ARTIGO – Paraísos artificiais. Por Marli Gonçalves

Nos paraísos artificiais que vivemos, não precisa nem de drogas para esses efeitos, alguns alucinógenos, outros nem tanto, reais de doer. Drogas – e das pesadas, batizadas, misturadas com coisa ruim – são essas que nos enfiam diariamente goela abaixo. Não pode, pode. Decreta-se. Publica no Diário Oficial e a gente aguenta. Tudo fora da ordem, na desordem, e seja lá mais o que for.

 paraisos artificiais

“Trabalhar que é bom, ninguém quer, né?” – meu pai sempre dizia isso quando via umas situações – e olha que elas não eram nem de perto parecidas com as que estamos vivendo em realidade, verso, prosa, metaverso, universo paralelo, supermercado, justiça e bem mais. Faço uma adaptação: “Protestar na rua contra tudo isso, ninguém quer, né?”.

Me desculpem os carnavalescos, mas se tem coisa que considero a mais idiota dos últimos tempos foi esse Carnaval artificial, fora de hora, coisa mais esquisita, decretada, assim como todos os acintes que vivenciamos. Não, não sou daquelas que detesta carnaval, gosto até dos bloquinhos, mas tudo tem hora; e a hora não era esta. Ficou uma coisa isolada, e olha que andei por aí algumas horas pelo menos para ver se encontrava alguém, podia até ser uma criancinha com algum adereço, fantasia, alguma pluminha, aquele ar folião. Talvez até mudasse de ideia se encontrasse blocos espontâneos, fossem pequenos grupinhos. Nada. Aqui em São Paulo a coisa realmente se concentra na avenida que não é mais avenida, o Sambódromo. Com alguns ecos. Onde “permitiram”. Não sei no Rio.

A mim, tudo soa falso. “Jeca”, até, se me permitem. Não é porque estamos saindo de dois anos do horror da pandemia que tinha de obrigatoriamente ter o que estão chamando de Carnaval, e Carnaval não é. Pior, vou dizer: estão tentando programar mais outro, para julho. Para satisfazer os blocos. E eu que sonhei tanto com o dia em que, livres do vírus (o que ainda não estamos), iríamos às ruas cantar e dançar – na minha cabeça haveria um dia que isso aconteceria. Não por decreto, como esse ministro da Saúde miserável anuncia, dando pauladas na pandemia que ainda mata mais de cem pessoas por dia, e no mundo fica no vai e volta.

Muito louco esse momento, todos os dias, coroados com o perigoso presidente sem noção fazendo graça/desgraça e troça com a Justiça, desafiando a Constituição, dando indulto para seu amigo ordinário e que, como ele, não tem apreço algum pela democracia. Não, o talzinho não foi injustiçado, nem martirizado, nem preso apenas por ter roubado um pedaço de carne ou shampoo; nem é miserável – essas coisas sociais, como  miséria e o desespero,  não incomodam esse amontoado que temos de chamar de governo  e que está louco para fechar o tempo e continuar nele. Também não é liberdade de expressão ameaçar ministros e suas famílias, convocar ataques, juntar gente para soltar fogos no Supremo Tribunal Federal. Acreditem, por favor, seja como for, com os que estão lá, questionáveis, egocêntricos, mandados, o STF ainda é o último poste em pé de proteção que temos.

Que 2022 seria um ano difícil, nenhuma novidade. Ano de eleições, de Copa do Mundo, de consequências pós-pandêmicas, de economia titubeante e até guerra longe que ecoa aqui. Mas insuportável até para nosso bem estar psicológico – como anda – não era esperado. Perigoso em seus caminhos políticos. Ainda temos de aguentar na tevê propaganda de partidos famosos por sua adesões seja ao que for disputando agora quem é mais… conservador! De doer. Um diz que é o verdadeiro; o outro diz que é o primeiro, sempre com um amontoado de afirmações desconexas e gente tão falsa quanto seus cabelos grudados e o apelo a ver quem é mais reacionário, quem atrai o que há de pior se criando e procriando celeremente fora do cercadinho.

Viva Baudelaire! Que preguiça! Estão tornando o paraíso Brasil um pesadelo tal que a nossa reação quando acordados vem sendo jogar a toalha.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Pescados e Pecados. Por Marli Gonçalves

Pronto, chegou. A santa Semana Santa começa agora, domingo, e vai até o outro, a Páscoa. Do jeito que as coisas andam, sem pescados, com pecados, e sem chocolate, tudo na hora da morte, sacrificados. Vai ter malhação do(s) Judas? Ideias de personagens não faltam. Tem muitas coisas em comum, ou para serem lembradas com o que vivemos hoje, e a celebração da Paixão de Cristo, sua morte e ressurreição

pescados e pecados

Conta a lenda que Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros, e sua luta por justiça seria punida. Isso acaso lembra alguma coisa, algum lugar que conhece?

Momento sagrado que esse ano, ao contrário de todos, será subvertido ao bel prazer – normalmente tem Carnaval, 40 dias, quaresma, depois vem a celebração religiosa; agora é celebração, reza, reza, e depois, semana seguinte, Carnaval. Brasileiro não tem mesmo problema algum em mudar tradições. Vai por decreto. Piora em ano eleitoral, se pudessem distribuiriam ao povo saquinhos de bondades.

Mas mesmo agora nessa semana, ao que parece, ora, ora, muitas tradições serão afetadas. Por exemplo, na tradição católica, a Sexta-Feira Santa, a Sexta-Feira da Paixão, é dia reservado para a prática da abstinência. Uma tradição do catolicismo preconiza que não se coma nem carne vermelha nem frango nesse dia.

Silêncio. Não deveria conter ironia. Mas…já que faz tempo que esses itens sumiram ou escassearam na mesa dos brasileiros. Aí, é permitido se alimentar com peixe, ok? Claro que já viram os preços escalafobéticos, inclusive do desejado bacalhau, mas se não viram, deixe estar. Todos os noticiários repetirão as matérias sobre isso, sobre preços, sobre como comprá-los, verificar seus olhos brilhantes, suas guelras firmes, coisas assim. E que vivam as sardinhas que devem salvar alguns pratos!

Pessoas mais religiosas optam pelo jejum total, ou parcial, esse já disseminado na maioria da população que ou almoça ou janta, isso quando toma um café que vocês bem sabem quanto está custando. Tem o tal jejum intermitente que anda meio na moda para quem acha que assim emagrece. Ou se limpa de impurezas, coisa mais besta ainda. Má notícia: os médicos dizem que tal intermitência pode até fazer com que quem o faça engorde ainda mais!

Mas voltando à nossa celebração religiosa, feriado prolongado, que já deve estar assim de gente arrumando malas para cair fora para alguma gandaia. Não dá nem para ficar falando muito que, se não tem carne, não tem frango, não tem peixe, se opte por vegetais e frutas, produtos naturais. Não dá, inclusive, porque não quero arrumar encrenca com os pecuaristas que arrumaram treta até com o banco poderoso, e por muito menos que isso. Invocaram com o movimento dos vegetarianos que existe há anos – as “Segundas sem Carne”. Se bem que, em protesto, eles fizeram churrascos nas portas das agências, e vai que sobra uma picanha, uma maminha, uma costelinha… Mas ainda é melhor deixar para lá que encrencar com poderosos crucificou Jesus.

Desde menina, lembro, morria de medo de errar nesse dia e comer alguma carne – e sempre a gente ou esquece ou passa uma tentação pela frente. E claro que aqui ou ali quando se dá conta já está mastigando o proibido. A ideia do pecado, da punição, da culpa, sempre tão presente na religião. Oh, céus!

Aí chega o Sábado, de Aleluia. Dia de Malhação, que não é a da tevê. Malhação do Judas. Coisa até bem violenta. Tradição: juntar um monte gente para, divertindo-se, espancar, dar pauladas, arrastar por aí um boneco, espantalho, em geral primeiro dependurado, meio enforcado, do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos, qualquer coisa. Correr com ele, e depois tacar fogo, em geral ao meio dia. Aqui em São Paulo era até bem comum ver mais disso. Mas todo ano aparece algum, em algum lugar, algum bairro, já que sempre personifica, com placas ou máscaras, alguém malvisto do momento, políticos em geral, malfeitores do povo. Como disse, mais um ano em que a lista é enorme, difícil até de decidir, de candidatos. À eleição. E a virar Judas.

No domingo, os coelhinhos que se livraram de virar assado já que não temos o hábito de tê-los no cardápio normalmente, surgiriam como símbolo de renovação, ressurreição (quase virando lenda, dada a impossibilidade financeira e o oportunismo dos fabricantes), e trariam alegremente ovinhos de páscoa, de chocolate, para as crianças.

Como vemos, anda impossível até manter o mínimo de tradições. Pelo que parece a única mais garantida, que mudam até de data, ópio do povo sem pão, fora de época, é completamente pagã.

Assim vamos indo. De fantasia em fantasia.

E Evoé, Baco!

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Sansão e as sanções. Por Marli Gonçalves

Deu-se que lembrei nada mais nada menos do que de Sansão, aquele, o guerreiro bíblico, da força descomunal nos cabelos, da loucura por mulheres bonitas, que viveu a vida em guerra e vinganças.

Sansão

É sanção sendo atirada de um lado a outro. A palavra da semana, igual aos bombardeios cruzando o globo. Eu não compro mais isso, você não recebe mais aquilo. Ameaça vai; ameaça vem. Vamos ver no que vai dar o tira e põe. Sobra, claro, para todo o mundo, que acaba entendendo o que é sanção bem na própria pele, vide o absurdo aumento dos combustíveis que vai impactar ainda muito mais nosso suado e surrado dinheirinho. Na cadeia inflacionária descarrilada – e que só por acabar de ser informada do aumento já sai apitando nas esquinas, nas feiras, no supermercados num batida maldita que só trará mais miséria. E universal.

Muito louco como quando passamos por tempos difíceis como os que estamos vivendo coletivamente, de guerras, doenças, notícias esquisitas, de um tudo ao mesmo tempo agora, vem à nossa cabeça a lembrança de cada coisa, Igual sonho que puxa da memória o inimaginável, sabe-se lá onde estava guardado, e para onde volta depois.

O tal Sansão, antes que esqueça de frisar, não é personagem do cotidiano pessoal, já que por acaso histórias bíblicas, a própria Bíblia, admito, é para mim um estranho emaranhado de personagens, e não gosto nem um pouco de mexer com religião. Aliás, ultimamente só de ouvir falar em mito tenho urticária.

Lá, muitos personagens se destacam mais que outros, viraram expressões populares de fatos, como Caim e Abel, traição, assassinato entre irmãos. Muitos outros exemplos.

Aficionada, sim, mas pelas mitologias, onde também seus personagens esbarram entre si, gregos, romanos, cada povo contando seu lado. No caso, Sansão tudo a ver com Hércules, ambos fortes, másculos, violentos, e com mulheres tecendo suas histórias, em um caminho da destruição, da luta pelo poder, ordenamentos, opressão, divisões políticas e crenças.

Sansão nasceu durante uma guerra, com sua nação lutando contra os filisteus. Já nasceu com a missão de ser o libertador de Israel, um Nazireu, homens israelitas dedicados a servir a Deus. Eles tinham que se abster totalmente de álcool, nunca tocar em um cadáver ou cortar o cabelo. Daí seus longos cabelos serem tidos como símbolo de força – dada por Deus, aquele que dá e tira. Força que teria acabado e ele sendo aprisionado, cegado e torturado por confiar em uma mulher, que conhecemos como Dalila, que o vendeu por moedas aos inimigos ao descobrir seu segredo e tosar sua cabeleira. Seu final foi a própria morte, mas levando consigo um bom punhado de inimigos, assim que o cabelo cortado cresceu. E entrando para a história infinita como um herói bíblico. Cheio de recados com moral.

Resumi bem, porque assim vejo a guerra. Vítimas de todos os lados e banho de sangue, pelo poder. Claro que hoje temos ainda o terror nuclear, aquele boom do qual ninguém quer ser testemunha. Mas o crescendo que assistimos de explosões, foguetes e êxodo de milhões parece coisa antiga, aquela mesma que juramos há mais de 75 anos atrás que não se repetiria. O que mudou, o que é mais “moderno”, são as forças de cada lado, globalizadas, as nações envolvidas que ultrapassam o continente em questão, os tiros políticos com as balas de sanções que atingem distâncias muito maiores. Dezenas de gigantescas empresas e corporações que abandonam a Rússia nesse momento vão manter seus funcionários com salários, segurança, amor, carinho, leite e pão nesse período que já se mostra incalculável, seguidos acordos de paz fracassados?

Sanções também são censura. Não é que eu acabo de me por em risco falando do Sansão? Acredite: a Câmara votou urgência em projeto que proíbe o uso da palavra Bíblia fora do contexto desses caras que dela se apossaram.

“Fica terminantemente proibido os termos ‘Bíblia’ e/ou ‘Bíblia Sagrada’ em qualquer publicação impressa ou eletrônica de modo a dar sentido diferente dos textos consagrados há milênios nos livros, capítulos e versículos utilizados pelas diversas religiões cristãs já existentes, seja católica, evangélica ou outras mais que se orientam por este livro mundialmente lido e consagrado como Bíblia”,  primeiro artigo do projeto de autoria do tal deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA).

Aí vocês me perguntam. No meio de tanta coisa importante para se fazer, cuidar, resolver? Veja bem. E vou piorar a situação quando explicar que eles fizeram isso porque acreditam piamente que há quem esteja planejando uma Bíblia gay. Sem comentários.

O que foi que nós fizemos de mal para termos de aguentar essa sequência assassina de bombardeios de ignorância, preconceito, descasos, bobagens, retrocessos dia e noite aqui em nosso sofrido país?

Não admira os cabelos brancos revoltos pululando na cabeça de uma população que só queria deitá-los e dormir em paz. E que acordam sem eles, sem forças.

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ARTIGO – Gritos da Terra. Por Marli Gonçalves

Ensurdecedores, gritos vindos de todos os cantos, boa parte deles serão descritos agora em seus aterrorizantes detalhes durante a COP26, que acontece nesses próximos dias na Escócia. O Brasil tenta tapar os ouvidos, mas levará muitos puxões de orelha.

GRITOS

Vulcões eclodindo, tremores, tempestades vermelhas de areia e pó, incêndios, secas e inundações fora de época, temperaturas e fatos anormais, prejuízos nas lavouras, fome, miséria, pandemia, populações dizimadas, retrocessos políticos de toda a ordem, e uma lista interminável de gritos da Terra, em todos os idiomas. Milionários que antes queriam sair apenas de seus países, agora querem ver se arrumam até um outro Planeta para fincarem suas boquinhas, seus poderes e suas fortunas.

E nós? Diante do mundo todo em encontros anteriores prometemos e não cumprimos nem um pouquinho, até pioramos, as metas que ajudariam – a nós mesmos e ao planeta  – a baixar a temperatura e a rapidez do declínio trazido pelas mudanças climáticas a cada dia mais visível, sofrido, sentido, mortal. Ao contrário, nos últimos anos a tal boiada vem passando solene por aqui, matando, desmatando, queimando, derrubando, de forma devastadora. Agora, com uma pastinha vazia debaixo do braço, chegaremos lá no encontro para tentar dar alguma satisfação, autoridades contarão suas mentiras, com dados e percentuais que a gente nunca sabe bem como conseguem calcular de forma tão enviesada as suas desculpas esfarrapadas.

Passaremos com cara lavada pelos ambientalistas que com suas coloridas faixas, pedidos e protestos já ocupam as entradas e onde, também lá, o nosso atual desgoverno será achincalhado, e claro que ainda haverá quem ouse chamar isso de indevida interferência externa nos negócios nacionais. E, como estamos sendo desgovernados por um brucutu, nada surpresos ficamos em ver o machão marrento desistindo de aparecer, como se isso pudesse poupá-lo. O próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que  “jogariam pedra” em Bolsonaro se acaso ele aparecesse por lá, foi ele quem disse, justificando a ausência do ser não-vacinado, embora o presidente tenha mesmo viajado à Europa, mas para a Itália, receber uma homenagem que inventaram para ele numa cidadezinha governada pela direita, com… 4739 habitantes. Ah, sim, nós estamos pagando por isso. Bem caro.

Só gritando muito, mas em português, alto.

Nem precisamos esperar um encontro internacional tão importante para gritar, uma vez que por aqui todo santo dia temos o que lamentar, pisam sem dó em nossos pés e calos, nos dizem barbaridades, tomam decisões que lamentaremos por muito tempo ainda, e não vemos em qual direção apelar para que um mínimo de bom senso recaia sobre os dirigentes – e aí, ressalte-se, em todos os níveis.

Os próximas dias e tempos nos ameaçam com outros fatos perturbadores, fazendo com que nem adiante apelar aos celtas e suas simpatias de Halloween: inflação descontrolada, greve de caminhoneiros, aumento ainda maior do preço de combustíveis, desabastecimento, fim do Bolsa Família e desencaixe total do novo Auxílio Brasil, descrito por todos os economistas como uma bomba-relógio  que, se der algo a quem precisa, e excluindo muitos, o fará com uma mão e tirará solerte com a outra. O bang bang geral parece querer tomar as cidades de assalto.

No Dia de Finados choraremos os mais de 605 mil mortos, entre eles, certamente, pessoas que já fazem muita falta a mim, a você, a todos nós. E, no dia 15, quando deveríamos festejar a sonhada República, poderemos mesmo é estar nas ruas gritando porque diariamente só vemos serem praticados atos bem pouco republicanos.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Calores políticos e o dia a dia nacional. Por Marli Gonçalves

Já reparou? Há meses a temperatura vai esquentando, esquentando, isso durante a semana, e chega na quinta-feira a gente achando que “agora, vai”, e toma um banho de água fria. Logo no sábado o povo na geral já está em outra, esqueceu o ponto onde estávamos parados, o assunto muda, ameniza, e assim seguimos tudo de novo e de novo, e lá vem segunda-feira, fim de mês, mais feriados.

calores politicos

Está chato, numa repetição constante de padrões e sem mudanças ou soluções. Chamo de os calores políticos das quintas-feiras. Hoje mesmo, uma sexta, enquanto escrevo, a coisa ferve, o mercado “nervosinho”, bolsa de valores cai, o dólar vai visitar o espaço, levando as outras moedas estrangeiras e os sonhos de milhões de pessoas na mesma nave. Os sonhos ficarão largados lá no espaço, gravitando, junto com o lixo de outras tantas desilusões. A nave até pode voltar ao normal, mas esse normal sempre joga mais um pra fora, em um jogo cruel. Assim seguimos para o próximo nível, se é que se pode dizer que tem nível o que temos passado na condução política e institucional nacional.

O país entrando em uma espiral radical na economia. Na saúde, os números mortais avançam mais lentamente, ok, mas ainda avançam na média de dois aviões lotados caindo diariamente em cima do otimismo com que se noticia médias móveis; bem móveis, aliás. Parece a dança das quadrilhas de festas juninas com todo mundo levantando os bracinhos para um lado, depois para outro. Melhorou! ÊÊÊ! Mas pode piorar. Olha a cobra! Estão pondo fogo nas matas! Olha a chuva! ÊÊÊ! Mas a chuva não chegou nas represas! ÊÊÊ! Vai faltar água! ÊÊÊ! A gasolina subiu novamente! O gás também! ÊÊÊ! Vai faltar! Caminhoneiros ensaiam greve. ÊÊÊ! Desistiram. ÊÊÊ! O presidente virou paz e amor. ÊÊÊ! Debochou de tudo e novamente faltou só mostrar caixinha de cloroquina para as emas do Palácio. ÊÊÊ!

Como se déssemos seguidas chances para o azar, tentando a sorte. Mas nunca funciona. O dólar não baixa mais. A Ciência, sem verbas, inviabilizada. A inflação sobe-sobe e corrói, literalmente, nossas entranhas e o que já estava ruim só piora. Volta mais forte a fome, a exclusão, a miséria e a insegurança que quem tem olhos e ouvidos as encontra personificadas nas ruas; claro, desde que levante os olhos do celular onde parece trafegar quase que exclusivamente invejáveis vidas boas, belas, felizes, viajantes aliviados em imagens escolhidas, que ganham um monte de coraçõezinhos, curtidas, repiques e comentários escritos em português sofrível. Fora isso? Ok. Um pouco de humor e muito ódio.

A CPI da Pandemia que agora fecha o relatório que se bobear vai dormir em alguma gaveta, animou muitas dessas semanas – serviu para chamar a atenção e parar alguns crimes em andamento, há de se admitir. Ficam ali registradas, pelo menos para a história, algumas das frases que ecoaram: “só uma gripezinha”, “não tenho nada a ver com isso”, “e daí?”, tantas, ainda repetidas em suas variações e negações, que parecem ter se tornado rotineiras e, pior, normais. Dele só se espera coisas assim. Mas não devia ser essa a situação, e é o que faz com que os fatos se repitam, sempre pesados, mais asquerosos, mais perigosos, mais desgastantes.

Claro, sem esquecer que tudo isso envolve direita, esquerda, centrão, STF e outros poderes, um Congresso Nacional constrangedor, a imprensa perdida entre ser ou não ser, num falatório daqueles de outrora nos botequins, mas agora aberto, ao vivo, nas manhãs, tardes e noites. Tudo aparenta normalizado. Um dia esquece o outro.

Para finalizar a semana, não dá para deixar de registrar ainda a tal primeira-dama Michele Bolsonaro –  aquela que não se mexeu nunca para defender as mulheres,  como nos casos de violência, ou no caso dos absorventes, para citar alguns, nunca botou os pés em uma UTI – aparecendo vestida, acreditem, de palhaça, em uma solenidade cultural ao lado do troglodita Mário Frias. Mas, aliás, qual foi o figurino de palhaça que ousou escolher? Com avental, logo o que lembra o usado pelos honrosos e premiados Doutores da Alegria, cujo trabalho com tantas dificuldades tanto ajudam a quem necessita e que devem estar tão ou mais atônitos do que eu fiquei ao ver a cena, sem contar a visão da Damares sorridente, o desmonte cultural e o estrago geral. Os palhaços verdadeiros devem ter borrado com lágrimas suas maquiagens.

Lá vem mais uma semana dessa montanha-russa Brasil. Sei que não aguentamos mais gritar tanto de medo na descida acelerada. Eu sei, mas não podemos perder a voz.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Tá frio; tá quente: o jogo nacional e mundial. Por Marli Gonçalves

Tá frio; tá quente. Quando a gente acha que a coisa está indo, ela está é voltando, e em cima da gente. Até o tempo está igual: você não sabe mais nem se está quente ou frio. Se põe ou se tira. Não é brincadeira, não.

TÁ QUENTE; TÁ FRIO

Confesso: todo dia ao acordar, assim que dá, que lavo a cara, abro os olhos, me entendo no mundo, aciono o celular para verificar se algo mudou. Virou mania. Se o cara caiu. Se já foi interditado ou preso. Se avançamos, e se a situação – essa situação geral que vivemos, e digo geral, porque geral é mesmo, uma vez que, sinceramente, nada está bom, correto, nos trilhos – teve uma conclusão. Tenho bom humor, porque senão a decepção paralisaria. O que acontece todos os dias é que surgem mais pontos, mais fatos, e a confusão geral continua essa loucura, que eu até diria: está coletiva.

Porque só pode ser uma loucura coletiva, altamente transmissível. Aqui, pelo presidente que não governa, mas não para de demonstrar seu total despreparo para o cargo, que deixa o país como uma nau sem rumo. Ele governa de um barquinho, onde faz subir para acompanhá-lo o que de pior há em nossa praia, e que não cansa de chamar para o naufrágio que avistamos no horizonte.

Loucura no mundo, para uma geopolítica desconcertante, principalmente depois da pandemia ter bagunçado mais ainda o coreto. A impressão é de que, neste retorno, os países mais fortes sairão pisando a cabeça dos mais fracos, galgando uma montanha de corpos. Nada tem sintonia. Primeiro fazem; depois vão ver no que deu, lamentam, dão entrevistas e soltam farpas uns contra os outros.

Estamos todos com os olhos vendados e apalpando a História. Está quente? Logo o balde de água fria faz com que comecemos tudo de novo, e esse tudo de novo que digo nos leva ao século passado, com suas guerras (frias e quentes, aliás), religiões mortais, ideologias sanguinárias, padrão “já vimos esses filmes”.

Nem sei mais se as crianças ainda brincam disso, ou do que é que elas brincam quando não estão – até sem ter ainda noção – sendo vítimas das atrocidades e desse desenrolar do futuro que encontrarão.

Muitos artigos têm sido escritos dando conta que o presidente Bolsonaro não está (embora nunca tenha sido muito) normal das ideias. Cada vez que ele abre a boca, e o faz todos os dias, emite claros sinais disso. Cercou-se ainda de pessoas que pegaram a mesma tendência e que surgem dos gabinetes e dos ralos. Todos, que a gente nem sabe bem quem são – impossível listá-los de cabeça. O da Economia, o serzinho Paulo Guedes; o da Educação que você deve ouvido por aí; o cordato da Saúde, enfim, até os militares que abaixam a cabeça e batem continência para todos dançarem diante das graves e visíveis ameaças à estabilidade. A qualquer estabilidade. Inclusive a nossa, emocional.

As notícias são claras, cada vez mais mostram os fatos no momento exato que acontecem, com imagens e sons estridentes. E se repetem, como se não tivessem tempo nem de respirar. Ainda aparecem os querem brigar com elas, não acreditando, negando, seguindo líderes corruptos, que mancham os caminhos por onde passam.

Nós estamos confusos, sem conseguir achar a luz. Está frio. Está quente? O “agora, vai” fica pelo caminho. Continuamos agindo como os robôs que diariamente são ativados na vida digital, como se tudo isso fosse normal. Não é.

Minha proposta é que troquemos essa “brincadeira”. Lembram daquela – cor, flor, fruta – que alguém ficava lá pensando na letra até que falássemos STOP?

STOP!

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Golpes. Eles estão entre nós. Por Marli Gonçalves

Golpes. Golpe. Nunca ouvimos tanto essas palavras malditas. Nunca estiveram tão presentes e em suas mais variadas formas, de algum jeito sempre tenebroso. Perigoso. Eles nos cercam, ameaçam, nos põem em prontidão constante. Sempre tem algum que vaza, nem que seja um golpe de ar que resfria.

golpes

Tudo quanto é tipo de golpe. Todo dia alguém cria mais um, inclusive, sempre terrível, sempre com atos para ameaçar alguém, insidiosos como serpentes prestes a dar o bote. Pior, são criativos, e infinitos em seus estragos. Em geral, feitos, pensados maquiavelicamente para roubar, iludindo. Roubar até a nossa própria liberdade como vem sendo ameaçado todos os santos dias por esse desgoverno que parece pretender, sim, o golpe máximo, que nem mais é militar, mas sim acabar de vez com o país já tão maltratado, doente, miserável, ignorante.

Dificilmente os golpes são bonzinhos, ingênuos, mas sempre são tentados primeiro de forma a parecerem a salvação de alguma “pátria”, alguma questão. Assim, se realizam, enganam, penetram, inclusive entre os mal intencionados que adorariam ganhar algum de forma mais fácil, sem trabalho, e que se tornam, justamente por isso, presas fáceis. Esses, em geral, são enganados por estelionatários oferecendo vantagens que parecem baratas aos olhos de inocentes ou mal informados; ou, mesmo de tantos que parecem, como disse, sempre desejarem ser os espertos. O final da história é sempre ruim, seja para um lado ou outro.

Sempre alguém sai machucado. Na política, por um golpe de direita ou de esquerda desferido certeiro contra a democracia – esse o Golpe de Estado, que já conhecemos bem, infelizmente, mas parece que o aprendizado está passando, mesmo depois de recentes 21 anos de amargor e horror. Eles querem ser os que dão o golpe de misericórdia. Acham sempre que o deles será o de Mestre.

No amor, tem o tal Golpe do Baú, por exemplo, coisa antiga, que tanto apavora os ricos até que sejam enredados. Tem o Golpe da Barriga, outro, bem démodé, que tantas crianças infelizes põem no mundo, nascidas apenas para render, e que é constante sabermos de mais um, mesmo que a princípio se mostre cheio de encantos românticos e legais. O amor, aliás, origina uma série de formas de engano que levam a dar – e tomar – muitos golpes. Que machucam muito.

Os idosos, em geral, são as maiores vítimas de tudo quanto é tipo de golpe, às vezes até vindos de suas próprias famílias ou de quem eles ousaram confiar.  O golpe do bilhete premiado é um dos mais comuns. Bobo, até, mas ainda acontecem. Para catar a sofrida aposentadoria, os golpistas têm se esmerado em criatividade. Uma maldade sem igual.

Não está fácil para ninguém se livrar deles, dos golpes, porque estão vindo de todos os lados e formas; nos e-mails, nas redes sociais, no tal zap, com hackers malditos que invadem tudo. Nos roubam e se divertem. Não pode haver distração para não cair nesse buraco. No telefonema que avisa sobre o “sequestro” de alguém; nas instituições fantasmas que pedem doações, nos boletos falsos, nas compras que não chegam. No motoboy que vai buscar o cartão “clonado”! Até os que entregam a comida agora tentam passar valores extras no cartão. Na compra e venda de carros que nem existem. No emprego que, para conseguir, tem de pagar antes alguma “taxa”. No imóvel lindo da praia, das sonhadas férias, que, alugado, era apenas um terreno baldio iludido por uma foto tirada da internet.

Os golpes financeiros estão atingindo sofisticação máxima. É Pix e pow, golpe! Bitcoins, rentáveis, pirâmides que sempre acabam demolidas com vítimas nos escombros e na miséria. Notas falsas; outro dia apareceu uma de 420 reais! (que bicho teria na estampa? – a hiena, certamente, porque os golpistas dão muita risada na cara dos que enganam).

O nosso maior problema é estarmos totalmente nas mãos dos bandidos de todas as classes sociais (e partidos, e ideologias, e tudo o mais). Sem defesa. A polícia diz que vai investigar. Os bancos ficam mudos, e mudos continuam. As agências reguladoras e órgãos oficiais não mexem o traseiro para evitar o vazamento de dados – esses, vendidos nas esquinas do comércio popular. Os meus, os seus, os nossos. Os deles, em geral, são bem guardados.

Tomamos golpes de todos os lados. Até de falta de ar ao encontrar os preços subindo em escalada, com o momento aproveitado por oportunistas, só aumentando a fome, a miséria, o subdesenvolvimento. São golpistas esses que adoram essa confusão que está o país, insuflam os conflitos que jogam fumaça nos olhos. Esses que querem arregimentar “patriotas” para o caos com seus estúpidos argumentos e mentiras.

Insolentes, aproveitadores, os que deviam nos proteger, ameaçam com golpes e agora até na bovina versão de “contragolpe”, seja lá o que queiram dizer com isso.

Urgente, que tenhamos, sim, um golpe, mas de sorte, e que nos livre de todos esses males.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Estamos numa fria. Por Marli Gonçalves

Entramos e estamos numa boa fria, numa gelada, num enorme saco sem fundo. É tanta coisa acontecendo de esquisito, de ruim, e sem que possamos resolver de vez ou tomar medidas rápidas e objetivas – a solução não está só em nossas mãos, mas na de todos e em tantas mudanças e acertos – que só resta, sei lá, espirrar. Espirrar com muitos desses culpados de nossa frente

Saltos, piruetas, manobras espetaculares no asfalto, nos tatames, no mar, fôlego na piscina; as mulheres arrasando, a garotinha em cima do skate, a outra bailando com movimentos precisos bem na cara de suas próprias dificuldades. Orgulho, vitórias, e não só, também as derrotas, trouxeram distração para mais de 100 metros nas notícias e madrugadas olímpicas. Vimos novamente, felizes – mesmo que por instantes – a bandeira nacional tremulando sem que ela nos causasse essa certa repulsa que tanto fizeram que conseguiram nos fazer dela até enjoar nos últimos tempos.

Soubemos das incríveis lutas e histórias de superação dos atletas – os vimos felizes e também desolados quando ficaram pelo caminho em suas modalidades. Pelo menos ali acompanhamos um país se esforçando, lutando para se firmar e melhorar. Temos mais alguns dias para acompanhá-los e torcer.

Mas agosto está aí, sempre teremos agosto. E já está vindo embalado pela pandemia que continua matando muito mais de mil pessoas por dia e querem que isso pareça normal, quando vemos outros países indo e voltando de medidas restritivas nesse vaivém estonteante. Aqui, o pimpão prefeito do Rio de Janeiro, por exemplo, decretou que vai estar tudo bem até o outro mês e até já marcou feriado e festa. Uma vergonhosa corrida de Estado contra Estado, cada um querendo parecer melhor que outro, em campanha aberta, como se não bastasse o furdunço que virou o Governo Federal.

Às vezes acho que a água que os dirigentes e responsáveis pela condução do país tomam contém mesmo alguma coisa a mais – só pode ser. Não atingimos ainda nem os 20% de imunizados com as duas doses. Há ainda um inacreditável número de pessoas contrárias às vacinas ou que não voltaram para a segunda dose, quando necessária, como o é para a maioria. Ainda vemos quem tenta escolher qual marca tomar – e muitos desses estão tombando pelo caminho. O Ministro da Saúde ousa proclamar vitória e ações do governo, como se não tivéssemos já quase 560 mil mortos e mais de um ano e meio de pandemia muito mais cruel por causa dos erros deles.

Agora, as aulas vão voltar – e não se tem a menor ideia de como resolveremos os sérios problemas da Educação, da evasão, do atraso no ensino. O Ministério? Além de uma fala maluca do ministro, outro batendo no peito por feitos não feitos, pôs no ar uns anúncios moderninhos. Volta também o showzinho diário da CPI que, quando acabar, teremos um relatório enorme, e precisaremos torcer muito é para que ele não vá dormir em alguma gaveta.

Quem chacoalhou esse país para ele estar assim tão dividido? Quem abriu a tampa do bueiro para tantas absurdas ignorâncias? Um queima o Borba Gato; outros vêm e jogam tinta vermelha nas homenagens a Marighella e Marielle. O fogo queima nossa memória. As mentiras e notícias falsas se espalham e ecoam. O presidente monta um circo para dizer o que já sabíamos de suas acusações sobre as eleições – que ele não sabe de nada, não prova nada e isso é só mais um assunto para manter o percentual cada vez mais baixo de quem o segue, ainda achando que ele presta, mesmo vendendo seu mísero poder para outros míseros carrapatos que grudam em tudo que é governo, seja de qualquer lado do colchão. Não adianta virar, desvirar, por ao Sol.

É inverno e até o frio intenso e recorde que há muito não aparecia ataca o Sul e o Sudeste, expondo nosso total despreparo para qualquer situação extrema e a miséria que grassa nas ruas que acomodam friamente mais milhares de recém-chegados. Os preços disparam, sem controle, enquanto turistas fazem horrorosos bonequinhos de neve e a geada acaba com as plantações.

Estamos mesmo numa fria na qual entramos sem saber ainda como sair dela, estranhamente escaldados.

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Claudicantes, na corda bamba. Por Marli Gonçalves

Sem saber mais em quem acreditar, no que acreditar. No que realmente está por trás dos acontecimentos. Que momento estranho esse que nos faz parecer sempre estar se equilibrando numa extensa corda bamba e frouxa. Ou, se trapézio fosse, é como se nada haveria para nos dar sustentação do outro lado

CORDA BAMBA

Uma dancinha desajustada. Dois passos pra a frente, logo dois atrás, um para um lado; depois para outro. A coreografia do momento é essa, desconcertante. Quando a gente começa a pensar que as coisas – ôba! – vão andar, atingir um mínimo de normalidade, chuáá, lá vem a água fria. Abre aqui, fecha ali, tudo muito chutado, estranho, descoordenado.

Os fatos se sobrepõem, as lacunas são cada vez maiores. O bombardeio de informações é contínuo. Os planos ficam pelo meio do caminho. Sonhos interrompidos. Vidas interrompidas. Os números que flutuam dia após dia, e que acompanhamos como se deles entendêssemos realmente. E quando se busca a realidade, bater a real, como se diz, percebemos que no fim é mesmo cada um por si. Salve-se quem puder. Poucos podem. Resta ter a certeza de que estamos vivendo para ver um dos momentos mais delicados da história mundial e, especialmente, nacional.

Confusos? Não mais do que os atônitos parlamentares que acompanhamos no desenrolar da CPI que há meses faz a dancinha do caranguejo. Uma hora surge uma fantástica revelação na qual acreditamos piamente que irá nos livrar do martírio político que há anos nos aborrece diariamente. Em outra, os vemos batendo cabeça, porque juntam coisas com as quais não sabem lidar, o velho filme das CPIs que acabam apenas sendo como novelas que acompanhamos no horário nobre e que agora nem valeria ver de novo nesta urgência em que clamamos e necessitamos de soluções.

O contador da morte não para e avança além do meio milhão rapidamente. Mais de mil mortes por dia parece que nem arranham mais, que nada significam – e tentam nos convencer que está tudo bem; só um pouco mais de 12 % da população vacinada de forma completa e as porteiras começam a serem abertas para ver no que dá. Viramos experimentos. E vemos o pior da humanidade, a desumanidade, o oportunismo, o acentuamento da desigualdade.

Mas quem disse que não temos assuntos? Os impropérios proferidos pelo presidente todos os dias. O ministro que – sem enrubescer – vai na tevê nos “acalmar” dizendo que não vai ter racionamento de energia elétrica, a mesma que tem reajuste de mais de 60% – claro que não vai ter! Ficaremos no escuro, nem à luz de velas, que o preço delas também está pela hora da morte. Caia na estrada e perigas ver voltarmos à era de esfregar pauzinhos para fazer fogo e cozinhar.

O governador presidenciável ganha as manchetes assumindo ser gay em entrevista combinada. Ótimo, que bom, aplausos, mas qual foi a pressão, super natural, para que o fizesse agora, mais de dois anos de eleito? Surpresa para quem? Teria sido apenas mais uma planejada jogada de marketing? Nada parece sincero nesse mundo onde apenas poucos conseguem planejar seus passos.

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – A incrível marcha da insensatez. Por Marli Gonçalves

Marcha da insensatez acelerada, vil, dá a impressão que o nosso otimismo sobre como sairíamos “melhores” depois desses meses de pandemia fez efeito contrário: encontramos já agora a face de uma sociedade pior, egoísta,  jovens olhando para seus próprios umbigos com cabeças baixas e desmascaradas, as pessoas loucas, desvairadas, pensando que aglomeração é liberdade

MARCHA

Sei, a gente tem a impressão sempre que o clandestino, o escondido, o ilegal é muito mais interessante, divertido, emocionante. Nem adianta negar, que seria hipócrita. Quem nunca?…  Mas o que estamos presenciando não é apenas uma molecagem sem repercussão ou efeito, protestinho por liberdade, blábláblá. Trata-se de vidas que a ignorância está tirando aos borbotões. De uma doença da qual ainda pouco se sabe, mas que se vivo deixa, acrescenta sequelas, e tudo na loteria macabra. Pode pegar qualquer um, pelo ar que se respira. Arrependimento não vai curar depois que o leite derrama.

Vimos – e creio que ainda veremos – marchas incríveis pelas ruas, significativas, mas esse ano assistimos horrorizados apenas a da insensatez. Um país, cidades e estados com leis, planos, normas, indicações, mas quem organiza? Quem fiscaliza? Mesas separadas em restaurantes? Filas com pessoas distantes entre si? Nem na eleição. Medição de temperatura? Quando é feita! – desleixada, e o pior no pulso, porque as malditas informações falsas disseram que na testa dá câncer, e essa coisa pegou no país da ignorância. Não pode torcida no campo de futebol? Ora, sem problemas, o povo põe um telão lá fora e a festa corre solta. Ouvi dizer essa semana que a torcida do São Paulo F.C. foi multada. Aliás, alguém soube de alguma multa real, que tenha sido paga, que tenha havido punição?

Agora, vamos e venhamos: qual parte do Natal 2020 e passagem de ano que vocês não entenderam ainda que será o horror, que não será como sempre, que não poderá ser? Que loucura é essa de se preocupar com compras, enchendo ruas, marcar viagens, “remarcar” Carnaval para o meio do ano? Estamos todos tão desarvorados assim?

A história do uso das máscaras. Muita gente, isso é bom, tem usado corretamente. Mas e os narizes fora delas, as frouxas “para entrar ar” (e muitos vírus), máscaras nos queixos, no pescoço, nas mãos, como pulseiras, penduradas nos retrovisores dos carros? E a invenção das moderninhas, a tal confortável máscara de tricô que as blogueirinhas incentivaram? Claro, toda furada, muito refrescante, e já tá deixando é muita blogueirinha idiota doente. Quem seguiu, também.

(Parêntesis político, por falar em máscaras: cá entre nós, será que agora o tal Russomanno se deu conta do grande erro da assustadora máscara transparente de acrílico que usou na campanha que foi, graças a Deus, por ralo abaixo? No caso dele, cobrir a cara teria sido muito mais apropriado, se é que me entendem.)

Mas quem dera a insensatez estivesse só ligada a fatos da pandemia! Quem dera! Estão acompanhando a tentativa de acabar com os artigos “a” e “o”, trocando por “e”? O tal todes, ao invés de todos ou todas, como exemplo. Acreditam de verdade, mesmo, que assim estarão resolvendo as questões de gênero? Lembram do presidenta da Dilma? Como é que é? Tem gente querendo fazer lei para essa mudança?

Viramos o país do ridículo sem fim, do horror, do medo, da tristeza, do cansaço, com um desgoverno vergonhoso, mulheres violentamente assassinadas diariamente, negros mortos em cada esquina onde se defrontam com policiais ou metidos a, seguranças desclassificados, bêbados dirigindo tão desgovernados como nossos políticos e matando o que não veem pela frente, ou o que suas mentes ou olhos embaçados talvez vejam em dobro. Nosso meio ambiente destruído, apagões não só de energia, mas de qualquer bom senso. Oportunistas espalhados prontos a remarcar sem dó os preços de tudo, tentando retomar seus prejuízos, como se só eles os tivessem tido.

E vamos ficar preocupados com os as e os? Dançando até o chão nos proibidões, como se apenas uma interminável onda existisse, embora já vejamos a outra vindo atrás muito maior? Não tem nada de normal em tudo isso. Nada.

Pensando, talvez, em qual roupa branca usar no réveillon? Desculpem, mas creio que a cor negra será a mais apropriada como uniforme dessa insensata marcha na qual todos acabamos caminhando, empurrados, mesmo que contra nossa vontade.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE -TIRAM $ DE ONDE MAIS PRECISA?ABSURDOS!

#ADEHOJE -TIRAM $ DE ONDE MAIS PRECISA?ABSURDOS!

SÓ UM MINUTO – Querem absurdo maior do que a aprovação, no Congresso, da verba de quase 4 bilhões de reais para o Fundo Partidário? Pior, que vão tirar esse suado dinheiro de áreas vitais como Educação e Saúde, e que já estão caindo pelas tabelas? Estamos vivendo tempos muito difíceis, com minorias dominando leis, ordens, comportamento, e parece que quanto mais gritamos, mais a situação fica alarmante. O silêncio predomina perigosamente até que os gritos estourem.

As informações falsas circulam livres e as verdadeiras são controladas. O nível de compreensão e leitura está evidentemente em declínio e a argumentação pobre. Com um radicalismo como há muito não se via, ampliado pelas redes sociais, chegamos a mais um fim de ano lamentável e lamentando um dia a dia de violência, mortes, desavenças.

Parecem mundos que não se conversam.

#ADEHOJE – – ATENÇÃO, BRASIL!

#ADEHOJE – – ATENÇÃO, BRASIL!

 

SÓ UM MINUTO – Enquanto ficamos distraídos com a novela Neymar no paraíso das camisinhas, o mundo corre sob nossos pés. E o Brasil continua com a marcha-a-ré engatada, continuamente. Essa semana assistimos o anúncio de decisões mortais e inexplicáveis no Código de Trânsito. Ao vaivém das informações – agora Bolsonaro diz que desistiu do decreto para fazer sua Cancun em Angra dos Reis. Do decreto, mas não da ideia. Na Argentina, onde foi meter o bedelho na eleição alheia, começaram a falar numa tal meda Mercosul, peso-real. Como se fosse hora, na balbúrdia que ambos os países estão metidos. Os milicianos cariocas, veja só, estão conseguindo escapulir. Repara.

Não sei onde viram só 0,13% de inflação. Acho que quem calcula não faz compras nem em feiras nem em mercados. Só pode. Ou medem em coisas que não são as que compramos. As que não usamos.

Coisa boa vai ser torcer para o Brasil a Copa do Mundo de futebol feminino, que finalmente ganhou luz. Ah, teve até meteoro dando show nos céus do Rio Grande do Sul.

Neste sábado, comemoro meu dia. Obrigada desde já a todos pelo carinho.

ARTIGO – A revolta da bílis verde e amarela.Por Marli Gonçalves

Crculovicioso.gif~c200Incrível como podemos ouvir até o barulho de tudo indo abaixo (só não posso dizer pela água) em velocidade que  não é surpreendente porque nada mais surpreende a gente nesse país. Se bem que é melhor também não falar muito porque parece que a capacidade de piorar é mesmo infinita

Sei que a Petrobras veio à sua cabeça, mas já tem tanta gente falando dela, dando um pau, destroçando as últimas decisões completamente desacorçoadas, que não preciso ser mais uma. Impressionante. E a orelha da presidente, se é verdade que a orelha esquerda coça quando a gente fala mal, já deve estar lá caindo os pedaços – na direita, a que coça quando se fala bem, dá para ela manter o brinquinho de pérolas.

Quero puxar seus olhos para que veja mais coisas que estão atrás da porta, despencando, falindo ou uma palavra mais certa, se deteriorando quase na velocidade da luz.

Ops!

Luz, não, que está periclitante a questão da energia, com perigo de apagões e apaguinhos. Pronto.

Tá bom: cito primeiro a ética, que deve andar sequestrada por aí, a vergonha na cara, o uso de máscaras, mas de outro tipo. O “barata voa” das decisões e principalmente das indecisões. Não há mais lustra-móveis de peroba que dê jeito nas caras de pau. Pensar o Brasil em termos de flechinhas verdes para cima, quando algo melhora, e flechinhas vermelhas (sem ironia, apenas coincidência de cor) para baixo quando vai mal, vai nos dar saudades do verde, outro item que, além da bandeira, anda massacrado, desmatado, queimado, derrubado.

Mentiras, por exemplo, são ditas na nossa lata. Descartáveis, como tudo, e o que deve ser a moda desse futuro próximo. Continuamos sem saber porque tudo que a gente pega na mão no supermercado subiu de preço – alguns até mais de 50% – e a maioria não tem qualquer álibi para tal. Não tem lógica. Sobe aos pulinhos. E o nosso coração sofre, partido, por não poder levar aquela coisinha para casa, para nossa família. Me sinto uma verdadeira atriz do Massacre da Serra Elétrica, que corta sem dó os itens da lista de compra, mais magrinha do que governantes em regime Ravenna, que também já está me dando no saco de tanto ouvir falar.

Um amigo viajante outro dia me pareceu esgotado e eu perguntei por quê. A resposta foi precisa: está tudo ruim, aeroportos, estradas, hotéis, comunicação. Tudo fica mais difícil, demorado, arrastado. Já não somos tão jovens para calar sentados em um rolemã ladeira abaixo. E olha que não estou me referindo a qualquer saudosismo, digo isso sobre coisas que ao invés de serem criadas, como o foram, e ficarem melhores, estão piorando a cada dia. Tudo isso “sobe para a cabeça” dessa sociedade perplexa e influi diretamente nos relacionamentos pessoais.circulo vicioso

Serviços públicos e seus servidores cada vez menos eficientes. Não temos água para jogar pedras e fazermos círculos concêntricos, mas nossas vidas estão em terrível círculo vicioso. A violência nos tira das ruas; e as ruas ficam ainda mais perigosas. Redes sociais deviam servir para unir – mas todo dia sabemos que houve um assassinato por conta delas, e a violência contra as mulheres parece não chocar mais, e agora já são os adolescentes que destroçam namoradas – gente que não vai ter nem o prazer de amadurecer para entender o que é o verdadeiro amor.

Precisamos de conscientização -há anos batemos nessa tecla – e de uso racional dos bens naturais. Há uma paranoia no ar e para onde olho vejo gente carregando água, num desespero atroz causado pela falta de informação confiável – já que não se confia mesmo em mais nenhuma informação da fonte que devia ser confiável e não é, muito menos para beber. Círculo vicioso e viciado, que não vai ter quem acabe com essa dependência, nem passo após passo.

awesome_rings_water_amazing_gifsQuando mais precisamos de higiene, proíbem crianças de lavar as mãos e escovar os dentes. Os reservatórios de águas paradas e malparadas viram criadouro dos pernilongos da dengue e chikungunya, ainda mais virulenta. Baratas e ratos daqui a pouco ganharão pista própria na cidade, pintada de alguma cor diferente, para pararem de atropelar nossos pés. Já que por aqui, em São Paulo, o prefeito continua com a brocha na mão, pintando, ou numa variação, com o spray, grafitando até patrimônios culturais tombados, como se a cidade tivesse feito um clamor por isso e não houvesse nada mais que ele precisasse fazer, além, claro, de arrumar o cabelinho na testa e ficar vendo a oposição criar barba e barbicha.

Tudo danificado, estragado, agravado, alterado, adulterado, decompondo, degenerando, deteriorando, modificado, falsificado, perturbado, apodrecido. Cada vez mais caro, descontrolado. Como eu gostaria de poder dizer tudo ao contrário, mas dia após dia só parece mais difícil.

whack_a_mole_revenge_by_mrdoctorunk-d62csw0Não me admira que se respire revolta. Temo apenas a hora que o povo enjoar de vez e começar a vomitar a bílis. Ela será verde e amarela.

“Feliz desaniversário”! – diria o coelho maluco de Alice. “Elementar, meu caro Watson”, diria Sherlock Holmes.

São Paulo, cidade perplexa, 2015

Marli Gonçalves é jornalista — Percebeu que sumiram os videntes? Das duas uma, ou já se picaram, ou viram as evidências do futuro próximo e estão com medo de nos contar o que estão sabendo.

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ARTIGO – No tapetão, não! Por Marli Gonçalves

3eme_age001Tapetão? Isso já é um carpetão. Cheio de pregas e tachas. Me pergunto só, todo dia, como é que gente de bem pode ainda estar e ficar calada, apática, impassível diante do que vem ocorrendo descaradamente nesta campanha, mais especificamente no último mês? Como é que podemos aturar que, para manter o fervor do apego ao poder e aos cargos, eles agora cheguem ao pé do ouvido das pessoas mais necessitadas, de quem tanto falam, bradam que protegem, que são pai e mãe, que são isso e aquilo, e vão lá para mentir para eles, incutir o medo e o terror?797798111_1925948

Falta de capacidade política para vencer com honra? Preferência de perder com desonra? Apelação. Essa eleição está mesmo cheia de ãos. Tapetão, sopetão, mensalão, petrolão, delação, corrupção, dinheirão. Se parar para pensar virão muitos outros ãos. Extorsão, por exemplo, caminhando juntinho com a trairagem.

Sem mentira, pensei que talvez houvesse ainda sobrado alguma compostura quando se tornou visível uma variação de pensamentos dentro do PT. Ou que o passado político de muitos deles, com muitos dos quais estivemos juntos em muitos fronts, lhe desse alguma vergonha na cara, ou ao menos discernimento.

Não. Inventaram um país. Tão maravilhoso, tão legal, tão com tudo certo que nem o mais criativo dos compositores poderia descrever esse paraíso tropical que nos é apresentado diariamente na campanha eleitoral; nem Jorge Ben nos melhores tempos. Será que estão bebendo muito alguma coisa diferente, tipo o que deram para a Alice no País das Maravilhas? Porque eles crescem para apavorar, e ficam pequenininhos para entrar sorrateiros em tudo quanto é cantinho, igual a ervinhas daninhas. Vivem mesmo num mundo de fantasia.

Mas nós não. Sabemos ler, procurar distintas fontes de informação, temos capacidade de reflexão. Estamos vendo o país parado, os negócios estancados, a inflação treinando o galope pocotópocotó. Parecemos mais samurais cortando tudo. Corta isso, corta aquilo, deixa disso, não paga lá, se estoura nos juros.

Enquanto isso, os caras faltam fazer amor gostosinho com os bancos durante anos, nunca banqueiros lucraram tanto, nunca entidades estatais distribuíram tantas benesses, se envolveram com tanta corrupção, e nunca, ainda, tantas benesses foram queimadas, inclusive com petróleo, por exemplo, no caso Eike Batista e seus xs. Já estou logo dando nomes aos bois porque há um exército dissimulado, vindo das profundezas desse paraíso artificial criado – para eles deve estar tudo bem – pronto para acusar quem não os ache lindos, xingando de nomes de várias aves, como tucanos e abutres. Eu sou só um passarinho fora da gaiola, chamado Saudade. Saudade de quando pensamos em um mundo melhor.sweep%20under%20rug

Mas também tem Alice no País dos Espelhos. Aí acredito seja onde reside a inspiração dos homens de marketing que capitaneiam o mal, distribuindo-o com a maior cara de pau e muito dinheiro. Buscam no espelho tudo de péssimo de seus próprios rostos para apontar o dedo em outras direções. Olham para a Marina e a acusam de ser ligada aos bancos quando, se você pensar bem, ela está é conseguindo salvar uma herdeira, a Neca Setubal, desse destino tão cruel de família. Nunca vi petistas serem tão agressivos, por exemplo, com os Moreira Salles e sua dinastia, o cineasta Walter, ou o cineasta João, esse último até autor de um filme sobre a campanha do Lula. Quando é com eles, tudo pode, tudo é certo. Tudo é democrático. Afinal, a cantilena é que tiraram não sei quantos milhões da miséria.

Adivinhe só. Estão destruindo um país da América Latina. Adivinhe qual. Ah, esse aí que você também pensou é uma resposta certa, sim. Porque para piorar ainda há a união do ruim com o pior e com o que há de mais atrasado, principalmente em relação ao comportamento, à modernidade, o que inclui, sinto muito, países até mais distantes, como a fechada China e a rancorosa Rússia.medalstereo

É agora a hora da união. Porque o tapetão vai fazer escorregar, tropeçar, e muita louça pode ser quebrada. Precisamos consolidar uma oposição, parar de nhenhenhem, mineirices para lá, Deus para cá. Se não surgirem estadistas agora, com interesses mais elevados que seus anseios ou seus umbigos, sei não…

Somos todos de um grupo só, lutamos contra 30 anos de uma violência brutal, formamos vários movimentos. Aconteceu que muitos se desgarraram de vez e, na gangorra política, estão aboletados no Planalto e em cima de postes plantados. Esses aí é que são o problema atual, nadando sim no petróleo.

Nós sabemos que o pré-sal é mesmo importante, mas ainda é um ovo em formação lá na galinha; que os programas sociais são fundamentais porque qualquer coisa é boa para quem precisa, como o ar para respirar, mas eles não podem paralisar, criar pessoas deitadas em redes esplêndidas.

imagesNós sabemos tudo isso. Precisamos retomar as mudanças de onde as paramos. Nada mais importa agora, a não ser a união, enquanto é tempo.

Senão, fechem as cortinas para não verem tanta sem-vergonhice e sacanagem com requintes de vingança que virá por aí. A nós restará só continuar a varrer a sujeira para debaixo do tapete. Do tapetão.

São Paulo, eleição Brasil, 2014

Marli Gonçalves é jornalista – Mas antes de tudo, cidadã. Leal a princípios, não a partidos.

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ARTIGO – Mãos ao alto, por Marli Gonçalves

noelIsso, aquilo e aquilo outro: tudo é um assalto! Não reaja. Ou reaja, mas temo que não vá adiantar muito. Somos assaltados, roubados, furtados e outros ados (e idos) todos os santos dias. Em vários locais, sentindo, percebendo ou não. Pior: oficialmente, por empresas credenciadas e pelo próprio governo. Afinal, impostos se pagam para quê?

Você aí faz compras? Come? Já deu um pulinho no supermercado, sei lá, este mês? Não é para já entrar com as duas mãos para o alto, até antes de passar no caixa? Se é que vamos passar pelos caixas, porque na toada que estamos indo, de alta de preços, de descontrole inexplicável, iremos ao supermercado ou à quitanda só para fotografar – não está na moda, fotografar-se e postar na internet? Vamos posar com o tomate. Abraçando o mamão. Beijando um pedaço de queijo. Sorrindo, ao lado de uma peça de carne. Fazendo de conta que estamos tomando um iogurte.

burglar_stealing_safe_md_clrAh, não, que loucura é essa minha? Como vamos fotografar se aquela conta ininteligível que as operadoras mandam está cada dia mais alta e indecodificável? Postar na internet? Teremos que sair por aí procurando algum rico com wi-fi, igual a caçadores de borboletas.

O despropósito é total. Não há mais referência, padrão de comparação, nem vergonha na cara. O contágio tem sido célere. Se cada um pede o que quer, e acha otário para pagar, vai aumentando o preço, uma bola de neve, que já envolve também o pagamento dos serviços. Sabe quanto um pintor está cobrando? Fora o preço da tinta! Uma latinha, quase cem reais. Se for cor especial, com nome bonitinho como “vermelho pitanga do agreste” ou “amarelo raios de sol do Oriente”, prepare-se: o galão vai te depenar.imageget.asp

Eletricistas, sapateiros, tintureiros, encanadores, todos, enlouquecidos. Dá até palpitação receber o orçamento. De algum lugar tem de sair dinheiro. Temo que também nisso possa ser encontrado o dedo mindinho do governo que se vangloria de ter alçado pobres para a classe média. Compraram carros em 72 vezes, não calculam juros, não têm informações suficientes para avaliar, estão no momento farra e impulsionando o país para um buraco que quem viveu bem lembra, o buracão da inflação. Galopante. Tudo criado dentro de um ambiente falso, com índices manipulados, e assovios de políticos populistas. Bolhas, bolhas e bolhas.

BanditMas comecei a falar sobre esse assunto porque tive um trauma pesado essa semana. No mês passado liguei na minha operadora de celular, a principal, aliás, porque são tão ruins os serviços que temos de ter pelo menos duas opções para nos salvar em emergências. A conta estava uma fortuna – cortei, passei uma linha para pré-pago, diminui os kabaites e emebaites. Dediquei três horas para isso, contando as ligações despencadas, os atendentes gerúndicos, a infernal musiquita de espera. Passado o mês fui feliz da vida abrir a conta e, surpresa, me cobravam o dobro, duas fortunas. Até chorei. De desconsolo. Revoltada, peguei mais uma hora para ligar, reclamar, brigar – Ô, stress! Enfim, consegui que admitissem o erro básico, claro, deles: eu não tinha um plano; esqueceram. Então, cada telefonema que dei no mês – ainda bem que só falo o necessário – foi cobrado. Já reparou quanto custa cada minutinho? Furto. (A diferença entre furto e assalto é que no furto não há o contato com a vítima, entende?).r_santafocus

Estou vendo amigos postando relatos parecidos, muito p da vida e, esperançosos, acreditando na interferência quase divina das agências reguladoras Anatel, Aneel, ANS, letras que nos faltam quando mais precisamos.

robberOs seguros-saúde que temos de manter porque no hay gobierno aumentam quanto querem. A conta de luz que prometeram que baixaria o preço… Sentados, esperamos. No escuro. E o gás? Já reparou que cobram até o que você não usa? Sim, como se fosse uma franquia. Some, vá somando. No dia do pagamento, suma.

E o que a gente não vê, mas está sendo roubado? Tipo gasolina no posto. Esse problema eu resolvi: tenho um posto de estimação, de confiança. Cada vez que não consigo chegar lá e uso outro fico impressionada como as bombas viram armas e assaltam, cobram e não entregam.

x_santa1A lista é grande. Tem a conta do restaurante, que quando a gente vai checar está quase sempre mais salgada do que o prato que se comeu. E os preços mais embutidos do que salsicha e linguiça? Você vai comprar uma coisa e mal sabe que está pagando por outra que não tem nada a ver, e que foi colocada indelicadamente nos custos gerais.

Mãos ao alto! Isso é um assalto!

Mas esses meliantes que estou denunciando raramente são presos, e não sou eu quem vai pedir que voltem – para quem lembra – os “fiscais do Sarney”. Éramos nós!

São Paulo, preços na hora da morte, e 2013 não acabou

Marli Gonçalves é jornalista – Encontrei uma expressão popular bem louca para definir nosso orçamento: anda mais justo que boca de bode. Cada vez vamos ficar mais por fora que umbigo de vedete.

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ARTIGO – Tô cansada. Por Marli Gonçalves

792640_5WFIKZK42PWQA5TSZLUVEFITBZ7KPZ_fatiguee_H210633_LVerdade que em português a expressão não tem o charme e o elã da mesma coisa dita em francês – “Je suis Fatigué”- que sempre se escuta, especialmente nas ruas de Paris. Um enfado. Quando vivi lá um tempinho fiquei muito impressionada como pode ser aplicada a tantas coisas. Então, veja só, virou o Manifesto do Tô Cansada

FADIGA

Tô cansada. Física e emocionalmente falando. Mas sabe que me sinto assim justamente por estar cansada, muito cansada, mais ainda de suportar coisas, fatos, versões e etcs externos? E você vai concordar comigo, seja de direita, esquerda ou sei lá; seja branco, preto, amarelo, vermelho. Tédio e cansaço andam juntos.

Tô cansada da pobreza em que anda a política nacional, que consegue até fazer de gente inteligente uns verdadeiros imbecis na defesa do escancarado indefensável, e usando argumentos que ora, ora, ora, faça-me o favor! Tô cansada desse clima de beligerância, de torcida de futebol, de xingação que não leva a nada. Uns querendo que os caras morram; outros querendo que eles sejam incensados, santos, virem mártires. Apontando o dedinho: alguém aí já foi ou tem ideia do que é a vida numa prisão? Já não basta? Não querem também que eles durmam em cama de faquires, cheias de prego?fatiguer

3481db0aTô cansada, e muito, por outro lado, de acharem que somos um tipo de idiotas que têm de aguentar ouvir dizer que os caras são coitadinhos. Que conseguem empregos de 20 mil em hotel porque “empregos regeneram detentos”, como o dono do tal hotel ousou declarar (aliás, já pensou essa informação correndo na Detenção, a fila que se formará?). Enfim, tô cansada dessa política rastaquera que junta trem com fiscal, junta Brasil com Suíça e Alemanha, uma briga para saber quem é ou foi mais corrupto, quando, desde quando, em quais governos. Fora as indiretas: pegaram carregamento de cocaína em helicóptero de deputado mineiro, e a tocha acende no couro do Aécio. Quer acusar, acusa logo formalmente. Achar que ele cheira, cheirou ou cheirará é apenas chato, e também não vai ajudar ninguém a permanecer no poder fazendo campanha suja. Lula bebeu, mas não sei se bebe ainda ou se beberá, tá? Mas é que fotos dele para lá de Bagdá circulam desde os imemoriais tempos do sindicato. E não o impediram de chegar duas vezes à Presidência da República.

pleurer_filletteTô cansada de sentir medo. E de ouvir sobre o medo dos outros, que paralisa os mercados. De andar olhando para tudo quanto é lado, suspeitando de todos. Cansada de viver nessa tensão de cidade. Cansada de invariavelmente abrir o jornal, site, portal, ligar o rádio ou tevê e em poucos minutos saber de mais um sem número de mulheres mortas em violência doméstica, criancinhas sendo usadas como trapinhos, inclusive sexuais. Tô cansada do trânsito. Da perda de tempo. Da violência nas ruas, com gente se matando e brigando por causa de latarias, buzinas. Tô cansada de ouvir os números de recordes de trânsito e de ver as faixas pintadas que inventaram, e que me lembram a história de como hipnotizar uma galinha. Risca o chão e põe o bico dela na faixa.

Tô cansada das deselegâncias. Da falta de educação e de um mínimo de civilidade. Da falta de reconhecimento. Das sacanagens vindas de todos os lados tentando botar a mão no seu bolso para arrancar algum. Tô cansada da indústria de multas. Da leniência da Justiça. Dos juízes que não leem os processos que julgam, e que decidem – claro, quando querem, num tempo considerável que se deram – com uma canetada a vida de quem tenta se defender de abusos.parler_beaucoup

Tô cansada dessa absurda e silenciosa alta de preços que todos nós sentimos e que eles negam porque negam quando reclamamos de nossas sacolas vazias, do que cortamos do orçamento, com mãos de tesoura.

Tô cansada da falta de amizade, e da incompreensão das coisas mais básicas. Tô cansada de ver a miséria e a pobreza real, nas ruas, que desaparece nas propagandas oficiais com figurantes risonhos. Aliás, tô cansada das propagandas oficiais de um tudo que apenas disfarça campanhas ilegais, mais do que antecipadas, com uns cara de pau andando em campos verdes dizendo que vão melhorar coisas que já deviam ter melhorado faz muito tempo, já que estão no poder e me lembram o Cazuza – “meus inimigos estão no poder…”sprizgja

Tô cansada de ver ainda existirem tantas tentativas de censura, e de algumas conseguirem sucesso. De ver triunfar nulidades. De ver o Brasil sempre pensando no futuro, que nunca chega.

“Mas o pior é o súbito cansaço de tudo. Parece uma fartura, parece que já se teve tudo e que não se quer mais nada” (Clarice Lispector)

Bugs-Bunny-est-fatigueSão Paulo, fim do maldito ano de 2013

Marli Gonçalves é jornalista – Na verdade, verdadeira, “je suis três fatigue”. Mais: “tô de sacô cheiô”.

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Informações sobre o dia 11, cheio de dúvidas. Estas são da Força Sindical, uma das “animadoras” do dia.

men34work3A ASSESSORIA DE IMPRENSA DA FORÇA SINDICAL ENVIA:

Dia Nacional de luta pela Pauta Trabalhista e contra a inflação terá atos em centenas de cidades

A Força Sindical divulgou uma agenda do Dia Nacional de Lutas com Greves e Manifestações. O ato da Força Sindical, juntamente com as demais centrais sindicais e movimento sociais, deverá acontecer em todos os Estados e em centenas de cidades do País.

Categorias como metalúrgicos, químicos, construção civil, construção pesada, costureiras, transporte, alimentação, borracheiros, telefônicos, servidores públicos, gráficos, comerciários, entre outros irão cruzar os braços no dia 11.

As manifestações visam chamar a atenção da sociedade sobre a Pauta Trabalhista, que inclui o fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, reajuste para os aposentados, mudanças na equipe econômica e mais investimentos para a saúde e educação.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, ressalta que o dia também será de luta por mudanças na equipe econômica e contra a inflação. “Há um desconforto entre as famílias dos trabalhadores, que estão sentindo que a corrosão dos salários pela inflação ganha cada vez mais força. E, como sabemos, a inflação corrói o poder de compra e penaliza as pessoas de menor renda. É importante mostrar o descontentamento dos trabalhadores com a equivocada equipe econômica que está permitindo a volta da inflação”, disse o sindicalista.

“Vamos também cobrar redução dos juros e mudanças na equipe econômica”, alerta Paulinho da Força. Assim como os portuários, trabalhadores de diversas obras do PAC também irão cruzar os braços na quinta-feira.

Veja o que já está programado em cada Estado e no Distrito Federal

São Paulo

Capital: Em São Paulo haverá uma grande ato às 12 horas na avenida Paulista, com concentração no Masp. Na parte da manhã, os trabalhadores irão fechar a Marginal Tietê, Avenida do Estado, a Jacu-pêssego e a Radial Leste, e as rodovias Anchieta, Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco, Raposo Tavares, Fernão Dias, Dutra e Mogi-Bertioga.

Grande São Paulo: Atos em Guarulhos, Osasco, Santo André e São Caetano.

Interior: Manifestações e greves em cidades como Barretos, Marília, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca, Santos, Sorocaba, São José dos Campos, Lorena, Araçatuba. O Porto de Santos não irá funcionar. Outras cidades também terão atos.

worker11Distrito Federal

Brasília: Concentração a partir das 9 horas na Catedral de Brasília em seguida haverá uma passeata até o Congresso Nacional.

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro: Concentração na Cinelândia, centro, a partir das 15h. Já confirmaram presença: metroviários, bancários, estivadores, químicos, metalúrgicos e professores.

Volta Redonda e Resende: a rodovia Presidente Dutra deve ser interditada na parte da manhã.

Minas Gerais

Belo Horizonte: A partir das 8 horas haverá uma concentração na Praça 7, centro da cidade.

Ipatinga: Trabalhadores irão fechar a BR 381 a partir das 6 horas

Espírito Santo

Vitória: Concentração às 7 horas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em seguida acontece uma passeata.

Rio Grande do Sul

Porto Alegre: Serão quatro caminhadas que devem partir de diferentes pontos de concentração em Porto Alegre, a partir das 8 hora na Avenida Farrapos, Terminal Cairú,  Terminal Princesa Isabel , Avenida João Pessoa,  Rodoviária Municipal e  Viaduto Obirici.  Juntamente de demais categorias de trabalhadores, os rodoviários da Capital e da Região Metropolitana vão aderir à manifestação por mais direitos e por melhorias no serviço de transporte público. Portanto, no dia 11 de julho não haverá ônibus em circulação. Haverá concentração de trabalhadores em frente à prefeitura às 16h.

Santa Catarina


Florianópolis: Concentração às 13:00 horas na Praça Tancredo Neves, seguindo em passeata pelo centro da Cidade.

Criciúma: Concentração às 12:30 horas no trevo da Br 101 em Criciúma, seguinte em passeata rumo a ponte de Laguna.

Itajaí: Concentração às 13 horas no Posto Santa Rosa (BR 101) trevo do Bairro Cordeiros. Paralisação da BR 101 por volta das 15:00 horas (1 hora de paralisação).

Chapecó: Concentração em 4 pontos a partir das 13horas (1º Av. Atilio Fontana, em frente a Sadia – 2º Rótulo do acesso a BR 282 com o acesso a Leopoldo Sander – 3º frente ao Hospital Regional do Oeste e 4º Bairro Palmital), todos seguindo em passeata para a Praça Coronel Bertaso onde ocorre um grande ato com início previsto para às 17 horas.

Paraná


Curitiba: A partir das 8 horas a BR 277 e a BR 376, na região de Curitiba, terão manifestações. No período da tarde, às 16 horas, haverá concentração na Praça Rui Barbosa, no centro da capital.

Bahia

Salvador terá paralisação e concentração no Campo Grande, no centro da cidade, às 11 horas. Trabalhadores pretendem entregar pauta trabalhista para o prefeito e ao governador.

Interior: manifestações em Alagoinhas, Brumado, Caetité, Jequié, Ilhéus, Camaçari, Nazaré, São Roque e Itabuna.

Pernambuco


Recife: Haverá paralisação das obras do PAC na região. Cerca de 55 mil trabalhadores na região de Suape e Ipojuca que irão cruzar os braços e vão parar a BR 40.

Ceará

Fortaleza: Diversas categorias se concentrarão às 9 horas na Praça do Ferreira e seguem em passeata pelas ruas da cidade. Categorias confirmadas: construção civil, construção pesada, polícia civil e polícia federal.

Rio Grande do Norte

Natal:  Concentração de trabalhadores da construção civil na Beira Mar e depois fecharão a ponte Newton Navarro (Ponte de Todos).

Sergipe

Aracaju: Ato às 14 horas na Praça Tobias Barreto.

Alagoas

Maceió: Concentração na Praça Centenário às 14 horas. Depois os trabalhadores  percorrão as ruas de Maceió, passando pela Praça dos Martírios (Palácio Museu Governo de Alagoas), Praça Deodoro (Tribunal de Justiça de Alagoas), Praça D. Pedro II (Assembleia Legislativa de Alagoas) e finalizando na Praça Centenário.

Amazonas
 

Manaus: Trabalhadores vão parar, a partir das 7 horas, o parque industrial e seguem em passeata pela capital do Estado.

Goiás

Catalão e Anapólis:  A partir das 7 horas haverá concentração em rodovias da regiões. Metalúrgicos,  trabalhadores em minérios, costureiras, em transporte, construção civil e comércio irá parar a rodovia BR 050.

Mato Grosso do Sul

Campo Grande: Ato às 9 horas na Praça do Rádio, depois passeata pelas ruas da cidade

Mato Grosso

Cuiabá: Concentração às 16 horas na Praça 8 de abril, em seguida fazem caminhada até a Praça Além Castro, onde fica a sede da Prefeitura.

Pará

Belém: concentração a partir das 8 horas em frente da Prefeitura de Belém, cidade velha. Após, ato entrega de pauta ao prefeito. Haverá também passeata até o Centro Integrado do Governo, onde também haverá entrega de pauta.

ARTIGO – BUM! MEDO, por Marli Gonçalves

boom-bam-powA gente já anda ressabiada com tanta coisa, e agora essa. Explosões, estouros e petardos. Qualquer traque, estrondo ou barulho mais forte a vontade que dá já é a de sair correndo, ou se encolher, coisa que, aliás, estamos fazendo a cada dia mais: nos encolhendo à nossa insignificância. E tem tanta coisa que explode sem nem fazer barulho…370_4c5a176c3033e

Caramba, que cena de guerra foi pouco para descrever o estrago da linha de chegada da maratona de Boston. Bastaram dois irmãos alucinados de boné na cabeça e cara comum, duas mochilas, duas panelas de pressão, pregos e alguns detalhes para parar a respiração do mundo inteiro. Uma faísca, em outro lugar, quase implode uma cidade. É o horror, o terror, que nos descobre a bunda, por mais que tentemos nos esconder. Mas não há o que fazer, a não ser viver.

Ando cismando muito, buscando entender nossos novos tempos, mas parece impossível porque não há mais qualquer lógica. Se ocupássemos as ruas, usando-as, e não mais nos fechando em shoppings e condomínios, se fizéssemos sempre movimento, dia e noite, nos encontraríamos mais, estaríamos mais fortes?

12_boomMas os bueiros explodem no nosso caminho; os botijões de gás mandam aos ares portas, portões e janelas. E motos e carros com escapamento aberto nos torturam com explosões de estourar tímpanos, arregalar os olhos, disparar o coração. Qual é a graça que há em atormentar as pessoas assim?

Fossem só as grandes explosões nossos tormentos! Fossem só onomatopéias – Boom!Bum! Buum! Cabrum! – e fossem só as explosões ouvidas as que nos afligem. Não, até nosso humor explode com o noticiário e inação das autoridades. Nosso saco estoura de tanto guardar e aguardar as promessas que teimamos em acreditar que serão levadas, no mínimo, a sério.

O mundo anda cheio de estampidos, explosões, estouros e arrebentações nos tornando medrosos e nervosos, muito nervosos, tensos até a medula. São jovens ainda com espinhas espoucando no rosto alguns dos nossos algozes, muitos nascidos da falta de cuidados pura e simplesmente ou do estouro de camisinhas, e que reproduzem comportamentos – já não se emocionam mais.

Explodem, muitas vezes até sem deixar rastros, pedra sobre pedra, amores, amizades, famílias. Muitas vezes porque verdadeiras bombas chegam para infernizar, e informações podem ser sim explosivas, mesmo que não necessariamente jornalísticas. Bomba!Bomba!Bomba! – anunciamos ironicamente antes de fazermos grandes revelações.hDB17D416

Estoura a bolsa da mulher que corre para a maternidade rezando por ser atendida. E que continuarão rezando para que seus filhos completem suas vidas ano após ano, e que ela possa comemorar esses aniversários entre muitos balões coloridos, aqueles poucos que estouram e ainda nos fazem rir.

Estoura a Bolsa de Valores quando pressente algum movimento dos grandes batedores de carteira, dos investidores que negociam com a nossa sorte.

Estoura nossa paciência, a conta no banco, explodem as rugas e estrias em nossos corpos. Agora, temos que correr, e muito, porque lá vem outro estouro por aí, e que pode implodir muitos sonhos: a inflação.

Ficamos sentados como bolhas, não sobre um, mas sobre vários barris de pólvora.

São Paulo, pavios curtos, 2013

Marli Gonçalves é jornalista– Conseguiu estourar a tela do celular na correria do dia a dia, e o tendão do pé nos buracos da vida.

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Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

ARTIGO – Apelando aos santos, a todos eles, um a um

                                                                                                                                                                                 MARLI GONÇALVES 

De novo! Junte as mãozinhas, concentre-se. Pense firme e forte. Será preciso reza brava. Senão, faz melhor: distraia-se recortando bandeirinhas coloridas de papel. Pular fogueiras já pulamos todos os dias, bem miudinho, com a inflação nos mordendo os calcanhares.

Tem quadrilha, tem sim senhor. Tem cobra? Tem sim, senhor. Olha a chuva! E o frio, o vento, o vulcão, a ressaca, o ciclone, os bate-cabeça do Governo. Esse arraial anda complicado demais da conta, compadre, comadre! Nem digo mais para acender velas, porque o preço delas já está pela hora da morte. Aliás, o preço de tudo, e tentam nos convencer de que estão sob controle. Controle de quem, jacaré? Dá um pulinho no mercado. Não precisa pegar o carrinho, dá para carregar na mão, passar no caixa-rápido de dez volumes; e também nem precisa de lista de compras, porque vai acabar é gastando a caneta riscando os ítens. Não porque já pegou. Mas porque vai tirá-los da sua vida. Perder a vontade. Esquecer.

Daqui a pouco até as maçãs ficarão inflacionadas. Nos locais onde elas são vendidas enroladas no papel, terão preferência, por duplo uso, higiênico, compreende? Queijos? Duas fatias. Por semana, divididas em quatro. Leite? Só em pó – uma lata igual a cinco, seis litros, feitos com água direto da fonte torneira. Café, o solúvel. Pão? Biscoitos? Engordam. Carne? Ah, agora você está entendendo porque é cada vez maior o número de vegetarianos. Limpeza? Ensaboa, mulata, ensaboa. Fuja dos congelados, gelados, frios, que eles ficam ali paradinhos, mas o preço é cada vez mais quente.

Sou jornalista, amo a profissão, mas às vezes acho que a gente faz uns desserviços e tanto publicando umas informações vindas única e exclusivamente das previsões e de interesse de mercado, absolutamente fora da realidade terráquea. O exemplo da bolha imobiliária que vai estourar a qualquer momento é visível. Placas e placas de aluga-se, vende-se, lojas fechando mais que abrindo – são anos-luz para se conseguir concretizar qualquer negócio. E treinamento de boxe para lutar para receber. De ioga, para aprender a esperar. De atletismo, para pular os obstáculos. O tal mercado regozija-se, trombeteando sempre uma alta irreal, pinicando nossas calcinhas, apertando as cuecas. Os proprietários, por sua vez, acreditam no que lêem e ouvem de uns tais “especialistas” sem turbante, e esfregam as mãos. E caem na rede. No fim todo mundo sai perdendo, porque a realidade não é um gráfico. É sempre mais embaixo.

Moro de aluguel. Falo, entre outras, porque agora mesmo estou às voltas com uma proposta irreal de reajuste onde moro. Estão falando em quase 100%, o dobro. Buscar onde, se ralo 24 / 7 e não sobra?Atropelaram os índices e os mandaram para a UTI. Não, nada mudou; ao contrário, é um apartamento antigo, sem reformas, sem melhorias, e que eu amo profundamente mesmo assim. Mas amor não paga o aluguel, e se o proprietário é investidor e tem tudo pode não perceber que é muito melhor um passarinho na mão – no caso, eu, piupiu, que pago direitinho tudo, cuido do bem, já estou lá – do que muitos outros voando, urubus, com seus corretores ávidos, numa concorrência absolutamente desleal. Imóvel vazio é prejuízo certo, e as contas continuam. Pedir, claro, pedem o que quiserem. Conseguir quem pode são outros quinhentos sejam eles em reais, dólares ou euros. Repara que parece que no tal mercado estão vendendo ou alugando pedaços do céu, da Lua, pontas de estrelas, tudo com vista para o mar. O bolo já está desandando no forno, não demora a esbugalhar.

Não sei falar de economia em economês. Mas sei que grana a gente conta por mês/mês. Não entendo de índices, de spreads, taxas, over. Mas como estou viva e com muitas coisas para arcar, vejo – e sinto – que cada vez mais economizamos, cortamos, trocamos, e as safadas que entram por debaixo da porta só fazem aumentar, com seus cruéis códigos de barra. Não vou para lá e para cá e os amigos do posto já sorriem quando perguntam: – Cinquentinha? Cada vez o ponteiro sobe menos.

Gosto de ler, mas quando passo nas livrarias só lambo os beiços. Só. Cada vez mais me interesso por bazares, liquidações, queimas de estoque que, ao menos, como a crise está brabeira, têm sido constantes – não esperam mais nem o fim das estações. Nada de luxos, restaurantes, presentes, supérfluos. Corta! Vermelho!

Viramos ilhas, com dívidas para todos os lados. Poupança rende porcaria. Não é o mesmo percentual do empréstimo, e devia ser ao menos próximo. Bancos ainda querem que você morra com o dinheiro pintado que não foi roubado; apenas explodido. Até os ladrões já estão mais especialistas em tinturaria do que em lavanderia – essa, uma coisa só para quem pode e sabe o caminho dos descaminhos.

Não precisa atravessar o rio para encontrar as piranhas: elas se metamorfosearam em impostos no que comemos, bebemos, fazemos.

Santo Antônio, São João, São Pedro, São Paulo. Santa Clara, clareou! Nossa Senhora já está com a capinha gasta. Reza, reza, reza. Não importa a religião, se é reza, oração, meditação, macumba. A inflação imola, atrapalha, detém o desenvolvimento. Não tem justiça social que aguente o tranco, nem é questão de classe social, beabá. Tal qual tsunami, vem em ondas provocadas justamente por uma especulação desenfreada que soltam das jaulas, feras incontroláveis que já vimos aumentando nossos zeros no passado.

São balões que sobem e bombinhas que estouram nossos alicerces, fogos que explodirão ferindo a todos, em violenta cadeia, que nos deixará a todos com roupas em retalhos. Não adianta continuarem assobiando, fazendo que não estão vendo, afirmando que não existem. A pressão é igual pipoca na panela. Quentão, vocês sabem bem onde; fubá.

Nós é que não podemos mais ser as pamonhas.

São Paulo, junino, serviços que não funcionam, nem de cabeça para baixo, nem com multas que só são cobradas, mas parece que nunca são pagas, em 2011.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. E já está perdendo a classe, média. Chamando urubu de meu louro. Trocando o alho pelo bugalho. Sai bem mais barato. O que ocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha?

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