ARTIGO – Golpes. Eles estão entre nós. Por Marli Gonçalves

Golpes. Golpe. Nunca ouvimos tanto essas palavras malditas. Nunca estiveram tão presentes e em suas mais variadas formas, de algum jeito sempre tenebroso. Perigoso. Eles nos cercam, ameaçam, nos põem em prontidão constante. Sempre tem algum que vaza, nem que seja um golpe de ar que resfria.

golpes

Tudo quanto é tipo de golpe. Todo dia alguém cria mais um, inclusive, sempre terrível, sempre com atos para ameaçar alguém, insidiosos como serpentes prestes a dar o bote. Pior, são criativos, e infinitos em seus estragos. Em geral, feitos, pensados maquiavelicamente para roubar, iludindo. Roubar até a nossa própria liberdade como vem sendo ameaçado todos os santos dias por esse desgoverno que parece pretender, sim, o golpe máximo, que nem mais é militar, mas sim acabar de vez com o país já tão maltratado, doente, miserável, ignorante.

Dificilmente os golpes são bonzinhos, ingênuos, mas sempre são tentados primeiro de forma a parecerem a salvação de alguma “pátria”, alguma questão. Assim, se realizam, enganam, penetram, inclusive entre os mal intencionados que adorariam ganhar algum de forma mais fácil, sem trabalho, e que se tornam, justamente por isso, presas fáceis. Esses, em geral, são enganados por estelionatários oferecendo vantagens que parecem baratas aos olhos de inocentes ou mal informados; ou, mesmo de tantos que parecem, como disse, sempre desejarem ser os espertos. O final da história é sempre ruim, seja para um lado ou outro.

Sempre alguém sai machucado. Na política, por um golpe de direita ou de esquerda desferido certeiro contra a democracia – esse o Golpe de Estado, que já conhecemos bem, infelizmente, mas parece que o aprendizado está passando, mesmo depois de recentes 21 anos de amargor e horror. Eles querem ser os que dão o golpe de misericórdia. Acham sempre que o deles será o de Mestre.

No amor, tem o tal Golpe do Baú, por exemplo, coisa antiga, que tanto apavora os ricos até que sejam enredados. Tem o Golpe da Barriga, outro, bem démodé, que tantas crianças infelizes põem no mundo, nascidas apenas para render, e que é constante sabermos de mais um, mesmo que a princípio se mostre cheio de encantos românticos e legais. O amor, aliás, origina uma série de formas de engano que levam a dar – e tomar – muitos golpes. Que machucam muito.

Os idosos, em geral, são as maiores vítimas de tudo quanto é tipo de golpe, às vezes até vindos de suas próprias famílias ou de quem eles ousaram confiar.  O golpe do bilhete premiado é um dos mais comuns. Bobo, até, mas ainda acontecem. Para catar a sofrida aposentadoria, os golpistas têm se esmerado em criatividade. Uma maldade sem igual.

Não está fácil para ninguém se livrar deles, dos golpes, porque estão vindo de todos os lados e formas; nos e-mails, nas redes sociais, no tal zap, com hackers malditos que invadem tudo. Nos roubam e se divertem. Não pode haver distração para não cair nesse buraco. No telefonema que avisa sobre o “sequestro” de alguém; nas instituições fantasmas que pedem doações, nos boletos falsos, nas compras que não chegam. No motoboy que vai buscar o cartão “clonado”! Até os que entregam a comida agora tentam passar valores extras no cartão. Na compra e venda de carros que nem existem. No emprego que, para conseguir, tem de pagar antes alguma “taxa”. No imóvel lindo da praia, das sonhadas férias, que, alugado, era apenas um terreno baldio iludido por uma foto tirada da internet.

Os golpes financeiros estão atingindo sofisticação máxima. É Pix e pow, golpe! Bitcoins, rentáveis, pirâmides que sempre acabam demolidas com vítimas nos escombros e na miséria. Notas falsas; outro dia apareceu uma de 420 reais! (que bicho teria na estampa? – a hiena, certamente, porque os golpistas dão muita risada na cara dos que enganam).

O nosso maior problema é estarmos totalmente nas mãos dos bandidos de todas as classes sociais (e partidos, e ideologias, e tudo o mais). Sem defesa. A polícia diz que vai investigar. Os bancos ficam mudos, e mudos continuam. As agências reguladoras e órgãos oficiais não mexem o traseiro para evitar o vazamento de dados – esses, vendidos nas esquinas do comércio popular. Os meus, os seus, os nossos. Os deles, em geral, são bem guardados.

Tomamos golpes de todos os lados. Até de falta de ar ao encontrar os preços subindo em escalada, com o momento aproveitado por oportunistas, só aumentando a fome, a miséria, o subdesenvolvimento. São golpistas esses que adoram essa confusão que está o país, insuflam os conflitos que jogam fumaça nos olhos. Esses que querem arregimentar “patriotas” para o caos com seus estúpidos argumentos e mentiras.

Insolentes, aproveitadores, os que deviam nos proteger, ameaçam com golpes e agora até na bovina versão de “contragolpe”, seja lá o que queiram dizer com isso.

Urgente, que tenhamos, sim, um golpe, mas de sorte, e que nos livre de todos esses males.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – O ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

#ADEHOJE – ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

 

SÓ UM MINUTO – Repitam comigo para ver se acabam ouvindo: O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO.

Na verdade, que preguiça que dá até criticar as falas desse homem que nos desgoverna, vai saber até quando e onde vai chegar com esses abusos, absurdos. Que história é essa de que vai indicar um ministro para o STF terrivelmente evangélico? Que declaração é essa? ”O Estado é laico, mas nós somos cristãos”. Quem ele pensa que é? Haverá reação? Espero que sim, inclusive do próprio STF. Porque isso é um tabefe cara de todos os brasileiros, de todas as religiões, de todos os credos

Reforma da Previdência sendo votada como uma novela. Posso estar enganada, mas algo me diz que esse resultado não vai ser legal. Bem, para mim, pessoalmente, que estou precisando me aposentar, já não é legal. Tudo parado no INSS.

Morre Paulo Henrique Amorim, que lembro como um jornalista que tinha bom humor. Todas as vezes que o encontrei, achei ele bem engraçado. Descanse em paz. Morreu ainda o sociólogo Chico de Oliveira, um dos fundadores e hoje era um crítico, do PT. Mês difícil.

#ADEHOJE – SENSAÇÃO DE QUE A PREVIDÊNCIA ESTÁ CAINDO NA NOSSA CABEÇA…

#ADEHOJE – SENSAÇÃO DE QUE A PREVIDÊNCIA ESTÁ CAINDO NA NOSSA CABEÇA…

 

SÓ UM MINUTO – OK, como diria o presidente Bolsonaro. Também sei que do jeito que está a Previdência, o país não sairá do buraco. Mas, por favor, me digam, alguém viu inicialmente ao menos falarem em fazer cortes nos privilégios, nas aposentadorias falsas, na verdadeira fortuna que “certas pessoas” – especialmente militares – ganham? Uma situação muito preocupante porque parece evidente que a reforma recairá pesada na população, nos idosos, que serão os mais afetados. Fora isso, você também ouviu aquelas gravações deliciosas do Capitão com o Bebianno? Mas, por favor, não deixe de acompanhar as pendengas da Vale e do Flamengo com as famílias dos atingidos. Aliás, nem o presidente da Vale e do Flamengo estão presos nem pediram demissão. #nãofoiacidente.

E que o monstro espancador do Rio de Janeiro encontre com muitos “amigos” dentro da cadeia, onde deveria ficar até o fim dos seus dias.

Atenção aí, você que recebe aposentadoria. Vai dançar no Carnaval. Dançar sem música e sem dinheiro

FONTE: COLUNA CONFIDENCIAL -AZIZ AHMED – JORNAL O POVO /RJ

hommes021INSS na folia
Embora não constem como feriados pelo calendário oficial, a  segunda feira de carnaval e a Quarta- Feira de Cinzas (3 e 5 de março,  respectivamente) foram consideradas ponto facultativo pelo INSS.

Nesta folia, quem “dança” são os velhinhos, que vão receber seus
minguados caraminguás da aposentadoria com pelo menos quatro dias
de atraso em relação ao outros mesespeo-_dancer_old_dude

ARTIGO – Os poderozinhos de araque

Marli Gonçalves

Claro que você já se deparou com eles, já que se espalham como pragas por aí, principalmente nos serviços públicos e para o público. Esta semana enfrentei um, dos piores, daqueles dos quais a gente, bem ou mal, depende, e no fundo, exatamente o que me fez pensar duas vezes. A primeira, sobre o que a minha própria reação poderia causar a mim mesma e a outras pessoas. A segunda é que, coitados, deve ser apenas o pouco que eles têm para exercitar o ego, e a pouca autoconfiança, vamos falar assim, que deve ser “deste tamaninho assim”

Quase. Salva por pouco, um tantinho, por uma luz recebida de bom senso e controle que me surgiu na Hora H, por pouco que esta semana vocês não iam ter nem artigo para ler, turma! Tentaram me “ganhar” e, como certa de que, quando estou certa, não levo desaforos para casa, eu ia fazer aquele forrobodó. Ao tentar resolver um problema relacionado à aposentadoria de minha mãe – que morreu há exatos 9 anos – deparei-me com um cidadão, funcionário público, pago por nós para trabalhar por nós, mas com esse probleminha sobre o qual quedei meus pensamentos depois do ocorrido: os pequenos (e podres e pobres) poderes.

Olha isso: descobri agora, e porque fui cobrada, que há 9 anos, repito, 9 anos!, junto da batalha que eu levei durante meses contra a morte para que esta não levasse minha valiosa mãe, com uma UTI em casa, etc. e tal, problemas de toda a sorte, que alguém (eram dezenas de pessoas circulando) recebeu a pequena aposentaria dela por mais três meses e, claro, após a sua morte.

Para vocês terem o pano de fundo da conversa, venho encaminhando já há meses todos os documentos pedidos e possíveis para a defesa de que não fui eu, nem ninguém, os outros dois da família, e que tínhamos problemas bem maiores$$$$, mas muito maiores, à época.

O caso foi que respondi à altura a um servidor público que ousou se meter, de uma mesa do lado – não era com ele que estava tratando, mas deve ser o tal chefete – duvidar do que eu afirmava tranquila, em depoimento, inclusive oficial. Pior: duvidou do meu pai! Quando disse que não só meu pai até hoje, aos 94 anos, não sabe lidar com cartões magnéticos como que nem no fax chegou a mexer, o tal veio com suas falinhas irônicas, acompanhado de perguntas grosseiras e com pontas incidiosas.

Só que com esta “dúvida” dele, além disso, o tal me chamava – claramente para uma entendida em palavras – de mentirosa e/ou ladra. Pior: ladra de INSS, de caraminguás.

Quem me conhece pessoalmente já está imaginando o tamanho da encrenca, e da rapidez com que me levantei, chegando bem perto dele, para contrapô-lo. E da mesma forma que ele, minha voz subiu dois tons, em cima do “tamanco”, rodando a saia, fogo nas ventas.

Como o “cidadão”, vou tratá-lo assim porque sou boa, deve ser useiro e vezeiro em espezinhar pessoas simples, o bicho pegou. Vou contar: ele chamou a segurança (prefiro não comentar nem descrever o tal franzino que já chegou com a mão no coldre) para me retirar do recinto, e considerou desacato (existe, você tem obrigação, por lei, de aguentar firme as manhas de funcionários públicos, para o bem e para o mal!). Já escrevi aqui que ninguém põe a mão em mim sem motivo ou autorização expressa, que viro um bicho feroz, e me conheço. Foi aí que o tal bom senso me cutucou e eu “me acalmei” – porque se o franzino chegasse a relar em mim, ai, ai, ai. Voltei aonde tinha parado, e com o sapo instalado no fígado, terminei meu depoimento com a outra gentil servidora que me atendia, e fui embora. (O segurançazinho ficou ainda na porta uns dez minutos, olhando minhas costas, observando meu comportamento). O afrontador, esse, mostrou-se todo feliz com o exercício de seu pequeno poder.

Conto isso como registro e também como alerta, porque os pequenos poderes dessa gente que acha que os tem podem ser perigosos. E eles estão em toda a parte, revestidos de autoridade. Confundem tudo, e só “governam” com o autoritarismo, com a pressão, com o terror, com a imposição do medo e da ameaça. Quando mais patológica sua aplicação é considerada uma síndrome – a síndrome do pequeno poder. A psicologia define como uma forma de agir ou atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder qualquer, o usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com os problemas periféricos que possa vir a ocasionar, mas sim com seu efeito de humilhação e em quem o sofre, subjugado.

Há profissões que vivem deles, sempre querem e precisam subjugar alguém. São os bozós das portarias. Os poderosos de crachá pendurado no pescoço. Alguns chefes. A dona de casa massacrada pelo marido que desconta na empregada; o segurança da casa noturna que tem três trabalhos e não dormiu; o homem que acha que dá tudo à mulher, põe comida dentro de casa, comprando sua alma. É o policial nas ruas diante de jovens. (Por favor, peço que entenda por esse ângulo a Rita Lee. Ela apenas tentou defender sua platéia. Mas ela é ela, ruivinha do balacobaco e boca grande, e acabou na delegacia. Foi o dragãozinho interior dela).

Depois desta que passei essa semana, realmente pensei muito no assunto. Até para me acalmar e sentir como a gente pode, sim, virar uma bostinha diante de gente tola. Por exemplo, se eu denuncio a pessoa em questão ao ministro, ao Ministério da Previdência, quem serão minhas testemunhas, já que não filmei os fatos? Os chefiados? E supondo que alguma sanção seja dada ao sujeito, como ele tratará sua família se for punido? Aliás, outra boa preocupação, que já deixo de antemão registrada aqui, e contando a vocês a história: o processo do meu caso deve estar nas mãos dele. O que me garante que ele não vai tentar usar mais uma vez esse seu pequeno poder? Bem, tenho nome dele bem guardadinho aqui comigo, caso tente.

Sabem como é, não? Papel aceita tudo. E nem sempre as pessoas têm consciência para por a mão.

São Paulo, onde brotam esses pequenos poderes, 2012.(*) Marli Gonçalves é jornalista. Não queria, ah, mas não queria mesmo, lembrar dessa forma da morte de minha mãe há 9 anos, que se completam agora, dia 9. Não queria ter de recordar o que passei. Muito menos saber que enquanto sofria tinha alguém por perto pensando só em se dar bem com um cartão magnético, para ganhar uns trocos.

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