ARTIGO – A incrível marcha da insensatez. Por Marli Gonçalves

Marcha da insensatez acelerada, vil, dá a impressão que o nosso otimismo sobre como sairíamos “melhores” depois desses meses de pandemia fez efeito contrário: encontramos já agora a face de uma sociedade pior, egoísta,  jovens olhando para seus próprios umbigos com cabeças baixas e desmascaradas, as pessoas loucas, desvairadas, pensando que aglomeração é liberdade

MARCHA

Sei, a gente tem a impressão sempre que o clandestino, o escondido, o ilegal é muito mais interessante, divertido, emocionante. Nem adianta negar, que seria hipócrita. Quem nunca?…  Mas o que estamos presenciando não é apenas uma molecagem sem repercussão ou efeito, protestinho por liberdade, blábláblá. Trata-se de vidas que a ignorância está tirando aos borbotões. De uma doença da qual ainda pouco se sabe, mas que se vivo deixa, acrescenta sequelas, e tudo na loteria macabra. Pode pegar qualquer um, pelo ar que se respira. Arrependimento não vai curar depois que o leite derrama.

Vimos – e creio que ainda veremos – marchas incríveis pelas ruas, significativas, mas esse ano assistimos horrorizados apenas a da insensatez. Um país, cidades e estados com leis, planos, normas, indicações, mas quem organiza? Quem fiscaliza? Mesas separadas em restaurantes? Filas com pessoas distantes entre si? Nem na eleição. Medição de temperatura? Quando é feita! – desleixada, e o pior no pulso, porque as malditas informações falsas disseram que na testa dá câncer, e essa coisa pegou no país da ignorância. Não pode torcida no campo de futebol? Ora, sem problemas, o povo põe um telão lá fora e a festa corre solta. Ouvi dizer essa semana que a torcida do São Paulo F.C. foi multada. Aliás, alguém soube de alguma multa real, que tenha sido paga, que tenha havido punição?

Agora, vamos e venhamos: qual parte do Natal 2020 e passagem de ano que vocês não entenderam ainda que será o horror, que não será como sempre, que não poderá ser? Que loucura é essa de se preocupar com compras, enchendo ruas, marcar viagens, “remarcar” Carnaval para o meio do ano? Estamos todos tão desarvorados assim?

A história do uso das máscaras. Muita gente, isso é bom, tem usado corretamente. Mas e os narizes fora delas, as frouxas “para entrar ar” (e muitos vírus), máscaras nos queixos, no pescoço, nas mãos, como pulseiras, penduradas nos retrovisores dos carros? E a invenção das moderninhas, a tal confortável máscara de tricô que as blogueirinhas incentivaram? Claro, toda furada, muito refrescante, e já tá deixando é muita blogueirinha idiota doente. Quem seguiu, também.

(Parêntesis político, por falar em máscaras: cá entre nós, será que agora o tal Russomanno se deu conta do grande erro da assustadora máscara transparente de acrílico que usou na campanha que foi, graças a Deus, por ralo abaixo? No caso dele, cobrir a cara teria sido muito mais apropriado, se é que me entendem.)

Mas quem dera a insensatez estivesse só ligada a fatos da pandemia! Quem dera! Estão acompanhando a tentativa de acabar com os artigos “a” e “o”, trocando por “e”? O tal todes, ao invés de todos ou todas, como exemplo. Acreditam de verdade, mesmo, que assim estarão resolvendo as questões de gênero? Lembram do presidenta da Dilma? Como é que é? Tem gente querendo fazer lei para essa mudança?

Viramos o país do ridículo sem fim, do horror, do medo, da tristeza, do cansaço, com um desgoverno vergonhoso, mulheres violentamente assassinadas diariamente, negros mortos em cada esquina onde se defrontam com policiais ou metidos a, seguranças desclassificados, bêbados dirigindo tão desgovernados como nossos políticos e matando o que não veem pela frente, ou o que suas mentes ou olhos embaçados talvez vejam em dobro. Nosso meio ambiente destruído, apagões não só de energia, mas de qualquer bom senso. Oportunistas espalhados prontos a remarcar sem dó os preços de tudo, tentando retomar seus prejuízos, como se só eles os tivessem tido.

E vamos ficar preocupados com os as e os? Dançando até o chão nos proibidões, como se apenas uma interminável onda existisse, embora já vejamos a outra vindo atrás muito maior? Não tem nada de normal em tudo isso. Nada.

Pensando, talvez, em qual roupa branca usar no réveillon? Desculpem, mas creio que a cor negra será a mais apropriada como uniforme dessa insensata marcha na qual todos acabamos caminhando, empurrados, mesmo que contra nossa vontade.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Dias estranhos e os cotidianos perrengues. Por Marli Gonçalves

 

É muito difícil todas as semanas decidir sobre o que escrever, para nós, colunistas, da imprensa, sites, jornais, etc. Parece que estamos sempre batucando nas mesmas pretinhas, as teclas, e a sensação de que chovemos no molhado com nossas opiniões é impressionante. Daí às vezes também querermos mudar de assunto, não falar do Brasil, que não muda, só piora, e então optar por falarmos sobre aspectos pessoais – nossas vidas, mas como sempre tudo isso tem uma total relação com onde vivemos

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Vai chegando o dia de escrever e o pânico se estabelece. Mais uma vez relembrar os fatos gerados pelo Governo Bolsonaro, o próprio, seus ministros, suas manobras e absurdos, declarações, algumas que chegam a ser inacreditáveis em plenos tempos modernos? Criticar os termos chulos usados, ofendendo a nossa inteligência, ou os índios, as mulheres, todos, e agora até as árvores?

A impressão que muitos leitores podem ter é que passamos o tempo procurando essa pulga, mas não é verdade. Ela pula na nossa frente no noticiário, nos fatos que geram, na repercussão que causam especialmente atrasando e desviando de tantas coisas sérias e reais que precisam ser resolvidas e acabam relegadas.

Para mim essa foi uma semana muito difícil, estressante, que começou – vejam só – comigo sendo assaltada em pleno centro da cidade de São Paulo, plena avenida, pleno policiamento, e no meio de um evento musical nas ruas. Um sujeitinho franzino, podia até ser menor de idade, ar violento, aproveitou o trânsito parado na Rua Xavier de Toledo, e me abordou no carro, ameaçando com arma (que não vi, e ainda creio que era imaginária), pedindo meu celular.

Como já ando atenta, o celular não estava à vista, mas bem guardado, e respondi que não tinha nenhum. Ele ainda meteu a mão pra procurar se estava entre as minhas pernas. Então exigiu a bolsa, que estava num cantinho, esquerdo, onde já também por prevenção costumo deixar. Na enfiada de mão, acho que bateu nela e puxou. Ainda tentei segurar, mas não deu, e ele saiu correndo – dentro, todos os meus documentos, um dinheirinho importantíssimo, contado e suado, que eu precisava, creio até que mais do que ele. Ainda tentei correr atrás, mas logo encontrei com quatro, quatro, guardas logo ali, e pasmem: com ar patético, apenas disseram que não viram ninguém correndo. Só eu vi, né? –  Logo sai correndo mais ainda foi dessas lerdezas inacreditáveis.

Nada. O menino sumiu. Era questão de me conformar. E prestar queixa o mais rápido possível. Aí, aqui na terra do João Doria, que bota no ar uma espetaculosa propaganda da polícia que você tem a impressão que está dentro de um filme de ação da própria Swat e vive no lugar mais seguro do mundo, começou a epopeia. A principal delegacia do centro da cidade foi a primeira aonde me dirigi. Na porta, a placa enorme – PLANTÃO 24 HORAS. Mas a imensa porta de vidro fechada. Toquei a campainha e um sonolento homem apareceu dizendo que ali não tinha delegado, que devia ir em outra “freguesia”.

Resolvi então ir à mais próxima de minha casa, por sinal, a tida como mais vip da cidade, por estar em uma área que ainda ousam chamar de “nobre”. Sem dar esperanças, ali os investigadores foram logo dizendo que havia dois flagrantes à frente e que minha queixa poderia levar toda a noite e madrugada. Bem, dali liguei pro banco, cancelei o cartão, e voei para fazer o salvador BO eletrônico. Assim como começar a agendar a feitura de segundas vias de tudo que podia pedir. A gente se sente muito violentada, desprotegida, sem reação.

No dia seguinte, final da tarde, uma alma boa me ligou, havia achado um cartão com as coisas. Passeando com o cachorro na Praça da República encontrou minha bolsa (que, aliás, era muito vagabunda) jogada, com alguns desses documentos e o principal para mim, meu óculos de leitura, lindo, único, caro, e sem o qual não enxergo um palmo. Deixou tudo em um posto da PM ali perto, onde busquei, agradecendo a todo os santos, rezas, erês, solidariedade dos amigos. Nada do cartão bancário, claro, e nem do cartão de idoso de transporte público. Mas como já havia bloqueado ambos, como diria, não me preocupei.  Até alguns dias depois, quando o banco bloqueou minha conta porque alguém tinha usado e tirado dinheiro, de uma maquininha. Me respondam como pode isso, sem senha, e de um cartão bloqueado!

Não tem como medir o stress e o mal que isso tudo – e tudo o mais na sequência – levou. A não ser contar que a semana de perrengues termina comigo de molho. Uma cirurgia na boca, usual, rotineira, acabou me derrubando.

A imunidade da gente vai a zero. Não há como não entender porque estamos num país com tantas pessoas doentes, pessoas enfrentando diariamente perrengues infinitamente piores, e totalmente largadas por aí, sem qualquer assistência, sem qualquer imunidade, só para lamentar, sem seguro, sem proteção.assaltantes, traficantes e quetais

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Backup de nossas vidas. Quem faz? Por Marli Gonçalves

 

O mundo digital, todo lindo, moderno, sofisticado, avançado. Você vai confiando, confiando, toda a sua vida no computador, documentos, anos de trabalho e um dia…Puff. O equipamento não liga, não acende luzinha, não roda. Aquele corpo morto ali na sua frente. E aí? Para que santo rezar?

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Primeira reação: desespero.  Depois tenta se acalmar e começa a fazer todos os procedimentos de ressuscitação de que um dia ouviu falar. Lei de Gates, você liga e desliga várias vezes, checa todas as tomadas, deixa “esfriar”. Para pra tomar um café, uma água. Pensa em começar a gritar e puxar os cabelos. Verifica de novo os sinais vitais do aparelho, se algo se movimenta, encosta o ouvido para ver se há batimentos. Nada. Pensa de novo em começar a arrancar os cabelos da cabeça, um a um. Tenta se acalmar e aí começa a tentar lembrar tudo o que está ali dentro daquela caixinha na qual tanto confiava: o HD externo. Se desespera mais ainda. Vai querer matar o primeiro que passar na frente e te perguntar com ar cândido: “Ué, você não tinha backup?”.

Não, não tinha. Ninguém consegue ter tudo “beicapado”, consegue? Ao contrário, já utilizava o tal HD justamente porque é sabido que computadores costumam falhar, morrer, especialmente quando já têm um idade provecta, o que é o caso do meu.  Aquela caixinha ao lado era a segurança. E era das boas, fixas, não dessas que ficam andando para lá e para cá, portáteis (na verdade, as mais modernas, menores, compactas). A minha ainda era robusta, ligada à eletricidade e ao cabo USB.

Anamnese: (anamnese é aquela série de perguntas que o médico faz quando te conhece, sabe?): Idade? Quase 10 anos (agora, que já é tarde, fico sabendo que duram mais ou menos em média só cinco anos); apresentou sintomas anteriores? Sim, mas nada de anormal, dois ou três momentos esparsos e momentâneos de não reconhecimento pelo sistema – lembro (também tarde demais).

Pronto. Desespero mais que total. Você acaba de ficar refém do tal mundo cibernético, uma espécie de sequestro. Precisa esfriar a cabeça, pensar, tentar resgatar a alma do defunto como se fosse numa sessão espírita, e nela você até parece rezar ainda com mais fé para que o milagre ocorra.

O final dessa parte da história é que encontrei um “hospital” de HD – e o meu aparelho nesse momento está lá, em alguma mesa fria, ligada a equipamentos, com a barriguinha aberta. Sabe-se lá o que conseguirão tirar de suas tripas e me devolverão. São especialistas nisso, não muito comuns, e por isso cobram caro, bem caro, e de acordo com a medida do que conseguem salvar.  Tem de confiar neles, já que não é pouco o que podem ver. E lá vem bomba, explode no bolso. Fora já ter de antes de tudo investir em comprar outro equipamento, que possa levar até lá para receber a alma do antigo – dessa vez, um HD menor, desses portáteis, mas que pretendo manter quietinho aqui do meu lado. Uma das coisas que o técnico me falou que são mais comuns é justamente a queda. Caiu, ferrou. Ele me contou inclusive que viu vários escaparem das mãos do cliente se espatifando mais ainda bem ali na sua frente; imagino, porque a gente já chega lá mesmo muito tenso, trêmulo, suplicando ajuda. O meu já chegou lá desacordado.

Aí me ocorreu essa coisa toda de memória, a parte real, a que a gente vive, viveu, especialmente viveu, fez e aconteceu, o passado, nossa história. Quem é que guarda isso? Não é o Google, pode ter certeza, que lá tudo é meio esparso, dependente de algoritmos ou assemelhados. Quem pode fazer o nosso backup? Será sempre subjetivo? Incompleto? Nessa vida a gente vai largando os arquivos, as pastas, nos trechos que percorremos com um e outro, desorganizados.

Dá medo do tilt, que pode ocorrer como a máquina. Será que já é melhor começar a escrever uma autobiografia? A quem confiar a senha? Não me falem em nuvens, que nuvens são passageiras.

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FOTO: GAL OPPIDO

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Já à venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon

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#ADEHOJE – APREENSÃO DE UM PAÍS SOBRE O QUÊ E COMO O HOMEM VAI FALAR

#ADEHOJE – APREENSÃO DE UM PAÍS SOBRE O QUÊ E COMO O HOMEM VAI FALAR

 

SÓ UM MINUTO – Nesta terça, 24, subirá ao palco da ONU para o discurso de abertura o presidente da República do Brasil que vem a ser o senhor Jair Bolsonaro, aquele que tem arrumado treta com os líderes internacionais e afagado Trump. Segundo eles, Bolsonaro tentará mostrar que o país se preocupa com o desenvolvimento sustentável e consegue ser uma potência no agronegócio aliada à preservação do meio ambiente. Mais, mudará de assunto: atacará Maduro, mudando novamente o foco para a Venezuela…

Olha, o pessoa da Revista Piauí está fazendo um Bolsonário e levantou que desde que assumiu Bolsonaro já fez 156 discursos ou pronunciamentos, com mais de 9 mil palavras diferentes – nomeou amigos e inimigos. Falou em 147 ocasiões sobre o “Exército”, que apareceu 9 vezes para cada menção a “universidades” e nas metades das vezes falou de forma negativa quando falou em universidades.

ARTIGO – Tu? Que tu é esse? Por Marli Gonçalves

alphabets-dancing-282251 alphabets-dancing-910559Não quero ser chata, nem purista, mas vocês sabem: a linguagem permeia e constrói a cultura de um povo; é preciso estar sempre atento para os registros de mudança de comportamento que advém de alguns de seus usos. E o tu está invadindo o mercado, de uma forma invasão bárbara, sem vir de gaúchos, os únicos que tinham autorização expressa para usá-lo fora de suas fronteiras.

Tu estás percebendo? Não é de hoje, mas está piorando e se tornando muito frequente, frequente até demais, ouvir o tu aqui fora, fora da telinha, fora dos programas de tevê, fora das entrevistas de MJs, DCs, MCs, KYs e novelas, fora dos pampas. Tu para lá e tu para cá, somados sempre agora a novas gírias, que acabam fazendo com que todo mundo pareça mesmo pertencente até a alguma facção criminosa. Tá pegando mal.

Antes, lembro que para parecer mais descolado, os bacanas tentavam um sotaque carioca, gingado, caído para o R, alongado no S, o que era maneiro para as praias, as ondas, o surfe, uma época nas quais se desbundava. Do tempo que as pessoas eram serelepes, e não apareciam na sua casa – pintavam. Ganhavam tutu e eram pra frente.

Pois vou botar para quebrar e trazer à baila essa coisa que anda me irritando: o tu . Andam abusando do coitado, pondo para quebrar, gastando seu simples uso como segunda pessoa do singular, onde vivia tranquilo, sendo usado menos, por poucos, para conjugar os verbos, dar-lhes um impulso até que encontrasse com seu plural, vós, esse pronome que enobrece as frases com uma espécie de realeza quando aparece, majestático. Imperativo.

Aí deslocaram o tu. Esqueceram que – sim, ele pode ser usado; embora tu e você se refiram à segunda pessoa do discurso, cada uma é uma – o que exige as formas verbais e os pronomes respectivos. Não é só tirar o você e colocar o tu, entendeste?

O negócio, meu chapa, está todo aí meio junto e meio misturado e pode dar bode se a coisa se espalha, igual aconteceu com o gerúndio, tipo dengue, catapora. Deixaram que traduções do inglês fossem feitas de qualquer jeito e ele, furtivo, se instalou, principalmente nos serviços de telemarketing e especialmente quando estamos muito bravos reclamando de algo. O gerúndio alonga o cumprimento das promessas das empresas, dá mais tempo. Elas não farão o que você pede, elas vão estar fazendo. Olha que o tu também pode ser perigoso, podes crer.moleque4

Depois de saber que os argentinos estão vindo para cá igual a avalanche de lama em Mariana, penso que o tu pode estar se infiltrando junto, entrando no país pelas fronteiras descobertas. Preocupa-me até se não é uma situação embutida, bolivariana maléfica igual na política. Tradução livre do castelhano, do espanhol. Como agora questões sociais são “colocadas”, politicamente corretas, e o tu tem vindo na linguagem das favelas lindas, maravilhosas, turísticas, aprazíveis que as cenografias montam, há de se prevenir. Repararam que os ricos de tevê andam adorando largar suas casas, até mansões, para viver nas favelas, tão legais são?

O você está em risco, alardeio. Vou mostrar para tu, eles estão dizendo, tu percebeste? Você percebeu? A gente já devia ter desconfiado desse problema – que ficaria mais sério – quando apareceu aquela mensagem do deputado Vacarezza para o então governador do Rio, Sergio Cabral: “você é nosso e nós somosteu (sic)”.

O tu é nosso, ninguém tasca, existe, está aí, mas anda tentando se aproximar demais, abraçar singularmente, como um pronome pessoal reto que é, curto, contundente, sonoro como tiro, e até engraçadinho quando se confunde o som e se passa a noite procurando por ele, como na música de arrasta-pé. “Morena diga onde é que tu tava, Onde é que tu tava, onde é que tava tu.Passei a noite procurando tu, Procurando tu, Procurando tu”

Tu é a segunda pessoa; você, a terceira pessoa; eu, a primeira. Tu é credencial de gaúcho, objeto identificador. Tu é chique, aristocrático, tem de vir com seus salamaleques. Estranho ele estar querendo se popularizar assim. Deve estar assistindo a muita novela.

Ou acha que se não tem tu, vai tu mesmo.

São Paulo, 2016Charleston

Marli Gonçalves é jornalista – Tu sabes lá o que é isso?

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Vamos lá, Sul, Sudeste! Norte!Nordeste!Centro-Oeste! Vejam mais análise de pesquisas, mas lembre-se: elas não põem mesa

blueAS DIFERENÇAS, PELAS REGIÕES BRASILEIRAS, NA DISPUTA PRESIDENCIAL! TRÊS PONTOS A MAIS PARA AÉCIO NO SUDESTE EMPATAM A ELEIÇÃO PELO DATAFOLHA!bluean

(fonte: ex-blog de cesar maia)

1. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Aécio no SUDESTE lhe dá, nacionalmente (ponderando pela participação de 44% dessa região), 5,28 pontos à frente. A diferença a favor de Aécio no SUL lhe dá, nacionalmente (pela participação de 15% dessa região), 3,3 pontos. A diferença a favor de Aécio no CENTRO-OESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 7% dessa região), 0,84 pontos. No total, Aécio soma uma vantagem, nessas regiões, de 9,42 pontos de vantagem em nível nacional.

2. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Dilma no NORDESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 27% dessa região), 10,8 pontos. A diferença a favor de Dilma no NORTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 8% dessa região), 1,28 pontos. No Total, Dilma soma uma vantagem, nessas regiões, de 12,08 pontos.

3. A diferença nacional ponderada pelas regiões era a favor de Dilma de 2,66 pontos. Se Aécio ampliar a diferença em apenas 5 pontos no Sudeste e no Sul a eleição estará empatada.

4. Se no Sudeste Aécio crescer apenas 3 pontos trocando com Dilma, que desceria 3 pontos, pelos números do Datafolha a eleição estará rigorosamente empatada.

* * *

blueeyesTENDÊNCIA REGIONALIZADA DO VOTO NO ESTADO DO RIO!

1. PEZÃO x CRIVELLA. Capital: Pezão 11 pontos na frente. Na Baixada, Crivella 3 pontos na frente. Em Niterói/São Gonçalo/Itaboraí Pezão 11 pontos na frente. No Interior 1 (Serrana e Sul), Pezão 35 pontos na frente. Seu município Piraí, fica no Sul. No Interior 2 (Noroeste-Norte-Lagos), Pezão 12 pontos na frente. É região onde Garotinho é forte.

2. Sub-Regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra da Tijuca, passando pela Tijuca e Vila Isabel, Pezão tem 28 pontos na frente. Na região de Ramos/Olaria/Bonsucesso, Maré/Ilha do Governador, onde é maior a concentração de favelas, Pezão vence por 17 pontos. Na região de Meier/Madureira/Marechal Crivella está 3 pontos na frente. Jacarepaguá: Pezão 16 pontos na frente. Grande Bangu Pezão 10 pontos na frente. Grande Campo Grande/Santa Cruz Crivella 4 pontos na frente.

3. DILMA X AÉCIO. Capital: Dilma 8 pontos de vantagem. Baixada: Dilma 24 pontos de vantagem. Niterói/São Gonçalo/Itaboraí: Dilma 30 pontos na frente. Interior 1 (Serrana+Sul): Aécio 4 pontos na frente. Interior 2 (Noroeste, Norte e Lagos): Aécio 10 pontos na frente.

4. Sub-regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra, Aécio tem 25 pontos à frente. Em toda a zona norte agregada, bairros da Central e Leopoldina, Dilma tem 13 pontos à frente. Grande Bangu, Dilma 14 pontos na frente. Grande Campo Grande e Santa Cruz, Dilma 30 pontos na frente.

BlueEye5. No geral, Pezão vinha com 11 pontos à frente e Dilma com 10.