ARTIGO – Balança, balanço, balança. Por Marli Gonçalves

Daqui a pouco começaremos a ver as plaquinhas nas portas arriadas  – “Fechado para Balanço”. É o controle que muitos comerciantes fazem logo no início do ano.  Nós, individualmente (creio que todo mundo, de alguma forma), fazemos nessa época, nos nossos cantinhos, com os nossos botões, o nosso balanço interno. Pomos tudo na balança. O ano que se vai, pensa só, foi deles, do balanço e da balança, e olha que nosso chão chacoalhou um bocado.

O século vai chegar à sua maioridade.  A gente fica remoendo ali nos pensamentos se fez tudo o que tinha para fazer. Lembra tudo o que aconteceu – nessa hora a memória funciona que é uma beleza, principalmente para lembrar maus bocados. Aí imediatamente procuramos quais foram os momentos bons para contrapor, enquanto tentamos recordar tudo o que prometemos, lá no final do outro ano, que faríamos neste ano. Fizemos? Ainda bem que muita coisa só a gente sabe que se prometeu, melhor assim, menos mal. Fica mais fácil falhar.

Passou rápido demais. Se me permitem, sinto que está mesmo passando tudo mais rápido. Deve ser esse afã impressionante que o mundo digital abriu diante de nós. Fica tudo tão em constante mutação que ficamos correndo atrás, numa infrutífera tentativa de alcançar a ponta da linha. E ela corre de nós.

Viver nesses tempos é distante da calmaria da imagem do balanço, aquele dos parques, das redes, das cordas nas árvores, dos playgrounds, e que alguém vem por detrás e empurra para dar impulso, e que a gente dá aquela risada nervosa quando vai lá na frente, tentando não se estabacar no chão.

Estamos mais para o navio que balança no mar bravio. Enquanto o samba toca, a gente balança, requebra, dá um remelexo. Assim superamos os solavancos, os abalos, que nos deixam tão balançados. Ô, marinheiro marinheiro/Marinheiro só/Ô, quem te ensinou a nadar/Marinheiro só/Ou foi o tombo do navio/Marinheiro só/Ou foi o balanço do mar…

Amor, amor deixa balançado. Desamor também. Tomar decisão deixa balançado. Medo de tomar algum revertério.

Ficar doente deixa tudo muito balançado. O corpo da gente também vive entre a balança e o balanço, às vezes bom, dançando. Balançamos a cabeça, os ombros, os braços, as pernas quando a cadeira em que sentamos é maior do que nós.

A balança que não serve só para nos fazer prometer regime, corta isso, corta aquilo, é também equilíbrio, harmonia, proporção. Os dois pratinhos paralelos. Quando a gente pesa os prós e os contras a sua imagem é recorrente. Uma balança ajuda em muita coisa. Tanto foi ano dela que em boa parte do tempo estivemos  ligados em decisões de tribunais, que andam regendo os movimentos e desígnios do nosso país. Ritmos loucos.

O balanço geral, hoje chamado muito pomposamente de demonstração contábil, é parecido ao que fazemos pessoalmente – especialmente nesta última semana do ano, quando a coisa “bate” que o tempo passa. Medindo ativos, quantas vezes o fomos; passivos,  quantas vezes nos submetemos. Mais: o capital que conquistamos, os lucros, os prejuízos, o aspecto geral de nossos negócios.

Anote bem os resultados. Esse ano, quando o século chega à maioridade, devemos estar mais maduros, responsáveis, prontos para encarar o futuro. Esse futuro aí, o da realidade, não aquele que ganha voz de conselheira nos comerciais de final de ano dos bancos na tevê – logo eles que na realidade tanto empatam o nosso.

Vamos pular essas ondas. Que venha 2018. Tomara que nele o maior balanço seja mesmo o do nosso andar faceiro, da nossa ginga por todas as boas estradas que o destino nos levar.

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Marli Gonçalves, jornalista – Olha só que definitiva a letra dessa música do Tim Maia, “Balanço”: Deixo de viver o compromisso/ Longe de qualquer opinião/Farto de conselho e de chouriço/ Maltratando o velho coração. Ovo de galinha magra/ Gora/Todo mundo que eu conheço/Chora.

2018, pode entrar. Estamos te esperando

marligo@uol.com.br
marli@brickmann.com.br
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Terça e Quarta vai ficar quente em Brasília. Bem quente.Posse da UNE, votação, protestos, Petrobras, maioridade, jovens, educação. Junta tudo e imagina.

UNE

passeataCOM MULHERES À FRENTE, NOVA DIRETORIA DA UNE TOMA POSSE

Será nesta terça, às 17h, na Câmara dos Deputados, com transmissão ao vivo pela TV UNE

Terá início oficialmente, a partir desta terça (14), mais uma gestão da União Nacional dos Estudantes. A posse da nova diretoria da entidade acontece às 17h, no Plenário 13 da Câmara dos Deputados, e contará com a presença dos novos diretores, lideres de outros movimentos sociais e parlamentares. A cerimônia de posse será transmitida ao vivo pela TV UNE, a partir do site www.une.org.brPasseatas com problemas de som...

A expectativa é de uma gestão da UNE bastante mobilizada após a realização do maior Congresso da entidade nos últimos tempos. O encontro ocorreu em Goiânia e reuniu mais de dois milhões de universitários em sua etapa preparatória. Na plenária final do Conune, foi realizada a votação que definiu a nova presidência e diretoria da UNE, composta por 85 estudantes de universidades de todas as regiões do país.

TRANSIÇÃO FEMININA HISTÓRICA

A posse da UNE marca a primeira transição entre mulheres na presidência da entidade, um momento histórico com a saída da pernambucana Vic Barros e a entrada da paulista Carina Vitral, aluna do curso de economia da PUC-SP. Além disso, é também a primeira vez que a UNE terá duas mulheres nos cargos mais altos da instituição, a vice-presidenta é a estudante Moara Sabóia, aluna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A transição feminina mostra a importância da luta contra o machismo e pela diversidade atualmente no movimento estudantil brasileiro.

UM DIA DE LUTAS

A posse da UNE acontece em um dia movimentado em Brasília. Às 11h, no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, acontece um ato unificado em defesa da Petrobras e contra o projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que retira a estatal como operadora única da camada Pré-Sal no Brasil. A proposta, além de enfraquecer a companhia e entregá-la aos interesses internacionais, ameaça uma das grandes conquistas da juventude nos últimos anos, os investimentos do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.

Às 19h, está prevista na Câmara a votação em segundo turno da proposta de emenda constitucional 171, que trata da redução da maioridade penal no Brasil. O primeiro round de tramitação da medida aconteceu nos dias 1 e 2 de julho, com muita polêmica e golpes baixos por parte do presidente da Casa Eduardo Cunha. A UNE e os movimentos sociais passarão o dia mobilizados dentro do Congresso e exigirão o seu direito, garantido pelo Supremo Tribunal Federal, de acompanhar a votação.

–FONTE – ASSESSORIA DE IMPRENSA UNE

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