ARTIGO – Os Antagônicos. Por Marli Gonçalves

PeaceDovemedalstereoSe não é um, tem de ser o outro, sem qualquer meio termo. Se é um, vira inimigo, de quase um virar a cara para o outro, quando não quer matar, comer o fígado, ou esfolar sem dar tempo nem de puxar o gatilho da argumentação no duelo. Não demorará e veremos expedições tipo Os Argonautas, mas que serão ou Os Antagônicos ou Os Maniqueístas, em direção à alguma Verdade Suprema. A verdade mesmo é que há nesse momento um clima de perigoso estado de guerra e discórdia. Irascível, temperamental, vicioso, pode desembocar em um estado de intolerâncias sendo plantado e semeado no Brasil

“Se você é contra guerra, mas quer manter a sua Paz e os seus amigos, fique quieto. Porque falar a favor da Paz traz guerra”. Li essa frase por aí; em poucas palavras resumiu a semana, além de aviões caídos e escritores finitos. O sangue corre, escorre, envermelha e envergonha o mundo inteiro há décadas – nos últimos tempos, só para ser mais geral, na África, na Turquia, na Síria, e o silêncio consegue ser ouvido à distância. Mas, quando novamente envolve a faixa territorial, Israel e Palestina, afloram todos os tipos dos mais estúpidos antagonismos. “Em casa onde falta o pão, todos brigam, ninguém tem razão” – diz o belo provérbio português. Minha preocupação é que imediatamente os discordantes resvalam, tropeçam e caem na vala do racismo, preconceito, luta religiosa e intolerância. Não gosto nada desse filme.

Não é só o assunto guerra; esse é só mais um tema. Tudo anda dicotômico, maniqueísta, e extremamente sensível. Temo, mais, que esse beligerante estado de coisas esteja sendo estimulado, influenciado, apoiado – …aiaiaiai, que vou tomar um pau, mas vou dizer… – pelo grupo predominante no poder, para não falar aquelas duas letrinhas. Pá! Pronto, quer ver? Já vão me xingar, me chamar pelo nome daquele pássaro bicudo! E isso não é verdade: tanto a estrela como o meu bico amarelo já caíram faz muuuito tempo.teddy_roosevelt_rushmore_dance_hg_wht (1)

No, no, no, diria Amy Winehouse. Porque está acontecendo exatamente como eu estou contando aqui. Se não é um tem de ser outro, margem esquerda, margem direita.

O que seria do verde, se não houvesse o azul, o amarelo e o vermelho, não? Em época de campanha essa pobreza de debate só serve para tornar ainda mais aborrecido o voto obrigatório. O mundo é maior do que tudo isso, pessoas!

Por que é que a gente precisa querer matar, sufocar, arrancar o olho do que não nos é espelho? (Ou excluir/deletar/ bloquear/ cortar, as terríveis, mesmo que inofensivas, ameaças do novo mundo)? Por que não fazemos justamente como fazem as crianças, essas coitadinhas que viram a grande massa do argumento quando se quer condenar (ou absolver) um lado ou outro? Sobra sempre pras coitadinhas, citadas em vão e em seu nome feitas as barbáries. Elas convivem entre si tão na boa se não forem atiçadas, sejam brancas, negras, pobres, ricas, judias, católicas, protestantes! Dêem a elas uns brinquedos, umas distrações (e que não sejam armas ou redes sociais em isoladores celulares e tablets). Nem precisam falar, enfrentara barreira da língua. Observem como logo começarão a se tocar, rir ou chorar juntas, e até brigar, mas aprendendo como é. Elas são a essência da frase “não sabem de nada, inocentes”.333j3o8

Há medidas diferentes, como os risquinhos de uma régua. Variações de um mesmo tema. Ninguém precisa ser totalmente a favor ou contra nada. Há os meios-termos, igual quando a gente resolve dar uma personalidade ao prato que cozinha, mesmo que lendo receita. Receita não é lei. Opinião é livre, pode ser modulada. Não é porque sou feminista que odeio homens; não é porque sou corintiana que devo odiar os palmeirenses, nem porque sou pobre devo odiar os ricos. Não falei que é fácil cultivar essa temperança, mas é possível. Não insuflem, que estoura.

O que juntos, de mãos dadas, temos de odiar com toda a veemência é justamente o total, o horror, a guerra, a fome, o preconceito, e a injustiça que se espalha de forma subreptícia – na forma inclusive do total atual desordenamento jurídico que parece mesmo não importar nem um pouco aos poderosos sua ordenação. Nem aparecem em seus planos e programas. Eles quase nunca chegam lá mesmo! Não enfrentam os processos e tribunais, onde qualquer um acusa, quer ganhar algum em cima do outro; juiz não lê, mas bate martelo. Uma mãozinha aqui, outra ali. Tudo vira carimbo, influência, papéis que só se movem quando interessa.

Estamos antagônicos. E agônicos, em permanente agonia. Estamos maniqueístas. Estamos nos batendo uns contra os outros e isso só é legal em carrinho de parque de diversão.

gifs3D_MG153Precisamos nos aventurar em novas expedições, novas batalhas, navegando mais até o horizonte. Somos guerreiros, sim, mas os guerreiros modernos, munidos de mouses, celulares que cantam e dançam, escudos de cristal líquido, em territórios infinitos onde tudo se filma, fotografa, escuta, grava, se sabe, se procura, se acha. Até moinhos de vento e Dulcinéias, mas pode me achar de Alfredão. Abra o leque, busque a coisa mais ampla. Pense sobre todos os ângulos. Aproveita que o mundo e a informação abrem as portas.

Nem tudo é gordo. Ou magro. Nem tudo é morto. Ou vivo. Solar ou noturno. Paulistas podem amar cariocas e vice-versa, mineiramente. Nem todo ser que não é brasileiro é gringo. Nem tudo é preto. Ou branco. Lembre dos 50 tons de cinza, ou das milhões de cores que dependem só de como bate a luz para que as vejam. Ninguém é igual a outro, mas as suas digitais – essas – são só suas. Não queira imprimi-la, nem arrancar os dedos dos outros. Pinte seu próprio quadro. Faça amor, não faça guerra.

Seja marcante, um protagonista. Forme opinião, aceite outras. Claro, vá no seu limite. E o limite é exatamente aquele onde todos possam ter alguma razão, mesmo que não total. Para atravessar, olhe para os dois lados, e para cima e para baixo. Porque se houver só uma verdade total ou totalitária ela for, precisaremos estar espertos e prontos para guerrear, nos opor a ela.

São Paulo, 2014

  • Marli Gonçalves é jornalista Guerra e Paz. Amor e Ódio. Nem sempre os opostos se atraem. Principalmente em terra onde blackblocs também amam, e chicletes se misturam com banana.

********************************************************************E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.brarmy_guy_rope_repelling

Morreu a mãe de Erenice Guerra. E ela está abandonada. Se ela falasse…

Fiquei sabendo há pouco, ao ler a coluna de Claudio Humberto, que publicou duas notas hoje, que trago para você:

( MAS ISSO É COISA SÉRIA. NOSSOS SENTIMENTOS. REALMENTE DEVE ESTAR SENDO DIFÍCIL PARA ELA SEGURAR ESSA BARRA)

Poço de mágoas

Ontem, no enterro da mãe, falecida aos 81, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra estava muito abatida. E magoada com a ausência de ex-colegas do governo e o mal que o escândalo fez à sua família.

Mãe de Erenice enterrada em Taguatinga

Raimunda Carvalho, mãe da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, morreu na manhã desta quinta (18) aos 81 anos, em Brasília. Ela sofria de problemas cardíacos e se recuperava de uma cirurgia no coração. A sra. Raimunda estava internada e sofreu uma parada cardíaca na noite de ontem (17) por volta das 22h. Erenice acompanhou o velório, em Taguatinga. O corpo foi sepultado no final da tarde. Aproximadamente 60 pessoas acompanharam o enterro.

http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php

Não resisti, de novo. Lembra daquela delícia de música, Doralice? Fiz uma adaptação especial para a Erenice

ERENICE
(adaptação livre da música de Dorival Caymmi, 1945)

ERENICE eu bem que lhe disse
Amar è tolice,
É bobagem, ilusao
Eu prefiro viver tão sozinho,
Ao som do lamento do meu violao.

ERENICE eu bem que lhe disse
Olha essa embrulhada,
Em que vou me meter
Agora amor,
ERENICE meu bem
Como é que nos vamos fazer?

Um belo dia você me surgiu,
Eu quis fugir mas você insistiu
Alguma coisa bem que andava me avisando,
Até parece que eu estava adivinhando

Eu bem que não queria me casar contigo,
Bem que não queria enfrentar, esse perigo ERENICE
Agora você tem que me dizer,
Como é que nós vamos fazer?

NO VÍDEO, O ORIGINAL, INTERPRETADO por João Gilberto & Caetano Veloso live in Buenos Aires – 2000

 

DORALICE
(Dorival Caymmi, 1945)

Doralice eu bem que lhe disse
Amar è tolice,
É bobagem, ilusao
Eu prefiro viver tão sozinho,
Ao som do lamento do meu violao.

Doralice eu bem que lhe disse
Olha essa embrulhada,
Em que vou me meter
Agora amor,
Doralice meu bem
Como é que nos vamos fazer?

Um belo dia você me surgiu,
Eu quis fugir mas você insistiu
Alguma coisa bem que andava me avisando,
Até parece que eu estava adivinhando

Eu bem que não queria me casar contigo,
Bem que não queria enfrentar, esse perigo Doralice
Agora você tem que me dizer,
Como é que nós vamos fazer?

Linda família, a da ministra Erenice Guerra… mais uma!E todo mundo solto…

Da Coluna Radar, Lauro Jardim – http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/

Ligações cruzadas de Erenice

Por Lauro Jardim

Maria Euriza Carvalho, irmã de Erenice Guerra, também já prestou serviços jurídicos para o escritório Trajano & Silva. O escritório, que atua na defesa da campanha de Dilma Rousseff, foi usado pelo filho da ministra da Casa Civil, Israel Guerra, para encontros de empresários interessados em negociar contratos com o governo mediante pagamento de “taxa de sucesso”, segundo reportagem de VEJA desta semana.

Um dos sócios da banca, Márcio Silva, disse que Maria Euriza, “sua amiga”, nunca foi formalmente advogada do escritório. A irmã de Erenice, disse, presta “eventualmente” consultorias na área de energia e usa a estrutura da banca quando vem à Brasília. Ela usa um cartão de visitas do Trajano & Silva, com telefone do Rio de Janeiro, onde mora (veja reprodução).

A irmã de Erenice, afirmou Márcio, só advogou para a banca quando esteva fora do Ministério de Minas e Energia. Foi ela quem contratou sem licitação, segundo o Estadão de hoje, o escritório de advocacia em setembro de 2009. Ela era consultora jurídica da Empresa de Pesquisa Energética, órgão vinculado ao ministério.

Outro irmão de Erenice e Maria Euriza, Antônio Carvalho, foi até março formalmente sócio da Trajano & Silva. Mas ainda, assim como a irmã, presta consultorias para a banca na área de energia, setor de influência de Dilma e Erenice.