Manual de Sobrevivência da Mulher, do Dr. Ângelo Carbone. Dicas importantes para se defender. Grátis. Baixe aqui, baixe de lá.

FONTE: ASSESSORIA DE IMPRENSA

coupleO Dr. Angelo Carbone, advogado especialista em defesa da mulher e da criança, está lançando a segunda edição do Manual de Sobrevivência da Mulher, que agora atualizado, não só orienta as mulheres, mas sim todos os que sofrem com agressões que se enquadram ou não, na Lei Maria da Penha, como crianças, avós, gays, entre outros…

O manual  é distribuído gratuitamente e pode ser lido ou baixado no site: www.manualdasmulheres.com.br.

Essa segunda edição aborda diversos temas de interesse, como: Agressão, Alienação parental, Bullyng, Divórcio, Como proceder em caso de agressão, Filhos que maltratam os pais, etc

São mais de 40 páginas de orientação.

womenPEGUE AQUI:

–>>>http://www.manualdasmulheres.com.br/download/manual-das-mulheres-dr-carbone.pdf

Como já disse,o que é bom a gente apoia imediatamente. Casa de proteção à mulher agredida.

QQQ (69)Casa terá delegado, advogado e psicólogo para mulher agredida

Previsão é que, a partir de março, vítimas de violência possam até ficar abrigadas no local, na região central de SP

FONTE: Artur Rodrigues – O Estado de S.Paulo

O governo federal anunciou ontem a criação da unidade paulista da Casa da Mulher Brasileira, espaço que reúne uma série de serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência. Ficará no Cambuci, na região central, e terá delegacia, juizado especial, atendimento psicológico e alojamento.

“A celeridade e o apressamento da expedição das medidas protetivas salvam as mulheres. Elas sairão da casa já com a medida protetiva e com o processo (na Justiça) aberto”, explica a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

A casa ficará no número 26 da Rua Vieira Ravasco. O local poderá atender até 200 mulheres por dia. O espaço deve ser inaugurado em 8 de março do próximo ano. As mulheres serão encaminhadas à casa por meio de denúncias feitas pelo número 180 ou passagens pela delegacia ou hospital.

O espaço contará com delegado, juiz, promotor e defensor público, para que todos os trâmites para a abertura do processo judicial sejam realizados simultaneamente. “Haverá também atendimento psicossocial, porque toda mulher que sofre violência passa por estresse pós-traumático”, afirma a ministra.

Cursos. A casa terá 20 camas e 20 berços, espaço de convivência e brinquedoteca. Ali, a mulher poderá ficar por até 30 dias em recuperação. “E também teremos cursos de capacitação e de emprego, fundamentais para que a mulher saia do ciclo de violência”, diz a ministra.

Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), as mulheres não precisarão sair do local para fazer exames simples do Instituto Médico-Legal (IML). “Quando a gente fala Delegacia de Defesa da Mulher, significa investigação, Polícia Técnico-científica e até articulação com a Polícia Militar”, afirma o governador.

Investimento. Os governos estadual e municipal firmaram ontem a adesão ao programa federal “Mulher, Viver Sem Violência”. Com verba de R$ 265 milhões, o projeto prevê a construção de uma Casa da Mulher Brasileira em cada capital do País.

Além disso, estão programadas ações para a melhoria da coleta de vestígios de crimes sexuais, aperfeiçoamento do disque-denúncia para esses delitos e a criação de centros de referência nas fronteiras do Brasil com Bolívia, Guiana, Paraguai e Uruguai.

O objetivo da política é intensificar e combater a impunidade de quem agride as mulheres. Sete anos após a criação da Lei Maria da Penha, 54% da população ainda conhece alguma mulher que já foi agredida pelo parceiro. Os dados são de pesquisa realizada pelo Data Popular e pelo Instituto Patrícia Galvão.

ARTIGO – Eles não podem ver mulher, por Marli Gonçalves

Passei três dias tentando digerir o impacto e o nojo que me causou uma foto publicada essa semana. Claro que feita por uma mulher de olhar aguçado, Monique Renne. Nela, Andressa, a namorada, noiva ou sei lá o quê de Carlinhos Cachoeira, se retirava da mesa da CPI que a havia convocado para depor. Na foto, todos os babões focados – seis! – olhavam concuspiciosos para sua, digamos, parte de trás.

Lembrei-me de que no primário havia um exercício de descrição. Nos era dada uma imagem e a partir dela descrevíamos o que aquilo nos parecia ser, em geral cenas e paisagens bucólicas. No caso da foto dos tarados da CPI, ficaria mais ou menos assim: “moça loura, bonita e segura de si, com um leve e irônico sorriso no rosto, faz com que aloprados e seus assessores esqueçam suas funções, como parlamentares eleitos pelo povo, e salivem, com cara de bobos, ruminantes, em suas gravatas”. Aliviados, na certa, porque o “homem” da bela está preso. Porque se eu conheço bandido, e Cachoeira parece ser desse time, se ele visse essa foto, aiaiai, oioioi.

Foto tipo batom na cueca. E nem me venham com explicações, porque até ainda não disse bem o que pensei desses mesmos desconsiderados que pagamos para legislar quando há pouco houve outro caso, o da assessora de um senador metido a besta, demitida porque um safado gravou e mostrou para todo mundo um filme dele tendo relações sexuais com ela. O caso parou a CPI dos velhos babões, até porque a moça, advogada, era realmente de fechar o trânsito, principalmente de corpo. Mas não é esse o caso. O que aconteceu com o comedor malfadado que mostrou o filme? Nada. Deu até entrevista dizendo que não era ele.

Na mesma semana na qual no país pelo menos mais três mulheres que deveriam – e os juízes lhes garantiriam que estariam – protegidas pela Lei Maria da Penha, foram assassinadas por seus ex-companheiros, essa foto apenas mostra a quantos anos-luz estamos ainda do dia que as mulheres serão tratadas com respeito, dignidade e realmente de igual para igual. Agora até adolescentes são mortas por namoradinhos, no país machista que não se emenda, e onde até as lésbicas às vezes reproduzem papéis de machos da relação, como se sempre tivesse de haver alguma sobreposição de poder de um.

Por força profissional muitas vezes acompanhei sessões parlamentares em Brasília e cansei de perceber coisas do arco da velha, do meu canto, meio misturada, anônima, e dando graças a Deus de não exatamente ser identificada como jornalista, como os chavões descrevem. Vi e ouvi deputados (lembro especialmente de um que hoje é ministro, e de outro, baixitito, agora candidato a prefeito por aí) trocando informações com algumas repórteres, em cantos daquela imensidão do Planalto Central. Pode apostar que em Brasília as mulheres dominam as redações. Se for bonita, meio caminho andado e dado. Digo mais: nada contra, se os babões caem na teia, têm mais é que se ferrar, e as moças aproveitarem. Sedução por sedução…

Não é só o feminismo (isso mesmo, algum problema?) que me motiva a protestar. Mas a realidade. Assistimos, por exemplo, a um desfile de advogados defendendo os réus do mensalão no Supremo. Alguma mulher? Não. E elas existem, advogadas ótimas, combativas! O Cachoeira mesmo contratou uma das melhores, a Dora Cavalcanti.

Quando as mulheres apareceram no caso? Como rés, como bem lembrou Eliane Cantanhede na Folha de S. Paulo outro dia, todas foram praticamente vilipendiadas ao serem defendidas. Eram pau mandado, não sabiam de nada, apenas executavam ordens superiores (de homens, claro!), não pensavam.

Um eloquente advogado chegou a chamar sua própria cliente de mequetrefe, para desenhá-la como insignificante. Só que a palavra tem sentidos terríveis também: intrometida, que se mete no que não é de sua conta; enxerida, inconveniente, sem importância, inútil, desprezível, imprestável. E borra-botas, joão-ninguém,coisa ou objeto de má qualidade, imprestável, desimportante, malfeita.

Antes ainda que me xinguem, achando que meu feminismo não permite que se olhe para bundas, digo calma lá! Até eu olho! Adoro uma dessas, como a dos atletas das olimpíadas. Olho tudo mesmo. Olho até mais, se querem saber, e se é que me entendem. Só que tem hora, local, cuidado, soslaio.

Aqui, falo de compostura, há muito perdida pelos nossos deputados e senadores, dos quais só se ouve falar histórias de arrepiar e que muitas vezes ficam até tolhidos por dossiês que lembram ou registraram suas farras. O mensalão tem histórias assim no meio, de um deles, um dos réus, feiosinho, que teria sido fotografado numa orgia, pelado, bêbado e com o charuto na boca. A imagem é um pesadelo.

Será romantismo piegas demais desejar que homens tenham respeito? Desejar sim que desejem e se apaixonem pelas mulheres, mas por motivos mais nobres e até mais criativos e poéticos, menos escrachados? O olhar, as mãos, os pés, os cabelos, a voz, os detalhes? Depois reclamam que a gente se masculiniza: é para trabalhar em paz.

Afinal, no caso que tratamos, são deputados, senadores, autoridades. Deveria ter alguma diferença.

São Paulo, onde há muitas obras e construções para ouvir cantadas verdadeiras, 2012Marli Gonçalves é jornalistaReparou que mulheres estão sendo usadas nojentamente nas campanhas eleitorais daqui? Tem candidato que mostra sua doutora. Tem candidato que mostra até a mulher grávida fazendo ultrassom, useiro e vezeiro em fazer isso até em leito de morte, como já fez no passado. E a única candidata mulher, Soninha, todo dia tem de reclamar que é esquecida pela imprensa mesmo tendo mais intenção de voto do que algum dos meninos.

PS: Se ainda não viu a tal foto e ficou curioso (a), clique aqui. Foi publicada originalmente no Correio Braziliense

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SANTO CELULAR! Celular salva mulher de ex-marido. E, por falar nisso, e a Lei Maria da Penha? E a proteção? Para que serve denunciar?

Mulher é baleada por ex-marido no RS e tiro atinge aparelho celular

Segundo hospital, estado de saúde da pacidente é estável.

Mulher havia registrado ao menos 10 ocorrências contra o ex-marido.

 Do G1 RS, com informações da RBS TV
 
 
Uma mulher de 38 anos foi baleada pelo ex-marido em Rio Grande, na Zona Sul do Rio Grande do Sul. De acordo com a Santa Casa, hospital para onde ela foi levada após os disparos, o estado de saúde da paciente é estável. Ela passou por uma tomografia nesta quarta-feira (27) e teve um projétil retirado do braço. Os outros dois seguem alojados no corpo da vítima.

“Um dos disparos foi direcionado ao abdome da mulher, mas um celular que ela tinha no bolso acabou desviando a bala. O caso dela poderia ter sido mais grave ainda”, conta ao G1 Suéllen Dias, enfermeira responsável pela emergência.

A vítima havia registrado ao menos 10 ocorrências policiais contra o marido antes do ataque, ocorrido na última segunda-feira (25). O homem, que atirou cinco vezes contra a ex-mulher, segue em liberdade e ainda não é considerado foragido da Justiça.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Rafael Patella, a polícia aguarda o decreto de prisão preventiva do suspeito. “Estamos no aguardo do Poder Judiciário. A partir do momento que a prisão for decretada, ele será considerado foragido”, afirmou.

fonte: g1

Bela história. É isso aí. tem que gritar, para não morrer. Cheg de violência contra as mulheres. Seja classe A, B,C,ou Z. Matéria da Revista Marie Claire

 
TROUXE PARA CÁ, PORQUE É IMPORTANTE QUE O MAIOR NÚMERO DE MULHERES POSSÍVEL VEJA ESSE EXEMPLO!
 
 
Reportagem / sociedade 13/06/2012

“Eu denunciei meu marido por violência”, diz Patrícia Bueno Netto, filha do dono de uma das maiores construtoras de SP

Patrícia Bueno Netto é uma mulher de coragem. Filha do dono de uma das maiores construtoras de São Paulo, ela entregou à Justiça o agressor com quem se casou. Como Patrícia, nos últimos dois anos, mais mulheres de classe alta têm lançado mão da lei Maria da Penha. As histórias delas, contadas à Marie Claire, servem de alerta em um país onde, a cada duas horas, uma brasileira é assassinada

Por Mariana Sanches. Foto Ana Ottoni

  Ana Ottoni

 

Na delegacia do Morumbi, Patrícia Bueno Netto esperava para registrar um Boletim de Ocorrência em que acusava seu marido de amea­çá-la de morte. Terceira filha do dono de uma das maiores construtoras de São Paulo, era casada com um empresário do ramo da internet. Ali, na polícia, ela começava o longo caminho para entregar à Justiça o homem que, na aparência, era o marido perfeito — mas, na realidade, infligia a ela sérios danos físicos, psicológicos e sociais. Diante de Patrícia, o escrivão não titubeou. Apontou para a pilha de inquéritos esquecidos sobre o escaninho. “Está vendo isso aqui? Isso sim é problema. Rico não tem problema”, disse. O desavisado escrivão não sabia que estava diante de uma mulher corajosa. Ela, que acabara de se separar do marido, insistiu. Naquele momento, há cinco anos, a lei Maria da Penha era apenas uma recém-nascida frágil. E Patrícia, uma raridade.

Hoje, ela é uma das precursoras de uma tendência. Cresce o número de mulheres das classes A e B que denunciam os maridos agressores. Antes, por medo de que a exposição manchasse sua imagem, prejudicasse seu círculo social e seus negócios, e as estigmatizasse, elas eram as mais resistentes em procurar a Justiça. Buscavam ajuda particular ou sofriam caladas até que a situação se encerrasse, tragicamente ou não. Embora não haja estatísticas que dissequem o fenômeno, essa rea­lidade mudou. “Quando a lei surgiu, o perfil de quem denunciava era de classe baixa. O status da classe alta pesava contra a denúncia. Havia o mito de que violência doméstica só acontecia na favela”, diz a juí­za Ane Cristine Santos, do Rio de Janeiro. Em Curitiba, capital do terceiro estado brasileiro com mais feminicídios (os primeiros são Espírito Santo e Alagoas), a juíza Luciane Bortoleto descreve o mesmo cenário: “Nos últimos dois anos, mulheres de classe alta passaram a nos procurar muito. Esperávamos por isso desde que a lei foi criada. Há violência doméstica em todas as classes sociais. Mesmo em países desenvolvidos, como Canadá e Estados Unidos, os índices de violência doméstica são semelhantes aos nossos”. As histórias dessas mulheres, contadas à Marie Claire, servem como alerta em um país onde, a cada duas horas, uma brasileira é assassinada pelo companheiro.

Toda sociedade possui uma estrutura sexual de organização. Apesar das variações geográficas e econômicas, é quase certo que, dependendo do seu sexo, um bebê já tenha seu destino traçado desde o nascimento: se for homem, será dominante, se for mulher, dominada. Esses papéis são atribuídos culturalmente, aprendidos desde o berço e repetidos à exaustão ao longo da vida, abertamente ou de maneira subliminar. De tanto ser reproduzida, a mensagem é introjetada, e homens e mulheres passam a tratar a divisão sexual­ como “natural”, “parte da ordem das coisas”. É dessa maneira que, segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, a dominação masculina se estabelece. Bourdieu descreve­ a marcha silenciosa de costumes, hábitos e crenças que mantêm homens e mulheres em posição assimétrica. A face mais cruel da ­engrenagem de dominação é a violência do marido contra a mulher. Há milênios, ela produz ­ vítimas. Mas só há seis anos, com a aprovação da lei Maria da Penha, passou a ser tratada como um crime específico no Brasil. Desde então, as denúncias se multiplicam. Um balanço recém-divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que entre 2010 e 2011 houve um aumento de 106,7% no número de procedimentos instaurados para apurar violência doméstica. No mesmo período, mais de quatro mil prisões preventivas foram decretadas contra homens agressores.

A agressão praticada nas classes mais altas inclui todos os requintes cruéis da violência doméstica, mas se expressa, particularmente, na ameaça e na tortura psicológica contra a mulher. “É comum que não haja agressão física, apenas mental”, afirma a socióloga Wânia Pasinato, da Universidade de São Paulo. Embora seja invisível, a violência mental pode ser tão destrutiva quanto a física.

“A classe alta evitavadenunciar. Havia o mito de que violência doméstica só existia dentro das favelas” Ane Santos, juíza

Patrícia é vítima desse tipo de violência. No sexto aniversário da lei Maria da Penha, ela ainda sofre. Parecia uma fera enjaulada ao andar de um lado para o outro da sala de sua casa durante a entrevista. As mãos queriam dizer mais do que a boca. Em menos de três horas, pontuou com doze cigarros sua narrativa. Aos 31 anos, a loira altiva tem olhos tristes e desconfiados. Nasceu com conforto e só conheceu a maldade na fase adulta. Cursou publicidade em uma das melhores (e mais caras) faculdades do Brasil — a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) —, ­ganhou carro, apartamento, viajou o quanto quis para o exterior. E teve uma festa de casamento dos sonhos, para mil convidados­, depois de um ano e meio de namoro. O noivo lhe foi apresentado por amigos em comum. Quando o casal completou um ano de relacionamento, ele fez uma surpresa: mandou entregar, a cada meia hora, um buquê de rosas vermelhas à futura mulher. Cada buquê trazia uma letra em ouro: C… A … S… Até formar a frase: “Casa comigo?”. “Era perfeito demais para ser verdade, mas não desconfiei”, relata Patrícia.

   Divulgação

 

O casamento durou três anos. A convivência revelou uma farsa romântica. Primeiro, o marido exigiu que ela interrompesse as sessões de psicanálise. Parecia sentir ciúmes do terapeuta. Aos poucos, a forçou também a se afastar dos amigos. “Ele sempre criava defeito para as pessoas, dizia que eram interesseiras, estranhas, e pedia para eu me distanciar­”, afirma. Depois veio a influência na relação com os parentes. “Minha família é daquelas que almoça aos domingos, janta junto durante a semana. Ele começou a minar essa relação. Chegou a dizer até que minha mãe não gostava de mim. Eu me sentia um lixo­.” Patrícia se casou no mesmo mês em que se formou na faculdade, mas o marido preferia que ela não trabalhasse. Passou a depender de mesada. “O dinheiro que ele me dava era inversamente proporcional ao meu peso. Quanto mais magra eu ficasse, mais dinheiro ele me daria”, conta. “Ele me via como um troféu que exibia. O peso se tornou uma neurose para mim.” Quando se separou, ela, que sempre teve peso considerado adequado, estava dez quilos abaixo do normal.

Às vésperas de completar três anos de casamento, o marido resolveu­ morar na Itália — queria controlar­ os negócios de lá e tirar o passaporte italiano. Patrícia foi contra — não queria ficar tão distante da família — mas não teve direito à voz. Na pequena Mantova, a quase 400 km de Roma, ela passava os dias em casa­, sozinha. Suas tentativas de engravidar foram frustradas, já que o marido não podia ter filhos sem ajuda médica (ele confessou o problemas apenas depois da separação) e tampouco aceitava aderir a tratamentos de fertilização. “Minha vida tinha que ser só voltada para ele. Era uma agressão enorme­, mas todo mundo achava que eu estava muito bem casada.” Patrícia­ entrou em depressão­, emagreceu dez quilos em seis meses. Quando­ voltou ao Brasil para o casamento de uma de suas irmãs­, o pai percebeu que ela não estava bem. Procurou ajuda psicológica para a filha. Mesmo sendo católico fervoroso, concordou que o rompimento era inevitável. Patrícia não voltou mais para a Itália.

“Ele disse ter armas de alcance maior do que 50 metros e que seria fácil me atingir. Blindamos todos os carros” Patrícia Bueno Netto, 31 anos

Foi aí que seus problemas aumentaram. As ameaças começaram por celular e e-mail. O marido, que também voltara para o Brasil, prometia difamá-la. Dizia que se não voltassem a ficar juntos, ela não teria paz. Chegou a procurar o psiquiatra de Patrícia para forçá-lo a convencer a paciente a manter o casamento. Diante da resistência dela, todas as amea­ças foram cumpridas. O ex-marido enviou um dossiê falso para vários dos convidados do casamento. No texto, chamava Patrícia de vagabunda, entre outros palavrões, e acusava a família dela de corrupção nos negócios. Ele ainda levou ao Conselho Federal de Medicina uma denúncia contra o psiquiatra, em que o acusava de assédio sexual contra Patrícia. Ela teve de defendê-lo. “É muito comum os homens ficarem ainda mais agressivos depois de as mulheres pedirem o divórcio”, afirma a desembargadora Angélica de Almeida, de São Paulo. “Eles não admitem perder o controle sobre alguém com quem mantêm uma relação de posse. Um réu já chegou a dizer em audiência que ‘as mulheres ficaram topetudas depois dessa Maria da Penha’.”