ARTIGO – Feminismo popular. Ninguém é Bruaca. Por Marli Gonçalves

O feminismo ganhando o que mais precisa, divulgação e entendimento de sua simplicidade e importância na força da ação e reação feminina. Está uma delícia. Todos os dias temos visto manifestações – algumas até bem engraçadas – de mulheres brasileiras revoltadas e resolvendo a situação com seus companheiros de forma inusitada: expondo o “gajo” nas redes. Na tevê, a reação das oprimidas faz sucesso e ensina de várias formas que há solução.

feminismo

A primeira é não se calar, e o quanto antes. É uma que “vira” onça diante do motel onde está sendo traída, e filma tudo.  A outra que gruda um cartaz no carro do companheiro traidor dando conselhos e inclusive apoiando, vejam só, a amante, pedindo respeito a ela também. Isso se espalha, viraliza. A sororidade se destaca mostrada com sucesso em personagens de novelas, como a Maria chamada de  Bruaca, de Pantanal, reagindo ao entender a situação vivida durante toda uma vida ao lado de um homem horrível,  machista, grosso, nocivo, tóxico, ao qual venerava até descobrir que, inclusive, o tal manteria outra família.

Em um país onde impera a desigualdade, os riscos e violência, e a ignorância tenta a cada dia botar mais as manguinhas de fora, é reconfortante assistir a matérias e matérias repercutindo a opinião de mulheres sobre como estão dando a volta por cima. Ou como estão entendendo muito bem o recado de que sempre chega a hora do “Basta!”. E que esse ponto final poderá salvar suas próprias vidas. O Brasil ainda ocupa o quinto país do mundo em mortes violentas de mulheres segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – dado vergonhoso e que infelizmente se mantém, apenas piorado, ao longo dos últimos anos.

Em 2020 e 2021 houve uma severa explosão dos casos de violência contra a mulher e feminicídios – o assassinato de mulheres e meninas por questões de gênero, ou seja, exclusivamente em função do menosprezo ou discriminação à condição feminina. A pandemia de Covid, que obrigou ao isolamento, tornou a situação ainda mais calamitosa, especialmente entre as mulheres negras e mais pobres, mas atingindo brusca e diretamente a todas.

As denúncias recebidas pelo Disque Denúncia de São Paulo cresceram 35% em março deste ano, comparando com o mesmo período do ano passado. Em março deste ano foram 57 denúncias, contra 42 em março de 2021. Apenas no primeiro trimestre de 2022, foram 140 relatos de feminicídio no Estado – mais de um por dia!

Nos últimos anos o país tem piorado em muitas questões, particularmente algumas ligadas ao comportamento humano e liberdade individual, ou ligadas às minorias. Todos os dias ouvimos relatos de racismo, manifestações de violência contra as mulheres e contra a população LBGTQIA+.

Uma situação que não envolve apenas as mulheres, em geral atacadas por pessoas próximas, seus companheiros ou ex-companheiros, mas também seus filhos que muitas vezes presenciam esses atos. Atos e números desleais que precisam ser estancados, e luta para a qual todas as mulheres, maioria da população, deve assumir seu papel. Em todos os canais, inclusive políticos.

Daí a importância de divulgar vitórias, as reais e mesmo essas das ficção de filmes e novelas, de casos em redes sociais, muitas vezes a melhor forma de traduzir rapidamente essa batalha e seu significado. Repito: o feminismo é força, precisa ser compreendido em toda sua plenitude, e por homens e mulheres. Não diz respeito só a um ou a outro. São alicerces fundamentais para o futuro. Acredito firmemente que a humanidade não poderá ser assim chamada enquanto a mulher for tratada de forma inferior. Feminismo é prática diária. Presente em nossas vidas.

Não há de se ter vergonha. É preciso pedir ajuda. Por a boca no mundo. Como vítima dessa violência que deixa marcas profundas por toda uma vida, cada caso, cada morte que sei, é como se novamente a ferida fosse em minha pele, e me faz comemorar hoje conseguir ter ficado viva para contar a história, entender exatamente como ela se constrói, a dor que causa.

Me posicionar na frente dessa batalha, implorando pelo fim dessa guerra tão particular e odiosa.

feminismo

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Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – O ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

#ADEHOJE – ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

 

SÓ UM MINUTO – Repitam comigo para ver se acabam ouvindo: O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO.

Na verdade, que preguiça que dá até criticar as falas desse homem que nos desgoverna, vai saber até quando e onde vai chegar com esses abusos, absurdos. Que história é essa de que vai indicar um ministro para o STF terrivelmente evangélico? Que declaração é essa? ”O Estado é laico, mas nós somos cristãos”. Quem ele pensa que é? Haverá reação? Espero que sim, inclusive do próprio STF. Porque isso é um tabefe cara de todos os brasileiros, de todas as religiões, de todos os credos

Reforma da Previdência sendo votada como uma novela. Posso estar enganada, mas algo me diz que esse resultado não vai ser legal. Bem, para mim, pessoalmente, que estou precisando me aposentar, já não é legal. Tudo parado no INSS.

Morre Paulo Henrique Amorim, que lembro como um jornalista que tinha bom humor. Todas as vezes que o encontrei, achei ele bem engraçado. Descanse em paz. Morreu ainda o sociólogo Chico de Oliveira, um dos fundadores e hoje era um crítico, do PT. Mês difícil.

ARTIGO – Rigoroso rebolar. Por Marli Gonçalves

A gente rebola por aí, balançando quadril e batendo pernas, buscando vozes e mentes para esquentar os corações e almas que parecem estar simples e completamente anestesiados por uma avalanche tão grande e que não condiz em nada com essa nossa alegria tropical. Escutem, por favor, a cadência de nosso samba, batucando nas teclas. Somos a imprensa. Acredite nos alertas.

 Tenho diante de mim, na mesa, uma série de bonequinhas que se movimentam somente com luz, bateria solar, vocês já devem ter visto como funciona. São quatro havaianas balançando as saias e uma gordinha, essa, de biquíni, chapéu, um drink nas mãos. Elas costumam me alegrar muito durante o dia com seus quadris rebolantes sem parar enquanto trabalho. Gosto de coisas que se movimentam, vivas, como os cataventos, e elas são assim. Me dão a sensação do tempo, contra a imobilidade, musicais, dançantes.

Pois bem. Ultimamente observei que até elas – essas meninas – andam – ou melhor, param – silentes, cabisbaixas. O inverno, a falta de sol, de luz nova no horizonte tira-lhes a energia. Como se tivessem vida, sentimentos, solidárias, me acompanhassem no dia a dia, no que faço, e ao noticiário que buscamos repercutir. E são tantas bobagens, ignorâncias, notícias ruins, tristezas e retrocessos e que todas juntas sabemos e assistimos que elas de vez em quando literalmente param, estáticas. Ficam chocadas inclusive quando veem os mensageiros sendo atacados de formas tão cruéis.

Vontade de fazer o mesmo, parar de rebolar o dia inteiro – que é um pouco o que todos nós, brasileiros, fazemos – e hibernar, aproveitando a estação. Rebolamos para cumprir o papel que juramos. Rebolamos para pagar contas, juros exorbitantes, ganhar algum dignamente, cuidar dos nossos, de quem amamos, escapar de armadilhas, além de fugir de tantos querendo nos roubar. Rebolamos para que nos respeitem, especialmente, nós, as mulheres. Suamos e rebolamos para nos livrar de inimigos, do mal, de insídias e energias negativas. Rebolamos para conseguir lugar no transporte público, na saúde pública, na segurança, na educação e em tudo o mais, que é público, sim, pagamos, e não recebemos. Reclamar para o Papa? Pode ser. Nosso Francisco está bem na moda, bombando nas redes sociais até com vídeos bem avançados. Alguém aí tem o e-mail dele?  O whatsapp? Algum contato?

Tô brincando. Mas ao mesmo tempo falando muito sério. Preocupada. Infelizmente tenho encontrado ainda muita gente rebolando também, e é o que não entendo, mas para aprovar, justificar, bater palmas, defender o que não é possível que em plenos anos 20 do Século ainda estejamos presenciando, ouvindo, suportando. Isso envolve, claro, as falas do homem eleito para o país e que parecem irreais de tão absurdas, de tão grosseiras, carregando tanta ignorância. Envolve alguns ao seu redor, como os seus próprios filhos, amigos, ministros.

Envolve, ainda por necessária oposição, e antes que venham com pedradas dizendo que não vejo mais longe, envolve – e muito – também, grande parte daqueles que, derrotados, ainda não aprenderam os rumos necessários para a retomada de um mínimo de bom senso. Tem quem ainda não se deu conta da gravidade da situação. Não é exagero.

Mas se fosse só da política! O inverno é de ideias, de bom senso, de falta de estações e temas onde se plante e onde dali floresça, de preferência sem tantos agrotóxicos.

Continuamos sabendo diariamente de crimes horrorosos contra as mulheres, e aparece quem defenda – sem ser os advogados – seres abjetos como o Roger Abdelmassih ou João de Deus. Sabemos diariamente de mortes e mutilações causas por imperícia, irresponsabilidade e loucura no trânsito e há quem defenda o fim da fiscalização eletrônica, a forma mais ampliada e segura que consegue registrar e desencorajar batendo no bolso, o lugar do corpo do ser humano que mais dói e pode modificar índices tão brutais. A lista das sandices é enorme e não para de crescer.

Está frio por aqui. Muito frio. E muito feio tudo isso. Vamos aquecer nossas baterias. Quero ver minhas meninas, e as de todo o Brasil, mais da metade dessa população, ao menos elas, reagirem.

Enquanto isso, rebolando por aqui. Vou ter novidade em breve para contar. E contar com vocês.


Marli Gonçalves, jornalista Consultora de comunicação, Editora do Chumbo Gordo. Blogueira aqui…

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2019, Brasil

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ARTIGO – O amor (e o sexo) nos tempos de cólera e internet. Por Marli Gonçalves

O amor é lindo. Seria simples se as pessoas não fossem tão loucas, tivessem tantas dificuldades em se relacionar entre si. Mas, se já era complicado antes, imagine agora, em tempos de internet, redes sociais, aplicativos, celulares que gravam tudo, e dessa total exposição das intimidades

Já disse. O caso do relacionamento nas noites quentes de Paris, entre Neymar e a modelo Najia Trindade, que agora o acusa de estupro e agressão, ainda vai longe. Envolverá ainda muitas outras pessoas, como a dança de cadeiras dos advogados e assessores. Gerará muita discussão e discórdia, pano para manga, e gelo para o pé ferido do atleta, tantos aspectos envolve. O prazer e a vontade sexual da mulher, sempre na berlinda e que sempre ainda parece inadmissível mesmo em tempos modernos. O não é não, o direito de parar, seja em qualquer situação, Hora H, ou qualquer outra, desde que um dos dois (ou às vezes até mais) queira. Os novos conceitos legais e judiciais sobre o que se configura crime. Por exemplo, a divulgação das imagens íntimas, de um lado e de outro, na defesa e na acusação.

Como voyeurs, todos assistimos, diretamente dos sofás e das mesas de bar, nos deliciando com os detalhes sórdidos. Amplas audiências, buscas de furos jornalísticos, vidas escarafunchadas, especialmente, claro, a da mulher, a parte mais fraca dessa e tantas outras histórias, principalmente quando envolvem personalidades tão poderosas e conhecidas mundialmente como Neymar. Torcidas organizadas se formam e, como virou habitual no país, embates fragorosos que revelam a confusão, machismo, provincianismo e ignorância.

O assunto explodiu e já de cara a mulher foi condenada. Afinal, manifestou desejo, aceitou ganhar a passagem, “provocou” o encontro, não é rica, só podia estar querendo dar um golpe no eterno menino, que já aprontou de um tudo, mas ainda é “menino”, como se fôssemos a mãe generosa, para quem sempre o filho tem razão e será criança.  Mas, então, por que não deu o golpe logo, ela não diz que quis parar porque nenhum dos dois tinha preservativo? Nem precisava furar nenhum para tentar engravidar e esticar essa noite por toda a vida. Um argumento, no entanto, que cairia por terra se o encontro tivesse sido até em algum motel da estrada, imaginem em um hotel de luxo, onde em segundos alguém entregaria na porta muitas camisinhas em uma bandeja de prata, possivelmente com o logotipo do estabelecimento e votos de boas entradas. Não convenceu. Pelo menos a mim, que desde o início pedi calma no julgamento público dela.

O que teria acontecido? Por que ainda passam batidos os recados que o próprio Neymar divulgou? Em um deles diz já estar bêbado; em outro, completamente louco. Portanto, também não há como negar que seu comportamento possa ter sido violento ou alterado. Do tipo “paguei para ela vir dar para mim”. Até esse momento não encontrei análises sobre o comportamento digamos estranho do atleta nas últimas semanas, contando com o soco no torcedor, as festas e badalações, as seguidas contusões (fraqueza, distração?), os imbróglios inclusive com o Imposto de Renda, o pai metido em tudo, e o anterior encontro com Bolsonaro, que por incrível que possa parecer, também já se meteu na história, absolvendo, como bom machista que sempre se mostrou ser.

Será depressão? Não será o verdadeiro amor perdido? Afinal Neymar e a atriz Bruna Marquesine juravam amor eterno, falavam em casamento, planos de ter filhos há bem pouco tempo, esbanjavam e esparramavam isso para o mundo todo, depois de idas e vindas. O fim do namoro – que agora aparece mesmo ser definitivo – marca mudanças visíveis em Neymar, em seu comportamento. Vamos e venhamos que flertar com uma quase desconhecida, que estava em outro país, diante de tudo que ele conhece do bom e do melhor do outro lado do Atlântico não é a coisa mais normal do mundo. Najila deve ter mesmo se sentido o máximo. O seu nome significa “aquela que tem os olhos grandes”, “mulher cujos olhos são grandes”. Como a gente diz, o olho cresceu.

O caso será uma guerra. Inclusive de comunicação. Com espertezas de todo o lado. A contratação, para a defesa de Neymar, da criminalista Maíra Fernandes, reconhecida na causa feminista, foi gol. O inacreditável, ridículo, foi a organização a que pertencia, a Cladem (Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), tê-la expulsado imediatamente por causa desse seu trabalho. Neymar ainda não foi condenado, nem julgado culpado, e tem todo o direito de defesa seja de quem quiser e poder pagar.

É radicalismo em cima de radicalismo. Cada vez mais o medo se instala junto ao amor e às relações sentimentais. Violência que origina as centenas de feminicídios que ocorreram quando as mulheres procuraram romper relacionamentos, e alguns vice-versa.  É a vingança realizada na exposição pública de momentos íntimos, do amor quando ocorria em fotos, vídeos, nudes. A insegurança dos casais. O alimento do bicho indomável, o ciúme.

Não me admira que tantos e tantas estejam sozinhos, ou preferindo apenas as relações fugazes. Também não me admira a construção fictícia dessa linda e pacificada sociedade diversificada dos anúncios que proliferaram para estimular o consumo no próximo Dia dos Namorados. Lé com lé. Cré com cré. Cré com lé. Reparou?  As mais variadas combinações, felizes.

Como seria bom se fosse verdade, embora toda forma de amor valha a pena. Só que ele ainda tem grandes dificuldades de dizer seu nome quando tem tanta gente assistindo de camarote, esperando que pegue fogo, que a casa caia, que a cama despenque. E que tudo tenha sido gravado, em detalhes, na horizontal e na vertical. De preferência com som ambiente.

amor de mãe________________________________________________________________________

Marli Gonçalves, jornalista – Primeiro, a defesa das mulheres. O meu lado da história, e que reconhece bem, assim como as dificuldades que já viveu por ser uma.

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Brasil, nos dias de namorados

 

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#ADEHOJE – – ATENÇÃO, BRASIL!

#ADEHOJE – – ATENÇÃO, BRASIL!

 

SÓ UM MINUTO – Enquanto ficamos distraídos com a novela Neymar no paraíso das camisinhas, o mundo corre sob nossos pés. E o Brasil continua com a marcha-a-ré engatada, continuamente. Essa semana assistimos o anúncio de decisões mortais e inexplicáveis no Código de Trânsito. Ao vaivém das informações – agora Bolsonaro diz que desistiu do decreto para fazer sua Cancun em Angra dos Reis. Do decreto, mas não da ideia. Na Argentina, onde foi meter o bedelho na eleição alheia, começaram a falar numa tal meda Mercosul, peso-real. Como se fosse hora, na balbúrdia que ambos os países estão metidos. Os milicianos cariocas, veja só, estão conseguindo escapulir. Repara.

Não sei onde viram só 0,13% de inflação. Acho que quem calcula não faz compras nem em feiras nem em mercados. Só pode. Ou medem em coisas que não são as que compramos. As que não usamos.

Coisa boa vai ser torcer para o Brasil a Copa do Mundo de futebol feminino, que finalmente ganhou luz. Ah, teve até meteoro dando show nos céus do Rio Grande do Sul.

Neste sábado, comemoro meu dia. Obrigada desde já a todos pelo carinho.

#ADEHOJE – NEYMAR, BOLSONARO, JUCÁ…AGRESSÃO OU ESTUPRO?

#ADEHOJE – NEYMAR, BOLSONARO, JUCÁ…AGRESSÃO OU ESTUPRO?

 

Só um minuto – Quando um presidente como Jair Bolsonaro, como se não tivesse mais nada de importante a fazer, sai do seu quadrado para ir à Câmara só para entregar um projeto de mudança de regras para a Carteira de Habilitação ( validade para dez anos e perda de carteira só com 40 pontos em multas)a gente tem de lamentar.

No caso Neymar, continuam tratando a mulher como se fosse a culpada sem que os fatos todos tenham vindo à tona. Foi agressão? É sério! Foi estupro? É sério. Não foi nada disso? Vamos ver. Por favor, parem de tratar a mulher dessa forma, uma coisa é o flerte; outra a consumação. É a cara do preconceito, será que não conseguem enxergar? Neymar nunca foi flor que se cheire.

Romero Jucá, aquele que esteve em todos os governos, e Sergio Machado, denunciados pelo MPF no Caso Transpetro. São os milhões de corrupção que saíram pelo ralo.

#ADEHOJE – NEYMAR PISA FEIO NA BOLA

#ADEHOJE – NEYMAR PISA FEIO NA BOLA

 

SÓ UM MINUTO – Você já deve estar sabendo que o Neymar pisou, pisou bem feio no tomate, e ainda espalhou os restos pelo chão, ao gravar um vídeo para se defender da acusação de estupro feita por uma mulher com quem teria se encontrado em Paris. No vídeo no Instagram, de cerca de sete minutos, o jogador, sim, se defendeu, mas mostrando imagens e troca de mensagens íntimas que teria tido com a mulher – não identificada porque o caso corre em segredo – para quem teria inclusive comprado as passagens para que ela fosse encontrá-lo em 15 de maio passado.

O mundo já começou acusando a mulher, que vem sendo chamada de um tudo, que parece sempre ser a culpada, não adianta. Mulher não pode ter sexualidade, e parece sempre que é obrigada a ir até o fim em qualquer caso. Obrigação de “dar”. O jogador nega que tenha havido estupro e alega que estava sendo chantageado.

Vamos esperar as investigações. Mas, claro que isso vai dar pano para manga e atrapalhar muito Neymar ( e o time) na Copa América, para a qual já está no Brasil treinando com a Seleção. A última atualização é essa: Laudo relata hematomas e estresse pós-traumático de mulher que acusa Neymar.

ARTIGO – Em busca do prazer perdido. Por Marli Gonçalves

Vou falar desse assunto um pouco proustiano porque creio que muito mais gente pode estar se sentindo assim e talvez seja bom trocarmos ideias, um pouco de filosofia, essa conversa particular. Não confunda prazer com felicidade. Prazer é fugaz, mas alegria necessária no nosso árido cotidiano.

 

Anda faltando prazer. Anda me faltando prazer. Demorei dessa vez um pouco mais do que de costume para distinguir o porquê de uma certa tristeza no fundo do coração, como definiria e responderia como me sinto, claro, caso alguém me perguntasse. O que anda meio difícil, que alguém queira saber de outro realmente se está tudo bem. Tudo bem, tudo bom. Cada vez mais as relações são fugazes, superficiais e as pessoas estão voltadas aos seus próprios umbigos e a como salvar os seus rabos. Não é uma crítica. O mundo está assim mesmo. Cabe a todos admitirem onde o sapato aperta.

Mas especialmente quem vive só, ou melhor, convive consigo mesmo, tem de estar esperto ao que o seu eu interno está sentindo, até para evitar o agravamento enquanto é tempo. Quem pode, pode, faz análise, viaja, tira ano sabático, inventa uma moda, sai comprando coisas – que comprar coisas é sempre bom. Quem não pode… escreve.

Pode ser a aproximação de mais um aniversário, os teimosos e inúmeros cabelos brancos que despontam revelados pelo espelhos. E que parecem rir da sua cara quando se tenta puxá-los da cabeça. Pode ser essa sensação de ter se tornado invisível justamente para aqueles os quais mais gostaria de estar sendo vista. O tempo correndo.

Pode ser por causa de tanta coisa. Pode ser esse país maluco e desorientado, todo dia ouvir índices bons descendo, índices ruins subindo, o tempo escorregando numa rotina qualquer. A repetição das desgraças que poderiam ser evitadas, e das tragédias que, por mais longe que seguidamente ocorram, nos afetam a sensibilidade – cada vez mais acompanhamos ao vivo muitas delas e diante de nossos olhos elas se desenrolam sem que possamos interferir em nada.

Tenho um bom amigo psicanalista, um vizinho de quem gosto muito, também jornalista, e que um dia vi conseguir mudar um monte de coisas na vida dele. Continua mudando. Me contava que para se “salvar” diminuiu drasticamente o número de horas “GloboNews”; se informa no estritamente necessário. Já eu não posso fazer isso, por conta da atividade, mas detectei uma parte da minha própria angústia: os plins 24 horas vindos da internet, dos e-mails, das redes sociais, do SMS, do Whatsapp, que agora ainda tem mais essa. Cancelar notificações: ajuda.

Continuando a conversa, ele citou um autor que pergunta: “Você realmente quer aquilo que deseja?” “É mesmo o que precisa?”. Porque desejar muito é constante fonte de angústia. Citou ainda mais o que faz para si, a leitura e a culinária, essa última encontrei várias vezes citada como excelente forma de prazer. Cozinhar. Criar.

Prazer é descrito como uma sensação de bem-estar, a gente demonstra alegria quando tem prazer. É uma resposta do nosso organismo. É aquela sensação agradável. Efêmera, curta, mas fundamental. Os prazeres ocorrem à flor da pele.  O dicionário é claro: sentimento agradável que alguma coisa faz nascer em nós; deleite, gozo, delícia; gosto, desejo; alegria, contentamento; boa vontade, agrado; distração, divertimento. E olha que nem estou falando do prazer sexual, que esse é outro capítulo.

Cazuza queria uma ideologia para viver. Eu quero prazer, ter mais prazer. Ideologias há muitas e ultimamente elas têm sido fonte é de enorme desprazer. Porque as pessoas se apegam a elas – talvez até em busca de preencher seus vazios existenciais – e têm ficado meio burras agarradas nessas tábuas de salvação.  Acabam tentando limitar o prazer a aquilo que alguém ao longe acena friamente buscando fanáticos para segui-los. Acabam com os nossos, em palavras, canetadas, agressões.

O prazer é coisa pessoal, individual, precisa ser livre e desimpedido, acontecer quando menos se espera, naturalmente. Prazer me faz sorrir, me impulsiona, dá ânimo, me deixa bem, combina comigo.

Mas precisa de ambiente propício. Que é o que não vem sendo o caso, também descobri nessa busca que empreendi para entender meus sentimentos.

 E você, como está se sentindo? O que é que te dá prazer?

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(CRÉDITO FOTO: Alê Ruaro, para o projeto Identidade Brasileira)

Marli Gonçalves – jornalista

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São Paulo, no outono.

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#ADEHOJE – CAMÕES, CHICO, ARMAS.

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SÓ UM MINUTO – Claro que pode ter sido uma resposta – e das boas – ao momento que vivemos. Mas é com grande orgulho que temos de receber o Prêmio Camões, o mais importante da literatura mundial em língua portuguesa, para Chico Buarque de Holanda, pelo conjunto de sua obra.

Vale muito. Vale muito mais agora que estamos nessa inacreditável seara de pensamentos, vivendo sob ataque de ignorantes, rasos, desprovidos de qualquer senso.

O decreto de armas foi revisto, mas está lá vivo. Mortos estarão os brasileiros com mais gente armada. Mortes brutais, principalmente ontra mulheres, vêm ocorrendo, causada por todas as armas; a de ontem, em Porecatu, Minas, foi causada por canivetadas. Depois o assassino saiu atirando dentro de uma igreja evangélica. A loucura está solta – não é hora para armar ninguém, nem com pistolinha de água.

ARTIGO – Padecer no Paraíso. Por Marli Gonçalves

 

O que isso quer dizer exatamente, se é bom ou ruim demais, só o sabem as cinco letras que choram, e provavelmente de raiva quando elas pensam em dar boas chineladas, com vontade de falar umas verdades

Lá vêm, aliás já estão em todos os locais e em todas as formas com os apelos de compre aqui, dê isso, ela vai adorar aquilo, ofertas que nada têm de ofertas. Referências à bondade, beleza, candura, entrega, amor incondicional, quanta alegria e felicidade! Só padece quem não tem? Só padece quem já perdeu a sua? É para quem não quis ser mãe cortar os pulsos?

Ano após ano, essas datas estabelecidas para render homenagens e que viraram grandes momentos comerciais servem muito para a gente ter ideia de como anda a nossa sociedade. Algumas dessas datas avançam pouco, ano a ano tão iguais, tão integradas e indiscutíveis que é o caso de alertar para que paremos um pouco para pensar que raio de paraíso é esse, além da adocicada palavra.

As mães estão felizes? Cada vez que ouço, por exemplo, a quantas desanda a educação no país, ou  mesmo fico sabendo quanto está custando a mensalidade de uma escola privada, de uma universidade, ou mesmo o preço de um livro, eu, que não tenho filhos, me solidarizo com as mães do mundo real. Sempre acho que aí tem o mundo real, verdadeiro, dia a dia brabo e complexo, inseguro; e o outro, da fantasia, da propaganda enganosa, das crianças embonecadas, das celebridades que tornam seus partos e filhos bem tratados em filtros de luz nas fotos e patrocínios, e que ninguém mais nem fala que é para a poupança, pro futurinho.

O que todos eles vão ser quando crescerem? Nada saberão sobre o pensamento, sobre a filosofia, a história, o pensamento? Saberão fazer as contas, ler e entender sobre o que tanto falamos? Voarão em foguetes? Passearão por outros planetas? Descobrirão curas para doenças hoje letais? Saberão a importância da liberdade? Terão aprendido a respeitar as mulheres, a igualdade? Ou terão sido engolidos pelos dispositivos digitais com os quais convivem desde tão cedo? Terão de passar pelo que estamos passando? Conseguirão usar a roupa que estamos usando?

As coisas em volta vêm mudando com extraordinária rapidez. Mas o ser humano ainda é frágil e ao mesmo tempo insano. Em um país que não respeita o mínimo da dignidade e de suas próprias leis, os fundamentais direitos sociais e reprodutivos que deveriam dar condições de decisão às mulheres sobre o que querem mesmo e, se querem, se terão condições de ter e criar seus filhos é cruel mostrar a elas só o lado paraíso – é clamar pelo seu padecimento.

Não para de crescer o número de adolescentes grávidas principalmente nas classes mais baixas e que talvez vejam nisso apenas a beleza de poder afinal ter uma boneca, de carne e osso, e ainda a possibilidade de criar uma família, saindo da sua, desistindo da sua. Como falar em controle da natalidade no país do Bolsa Família, que renega a educação sexual, que fecha os olhos para a realidade do monumental número de abortos ainda clandestinos, que não oferece qualquer salvaguarda a essas pessoas invisíveis? Que não sente os nove meses, nem enxerga o inferno da depressão pós-parto?

Como as mães lidarão com a visível revolução de costumes, de gêneros, as novas e variadas formas de amor? Dizem que seus corações aceitam tudo, perdoam tudo, que defendem seus filhos como as leoas, mas lembro que estas contam com o apoio de outras leoas, e ainda não é muito clara a solidariedade entre as mulheres.

Dia das Mães deveria ser momento de ampla reflexão sobre a condição da mulher, mas não se vê nessa época serem feitas pesquisas sobre o que realmente acontece, como se sentem, suas angústias, a visão do mundo que vislumbram. Esse seria o grande presente: uma radiografia do que é ser mãe hoje no Brasil, no Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Perceber que a Mamma África vive entre nós.

——————————gravida anda

Marli Gonçalves – jornalista

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Maio de 2019

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#ADEHOJE – MULHERES, POR FAVOR, REAJAM!

#ADEHOJE – MULHERES, POR FAVOR, REAJAM!

 

SÓ UM MINUTO – 37 MULHERES MORTAS APENAS POR SEREM MULHERES – APENAS POR SEREM MULHERES – NOS TRÊS PRIMEIROS MESES DESTE ANO EM SP. Pauladas, marteladas, facadas, estrangulamento, queimaduras… O feminicídio está crescendo muito, vamos reagir! Não sei se é por causa dessa violência de alguma forma maior ainda sendo credenciada e liberada pelas falas do novo governo, se a crise, se as pessoas estão enlouquecendo de vez. Aumentou 76% esse crime no Estado de S. Paulo, com relação ao ano passado. É visível. Por favor, mulheres, homens, se souberem de algum casso próximo a vocês, ajudem, denunciem. As vítimas precisam de todos nós, além das autoridades que parecem ainda não se dar conta da gravidade desse assunto.

A modelo Caroline Bittencourt está desaparecida no mar de Ilhabela depois de o barco onde estava com o marido virar, com as fortes chuvas de ontem

Cai mais ainda a aprovação ao Governo Bolsonaro

#ADEHOJE – ELES SÃO DOENTES, PRECONCEITUOSOS E MACHISTAS

#ADEHOJE – ELES SÃO DOENTES, PRECONCEITUOSOS E MACHISTAS

SÓ UM MINUTO – Inacreditável. Chocante. Horrível. Nojento. O que mais é possível dizer sobre o que está acontecendo, sobre as intervenções de Bolsonaro e sua trupe? Até quando ficaremos quietos vendo tentarem desabar com nossas conquistas? Ontem, foi a censura ao comercial, acreditem, do Banco do Brasil!!!!!! Que já estava no ar! Lembra? Aqueles que apareciam jovens procurando o BB para abrir uma conta digital. Jovens que estão nas ruas, negros, gays, diferentes, coloridos, felizes. O diretor de marketing demitido! Pensam que acabou? Vejam a pérola que nosso presidente ignorante falou: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade, agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”.

Vão falar isso para quem, malucos? O Brasil sobreviverá a vocês! Temos de nos posicionar.

ARTIGO – Cala a boca não morreu. Por Marli Gonçalves

Inclusive anda melhor mesmo muitas vezes calar a boca, manter-se em sonoro silêncio, porque falar a verdade, dizer tudo o que se pensa em épocas estranhas e indefinidas como essa que atravessamos pode não ser o mais prudente. Pensar antes, sempre: “que vantagem Maria leva?”

Mas quem manda na minha boca sou eu, isso não muda. E por isso mesmo, controle é bom. Fora que ninguém pode abrir nossa cachola – a área mais livre que existe – para arrancar de lá o que realmente pensamos, achamos. E como assistimos – e não é só no camarote – a ordem do “Cala a boca” anda solta por aí, fresquinha, emanada até de onde jamais, nunquinha, deveria sair.

Pensa sempre, mesmo sem saber por que é que a tal Maria levaria vantagem e se não é só mais uma expressão que usa a mulher como bucha de canhão. Porque não o José, o João, o Filomeno?

Enfim, qual é o seu nome? Quando pensar, faz assim: “Que vantagem _____________ leva? (e aí preencha com o seu nome, ou mesmo o de quem quer saber por que calou, calou por que, e que tanto esperava que se manifestasse). É prudência, um cuidado, principalmente em tempos digitais onde tudo o que se fala não fica só em nuvens imaginárias, no espaço, palavras proferidas. Em segundos já pode estar no Google, gravado na vertical e na horizontal, registrado no telefone de alguém, sendo compartilhado. O que disse pode acabar fincado no coração de alguém, que sangra. Na memória de outros, em algum cantinho, do qual se deslocará assim que for acionado, e nem sempre essa hora será boa para você. Pode ter certeza disso.

Hoje, inclusive, o “Cala a Boca” não é só o que se diz, mas o que se escreve, o que se responde, aquele sincericídio que nos acomete quando ouvimos ou sabemos de sandices – e elas realmente vêm sendo numerosas, chegando aos borbotões. Ficamos pasmados ainda com as emanações vindas de amigos. Olha, já é difícil e eu não tenho família numerosa, parentes com quem me preocupar ou dar satisfação, mas imagino como deve andar irreal os encontros e as trocas de “gentilezas” entre quem as tem.

Muitas vezes tem ocorrido em conversas com amigos ou pessoas mais confiáveis eu mesma afirmar algo que penso, penso sim, tenho certeza, na verdade, mas não posso repetir “do lado de fora de casa”. Soubessem tantas verdades teria a dizer a uns e outros! E tão verdades seriam que estaria sendo cruel, pegando aquele ponto doloroso e irrefutável. Mas que vantagem a Marli levaria? Dá pra deixar o orgulho de lado? Deixar passar? Segurar o ímpeto?

Assim, temos nos livrado de inimizades, ódios e ressentimentos, problemas do presente e certamente do futuro. Às vezes, admito, a língua é maior do que a boca, mas ainda dá para frear no caminho e o estrago não ser tão total.

Creia: não é censura isso sobre o qual falo. Muito menos covardia. É prudência. Temperança. Cuidado com o próximo, que até sem você perceber pode ficar muito magoado, e anda todo mundo com os nervos à flor da pele, entendendo tudo de qualquer forma, e baseado em qualquer coisa.

Pode ser um limite entre o aborrecimento e o evitá-lo. Embora claramente esteja me referindo especialmente ao período político que atravessamos, aos fatos que acompanhamos boquiabertos (o que facilita que a boca às vezes emita sons), essa máxima pode ser aplicada em nome da paz, do convívio social minimamente razoável, do amor, e até da educação. Se vocês imaginarem o teor diabólico de mensagens que jornalistas recebem quando simplesmente reportam os fatos, compreenderiam imediatamente. Nenhuma resposta seria melhor do que a fala infantil, que tradicionalmente é recheada de palavrões, não sei se lembram: “Cala boca, mão na boca/ Cheira o *** da velha louca/Velha louca já morreu/ Cheira o *** do seu Tadeu/ Seu Tadeu viajou /Cheira o ***do seu avô/ Seu avô já morreu/ Quem manda na minha boca sou eu “

A instância máxima do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, STF, o garantidor da Constituição, e onde podem chegar um dia ou outro, hoje ou amanhã, processos, digamos, onde seu nome conste, está em guerra aberta. A gente bem sabe que lado está certo ou errado, mas que vantagem Maria leva? Acredite, eles vão se acertar, mas estamos vendo que não gostam que falemos deles, estão ali registrando tudo.

E a corda sempre arrebenta adivinhe para qual lado? O seguro morreu de velho, e o desconfiado ainda está vivo.

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Marli Gonçalves, jornalista – Pronto, falei.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Brasil, ***, 2019

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ARTIGO – Quer saber o que queremos? Por Marli Gonçalves

Respeito. Em primeiro lugar, respeito. Antes de tudo o mais que se possa estar pensando para comemorar o Dia da Mulher, nos presenteiem com respeito, que é isso que mais está faltando para entender a dimensão e a realidade da condição feminina. A lista do que queremos e precisamos é longa, não está em nenhuma loja, e começa por entender que não estamos brincando quando falamos em busca de, no mínimo, igualdade, que já não é sem tempo.

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Desarme-se. Pronto? Posso falar? Me deem um pouco de sua atenção, todos aí do outro lado desse texto? Senhores e senhoras, meninos e meninas.

As mulheres já fizeram grandes avanços, e a luta por igualdade e conquistas hoje alcança outro patamar, mais complexo, muito mais ligado ao comportamento e cultura. Os espaços cada vez mais ocupados. Isso, sem dúvida, certamente acarretou e traz confusão entre valores, envolvendo sexo e a questão de gênero. Mas é hora de seguir adiante, por todos nós.

Têm acompanhado o noticiário que todo dia fala sobre a morte violenta de uma ou mais mulheres por seus companheiros ou ex-companheiros? Pois esse número é muito maior do que as que viram “notícia”. Têm sabido das que ficarão aleijadas para sempre por conta de ataques? Aleijadas, inclusive moralmente, porque a violência deixa sequelas e não só na pessoa atingida, mas em todos à sua volta. Em todos nós, envergonhados.

Ah! Não gosta da palavra feminicídio? Acha que é invenção da imprensa? Não é: trata exclusivamente da violência, o ódio, que atinge mortalmente a mulher, e apenas pela sua condição de ser uma mulher. Definição importante, porque foi só a partir de muita luta que se conseguiu chamar a atenção para esse problema tão grave. Pelo menos agora estão medindo, pesquisando, dando atenção, inclusive, ano após ano, revelando que os índices estão, na verdade, piorando. É preciso fazer alguma coisa para mudar. Já somos o quinto país do mundo mais violento contra a mulher, e isso não é para se orgulhar, mas para corar. Não gosta da palavra feminicídio? Tá bom, use outra: assassinato de mulheres.

Outra: mulheres agredidas e que não prestaram queixa não é porque gostam de apanhar. Mas porque têm medo, muito medo. Por não confiar – e com certa razão – nas autoridades que deveriam protegê-las. Várias, desse rio de sangue e horror, estavam sob medidas protetivas, mas quem as cumpre? Essa polícia que muitas vezes não aceita nem que se registre um boletim de ocorrência, esses juízes que liberam os agressores em poucas horas, porque eles vão lá e se dizem arrependidos?

A realidade é que ainda se teima em não admitir que a mulher ainda é tratada de forma diferente, como se menor fosse, e não só dentro de sua própria casa, mas na rua, no trabalho, na política, na lei, na sociedade.

Chega a ser vergonhosa a mínima participação na política nacional, só com algumas eleitas, muitas delas apenas desajustadas, justamente por negarem sua condição para chegar até ali. Vemos ainda a criminosa utilização das cotas partidárias em candidaturas fantasmas de mulheres apenas para a obtenção de recursos, apenas mais um dos assuntos atuais e cavernosos do país que trata tão mal a parcela que é mais da metade de sua população.

Por que ainda tantos e tantas de vocês não admitem, parecem não ter noção do desgaste que é todo dia ter de se reafirmar, século após século, ano após ano, dia após dia, suportando retrocessos ideológicos, a ignorância e as pedras no caminho?

É preciso garantir a liberdade de denunciar, de exigir respeito e chamar a atenção para o que é tão urgente.

Respeito. Respeite. É essa a noção básica do feminismo. Precisamos todos também falar sobre isso: o feminismo é sério, amplo; não é coisa só de mulher. É movimento de toda a sociedade que não se desenvolverá sem que se tenha noção da importância da igualdade de condições, e que se manifeste e esteja presente em todos os grandes temas.

Percebo, sim, aqui do meu posto de observação, que a coisa está tão confusa que até uma luta política tão importante como essa esteja infelizmente virando clichê. Virando qualquer coisa, sendo ridicularizada. Tudo baseado apenas em palavras vazias, grosseiras e mentirosas que só parecem pretender manter as mulheres acuadas e caladas. Repito, desistam. Não adianta. Precisamos todos nos acertar.

Respeito. Nos dê – a todos – esse presente, bem simples, aproveitando o Dia da Mulher, que foi para isso que foi criado, para que se pense mais seriamente. É só o que queremos: respeito. A partir daí virá a consideração.

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Marli Gonçalves, jornalista – Obrigada desde já pela atenção.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Brasil, Dia da Mulher, 2019

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#ADEHOJE – PUNIÇÃO PARA RENAN CALHEIROS!

#ADEHOJE – PUNIÇÃO PARA RENAN CALHEIROS!

 

ATAQUE À JORNALISTA DORA KRAMER NÃO PODE FICAR BARATO

SÓ UM MINUTO – NÃO DÁ PARA FALAR EM OUTRA COISA A NÃO SER PEDIR QUE o Senador Renan Calheiros seja punido já, agora, pelos ataques que proferiu contra a jornalista Dora Kramer na sua conta do Twitter. Não tem conversa. Ele que vá se vingar de sua derrota em outros lugares, e contra quem realmente o derrotou.

veja o que o canalha publicou no Twitter:

#ADEHOJE – SÓ UM MINUTO – DESAFIO DOS 10 ANOS. PIORES? MELHORES?

#ADEHOJE – SÓ UM MINUTO – DESAFIO DOS 10 ANOS. PIORES? MELHORES?

 

SÓ um minuto. O que acha? Piorou? Melhorou? Está rolando nas redes sociais um “desafio”, uma brincadeira. #10yearschallenge. As pessoas postam fotos de 2009 e de 2019. Mas já deu espaço para tudo quanto é brincadeira. Inclusive a de Lula, lindo, presidente, pimpão, com faixa e ele, hoje, preso, atrás das grades. Brincadeiras à parte, devo dizer que há 10 anos não tínhamos uma crise tão feia, os negócios tão parados e essa incerteza de agora. Temos recorde de violência, brigamos entre nós, e não vemos uma luz muito clara no final do túnel. Agora Brasil se mete em organizar a Venezuela. Ceará tem banco e um alinha de metrô bombardeadas. As notícias não são boas, desculpem!

#ADEHOJE, #ADODIA – DIREITOS HUMANOS: O GRANDE MOTE E PREOCUPAÇÃO EM 2019

#ADEHOJE, #ADODIA – DIREITOS HUMANOS: O GRANDE MOTE E PREOCUPAÇÃO EM 2019

MULHERES: ABUSOS DE JOÃO DE DEUS, MORTES VIOLENTAS, DESRESPEITO… A gente tem de cuidar de tanta coisa nessa sociedade que vivemos! Homofobia, misoginia, preconceito racial, social, abusos de toda sorte. A preocupação com os Direitos Humanos será um grande mote em 2019. Terminamos mal o ano, com mulheres mortas a machadadas, atiradas de sacadas, perseguidas, aprisionadas, vivendo e convivendo com o medo. Por outro lado, um novo governo que arrepia quando comenta esses fatos, que demonstra pouco apreço às conquistas nessa área e que, ao que parece, será combatido com muita força nesse campo, por quem é do bem. Para quem lê as mensagens deles: presta atenção em cada palavra. São ameaçadoras à liberdade individual. Para eles, família é só o que conseguem tradicionalmente ver.

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#ADEHOJE, #ADODIA – Comunicação não suporta muito abuso, Senhor Presidente.

#ADEHOJE, #ADODIA – Comunicação não suporta muito abuso, Senhor Presidente.

Pausa para esclarecimentos que ultimamente até piada a gente tem de explicar. Não tenho nada contra o Bolsonaro lavar camisetas, meias, cuecas, torcer, colocar no varal. Só sei que já vivi para ver. E trabalho com comunicação, inclusive política, há mais de 40 anos. Dito isso: qual vocês acham que é o interesse da divulgação daquelas fotos? Se tivessem sido tiradas por algum repórter de jornais ou qualquer coisa, dependurado em cima de uma árvore, com uma luneta, aí, sim, teriam importância na comunicação que pretendem, do tal homem simples – mas que também é bronco total. Antes que tentem me lembrar, aquela foto antológica do Lula barrigudo, de calção, carregando um isopor provavelmente cheio de bebidas na cabeça, caminhando com a Marisa atrás na praia foi feita assim, não oficial, mas de um bom repórter em um barco. Lembram, ela até tinha um problema de foco. Agora essa, aproveitando e mostrando bem os eletrodomésticos novinhos, máquina de lavar, secar – que inclusive provavelmente nós é que pagamos – com ele no tanquinho, como se estivesse distraído… Por exemplo, o General Mourão foi filmado numa festa de amigos, fazendo flexões de brincadeira, em um desafio. Mas foi alguém da festa que fez. É uma diferença, gente. Natural é Natural. Natural é bom. Influenciado, forçado, acreditem: “não bom”. Preciso refrescar a memória de vocês lembrando do Fernando Collor? Saco roxo, etc… Quando cai, cai lá de cima.

ARTIGO – Baques. Por Marli Gonçalves

gifscrik107Tem sido um após o outro. Nunca achei tão difícil como agora lidar com eles. Talvez porque venham em série e não tem dado tempo de a gente se recuperar direito. Talvez não. Talvez porque eles tenham justamente como característica o susto, a falta de preparo, serem sorrateiros ou inexistentes até explodirem – exatamente o que faz com que certos fatos sejam um baque, o tal.

Woman_boxer_2Baques tonteiam. Ficamos “abestados” quando baqueados. Eu ando embasbacada. Você também deve andar, porque está difícil. Quer saber mais ou menos do que estou falando? Pensa nos sete gols que tomamos da Alemanha. Foi ou não foi, melhor, foram ou não foram baques, sete baques que nos deixaram com a cara mole, como se todos estivéssemos dentro de um saco de areia pendurado, socado sem dó? Só que aconteceu e há dias estamos de alguma forma tentando lidar com isso, quase que dissecando os fatos que levaram a isso.

Baque é igual terremoto. O chão parece sumir de debaixo dos pés. A cabeça zune e você simplesmente não quer acreditar, mas aquilo aconteceu, mesmo, confirmado. Você pode até estar vendo acontecer e não acreditando, até que alguém venha dar um beliscão ou um tapa para que saia do estado catatônico. O coração parece que vai sair pela boca e os próximos minutos serão muito estranhos, porque variarão da apatia ao desespero e descontrole. Vivemos aos baques. E quando morremos causamos baques.

Cammy-super2Essa semana terrível começou com um desses baques, enorme, gigantesco e inacreditável, em torno da morte da amiga Vange Leonel. Sei que quem está na chuva é para se molhar, e que quem está vivo pode no instante seguinte virar só alma. Mas desta vez veio mais ainda no susto, e isso de alguma forma especial me afetou profundamente. Distraída, passava os olhos no Twitter e a primeira mensagem dizia “Morre a ativista, cantora, escritora e compositora Vange Leonel… ” Durante alguns segundos, até ler mais abaixo um outro tuite, dessa vez de sua companheira, outra amiga de algumas dezenas de anos, pensava ainda que era uma brincadeira mórbida. Ainda duvidei outros minutos até conseguir telefonar e, sim, tinha acontecido. Foi um baque. Perplexidade. A partir daí conheci uma das maiores dificuldades que já tive para lidar com o choque, com o susto, com uma situação, embora já tenha passado por outras até piores. Precisei parar para pensar. Na fragilidade. De tudo, de todos. Mais: de nós todas, de gente de nossa tribo, que viveu vida parecida com a nossa.meditation-1animated

Vange, 51 anos, mulher, vida saudável, para cima, bem amada. De repente, a descoberta de um câncer e, em vinte dias, o fim, como soube depois como ocorrera. Não a via pessoalmente há algum tempo, mas estávamos sempre ali, por perto, pelas redes sociais, redes que às vezes nos enganam tal a proximidade que parecem oferecer, mas muito longe da vida real de carne e osso.

Escrevo pensando quantas vezes você aí também pode ter tido essa estranha sensação de não saber lidar com algo, não conseguir lidar. Se pudéssemos nos refugiar em algum outro mundo… Cair em algum buraco de Alice que nos levasse a outro país! Como a realidade pode ser tão dura?spingif

Acredito que tenhamos algum dispositivo que se aciona em determinadas ocasiões. O meu fez com que eu chorasse copiosamente durante horas, como se todas umas lágrimas guardadas para o caso de racionamento transbordassem incontrolavelmente. Há quem grite. Outros desmaiam. Outros começam a rir nervosamente. E há quem apenas mantenha a frieza.

No meu caso chorei porque sabia que havia partido uma grande mulher, solteira, sem filhos, como eu, libertária outro tanto, com um monte de conhecimento que não foi reconhecido em vida pela hipocrisia de uma sociedade moralista que não mostra sua cara de forma aberta. Sim, morreu, virou noticia de primeira página, todos os portais, ganhou várias manifestações – o mínimo que merecia. Agora a imagino apenas dando uma gostosa gargalhada, brincando de alisar o bigode que às vezes colocava para sair por aí, de onde estiver, se pode saber disso, rindo de todo o alvoroço que causou.

Cammy-hdstanceTalvez você não tenha mesmo ouvido falar de Vange Leonel até agora, não saiba quem ela era. Mas eu não quero deixar que você não saiba que perdeu de saber justamente que, porque ela viveu sua originalidade e sexualidade de forma total, teve o seu sucesso rigorosamente bloqueado, tachada como sapatão quando não havia ainda toda essa propaganda e glamorização vazia em torno da questão como agora, com beijo de duas bonitas e casamento em novela, beijo e casamento de cantora na vida real retratado nas colunas sociais. Vange apenas era, ao lado da companheira de mais de 30 anos de união, Cilmara Bedaque. Não precisou casar, se vestir de noiva ou noivo, nem de qualquer outra papagaiada dessas.olbeachbums

Um baque. Baque também é barulho. Som de maracatu. Tem o baque virado, o baque solto. É queda, que podia ser também queda de todos os preconceitos. Vivemos aos baques e solavancos, mais ainda caindo nos buracos das ruas. Tomamos um quando recebemos as contas que não sabemos como pagar. Ficamos baqueadas quando sabemos de traições, quando nos damos conta de que não nos dão nosso merecido valor, quando lemos os jornais do dia a dia.

Baqueamos quando vemos que é preciso morrer para que o porque tanto lutamos seja pelo menos visto. Ou comentado.

São Paulo, 2014


Marli Gonçalves é jornalista Anda com vontade de fazer uma placa, um adesivo, pode ser de carro. “Aqui andamos devagar”. Serve para várias coisas.


E-mails:marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

RIP Norma Bengell, uma grande mulher, e grande brasileira. Nossas homenagens. Cantava, dançava, agitava…

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Do UOL, em São Paulo*

Morre atriz e diretora Norma Bengell

aos 78 anos

 

Morre Norma Bengell; veja fotos da trajetória da artista39 fotos

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Norma Bengell em “O Relato Íntimo de Madame Shakespeare” Lenise Pinheiro/Folhapress

A atriz e diretora Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D’Áurea Bengell, conhecida como Norma Bengell, morreu por volta das 3h da madrugada desta quarta-feira (8) na unidade Bambina do Hospital Rio Laranjeiras. Ela tinha 78 anos.

Norma Bengell foi diagnosticada há cerca de seis meses de câncer no pulmão direito, e estava no Centro de Tratamento Intensivo do hospital desde o último sábado.

O velório será aberto ao público e realizado a partir das 18h desta quarta, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio. A cremação será no Memorial do Carmo, no Caju, nesta quinta, às 14h. .

Um amigo da família contou à reportagem que, no últimos dias de vida, a artista estava bastante debilitada, sentindo falta de ar e que não reconhecia mais ninguém. Seu último desejo era que fosse cremada.

Conheça a trajetória
Norma Bengell nasceu no Rio de Janeiro, onde começou a se apresentar como vedete do teatro de revista aos 16 anos. Também foi cantora e gravou versões de “A Lua de Mel na Lua” e “E Se Tens Coração”.

O primeiro LP, “OOOOOH! Norma”, viria em 1959, no mesmo ano de sua estreia no cinema, na comédia “O Homem de Sputinik”, em que interpretava um símbolo sexual, em uma clara analogia com a atriz Brigitte Bardot.

Com o sucesso no cinema, Norma se voltou quase totalmente para a sétima arte. Em 1961, estrelou o filme “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

  • ReproduçãoCena de “Os Cafajestes”

Primeiro nu frontal no cinema nacional
A atriz entrou para a história ao protagonizar a primeira cena de nu frontal do cinema brasileiro, aos 26 anos. A cena, um avanço para a época, fez parte do filme “Os Cafajestes”, de 1962, dirigido por Ruy Guerra.

A exposição internacional — e a repercussão de “Os Cafajestes” — a levou a trabalhar no cinema europeu. Segundo a própria atriz, chegou a conhecer e namorar o ator francês Alain Delon. Fez filmes na Argentina (“Sócio de Alcova”) e na Itália (“Mafioso”, de 1962, e “Os Cruéis”, de 1967).

Com o sucesso, engatou quase um filme por ano, participando de produções que marcaram a história do cinema nacional, como “A Casa Assassinada” (1971), de Paulo Cesar Saraceni; “A Idade da Terra” (1980) , de Glauber Rocha e “Rio Babilônia” (1982), de Neville d’Almeida. Em “Noite Vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri, interpretou uma prostituta ao lado de Odete Lara e do ator italiano Gabriele Tinti, com quem foi casada de 1963 até 1969.

Por sempre atuar em peças e filmes alvos dos censores da ditadura militar, a atriz alegava ter sido perseguida, o que a obrigou a se exilar na França em 1971. Em 2010, a Comissão de Anistia reconheceu a atriz como anistiada política e concedeu uma reparação econômica de cerca de R$ 100 mil.

Carreira como diretora
Estreou como diretora em 1988, em “Eternamente Pagu”, sobre a escritora modernista. Ainda atrás das câmeras, adaptou o clássico “O Guarani”, de José de Alencar, para o cinema, em 1997. Em 2005, voltaria a focar em histórias de grandes mulheres como “Infinitamente Guiomar Novaes”, um documentário sobre a pianista morta em 1979, e “Magda Tagliaferro – O mundo dentro de um piano”.

No teatro, subiu aos palcos em 1968, sob a direção do então estreante Emilio Di Biasi em “Cordélia Brasil”, primeiro texto do escritor e dramaturgo Antônio Bivar. Em 1976, faz “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues. A atriz retornaria ao texto clássico, em 2008, com a Cia. Os Satyros, sob a direção de Rodolfo García Vázquez.

Em 2007, em sua volta aos palcos, após 20 anos, teve uma crise de stress que a fez abandonar a apresentação de “O relato íntimo de Madame Shakespeare”. Na época, Norma passava por um processo judicial, no qual era acusada de desviar verbas na captação de recursos para os filmes “O Guarani” e “Norma”, projeto que nunca foi concluído.

  • ReproduçãoAs atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell em 1968, durante a passeata dos cem mil, em protesto contra a ditadura militar no Brasil, no Rio de Janeiro

Último trabalhos
Na televisão, apresentou e participou de alguns programas da TV Tupi e na TV Rio, como “Noite de Gala”. Reapareceria apenas em 2008, com a personagem Dayse Coturno, no humorístico “Toma Lá, Dá Cá”, da TV Globo.

Em 2010, uma foto sua em uma das passeatas históricas da década de 1960, durante o processo de ditadura militar, foi utilizada pela então candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, causando a acusação de uso indevido de imagem e associação da atriz. Na época, Norma desmentiu qualquer mal-estar e manifestou apoio à candidata.

Seu último trabalho foi no teatro, no mesmo ano, quando protagonizou a montagem de “Dias Felizes”, de Samuel Beckett, com a direção de Emílio Di Biasi. No palco, sua vida se fundiu à história de Beckett e trechos preciosos de sua trajetória eram exibidos ao fundo

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