ARTIGO – Pelejas nacionais e a palma de nossas mãos. Por Marli Gonçalves

Foi aberta a temporada oficial das pelejas eleitorais, e ainda além das nossas muitas pelejas do dia a dia. Agora não adianta nem tentar fugir porque elas entrarão por todos os canais, os da tevê aberta, de comunicação, nas redes sociais e os de nossos sentidos. Vamos esbarrar nelas, mesmo tentando delas se esquivar.

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Está no ar. Vão nos aborrecer, fazer torcer por alguns, ajudar-nos a escolher, e inclusive até nos divertir muito porque lá vem aquele desfile de gente muito estranha, com nomes e até codinomes, apelidos, anexados como patentes, religião e profissões, propostas absurdas e algumas ideias escalafobéticas.

Parece simples, mas não é bem assim. No próximo dia 2 de outubro, primeiro turno que – tomara –  seja o único, para acabar logo com essa aflição toda, teremos cinco decisões a tomar, cinco vezes para ouvir o tilintar da urna: eleger presidente (a), governador(a), senador(a), deputado (a) estadual e deputado(a) federal.  As coisas andam tão polarizadas que até é possível que apenas a partir de agora muita gente se dê conta de prestar mais atenção, mesmo nas fugidias imagens de segundos de alguns dos que pretendem conquistar nossos votos, e nem eles mesmos sabem bem o que estão fazendo ali, na sopa de letrinhas dos partidos, federações, cotas, uniões e acordos.

É preciso entender que todo o processo eleitoral é importante, complexo, que não adianta achar que escolhendo só o presidente poderemos mudar alguma coisa, porque o buraco é bem mais embaixo, ou melhor, lá em cima. São interdependentes. São quadrados que precisam ser bem preenchidos. Com consciência nacional, e que ainda parece que não aprendemos, pela falta de cultura política.

Ficamos aqui de fora assistindo os debates, confrontos, o cara a cara, as entrevistas, torcendo para que um massacre o outro, mas não é jogo de futebol. Temos de escalar um time completo, mas para entrar em campo a partir do ano que vem, com condições de enfrentar a perigosa situação e momento que nos encontramos, poucas vezes vista tão desorganizada em todos os campos, tanto éticos, como sociais, ambientais, econômicos.

O Brasil precisa tomar consciência do tamanho dessa responsabilidade que até aqui parece esquecida, como se tal peleja fosse apenas entre duas pessoas. São muitas. É necessário que a representação de cada um de nós se espalhe pelas casas legislativas, hoje tomadas pelo que há de pior, que veio de carona no mesmo barco do ser que nos atormenta nos últimos quatro anos, trazendo para o poder o ódio e um grande número de elementos execráveis, vergonhosos, perigosos, incluindo a própria família.

Quando escolhemos o presidente ou o governador de nossos Estados para os cargos executivos essa alavanca já começa a ser acionada.

As pelejas nacionais já vêm se dando de forma assustadora não é de hoje, e entre todos os Poderes, especialmente envolvendo o Judiciário, obrigatoriamente acionado para coibir abusos, dar sequência à lei e à ordem, como guardião da Constituição, juiz das partidas. Também aqui colhemos muitas dúvidas, abusos, interpretações que dão espaço a intermináveis discussões se um está ou não invadindo a seara de outro nesse momento delicado, se há abusos contra a liberdade de expressão de golpistas ou censura prévia a condições, planos, pensamentos e financiamento de atitudes que até já vivemos e perigos que apagaram a luz do país por longos e tenebrosos 21 anos.

Pelejas são complexas, árduas, cansativas. Mas típicas da democracia, a palavrinha que temos de defender acima de tudo. Na expressão popular há a expressão cobertor peleja, aquele que não é completo – ora deixa os pés descobertos, ora a cabeça. É aquele cobertor de tecido grosseiro, em geral doados, e que aqui em São Paulo vemos diariamente sendo largados ou arrastados nas ruas por necessitados sem teto ou pelos viciados da Cracolândia, inclusive alguns dos muitos problemas que esperam soluções enquanto as tais autoridades que escolhemos pelejam entre si.

Vamos tentar decidir melhor quem serão esses contendores. Está em nossas mãos as letras que  escolheremos. No dia da eleição, levemos na palma delas o poder e a decisão. E já que a moda parece que está lançada, para agilizar as mudanças, a cola escrita com os números dos candidatos bem escolhidos.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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A nova casinha do Governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT, o que vendeu a barba e o bigode filantropicamente. Mas, digamos, já está comprando e crescendo de novo …

NOTAS DE HOJE DA COLUNA DO CLAUDIO HUMBERTO

Negócios imobiliários de Jaques Wagner intrigam a Bahia

 Após exigir publicamente explicações sobre o patrimônio de Palocci, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), é que se vê obrigado agora a explicar seus negócios imobiliários. Ele mantinha segredo da compra de um apartamento de luxo no Corredor da Vitória, área valorizada de Salvador, mas a confirmou após notícia nesta coluna. O imóvel fica no prédio “Victory Tower” e Wagner diz ter pago apenas R$ 1,450 milhão.

Pernas curtas

 

A imobiliária Viva Real vende por R$ 2,1 milhões um apê no “Victory Tower” semelhante ao que teria custado só R$ 1,450 milhão a Wagner.

O comprador

 Para viabilizar compra, Wagner diz ter vendido um apartamento dele na Federação por R$ 900 mil. O comprador foi o assessor Antonio Celso.
Ás nos negócios
Wagner é bom de negócio: sua declaração de bens na eleição de 2010 avaliou em R$ 150 mil o imóvel que ele diz ter vendido por R$ 900 mil.

Ele merece

 
 Após pagar caro pelo imóvel do chefe, Antonio Celso foi indicado por ele, Jaques Wagner, à diretoria da Codeba, a Cia. Docas da Bahia

NOSSA HOMENAGEM MUSICAL:

Ricardo Noblat fala sobre “aquele” zinho que mordia no Paraná. E agora tenta morder em Brasília.

Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

 O senador Roberto Requião (PMDB-PR) escreveu no twitter que daria uma boa discussão seu gesto de arrancar das mãos de um jornalista o gravador onde estavam registradas algumas perguntas que ele lhe fizera.

Em dado momento da entrevista, o jornalista quis saber se Requião não seria capaz de abrir mão da aposentadoria mensal de R$ 24.117,00 que recebe como ex-governador do Paraná.

O atual governador Beto Richa (PSDB-PR) havia revogado o decreto que garantia o pagamento de aposentadoria a Requião e a outros ex-governadores.

Em 2007, por 10 votos contra um, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional o dispositivo da constituição de Mato Grosso do Sul que permitia o pagamento de aposentadoria para ex-governadores.

Desde então, tramitam ali ações contra o pagamento de aposentadoria a ex-governadores de oito estados – um deles, o Paraná.

A discussão proposta por Requião no twitter é fácil de ser travada. E o resultado, certamente, não lhe será favorável.

Salvo em ditaduras, onde a imprensa não é livre, jornalista tem o direito de perguntar o que quiser – e a quem quiser. Assim como qualquer cidadão.

Se o alvo das perguntas se sentir ofendido por elas, deve procurar a Justiça e processar o seu autor. É simples assim. Não há outra forma legal de proceder. Legal e civilizada.

Por que Requião preferiu o caminho da violência? Ou não é uma violência tomar de um jornalista seu instrumento de trabalho?

Primeiro porque as perguntas, nos termos em que foram formuladas, não configuravam calúnia, injúria ou difamação. Requião não seria bem-sucedido se processasse o jornalista.

Segundo porque Requião é um político com vocação de ditador. Seu temperamento é autoritário. Há uma vasta coleção de episódios protagonizados por ele que amparam o que digo.

Requião sentu-se provocado pelo repórter porque não está acostumado a responder a perguntas que o incomodam. Como governador do Paraná, fugia delas. Ameaçava jornalistas. Perseguia a sabotava jornais.

O repórter que perdeu o gravador para Requião, devolvido depois com o cartão de memória apagado, tentou prestar queixa junto à Polícia Legislativa. Sem sucesso.

Foi orientado a levar o caso à Corregedoria do Senado, encarregada de fiscalizar o comportamento dos senadores. Ocorre que a corregedoria está vaga desde o ano passado.

José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, omitiu-se como de hábito. Informado a respeito, balbuciou:

– Eu não conheço esse fato. O senador Requião é um cavalheiro. Deve ter havido um mal entendido. Ele não deve ter feito isso.

Requião fez. Não foi um mal entendido. Ele é tudo – menos um cavalheiro.

Quanto a Sarney… Bem, é apenas um cavalheiro.

Quércia não resistiu. O governador caipira pirapora morreu. Uma homenagem

Em julho de 2009 postei esse vídeo no meu canal de YouTube – Jornalista MarliGo.

Repito agora, em homenagem ao ex-governador Orestes Quércia, o governador caipira de verdade, e que desbravou o interior do Estado.

Durante os anos de seu governo, trabalhei com  o vice governador, Almino Affonso, no Palácio. Entre as muitas diferenças ideológicas, há de se notar a sua incrível capacidade de trabalho e empreendimento. Talvez isso, essa proximidade daquels anos, me ajude a entendê-lo melhor. Alem do que sua esposa tem o mesmo nome de minha mãe, Alaide, que sempre achei meio exótico.

Com vocês, Quércia, ao lado de Dom Schreier, ouvindo uma moda de viola, durante inauguração do primeiro hotel para idosos carentes de SP. Obra da fiel quercista e vice-prefeita, Alda Marco Antonio, a quem estendo meus pêsames.