ARTIGO – Bola, bolinhas, verde, amarelo e o vermelho. Por Marli Gonçalves

Olha a bola batendo em nossas canelas, e o complexo esforço para que o país todo faça as pazes com o aviltado verde e amarelo e comece a torcer pela Seleção, digamos numa só direção. Chega a ser até engraçado esse visível movimento todo, especialmente da propaganda e marketing, no sentido de sensibilizar e tentar virar a chave das pendengas eleitorais que ainda se prolongam em inacreditáveis cenas de delírio ufanista.

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Bandeira branca, amor! Vai ser difícil, mas não impossível, embora muito em cima da hora, e depois de muito tempo correndo solto o sequestro da bandeira nacional nos embates políticos dos últimos tempos, e do verde e amarelo ligado ao pior ufanismo, nacionalismo e ranço antidemocrático. A Copa do Mundo está aí, a bolinha que agora é toda colorida vai rolar no campo e dependendo do resultado dos primeiros jogos é capaz até de emocionar corações e mentes crentes no tal hexa, uma estrelinha (ironia simbólica) a mais sendo pregada nas coisas.

Vai ter de este ano, já que a Copa pela primeira vez chega praticamente junto com o Natal e suas bugigangas, competir com o vermelho (outra ironia do destino) que normalmente marca essa época.  A propaganda já está enlouquecida com isso, batendo cabeça, digamos dando tratos à bola. Primeiro quer que a gente torça.  Depois que compremos peru, presentes, demos atenção ao Papai Noel, suas renas e tudo o mais. Querem que consumamos pelos dois eventos, de cores mais uma vez opostas.

Alguns disfarçam. A Ivete Sangalo tem aparecido vendendo linguiça para comer durante os jogos. Vestida predominantemente de azul, com pinceladas de amarelo. Mas está massiva a publicidade de carros, bancos, tudo quanto é coisa que precisa  se atrelar ao  povo e ao futebol, implorando para que o país volte a torcer pela tal seleção canarinho, use as caríssimas camisetas oficiais x ou y, faça as pazes entre si e com os símbolos nacionais, consuma. E não pareça ser bolsominion, ou identificado como um, principalmente desses que ainda andam por aí falando e fazendo bobagens.

O problema é que a eleição terminou, mas as maluquices não. Persistem. Parece que só pioram, numa espécie de surto coletivo da extrema direita incentivando a criação de problemas para a posse e o novo governo eleito. Diariamente, ainda, damos de cara com notícias e  centenas de imagens de  pequenos grupos espalhados inconformados rezando em transe, ajoelhados diante de muros dos quartéis, fazendo discursos odiosos e inflamados repletos de fake news, evocando ditadura, intervenção militar, alguns até em acampamentos – sempre instigados e financiados pelos péssimos exemplos do desgoverno que se vai e esvai,  deixando lamentáveis lembranças e lambanças. E bodes como esse, da coitada da bandeira e do verde e amarelo. Já tivemos isso no passado, um tal Brasil, Ame-o ou Deixe-o de tristíssima memória, e que tinha até musiquinha reacionária à moda dos atuais sertanejos.

Para completar, a Copa será realizada distante, num lugar caro, inacessível para uma maioria, e cheio de não pode isso, não pode aquilo, de tirar tesão de qualquer torcida do mundo. As famílias, os amigos, os grupos ainda estão abalados com tantas brigas e pela terrível divisão imposta entre as duas forças políticas que se enfrentaram, e o que pode abalar os churrascos, os encontros, as animadas torcidas nos bares. E como ultimamente o Brasil tem sido para os fortes some-se a isso o claro, visível e preocupante aumento dos casos de Covid. A volta dos aconselhamentos de distanciamento social, de  uso de máscaras e o temor de que essa nova cepa seja mais perigosa e ainda sem cobertura vacinal que a abarque por aqui, em mais um final de ato melancólico da temporada de Queiroga & Cia no Ministério da Saúde, que já levou embora 700 mil brasileiros, isso contando os números oficiais.

A bola de futebol antes branca e preta agora é toda colorida, cheia de marca, mas sem arco-íris para o país do Oriente Médio que não gosta nada dessas coisas. O impasse está aí.

A proposta? Vamos voltar ao clássico branco e preto. O futuro vice-presidente Geraldo Alckmin já até inovou outro dia deixando à mostra suas meias soquetes pretas, de bolinhas brancas. Um sucesso.

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MARLI GONÇALVES – Viva o democrático branco e preto. Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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POSSE DE JUCA DE OLIVEIRA NA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS. PRESTÍGIO DE IMORTAIS. MINHA GALERIA DE FOTOS É LEGAL. DÁ UMA OLHADA

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EU E O GRANDE IMORTAL, CADEIRA NÚMERO 8 DA ACADEMIA PAULSITA DE LETRAS, JUCA DE OLIVEIRA, UM DOS MAIORES ATORES/AUTORES DE NOSSO TEMPO
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FERNANDO GIRÃO E LIGIA FAGUNDES TELLES
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LIGIA E ANNA MARIA MARTINS,IMORTAIS
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NO DESTAQUE, DE CHAPÉU, O QUERIDO JORNAISTA ALEX SOLNIK

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FOI NESTA QUINTA, 29 DE NOVEMBRO, A POSSE DE JUCA DE OLIVEIRA COMO IMORTAL, CADEIRA NÚMERO 8 DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS20131128_192125

DETALHE DO MURAL - ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
DETALHE DO MURAL – ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
MAIS FOFOCAS DE NEUMANNE COM O O GOVERNADOR DE SP, GERALDO ALCKMIN
MAIS FOFOCAS DE NEUMANNE COM O O GOVERNADOR DE SP, GERALDO ALCKMIN
JOSÉ NEUMANNE EM COCHICHOS COM O GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN
JOSÉ NEUMANNE EM COCHICHOS COM O GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN
O MÉDICO RAUL CUTAIT, IMORTAL , E KAREN RODRIGUES
O MÉDICO RAUL CUTAIT, IMORTAL , E KAREN RODRIGUES
MAURICIO DE SOUZA CONFERINDO A TECNOLOGIA
MAURICIO DE SOUZA CONFERINDO A TECNOLOGIA
A LINDA CABEÇA DE LIGIA FAGUNDES TELLES
A LINDA CABEÇA DE LIGIA FAGUNDES TELLES
OS IMORTAIS: EM DESTAQUE, JULIO MEDAGLIA
OS IMORTAIS: EM DESTAQUE, JULIO MEDAGLIA
AUDITÓRIO ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
AUDITÓRIO ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
NEUSA MARIA FARO, UM SORRISO EM FORMA DE ATRIZ
NEUSA MARIA FARO, UM SORRISO EM FORMA DE ATRIZ
DETALHE ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
DETALHE ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

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O ZONZO ESTÁ PREOCUPADO…PERCEBEU A VIOLÊNCIA, UFA!

Animated-cop-with-binocularsChapa quente

O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) reuniu o secretariado, dias atrás, e mostrou números alarmantes. Se as eleições fossem hoje, ele teria só 23% dos votos. O grande vilão é a insegurança pública. Ele pediu que todos fossem às ruas e à mídia para divulgar seus feitos.

FONTE: COLUNA CLAUDIO HUMBERTO

ARTIGO – Desgovernados, por Marli Gonçalves

Se contar ninguém acredita. Não tem dia que você tem vontade de esfregar muito o olho para acreditar no que vê? Ou pensa em enfiar bem forte um cotonete no ouvido para ter certeza que não está entupido, e que você não está louco, não? E me diga se essa semana não bateu recorde, e se o número de sandices ditas pelas autoridades não ultrapassou os limites. Mais do que isso já poderemos decretar calamidade pública! Enchente de saco! Salvem-nos desses governantes!

Eu gosto. Gostaria de poder escrever com mais frequência sobre coisas leves e divertidas, ligadas a comportamento, costumes, mas quem disse que dá? Não dá para escrever sobre flores. Sobre crianças, só se for para recomendar que tampem seus ouvidinhos e não aprendam nada com esses tipos que declaram as coisas nas nossas caras e a gente tem de enguli-las. Tipo fala que eu engulo.

Por onde eu começo? Pelo governador atarantado ou pelo ministro desmedido com cara de sério?

Você, claro, ouviu, viu, leu – foi notícia internacional, para nossa vergonha – que o ministro da Justiça do país chamado Brasil declarou, em alto e bom som, tipo declaração bombástica, que preferiria morrer a ficar preso em uma de nossas cadeias? Pois foi! Ele fez isso. Sendo que, primeiro, as cadeias – realmente péssimas, entupidas, horrorosas – estão sob sua alçada há pelo menos dois anos, e, depois, há dez anos estão nas mãos da sua turma, e ele esse tempo todo ali, firme, sem dar um pio sobre o assunto, que a cada dia só se agrava. Inclusive gerando a onda de violência a que estamos assistindo, e que agora se espalha de São Paulo para outros Estados e até acontecendo em pequenas cidades. O horror dos horrores, tocado por um poder paralelo. E de dentro dos presídios.

Portanto, se eu fosse ele, o ministro, o próprio, com tudo que ele já botou de dedo na cara de outras pessoas, tipo justiceiro padrão, destratou interrogados em CPIs, e pelo conjunto da obra, também não ia querer ir para o presídio, não. Os caras iam realizar a parte que diz que ele preferiria morrer.

Há muitos anos vem se formando nas barbas do governo federal – e há quem acuse até de um certo conluio partidário, mas isso eu não acredito – uma ideologia de justiça paralela, com uma constituição própria, leis duras e que se fazem ser cumpridas a ferro e fogo, organograma de trabalho e agilidade em comunicação. Os caras têm até um vocabulário próprio, com personalidade e sangue tão naturais que gera sem parar palavras e expressões que estão nos raps, nos hips e nos hops da música que já invade nossas casas. Ou alardeada por alto-falantes potentes dentro de carros que apavoram nas ruas das cidades, fazendo até tremer a janela. Uma das palavras mais temidas é o “Salve”. E o “Salve geral”.

“Salve” é a ordem. De todos os tipos. Inclusive para matar, como confessou um integrante essa semana. Simples assim: ele devia 10 mil reais. Trocou a dívida pelo cumprimento de um assassinato de policial. Ainda declarou que ligou antes para saber se servia se ele matasse um policial civil que achou, ou se tinha que ser militar. Salve geral é ordem para todos os comandados, e não dá para sobreviver dentro do presídio se não o for. Vira uma legião de anencéfalos, zumbis, sem o que ganhar. Sem o que perder mais.

Isso não lembra a vocês certos partidos e movimentos da Europa no século passado, que acabaram por dizimar muitos milhares? Não lembra certo bigodinho? Na imprensa já se fala abertamente no Exército do crime, embora ainda se refiram ao PCC, como aquela “organização criminosa que controla os presídios”. Para não fazer marketing.

Aí, como íamos dizendo, com tudo isso, o ministro vai e dá o caldo da canja, tentando sensibilizar o povo em favor dos amigos coitadinhos, aqueles do Mensalão, que já deu o que tinha que dar.

Ah, se fôssemos um país organizado e com vergonha na cara! Ouvi por aí que caberia agora legalmente um monte de ações possíveis, começando uma por improbidade administrativa. Até os criminosos poderiam tentar alguma coisa alegando falta de direitos humanos – já que os mandam para lugares tão infernais assim, como reafirma e admite o ministro.

Mas até agora não ouvi nem vi nada, a não ser tiros, e aqui na esquina de casa. A oposição está dormindo profundamente no seu bercinho cheiroso e seguro. Mamãe só olha e faz cara feia.

Haha! Pensaram que eu esqueci do governador tucano e atarantado de São Paulo que em dois dias poderia vencer o prêmio “Sem Noção” do ano, ou dividi-lo com o ministro? Não! Esse merece o Oscar do desconsolo e falta do que dizer para justificar que o secretário da Segurança ainda esteja lá sentado na cadeira falando em es-tra-té-gi-as, como se a situação não estivesse pegando fogo agora, periclitante! Fora isso, para o governador, o número de mortes, de chacinados e policiais, está dentro do padrão porque somos, segundo ele, em São Paulo, maiores que a Argentina. (?). Os telefones celulares pelos quais são dadas as ordens de dentro das cadeias não podem ser bloqueados – não conseguem. (?). E, inclusive – juro que ele falou isso, pode procurar -, esses celulares são importantes porque servem às investigações, quando são grampeados. (?).

Quer dizer: eles até sabem os números, a quem pertencem, e solicitam – não é chique? – que sejam grampeados, para ouvirem a conversa. Cortar a conversa, a comunicação, o que seria correto, dizem que não dá. Vou contar: sabem que chega a 20 mil reais o preço de um celular que entra no pedaço, dependendo do “lugar” e “prestígio” dos meliantes? Quem será que leva? Por que será que não dá para bloquear?

Hein?Hein? Governo, para que governo? Se hay Gobierno, soy contra! Mas busquei umas frases definitivas. Olha só:

– “Para mim, governo ético não é não roubar e não deixar roubar, isso é obrigação, é ridículo. Para mim, governo ético é eficiente.” (Geraldo Alckmin)

– “Se o governo vai bem, todos vão bem. Se vai mal, afundamos juntos.” (Luiz Inácio Lula da Silva)

– “O governo da demagogia não passa disso: o governo do medo.” (Ruy Barbosa)

São Paulo, cidade tensa, 2012

Marli Gonçalves é jornalista Fora as bobagens do pessoal da economia do governo. Eles deviam ir fazer umas compras no mercado.

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