempo para ver o que conseguirão fazer.

Mas enquanto isso, alertas, vamos voltar a dar atenção e cuidar de nossos avanços de comportamento, das conquistas que tivemos, lembrar das leis que derrubamos e nas que precisamos ajustar. Do que necessitamos para nossas ordens, para o nosso progresso. E, fundamentalmente, para conseguir a palavra que bem que poderia já ter vindo também estampada no novo símbolo, arejando, como lema: Liberdade. Tornaria a ordem e o progresso menos reacionários.

Senti muito a falta dela. Que isso nunca seja literal.

Marli Gonçalves, jornalista A ordem é mesmo sempre tão relativa.

São Paulo, 2016

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