ARTIGO – Se até o santo desconfia. Por Marli Gonçalves

Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Nós, também. Os pobres, mais ainda. Se liga, que nem é esmola, ninguém é santo, e o dinheiro que está entrando e vertendo nesse jogo enganador, populista, sórdido, é seu, meu, nosso. Estão batendo nossa carteira na cara dura, buscando votos, roubar a eleição, deixando o país ainda mais na tanga do que já está.

esmola demais, santo desconfia

Somos nós que abastecemos esse cofre cada vez mais arrombado esta semana e que já vinha sendo dinamitado sem dó. Se as notas, tal qual os bancos fazem para proteger os caixas eletrônicos de assaltos, fossem manchadas de tinta rosa, aí que a gente ia ver o que é pink money, e não seria a criativa economia LGBTQIA+. Mostraria a devassa do verdadeiro cangaço reinante na política, escangalhando nossa economia, ao qual sucessivamente estamos sendo submetidos, A PEC Kamikaze foi só mais um passo na direção do abismo, e de muitos outros que nos derrubam ao despenhadeiro.

Quase cinco bilhões de reais já tinham sido destinados aos partidos políticos – essa miríade de letrinhas sem ideais que se confundem e se fundem – para essas próximas sofridas eleições deste ano. No Congresso Nacional, nessa que é uma das piores legislaturas de que se tem notícia nas ultimas décadas, pelo menos as que vivi, e olha que já vi coisa bem ruim, falar em situação e oposição parece até piada. De lá só chega alguma péssima notícia, manipulação, retrocesso em questões sociais, corte de verbas para áreas essenciais, reuniões clandestinas, orçamento secreto com distribuição de emendas, sabe-se lá de quê, para onde vão, e mesmo se chegam a algum lugar. E por qual preço, qual apoio, qual fala mais reacionária que outra; qual explicação mais esdrúxula para isso tudo passar, lindo, liso, votação após votação. Com números chocantes.

Falam em ajudar os pobres, os mais vulneráveis, inventam um tal estado de emergência, estupram a Constituição, e são todos filmados fazendo isso. Não disfarçam nem ao datar o que fazem em ano eleitoral – auxílios, sem cálculos reais, e com data precisa de vencimento, fim desse ano mesmo, dirigidos em busca de votos de quem, por graça e alguma sorte, em filas na chuva e no sol, chegar a receber a tal esmola, ops, apoio, cala boca, fumaça nos olhos, decantada, especialmente por esses que nos delegam que os próximos meses até outubro serão tenebrosos, violentos, e que até lá vão inventar de um tudo para melar qualquer decisão, entre as muitas que estarão em jogo.

Não vai funcionar, porque as pessoas não são bestas. Sabem que falta tudo, comida na mesa de milhões de brasileiros, remédios básicos, cuidados mínimos com o que é nosso em todos os terrenos, todos os campos. A inflação corroendo qualquer mínimo esforço por melhoria de vida, juros destrutivos, ricos ficando cada vez mais ricos e fanfarrões, enquanto ouvimos as mesmas cantilenas. Pior, agora também já são ouvidos berros horrorizados. De quem precisa, de quem dá e de quem tira.

Assistimos – e inacreditavelmente, ainda impassivos – ao desmonte geral do pouco que conseguíamos construir nos poucos anos vividos de democracia capenga depois da ditadura militar que nos enlutou por mais de duas décadas, e que de novo tentam fazer ressurgir das cinzas em focos que não conseguimos extinguir, que se esconderam em baixo de peles de cordeiro. Até porque nosso extintor não funcionou nem para promover um mínimo de educação política, formação de novos quadros. Olhe bem: na geral são aqueles mesmos, de sempre, no comando, e do que se costuma chamar situação e oposição; os outros aparecem apenas como fantoches, sobrenomes de continuidade, ou nomes aos quais se adaptaram como pastor tal, cabo xis, coroné não sei quem – que nos lembram a miúda política eleitoral geral, o Pedro do Açougue, o Claudinho da Geladeira, o Manoel do Posto. Em sua maioria, ainda, homens, com poucas mulheres, muitas apenas a reboque.

As costas largas da pandemia já se mostram pequenas para arcar com todo o peso que aproveitadores desse momento desgraça nela descarregam, até como se realmente estivessem preocupados com isso, com as ondas que continuam crescentes, mortais. Mas não conseguem nem conter nem explicar a loucura instalada, agora ainda com tremenda violência política e com ideias delirantes brotando da cabeça inclusive de militares assanhados e doidinhos para fazer que sejam sacadas as armas que espalharam.

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Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os nossos loucos (primeiros) dias de setembro. Por Marli Gonçalves

O que será, que será? Posso quase apostar que muito barulho por nada, que vão dar com os burros n`água. Sempre aprendi que cão que muito ladra fica rouco e não morde. Poderemos esperar, contudo, que uma primavera floresça – sementes também têm surgido em meio a esse setembro que já chegou, veio se esgueirando entre tantas ameaças. O golpe deles já foi esse: exatamente como queriam, passamos os últimos dias falando dessa gente, de suas ameaças e boquirrotices.

loucos dias de setembro

Nem contamos até 10 – nem precisa, porque já andavam armando confusão desde bem antes deste mês. Coisa chata, como se não tivéssemos tanto a resolver no nosso dia a dia. Como se o país estivesse a mil maravilhas e não com uma inflação galopante e ameaças reais, as de falta de água, de energia, de saúde, vacinas, e tudo o mais.

Mas setembro chegou e com ele umas luzes poderosas que ainda podem realmente mudar algo, se forem coesas. Vindas da total perda de paciência com o desgoverno e inquietude agora bastante expressa objetivamente pelos empresários líderes dos principais setores da economia, surpreendentemente até do agronegócio, que souberam até afugentar e se sobrepor aos medrosos que pularam fora com medo de puxão de orelha e bicho-papão. Os que ficaram firmes em seus manifestos sabem que tudo vai melhor com democracia e paz. Claro, sempre melhor para eles, diga-se de passagem. Mas têm poder.

Quando até os bancos e banqueiros se mexem, o sinal está claro. E de qualquer forma ele ainda está fechado para nós, os que assistimos ainda inertes ao andamento desse espetáculo deplorável, o momento da política nacional que tanto nos fraciona, estilhaça; não é mais nem que nos divide, porque agora tem de um tudo.

Tem os adoradores, os que antagonizam, com seus erros de cada lado. Adoradores! Seja de um, seja de outro, se me entendem. Aí não tem conversa, nem explicação, apenas uma espécie de amor platônico. Precisam de um paizinho que os guie, acima de tudo, seja o que fazem ou fizeram, mesmo que tenha sido em situações justamente que nos levaram ao desastre atual.

Entre os adoradores estão os que ainda não conseguem perceber ou já estão se dando muito bem com o fundo do poço; tem os que pensam igual, e sonham dia e noite, rezando ou não, para que retrocedamos em tudo ao século passado no que ali havia de pior, de atrasado. Do outro lado, os que ainda não admitem qualquer outra nova possibilidade, mesmo que próxima do razoável para unir – só enxergam um homem, sua barba e, ultimamente, também as suas coxas firmes. Tudo bem, vai, que ninguém mais pode fazer tanto mal quanto o atual perturbador geral da Nação está fazendo.

Perigosos, nessa miríade há os que acham que estão, como meu pai diria, por cima da carne seca, sendo que no fundo estão é como nós, à mercê de tudo de ruim. São os que – só pode ser – cegos e surdos, mantêm-se ocupados em se desfazer de informações sérias, da imprensa, que xingam cada vez que esta os chama à realidade. Gostam das mentiras que os alimentam, e imaginam uma Pátria toda verde e amarela, não gentil, armada, onde pensam que um dia poderão se dar bem. São agressivos e a maioria dos que devem ir sem máscaras às ruas dia 7 para apoiar a familícia, já que a vida comezinha deles também não lhes dá outras diversões além da beligerância com que tratam temas sociais ou de comportamento.

Agora surgem – o que até positivo é – os mais ou menos, que há dois meses preparam outra grande manifestação, mas para o dia 12: arrumadinhos, esses, entre eles muitos arrependidos com o apoio que deram a Bolsonaro em 2018, tentam consertar o que acabaram criando. Têm e mantém críticas aqui e ali a algumas decisões do Poder Judiciário, STF incluso, ao Congresso, se apresentam como centro e centrados, numa pauta confusa, e buscam uma pista, uma terceira ou quarta via, mas que tenha afinidade com a mão inglesa, direção à direita. Também prometem fazer barulho e são organizados.

Enfim, há opções para quase, ressalte-se, quase, todos os gostos. No dia 7 até com locais diferenciados para não se estranharem ainda mais.

Passando tudo isso pode ser que surjam novas brechas onde, então, poderemos – nós, o que ainda não acharam espaços confiáveis – nos encaixar.

Aí, então, será a primavera.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Tá frio; tá quente: o jogo nacional e mundial. Por Marli Gonçalves

Tá frio; tá quente. Quando a gente acha que a coisa está indo, ela está é voltando, e em cima da gente. Até o tempo está igual: você não sabe mais nem se está quente ou frio. Se põe ou se tira. Não é brincadeira, não.

TÁ QUENTE; TÁ FRIO

Confesso: todo dia ao acordar, assim que dá, que lavo a cara, abro os olhos, me entendo no mundo, aciono o celular para verificar se algo mudou. Virou mania. Se o cara caiu. Se já foi interditado ou preso. Se avançamos, e se a situação – essa situação geral que vivemos, e digo geral, porque geral é mesmo, uma vez que, sinceramente, nada está bom, correto, nos trilhos – teve uma conclusão. Tenho bom humor, porque senão a decepção paralisaria. O que acontece todos os dias é que surgem mais pontos, mais fatos, e a confusão geral continua essa loucura, que eu até diria: está coletiva.

Porque só pode ser uma loucura coletiva, altamente transmissível. Aqui, pelo presidente que não governa, mas não para de demonstrar seu total despreparo para o cargo, que deixa o país como uma nau sem rumo. Ele governa de um barquinho, onde faz subir para acompanhá-lo o que de pior há em nossa praia, e que não cansa de chamar para o naufrágio que avistamos no horizonte.

Loucura no mundo, para uma geopolítica desconcertante, principalmente depois da pandemia ter bagunçado mais ainda o coreto. A impressão é de que, neste retorno, os países mais fortes sairão pisando a cabeça dos mais fracos, galgando uma montanha de corpos. Nada tem sintonia. Primeiro fazem; depois vão ver no que deu, lamentam, dão entrevistas e soltam farpas uns contra os outros.

Estamos todos com os olhos vendados e apalpando a História. Está quente? Logo o balde de água fria faz com que comecemos tudo de novo, e esse tudo de novo que digo nos leva ao século passado, com suas guerras (frias e quentes, aliás), religiões mortais, ideologias sanguinárias, padrão “já vimos esses filmes”.

Nem sei mais se as crianças ainda brincam disso, ou do que é que elas brincam quando não estão – até sem ter ainda noção – sendo vítimas das atrocidades e desse desenrolar do futuro que encontrarão.

Muitos artigos têm sido escritos dando conta que o presidente Bolsonaro não está (embora nunca tenha sido muito) normal das ideias. Cada vez que ele abre a boca, e o faz todos os dias, emite claros sinais disso. Cercou-se ainda de pessoas que pegaram a mesma tendência e que surgem dos gabinetes e dos ralos. Todos, que a gente nem sabe bem quem são – impossível listá-los de cabeça. O da Economia, o serzinho Paulo Guedes; o da Educação que você deve ouvido por aí; o cordato da Saúde, enfim, até os militares que abaixam a cabeça e batem continência para todos dançarem diante das graves e visíveis ameaças à estabilidade. A qualquer estabilidade. Inclusive a nossa, emocional.

As notícias são claras, cada vez mais mostram os fatos no momento exato que acontecem, com imagens e sons estridentes. E se repetem, como se não tivessem tempo nem de respirar. Ainda aparecem os querem brigar com elas, não acreditando, negando, seguindo líderes corruptos, que mancham os caminhos por onde passam.

Nós estamos confusos, sem conseguir achar a luz. Está frio. Está quente? O “agora, vai” fica pelo caminho. Continuamos agindo como os robôs que diariamente são ativados na vida digital, como se tudo isso fosse normal. Não é.

Minha proposta é que troquemos essa “brincadeira”. Lembram daquela – cor, flor, fruta – que alguém ficava lá pensando na letra até que falássemos STOP?

STOP!

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Golpes. Eles estão entre nós. Por Marli Gonçalves

Golpes. Golpe. Nunca ouvimos tanto essas palavras malditas. Nunca estiveram tão presentes e em suas mais variadas formas, de algum jeito sempre tenebroso. Perigoso. Eles nos cercam, ameaçam, nos põem em prontidão constante. Sempre tem algum que vaza, nem que seja um golpe de ar que resfria.

golpes

Tudo quanto é tipo de golpe. Todo dia alguém cria mais um, inclusive, sempre terrível, sempre com atos para ameaçar alguém, insidiosos como serpentes prestes a dar o bote. Pior, são criativos, e infinitos em seus estragos. Em geral, feitos, pensados maquiavelicamente para roubar, iludindo. Roubar até a nossa própria liberdade como vem sendo ameaçado todos os santos dias por esse desgoverno que parece pretender, sim, o golpe máximo, que nem mais é militar, mas sim acabar de vez com o país já tão maltratado, doente, miserável, ignorante.

Dificilmente os golpes são bonzinhos, ingênuos, mas sempre são tentados primeiro de forma a parecerem a salvação de alguma “pátria”, alguma questão. Assim, se realizam, enganam, penetram, inclusive entre os mal intencionados que adorariam ganhar algum de forma mais fácil, sem trabalho, e que se tornam, justamente por isso, presas fáceis. Esses, em geral, são enganados por estelionatários oferecendo vantagens que parecem baratas aos olhos de inocentes ou mal informados; ou, mesmo de tantos que parecem, como disse, sempre desejarem ser os espertos. O final da história é sempre ruim, seja para um lado ou outro.

Sempre alguém sai machucado. Na política, por um golpe de direita ou de esquerda desferido certeiro contra a democracia – esse o Golpe de Estado, que já conhecemos bem, infelizmente, mas parece que o aprendizado está passando, mesmo depois de recentes 21 anos de amargor e horror. Eles querem ser os que dão o golpe de misericórdia. Acham sempre que o deles será o de Mestre.

No amor, tem o tal Golpe do Baú, por exemplo, coisa antiga, que tanto apavora os ricos até que sejam enredados. Tem o Golpe da Barriga, outro, bem démodé, que tantas crianças infelizes põem no mundo, nascidas apenas para render, e que é constante sabermos de mais um, mesmo que a princípio se mostre cheio de encantos românticos e legais. O amor, aliás, origina uma série de formas de engano que levam a dar – e tomar – muitos golpes. Que machucam muito.

Os idosos, em geral, são as maiores vítimas de tudo quanto é tipo de golpe, às vezes até vindos de suas próprias famílias ou de quem eles ousaram confiar.  O golpe do bilhete premiado é um dos mais comuns. Bobo, até, mas ainda acontecem. Para catar a sofrida aposentadoria, os golpistas têm se esmerado em criatividade. Uma maldade sem igual.

Não está fácil para ninguém se livrar deles, dos golpes, porque estão vindo de todos os lados e formas; nos e-mails, nas redes sociais, no tal zap, com hackers malditos que invadem tudo. Nos roubam e se divertem. Não pode haver distração para não cair nesse buraco. No telefonema que avisa sobre o “sequestro” de alguém; nas instituições fantasmas que pedem doações, nos boletos falsos, nas compras que não chegam. No motoboy que vai buscar o cartão “clonado”! Até os que entregam a comida agora tentam passar valores extras no cartão. Na compra e venda de carros que nem existem. No emprego que, para conseguir, tem de pagar antes alguma “taxa”. No imóvel lindo da praia, das sonhadas férias, que, alugado, era apenas um terreno baldio iludido por uma foto tirada da internet.

Os golpes financeiros estão atingindo sofisticação máxima. É Pix e pow, golpe! Bitcoins, rentáveis, pirâmides que sempre acabam demolidas com vítimas nos escombros e na miséria. Notas falsas; outro dia apareceu uma de 420 reais! (que bicho teria na estampa? – a hiena, certamente, porque os golpistas dão muita risada na cara dos que enganam).

O nosso maior problema é estarmos totalmente nas mãos dos bandidos de todas as classes sociais (e partidos, e ideologias, e tudo o mais). Sem defesa. A polícia diz que vai investigar. Os bancos ficam mudos, e mudos continuam. As agências reguladoras e órgãos oficiais não mexem o traseiro para evitar o vazamento de dados – esses, vendidos nas esquinas do comércio popular. Os meus, os seus, os nossos. Os deles, em geral, são bem guardados.

Tomamos golpes de todos os lados. Até de falta de ar ao encontrar os preços subindo em escalada, com o momento aproveitado por oportunistas, só aumentando a fome, a miséria, o subdesenvolvimento. São golpistas esses que adoram essa confusão que está o país, insuflam os conflitos que jogam fumaça nos olhos. Esses que querem arregimentar “patriotas” para o caos com seus estúpidos argumentos e mentiras.

Insolentes, aproveitadores, os que deviam nos proteger, ameaçam com golpes e agora até na bovina versão de “contragolpe”, seja lá o que queiram dizer com isso.

Urgente, que tenhamos, sim, um golpe, mas de sorte, e que nos livre de todos esses males.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Sob e sobre ameaças. Por Marli Gonçalves

Vivendo sob constantes ameaças, e que só aumentam, vindas de todos os lados. Não bastassem as lutas para controlar a pandemia, o surgimento de novos vírus e outras doenças esquisitas, os problemas com energia, água, temperatura, economia, no Brasil vivemos mais um pesadelo, o político. Qualquer homenzinho, ou serzinho verde oliva, agora aparece cheio de marra, e ameaçando a democracia.

Ameaças

Temos muitas dúvidas, perguntas, pedidos de esclarecimentos, e temos ouvido quase sempre as mesmas não-respostas. Repara quantas vezes, nós, da imprensa, perguntamos, perguntamos. “Mas até o momento não obtivemos resposta”. Todo dia. As revelações, gravações, denúncias, fatos e fotos, falas e gestos se sucedem.  Parece que estão brincando de governar, e estão; sem rumo. Mas jogam pesadamente pelo poder – e com as nossas vidas.

Para quem já viveu momentos difíceis, apenas uma clareza: antes, sabíamos exatamente o que, quem, como estávamos combatendo ou de quem deveríamos nos defender. Agora, apenas a ignorância grassa e é como se o inimigo morasse ao lado, e possa surgir nos surpreendendo. Os descobrimos entre pessoas próximas, amigos, familiares, numa divisão sem igual. Contaminam todos os ambientes.

Os ataques podem ser tão sub-reptícios que até uma deputada acorda machucada, com fraturas, e sem saber exatamente o que ocorreu denuncia poder ter sofrido um atentado. Muito louco? Não, se pensarmos que agora tudo é mesmo possível, inclusive para quem amigo deles era; e inimigo deles, virou. O que aliás tem sido muito comum: o abandono desse barco que navega sem sentido e em uma tenebrosa maré. Maré obscura, armada, violenta.

Ultimamente, não sei como, descobriram uma palavra que usam para tudo e que duvido saibam exatamente qual o seu sentido: “narrativa”. Escuta só uns minutinhos de CPI. Escuta um minutinho do discurso de justificativas e negações deles. Até o presidente, que não é o maior afeto ao vocabulário humano, outro dia disparou “narrativa” para lá e para cá. Lá vem ela: tudo que os afeta é narrativa incorreta.  Só a deles – e que vem eivada de ódio e erros – é que deveria ser ouvida.  Tentam adestrar com decorebas os seus bovinamente seguidores, pouco importa o que falam, mesmo que logo depois contradigam-se.  O recheio de informações falsas que usam cria uma espécie de hipnotismo, repetições ao molde de treinamento de animais. Contam um conto, aumentam muitos pontos.

Isso não é ideologia, direita, esquerda, volver, nem centro, nem de cima nem de baixo. Para ser ideologia tem de haver inteligência, conhecimento, estudos, lógica, contraposição, debate. Assim a gente descobre porque é tão difícil lidar com eles, são apenas chucros estes que estão no pódio do poder central, ladeados por muitos outros, instalados em outros poderes. Infelizmente, inclusive na imprensa, muitas vezes a pesados soldos.

Agora a questão é duvidar das urnas eletrônicas, pregando o voto impresso, mesmo que se diga e repita a confiança nessa forma de voto. Não deve passar essa iniciativa. Tomara que não. Mas eles inventarão outras ameaças nesses meses que antecedem a eleição do ano que vem, e que infelizmente ainda não nos apresenta uma lista de candidatos fortes o bastante para recolocarem o país nos trilhos.

“Se urnas são confiáveis, dá um tapa na minha cara”, pede Jair Bolsonaro, ao duvidar do próprio sistema eleitoral que o elegeu, sem apresentar provas.  Será que vai ser preciso agendar? Pode entrar quantas vezes na fila?

Ele que está pedindo. Nós não ameaçamos, mas ainda creio que saberemos como nos defender.

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ARTIGO – Gangorra ou de pulinho em pulinho. Por Marli Gonçalves

Assim vamos indo, de denúncia em denúncia. Aos sobressaltos. De pulinho em pulinho, na gangorra do sobe e desce, do que vai e do que vem. O título da coluna seria “de soluço em soluço”, e que eu já estava pensando bem antes, vocês sabem de quem, começar a soluçar e dar golfadas. Mas não é sobre a saúde do presidente, pelo menos não só, mas sobre o Brasil e os nossos enormes sustos do dia a dia.

gangorras

Troquei o soluço pela ideia que estamos saltitantes sobre fogo e subindo e descendo. Uma coisa, uma hora; na seguinte, já não é mais nada daquilo. Pode ser melhor, mas em geral tem sido é pior. Chega a tontear a quantidade de informações que recebemos, vindas das mais variadas fontes. Ultimamente em on, off, ou ainda com sons de claras gravações de voz ou ainda quando assistimos vídeos completos comprovando as barafundas, negociatas. Fora, com CPI a pleno vapor, documentos, e-mails, ofícios para lá e para cá que vêm à luz, de acordo com a maré, investigações ou interesses.

Ah, falei CPI a pleno vapor. Esquece. Apenas fumacinha, brasinhas, pelo menos nas próximas semanas. Que no meio da coisa quente, pegando fogo, eles resolveram entrar em recesso, que férias não é privilégio só dos juízes e apresentadores de tevê importantes. Fuémm.

Um dia está tudo bem, a economia está “crescendo” – e nos mostram percentuais em geral só de zero vírgula alguma coisinha. No outro, surgem as quedas, mas de dados como níveis de emprego, atendimentos, sempre de percentuais com mais números bem gordinhos antes da vírgula do percentual. A verdade é aquela: só procurar que acha. E temos tantas letrinhas pra procurar, PIB, taxas, juros, inflação, projeções e estatísticas que sempre depende se a procura for por notícia boa, média ou ruim. Depende do dia. Tem dados para todos os gostos. Difícil fica é acreditar em alguns.

Na política, a coisa tá louca. Desarvorada. Há dias com uma série de acontecimentos tão quentes que você acha que o governo não vai resistir nem até aquela noite.  Você fica que nem maluco tentando acompanhar e entender tudo, vê a terra tremer. Aí a noite chega e nada. Você vai dormir, e quando acorda corre para ver se eles ainda “estão por ali”, e lembra que se não estiverem você até ficaria bastante feliz. Mas, na verdade, tudo recomeça especialmente com os arranjos que são feitos na calada das noites.

Nos últimos dias, o DataFolha disparou a fazer pesquisas e o resultado delas –  nada me tira da cabeça  –  creio que  foram as responsáveis por uma boa parte dos soluços do presidente, mostrado em queda livre, perfilado pela maioria da população inclusive como inábil, pouco inteligente, entre outras absolutas verdades reveladas, essas pouco secretas, que no caso não se trata de novela das onze. Entalou. Entupiu. Deu indigestão.

O corpo fala. E o de Bolsonaro estava e está gritando faz tempo. Pelos olhos, pela pele, pelos poros, e até pelos perdigotos. É sabido que soluços podem ter causas psicológicas como ansiedade, tristeza, agonia e depressão.   O corpo somatiza.  Verbaliza que algo não vai bem na mente. E a cura depende, além de medicamentos, do reconhecimento das emoções e sentimentos. E esse reconhecimento, no caso, não ocorre. Só ejeta ódio. Somatização é coisa séria.

Enfim, todos nós somatizamos em algum momento em nossos corpos os sentimentos estranhos. No caso do presidente, fiquei preocupada porque nas minhas pesquisas aqui descobri soluços associados a histerismo. E, pelo menos por enquanto, os médicos o estão tratando com remédios, ou seja, talvez nem tenha mesmo ver com a facada que levou durante as eleições de 2018. Talvez apenas estejam lhe dando calmantes.

O problema é que essa gangorra toda que estamos vivendo não faz bem a nenhum de nós, que ficamos sem saber para onde correr sem que o bicho pegue – literalmente, se pensarmos no vírus que também não para de pregar peças no mundo todo, com seus vaivéns preocupantes.

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ARTIGO – “Teje” preso! Pode levar. Por Marli Gonçalves

Desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente. E muito mais diríamos se nos fosse perguntado, incluindo aí genocida, assassino, atrasado, perigoso e, agora começa a se comprovar, corrupto. Essa semana o sentimento nacional – sobre o perfil do presidente Bolsonaro – ficou mais evidente com o resultado da pesquisa DataFolha. Lava a alma. Desconsideração? Não, apenas a verdade sobre quem nos desconsidera diariamente com insultos, mau gosto, ameaças e impropérios.

forno - teje preso pode levar

“Teje preso”. Pode levar.  A fala do presidente da CPI da Covid, Senador Omar Aziz, ao mandar prender Roberto Dias por não suportar mais, depois de horas novamente ouvindo mentiras de mais um depoente, ainda ressoa. Foi a gota d’água. Já tinham deixado passar um general, o coronel, outros assessores, mas ficou claro que para tudo tem hora. E que ela chega, o que nos dá esperanças de conseguirmos reagir a esse momento que a cada dia fica mais delicado, incerto.

Nada está bem. Tudo muito perigoso, com claras ameaças vindas inclusive de militares bolsonaristas de alta patente, com os quais o presidente se cercou, e que o faz se achar acima de tudo e de todos.

 Há semanas em que a temperatura política atinge a marca da fervura, e a panela transborda. Pois não é que essa semana, enfim, colocaram Bolsonaro na forma para assar, acompanhado por um molho de ministros, militares, assessores, familiares, corrupção pesada, mentiras deslavadas? Não digo que ele tem uma maçã na boca, porque é um ser tão escatológico que dela só saem as piores coisas, bem estamos vendo, mal estamos ouvindo.

O prato está no fogo, mas ninguém consegue dizer qual será o seu sabor, até porque diariamente passa perigosamente do ponto. A carne principal não é de boa qualidade; aliás, é péssima. E os complementos também são de quinta categoria, gente estragada ou pelo passado ou pelo presente, sempre pelos mesmos motivos: poder, corrupção, ganância, despreparo, ignorância. Acenda a luz do forno: o resultado já soma mais de 530 mil mortes de brasileiros, milhares delas evitáveis, fato comprovado por vários cientistas. Se houvesse vacinas, se tivesse havido comando, se não houvesse tanto negacionismo e ignorância, se respeitadas e incentivadas tivessem sido as medidas de proteção e isolamento social. Foram e estão indo embora nossos parentes, amigos, brasileiros que certamente ainda viveriam por um país melhor.

Essa turma que nos desgoverna não merece qualquer condescendência. As pesquisas DataFolha divulgadas essa semana sobre o perfil de Bolsonaro e intenções de voto, mostrando como já é rejeitado por mais da metade da população, descendo a ladeira, esclarece o tamanho da encrenca em que fomos metidos com a sua eleição.

Contudo, já há aglomeração na porta do desembarque, tanto de eleitores arrependidos, quanto de muitos que acharam bonito brincar de política elegendo um capitão naufragado que ousaram erigir como candidato ao maior cargo do país. E eles bem sabiam quem era o tal sujeito. Que não era adequado, nunca foi, nunca seria. Pensaram, talvez, que o controlariam. Mas gente desonesta, falsa, incompetente, despreparada, indecisa, autoritária e pouco inteligente é apenas perigosa. E chegamos a esse estranho momento de retrocesso, ao perigo que o mundo inteiro assiste também assombrado. Que nos envergonha, empobrece, castiga.

Essa semana ouvimos um Basta! mais “redondinho”.  A própria direita agenda protestos para setembro, que eles gostam de ter mais tempo de se arrumar. As provas começam a surgir em dossiês, nos depoimentos, e como o próprio presidente que aparece cada vez mais afoito deve temer, em gravações que surgirão revelando seu conhecimento sobre falcatruas que deixou passar.

Ele está fora de si, mas nós não podemos estar. E, entre as batalhas que devemos travar, está a de impedir a aceitação pelo Congresso da indicação do nome do terrivelmente evangélico André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal. Outra, a de impedir que sejamos obrigados ao voto impresso nas eleições do ano que vem, que parecem distantes, mas estão sendo urdidas à luz do dia.

Enfim, impedir todas as ações desta escalada golpista no país que tem fome, e não pode ver acabar a energia, a luz e o gás que ainda lhe resta.

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Hospício Brasil ou Brasil, Hospício de todos? Por Marli Gonçalves

Será um plano maligno para que todos fiquemos totalmente insanos, e que acabemos por cometer alguma loucura para salvar o país deste hospício? Porque não é possível que a gente passe mais uma semana como essa, sem que a nossa sanidade seja comprometida

Segunda, terça, quarta, quinta…a pressão sobe e desce descontrolada, a ansiedade e a inquietude dominam. Uma hora a gente acha que o golpe vem aí, em outra, que o golpe até já foi dado. Minutos depois, o assunto é outro, e a avalanche continua. Você entra no chuveiro e quando sai já aconteceu ou ouviu mais algum desatino vindo lá de onde você sabe.

A pandemia se agravando, mais de três mil mortos por dia, vacina que não chega para todos, oxigênio e medicamentos que faltam. A miséria se espalha, e não há como sair, mesmo que apenas até ali, sem encontrar alguém mendigando, envergonhado, por fome. E um povo preocupado que os shoppings estão fechados, as festas rolando por aí, com gente jovem reunida rebolando funks, cassinos clandestinos sendo fechados todos os dias, revelando sempre um mesmo tipo de gente odiosa e uniforme.

No Rio de Janeiro, três crianças – pobres, pequenos, pretos, mirrados – sumidas há três meses, Fernando Henrique, 11, Alexandre, 10, Lucas Mateus, 8, saíram para brincar e não se soube mais deles, o tempo passa e eles não aparecem nem nos noticiários. Nos noticiários está outra criança, Henry Borel, 4 anos, morto. Como? Mais um caso envolvendo um político, miliciano, o tal vereador Dr. Jairinho, paidrasto, que pelo entendido até agora aterrorizava o menino nas barbas, ops, cílios, da própria mãe que com ele se juntou há alguns meses. Coitadas das crianças, e o que também devem estar sofrendo nesse hospício que se tornou o país, dominado no poder, ocupado na política por um bando dessa gente, repito, odiosa e uniforme, um padrão.

No país que este ano, ao contrário da tradição de só começar depois do carnaval, parou totalmente exatamente depois dele. E vai continuar parado e chorando se depender do real entendimento geral do que passamos, do que está acontecendo. Já é catastrófica a incrível normalização de tantas mortes diárias, de perdas, e o dia seguinte, o dia seguinte, tudo parecer normal até que novos números superem os anteriores e tudo se repita hora após hora, hora após hora, no seu tique-taque infernal e contínuo. Quando, talvez um dia, pudermos ver com clareza o saldo de vidas e histórias e futuros perdidos, esse saldo será julgado.

Comecei falando do temor, do golpe, vejam só a preocupação que temos de ter enquanto esse “ser” estiver no comando da Nação. Os militares mexeram suas pedras, e todos foram trocados de uma vez só de todos os poderes por, pelo visto, a sua maioria não aceitar o envolvimento das Forças Armadas nas pretendidas loucuras de um capitão descontrolado. Agora, sob novo comando, aparecem os substitutos, que entram mudos e saem calados. A apresentação para a imprensa me pareceu um desfile, sim, mas de moda, como se novas fardas estivessem sendo lançadas por manequins. Primeiro, postados de lado, um atrás do outro, os três. Quando seus nomes eram ditos, viravam-se de frente para a plateia por segundos, logo retomando uma dura e ensaiada posição inicial. Exatamente como nos desfiles de moda, assim que o “estilista”, o Ministro da Defesa, sai do ambiente, eles saem atrás, em fila, sumindo atrás de uma porta.

Mas nesse hospício todo, ainda há humor! O Datena há semanas em seu programa grita a tarde inteira “Só no nosso?”, mostrando vídeos do povo reclamando de preços, de tudo, e em clara referência que “nosso” é esse, a que parte do corpo se refere. Agora, até gostei, o governador João Doria resolveu responder também com humor ao ridículo apelido que os bolsonaristas insistem em usar contra ele, chamando-o de calça apertada, como se isso fosse grande ofensa. Doria prometeu vacinar todos eles, a começar pelo Eduardo Bananinha Bolsonaro, o filho 03; e com calça apertada, frisou.

Aliás, qual o problema desses caras com as calças do governador? Não é muita falta do que fazer? É ou não é um grupo que faz do país um hospício, que apenas faz mal e tenta nos enlouquecer? No mínimo, de raiva. Não estamos – ainda – com camisa de força, embora imobilizados; mas, sim, totalmente isolados, inclusive nas fronteiras, do resto do mundo, por sermos considerados bem perigosos.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – A nossa revolta do século. Por Marli Gonçalves

Já é visível. Uma grande revolta nacional muito particular enfim parece se formar e ser urdida, ferve nas entranhas do país, e é só essa certeza e a torcida para que ecloda antes de ainda mais desmandos e outras centenas de trágicas e estúpidas mortes, o que dá forças para suportar o que assistimos, agora simbolicamente sem ar, sem o vital oxigênio

revolta

Sufocados. As pessoas estão ali, no Norte do nosso país, morrendo sufocadas, sem conseguir respirar, afogadas fora d`água, desesperadas, alinhadas lado a lado. Fique em apneia para entender esse sofrimento – quanto tempo consegue? Um minuto? Dois, se for muito treinado e saudável. Os pacientes que lotam as UTIs precisam de ajuda, e para a situação do Norte se espalhar não falta muito, acredite. Nessa toada, pode faltar, além de tudo o que já falta, oxigênio para todos. Oxigênio, minha gente.

Não, ninguém aperta seus pescoços com joelhos; ao contrário, profissionais de saúde ainda tentam bombear ar para eles com as mãos, desesperados, inventando respiradores manuais, por horas, esgotados. Lá fora, formam-se filas de novos casos e ouve-se o grito de horror, de socorro, e o choro dos familiares.

Onde estão os milionários, suas benemerências, seus jatos? Onde estão os militares que ainda se prezavam? Onde estão as organizações médicas? O que estão fazendo os congressistas? Os artistas se movimentam como podem, tentando arrebanhar tubos de oxigênio para enviar, mas podem muito pouco. A FAB? Manda, bem agora, aviões de carga para apertar parafusos fora do país.

O desgoverno é total. O General da cara redonda se reúne com o presidente e ainda ri, em meio a ampla gama de bobagens que proferem, como se não tivessem nada a ver com isso, empunhando caixas de remédios inúteis que compraram e que deve ter enchido é os seus bolsos. Em qualquer lugar do mundo já deveriam estar presos, sendo julgados por crimes contra a humanidade. Aqui, continuam livres, escrevendo declarações que serão guardadas porque haverão de ser julgados.  As pessoas pedem ar. Pedem vacinas. Pedem médicos, enfermeiros. Recebem ignorância, descaso, incompetência.

Não é mais nem de perto uma questão ideológica. Chegamos a um ponto em que esses seres só podem continuar sendo apoiados por bandidos. Ou por ignorantes iguais a eles, de má fé. A bandeira do Brasil está, sim, enfim, pintada de vermelho, do sangue de seu povo.

Brincam com as nossas vidas. Continuam com sua doente sanha negacionista, pregando contra a Ciência, contra as máscaras, nos negando as vacinas que há muito já deveríamos ter recebido e ainda nem aprovadas estão pela burocracia safada imposta pela agência governamental que dia após dia pede papéis. Mentem. O tempo passa, e o ar de todos está irrespirável.

É hora da revolta. É política genocida, sim, não há mais como negar. Precisa ser contida. Denunciada. Combatida, seja como for. Nem que seja com o sangue de quem puder partir para a batalha, como já precisamos fazer durante o período mais negro de nossa história, a ditadura, e que agora parece estar sendo revivida, e de forma ainda mais cruel. Assistimos ao vivo, diariamente, as mortes, por tortura; tiram o ar de quem precisa respirar.

Olho no espelho. Minhas olheiras estão cada vez mais profundas, porque não há quem possa dormir tranquilo assistindo a história se desenrolando dessa forma. Os pesadelos são a cada dia mais reais. Acordamos e eles estão lá, à espreita, acontecendo diante de nossos olhos bem abertos.

Não há mais muito tempo, nem paciência possível. Já! Queremos sentir a agulha entrando em nossos braços com a vacina. Será ela o remédio, a força, a coragem, a esperança, a forma de novamente sairmos ao ar livre.

E esse é justamente o medo deles, entenda de uma vez por todas porque a nós está sendo negada essa possibilidade. Eles temem o que sabem que não mais poderão controlar.

Está chegando a hora deste rompimento. A hora está chegando. Não sei como, mas dá para sentir que como está não ficará mais muito tempo. A revolta do século se aproxima. Que seja pacífica. E alegre.

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FOTO: Gal Oppido

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ARTIGO – Brasil drogado, desarranjado, desmiolado. Por Marli Gonçalves

E o sanfoneiro ainda toca e canta desafinado. Inacreditável: é o cara responsável por vender o Brasil para o turismo, e ainda nos compara à Austrália no criativo idioma inglês que entoa. É muito, muito mais do que estar fora da ordem; é estar como se vivêssemos dia e noite um pesadelo tenebroso, uma série antiga, alucinações coletivas. Vocês estão acompanhando esses vaivéns, as declarações e decisões políticas, o comportamento irresponsável das populações em meio a uma pandemia tão séria que vem dizimando milhares sem dó?

Não temos cangurus, nem coalas, nem os dingos, nem crocodilos que saem do mar (pelo menos por enquanto). Mas os gafanhotos se aproximam. Tem ciclone-bomba. Uma Amazônia que queima, devastada. O mundo caindo e o presidente emitindo vídeos com o sanfoneiro lá atrás, a tradutora tentando descrever desatinos em libras, e puxa-sacos sorridentes de um lado; outros, aparecem ali, obrigados, apenas constrangidos. A primeira dama do principal Estado do país, Bia Doria, defende – com seus louros neurônios iguais aos de quem a entrevista, aquela tal de Val Marchiori, que “ninguém entregue comida e roupa para os sem-teto, porque as pessoas gostam de viver na rua”. Gostam?

Volto a perguntar: que água é essa que está correndo nos canos deste país? Que água é essa, que droga é essa, parece espalhada, e que, de um lado amortece, de outro enlouquece? Causa esse desarranjo, esse surto de burrice coletiva? Que nos faz temer a cada dia mais pela nossa própria sanidade?

Leis que não são cumpridas, um presidente e um equipe de governo que nega, negam e renegam os fatos mais singulares, e o fazem diante de um mundo todo também perplexo. Me digam se não é um desarranjo em seu sentido mais completo: que se conseguiu desarranjar; que está ou se encontra desalinhado; desarrumado ou desorganizado. Que não funciona perfeitamente; que está enguiçado, e na forma popular, com desarranjo no intestino; diarreia.

Remédios? Uma tal cloroquina, já rejeitada por ineficiente, em absurdos estoques militares; ivermectina, remédio para gado (se bem que…), propagandeada e receitada até por, entre outros “doutores do caos”, um ex-deputado como o Roberto Jefferson, que vocês bem sabem onde deveria estar morando, quietinho. Uma listinha que corre pelas redes e alguém (alguéns) deve (devem) estar ganhando muito dinheiro com isso. A perigosa automedicação vai trazer é mais problemas de saúde, e em um futuro bem próximo.

Estamos tão desarranjados que daqui a pouco será mesmo só o velho Imosec que nos trará algum alento. Testes? Virou um comércio sem controle, de esquina, com preços nas alturas, pouco acesso real, e muito mais ainda poucas explicações. No noticiário aparecem como se todos pudéssemos fazê-los e pronto. Leiam as entrelinhas, leiam as letras pequenas.

Tudo tem um porém, um “mas, todavia, contudo”. Governadores decretam estado de emergência – que os livra de compromissos com gastos e recursos – quase no mesmo momento em que liberam as atividades e todos são irresponsáveis, inclusive a população que temos visto lotando ruas, bares, jovens sem máscaras, como se não houvesse amanhã, e de repente desse jeito não vai ter mesmo. Quem fiscaliza, quem segura esses rojões?

O presidente assina decreto e derruba a obrigatoriedade do uso de máscaras em escolas, templos e comércio. Vai ser um massacre se for espalhada essa ideia da contaminação em massa – será forçar muito mais a barra que já pesa. Bem, não temos comando na área de Saúde, a Educação está ao Deus-dará, e militares ocupam postos para os quais decididamente não estão preparados. Fora os tais ideológicos de carteirinha.

Não é só que o Poder esteja tomado; está perdido, solto por aí, batendo cabeça.

O resultado está desgraçadamente nas ruas. Só pode ser a água. Ou todos esses remédios misturados fazendo efeito.

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ACREDITE:

IMAGEM ABERTURA: disarranged sunnyboy Painting by Peter Treu | Saatchi Art

ARTIGO – Pesadelos no país tropical. Por Marli Gonçalves

O Sol escancarado, o céu azul, a temperatura amena, as noites fresquinhas, quase tudo o que a gente poderia precisar para ser feliz. Mas quem consegue? Com sobressaltos de dia, de tarde, de noite… e de madrugada! Os sonhos são estranhos, os pesadelos reais. Os dias, o tempo, o futuro, alterados.

Mauvais rêve | Mon petit nombril

Nas ruas, um bando de gente louca continua andando pra lá e pra cá sem máscara, ou com ela, digamos, posta ou pendurada em lugares bem estranhos. Precisa dizer que não precisa tirar para falar ao celular? Que máscara é feita para cobrir o nariz e a boca, os principais meios de transmissão dessa doença maldita que veio bagunçar o coreto mundial coma música tenebrosa do terror? Que o horror é invisível?

O inverno deve ser longo: arrebatou o verão, o outono e já se anuncia na primavera do ano que não mais esqueceremos. Ultrapassamos oficialmente um milhão de infectados, quase 50 mil mortos. Por essas e outras que parece que a cada dia, as coisas pioram, e não é só no número, mas com o bagunçado afrouxamento das regras da quarentena, com a forma que as informações (não) são entendidas e em um momento tão delicado.

Pegam o mapa e colorem: vermelho, laranja, amarelo. Regras são baixadas alegremente como se nosso povo fosse suficientemente esclarecido para segui-las sem a devida fiscalização, que todos sabem que não haverá, ou se ocorrerem, só pescam as sardinhas tentando fugir de tubarões. Um dia se fala uma coisa; no outro, já não é mais. Fora as medidas que só podem nos fazer gargalhar, tipo aquela de que os ônibus só poderiam circular com as pessoas sentadas – e que não levou em conta, por exemplo, que ninguém anda querendo sentar nem ao lado, nem no quentinho de outras pessoas. Tem quem prefira só pegar nos ferros; depois limpar as mãos. Por aqui em São Paulo, já caiu essa medida também. Não, ninguém mandou aumentar a frota, para evitar aglomeração e gente pendurada; e os horários escalonados estão bem doidos. As portas se abriram, e as pessoas precisaram sair, com sua fome, seus medos, suas obrigações.

Outro dia, onde entrei, encontrei uma figura, uma mulher – que deixo pra vocês bem imaginarem suas divertidas formas e triste tipinho –  toda metida, sentada no meio de mais gente, sem máscara, e que ousou ficar toda irritada e emproada porque perguntei na hora a ela se era possível que pusesse, então, um farol verde sobre sua “linda” cabeça, já que, ríspida, disse que já tinha contraído o vírus e não precisava mais usar. Ela fechou a cara. Portanto…Volto a perguntar: e vocês acham mesmo que sairemos melhores dessa? Infelizmente o que tenho visto está na linha do “cada um por si”, e já nem falo em Deus, porque nem Ele deve estar acreditando o quanto seu Santo Nome vem sendo clamado em vão.

Meu lado diabinha tem pensado seriamente em começar a espirrar e tossir bem perto desses seres, só de sacanagem. Mas na verdade me sinto – e vejo muita gente que conheço da mesma forma – cada vez mais preocupada e isolada, até para evitar aborrecimentos, já que não tenho um pingo de sangue de barata em minhas veias.

O mesmo sangue que simplesmente ferve ao acompanhar a escalada vertiginosa da crise política. Que chega ao cúmulo do cúmulo, acumulando as digitais de um presidente cada vez mais insano e sua família e equipes envolvidos em tudo de ruim, perdidos, tentando justificar malfeitos diários, muitos até mais antigos, revelados pela imprensa que odeiam com todas as forças.

Dizer que o país está à deriva é pouco: todo o futuro está comprometido. Olha as áreas de Educação e Saúde, os desatinos da área econômica, o relacionamento diplomático, agora também estamos mandando lixo para instituições mundiais, como é o caso do ex-ministro Abraham Weintraub. Os poderes se digladiam entre si, as forças militares se assanham ocupando alguns postos chave. Saqueadores de outrora se aproximam, sedentos e cobrando caro para serem muletas e esteios de poder.

Enfim, um pesadelo, como os que vêm ocorrendo em nossas noites de sono e insônia, desses, que estamos caindo em um abismo, sendo perseguidos, gritando por socorro sem seremos atendidos, pendurados numa corda puxada de um lado e de outro.

O problema é que a tal corda puxada e que se estica está mesmo enrolada em nossos pescoços. O que descobrimos todos os dias, bem acordados. Apavorados.

– “Pamonhas, pamonhas, pamonhas” – um carro com alto-falantes passa agora aqui em frente, percorrendo as ruas. Essa realidade é mesmo muito dura em seus sinais.

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ARTIGO – Alvoroço no Alvorada. Por Marli Gonçalves

Virou praxe. No nascer do dia, logo após o toque de cornetas, clarins e tambores nos quartéis ao amanhecer, na alvorada, surge um homem completamente alterado à porta de seu Palácio, o Alvorada. Ele vai abrir a boca, dizer sandices, um ou dois ou mais palavrões, gesticular, ameaçar a democracia e as instituições, pior, por isso ser aplaudido por um pequeno grupo fazendo alarido no seu quintal

Agora esse homem deu até de usar gravata ostentando o símbolo de suas loucuras. Pequenos fuzis em verde e amarelo, como tão bem registrou o genial repórter fotográfico de Brasília e da história, Orlando Brito. Outro dia mesmo, Brito, mais de setenta anos, foi ao chão, teve os óculos quebrados por essa turba que surrupia as cores e símbolos nacionais para enaltecer o obscuro, para tentar que o Brasil novamente anoiteça sem liberdade. Outro repórter, Dida Sampaio, derrubado e chutado.

Não era sem tempo que alguns dos principais meios de comunicação do país deixassem de presenciar essa cena macabra ocorrendo sob o brilhante céu da Capital da República, onde diariamente – além de registrarem esses descalabros – ao tentarem fazer perguntas, recebem de volta ironias, provocações e ameaças que vêm aumentando em escalada, sem que providências sejam tomadas para garantir minimamente sua presença no local. Essa semana muitos deram um basta.

Mas o homem não para. A cada dia mais violento, ameaçador, faz desse show matinal material para os vídeos que planta na internet para serem dispersados por uma equipe que coordena milhares de robôs e gente que se diz “patriota”, entre outros que, coitados, acreditam que os robôs sejam gente de verdade. Nessa semana vimos bem a cara de alguns desses seres digitais capturados na realidade da rede de uma parcela da Polícia Federal que se esmera pela independência.  O homem chiou, os olhos chisparam, mais disparates foram ditos, feitos, anunciados e ordenados em ameaças, inclusive de grave descumprimento da ordem constitucional.

A cada alvorecer mais preocupante, os dias nacionais quando já acordamos em sobressaltos, como se já não bastassem os milhares de mortos, os números que diariamente sabemos no crepúsculo dos dias em meio à pandemia, ao desencontro de ações, dos conflitos entre regiões, do vazio verde-oliva ocupado na Saúde por patentes e coturnos.

A vestimenta da Alvorada traz detalhes que acabam passando, como se lei não tivéssemos mais: talvez vocês não tenham reparado ainda que o homem da gravata com fuzis agora aparece cercado por seus seguranças ostentando máscaras de proteção com a sua figura carimbada, em um personalismo que conhecemos no século passado durante a ascensão do mal do fascismo e nazismo.  O “e daí?” usado alegremente na máscara da deputada que já estaria cassada em momentos normais. E naquela reunião do dia 22 de abril que agora, perplexos, assistimos, vários ministros e autoridades regurgitaram suas ignorâncias em alto e bom som, sem que tenham sido presos. Aliás, o que é compreensível, se ali tivesse havido voz de prisão entre uns e outros não sobraria quem apagasse a luz daquele salão.

O alvoroço não é pouco, e se distribui muito além da alvorada e do Alvorada, das manhãs, tardes e noites, causando inquietação no nosso sono das madrugadas, do Planalto às planícies; entre os Poderes, agora em isolamento social, engaiolados em lives e encontros digitais, reuniões extemporâneas, declarações e notas de repúdio em redes e folhas de papel que não duram minutos respirando até que outras tenham de substituí-las.

Fosse só o homem, mas ele tem os filhos enumerados, porque agora é moda, além do banheiro, o ir lá fazer 01, 02, que já era bem ridículo como expressão. Temos por aqui mais zeros, sempre à esquerda, nunca nos lugares onde no mínimo deveriam estar trabalhando, mas tentando desgovernar juntos, como clones do sobrenome que precisamos urgentemente, e antes que seja tarde, parar.

Nosso alvoroço – dos que prezam pelas liberdades individuais e pelo respeito – tem de começar a ser sentido lá no Alvorada.

Nossa alvorada haverá de ser muito melhor. Do jeito que está, sujeita a trovoadas, poderá nos levar a uma noite terrível. Mais terrível dos que os pesadelos que atormentam nosso sono buscando sobreviver, além da pandemia, além deles, e de todo o atraso e violência que claramente representam.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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FONTE: OS DIVERGENTES – FOTO DE ORLANDO BRITO

ARTIGO – A claque dos bananas que aplaudem e dão gritinhos. Por Marli Gonçalves

Vamos tentar nos entender, por favor. Falar sério sobre comportamento, honra, orgulho, liturgia do cargo, capacidade, seriedade, educação e outros muitos “quesitos más” necessários a quem se elege presidente da República.  Seja ele ou ela quem for. E, no caso, o atual ocupante do cargo passa dos limites e abre a porteira da ignorância em todo o país. Por onde passa o boi, pode passar uma boiada incontrolável…

Um mau exemplo. Um péssimo exemplo e, pior, comportamento insano que vem sendo seguido como engraçadinho por outros integrantes do governo e pessoas que o cercam, os ainda apoiadores, talvez acreditando que somos todos bananas tropicais, povo pacato, alheio, que essa situação se estenderá, que ficará por isso mesmo, e que eles mandam e desmandam. Pensam, ou pior, se articulam para tal, que ficarão neste comando muito tempo.

Pisamos em brasas. Eles passaram; mas não ficarão – e isso é certo se mantivermos atenção e cuidados com a liberdade de expressão, críticas, comentários, força e união, assim como a devida responsabilidade necessária entre os formadores de opinião. A imprensa, onde me insiro.  Entre as mulheres, onde batalho. Entre os ecologistas, que apoio. Entre os gays, que defendo. Entre os líderes, entre os livres, que buscam Justiça, onde pretendo me manter, sempre, sem fechar os olhos aos desmandos, e como sempre fiz ao longo da vida que já é longa o suficiente para me gabar disso.

Já. O momento é já. Buscarmos novas lideranças, arejar a política, ocupar os espaços vazios, combater a beligerância, a ignorância, o oportunismo e o radicalismo de outras partes é obrigação que temos com a história e com o futuro, e mesmo que nele não estejamos. Aceitar que saímos do ruim para o pior.

Os últimos acontecimentos, as bananas que o presidente nos manda, sorridente e agressivo, como foi nas falas contra a repórter da Folha de S. Paulo, as inacreditáveis e baixas afirmações e ameaças – outro dia disse que seu amigo, o carioca deputado negro Hélio Lopes,  aquele que está sempre por perto dele, olhos arregalados, é negro devido ao tempo a mais que ele teria passado na barriga da mãe; teria dado uma “queimadinha” no forno por demorar dez meses para nascer. Sim, ele também disse mais essa, em uma live de quem pensa que está brincando de internet, de ser piadista, e dando aquela risadinha ridícula já nos dá náuseas. Isso não é humor, não tem graça, nem nunca teve.

Não há tom de brincadeira que possamos aceitar. Até porque visivelmente não é brincadeira. Ele pensa desse jeito torto. Os militares de alta patente que ocupam cada vez mais o governo sabem disso, e não é por menos que estão se espalhando. Nunca confiaram no Capitão, sempre visto como mau militar. Não confiam em sua capacidade de governar. O fato de estarem agora até na Casa Civil(!) é bastante revelador, e o intestino do poder está se alimentando fora de casa.  Os fatos vêm se sobrepondo – todo dia, sem parar, problemas, falas que afetam e trazem desconfiança ao mercado, falas feitas naquele cercadinho ridículo ao qual a imprensa incompreensivelmente ainda se sujeita, com aquela claque nojenta, uma escalada que culmina ainda com a clara e antiga ligação a grupos milicianos.

Não é brincadeira. Não tem graça, nem nunca terá. O Carnaval passará. 2020 precisa acontecer, sim, e não temos mais como perder outra década ensacando ventos, com sacos roxos, precisando “manter isso daí”, nem com gente que lavou dinheiro a jato, se lambuzou e deixou esse buraco da política para agora vir a ser preenchido por um amador em tudo: como militar, como homem, como presidente, e até como engraçadinho.

O que não tem decência. O que não tem juízo. Nem nunca terá.

Está chato. E nós queremos dar nossas risadas. Usando a mais ( e irritante ) nova expressão, que surgiu há alguns dias, temos de “cancelar” todos esses caras.

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#ADEHOJE – MILITARES EM PÉ DE GUERRA E PACOTE ECONÔMICO

#ADEHOJE – MILITARES EM PÉ DE GUERRA E PACOTE ECONÔMICO

SÓ UM MINUTO – Crise. Tempo quente entre os militares no governo. O general Maynard Marques de Santa Rosa, ministro que ocupava a pasta da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, se demitiu ontem, depois de ter recebido uma espécie de puxão de orelha que não admitiu, vindo da secretaria gral da Presidência. Era um relatório que ele diz ter sido baseado em números falsos. Com o ministro saíram também Lauro Luís Pires da Silva, general de divisão do Exército, que ocupava o cargo de secretário especial adjunto; Ilídio Gaspar Filho, também general de divisão, secretário de Ações Estratégicas; e Walter Félix Cardoso Junior, bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, com 30 anos de Exército, que ocupava a posição de assessor especial, subordinado a Lauro Silva.

O presidente Jair Bolsonaro, cercado daqueles homens todos, foi ao Congresso apresentar o plano econômico do governo, que espera ver aprovado ano que vem. Têm emendas à Constituição …

militantE

ARTIGO – Destemperos e descalabros. Por Marli Gonçalves

 

Ai, ai, ai, ai, ai. Cinco doloridos ais contra o AI-5. Cinco minutos de sua atenção para entender porque a situação já há muito vem perdendo qualquer graça, e se tornando perigosamente um flerte com o que há de mais atrasado, como se um pote do passado, esse sim “conservado” fechado, estivesse sendo destampado

Resultado de imagem para DESCALABRO

Quando tudo começou, de verdade, consumado, e que tivemos de acreditar que não havia nada mais que pudesse ser feito – até porque o leite já estava derramado, não houve ninguém com capacidade para competir melhor para evitar o desastre – nos resignamos. Pensamos que, quem sabe? – o homem que assumiria a Presidência poderia se adequar, entender o que é Estado, Nação, o papel que lhe cabia. Que serenaria seus ímpetos de baixo clero, seus matutos, desinformados e inflamados discursos, em prol de governar para todos, pela pátria, e como ele próprio repetia, pelo Brasil acima de tudo.

Não se passaram muitos dias para que a nossa resignação virasse preocupação, susto após susto, quase que diariamente. O rol dos ministros escolhidos, as postagens nas redes sociais, as “lives” toscas, os comentários desairosos, a compra de briga com importantes setores da sociedade civil, as ameaças e ataques à imprensa, aos repórteres. A lista é já de início impressionante. Some-se censura a obras de arte, falta de compromisso com o meio ambiente e com todas as tragédias – de Brumadinho, queimadas, óleo nas praias, violência nas ruas, acidentes.

Como um carro sem freio acelerando numa ladeira íngreme, e tentando fazer uma curva à direita, os descalabros foram se avolumando. Ministro colombiano, astrólogo filósofo palpiteiro, teses escalafobéticas como a da Terra ser plana, meninas de rosa, meninos de azul, indicação de ministro “terrivelmente evangélico”, “golden shower”, erros crassos em portarias governamentais. Logo vieram as encrencas e grosserias nas relações internacionais, as trocas de ministros por outros piores ainda, os cortes de verbas nas áreas sociais, as dificuldades nas negociações políticas, o atraso em atender às promessas eleitorais, os ataques à oposição, mesmo estando essa engessada, múmia, como ainda parece estar.  Mais imóvel até do que o próprio e rebelado partido que caiu da cama onde dormitava, o partido do presidente.

Seguiram-se ainda revelações que associavam o sobrenome Bolsonaro à corrupção, às milícias, a um sem fim de tudo de ruim que parece ter sido juntado em um grupo só, para nos desanimar a todos ( todos, claro, sem contar os seus iguais que ainda batem pé, cantando hinos com a mão no coração): os da maioria que votou nele, os que não votaram, os que escolheram outros, os que se abstiveram, mas todos em busca apenas de um país que saísse da paradeira após o desastre já vivido nas últimas administrações, do PT, de Lula, Lava Jato, Dilma, do impeachment, de Temer.

Logo percebemos outro grande problema que se agravaria muito no decorrer do ano, desses até agora dez terríveis meses de 2019: os Filhos do Capitão, os 00s, 01,02,03, Huguinho, Zezinho e Luizinho, ops! – Carlos, Flávio e Eduardo. Todos com cargos parlamentares, pela ordem, vereador no Rio de Janeiro, senador, deputado federal, os dois últimos eleitos agora na esteira do pai.

Eles são motor de crises, que agora chegam ao auge com a desfaçatez de Eduardo Bolsonaro ameaçando com AI-5 quem pensar em “derrubar” o pai, como afirmou. O AI-5, o mais devastador ato da ditadura militar que cobriu esse país por 21 anos. Nesta mesma semana, estupefatos, vimos os meninos divulgando o vídeo do leão atacado por hienas etiquetadas como se fôssemos nós todos, ao fim e ao cabo. Ouvimos o próprio pai, em viagem ao Oriente, ousar dizer, na Arábia Saudita, onde se encontraria com um sanguinário filho de monarca, que todas as mulheres “adorariam passar a tarde com um príncipe”, referindo-se ao príncipe Mohamed bin Salman, entre outras acusado de mandar esquartejar e matar (nessa ordem, a que parece que foi executada) o jornalista Jamal Kashoggi.

Só se fossem loucas essas mulheres, que ali já são vítimas das maiores proibições, atrocidades e desrespeitos.

Chega. Não tem mais nenhuma graça. Não podemos mais achar normal, não tem mais quaquaraquaquá, memes, piadinhas ou qualquer outra insinuação que aplaque a agonia. E o que é pior: até os militares que o cercam já percebem que Bolsonaro está mais para o atrapalhado Sargento Tainha e seus recrutas Zeros, do que para Popeye.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Sombras sobre nós. Por Marli Gonçalves

É uma névoa densa, cinza, triste, que vai se encorpando, tampando a luz, puxando rapidamente mais uma noite e a escuridão de ideias, criatividade, avanços. Ela não vem só da queimada de nossas florestas e campos, mas de uma tentativa de, mais uma vez, buscarem regrar e direcionar atos, visões, fatos, para apenas um ângulo onde o mundo é dominado, atrasado, censurado, muito triste…

Afasta de nós tudo isso, por favor. A quem apelar a não ser à uma mínima consciência de que a realidade é muito mais forte? Que mesmo os que ainda resistem a entender o que se passa, e que não é proibindo que se resolvem as coisas, sejam mais rápidos e percebam que isso não vai dar certo se continuarem nessa toada, porque também serão eles os prejudicados.

Já escrevi sobre os pequenos poderes, mas agora, vendo a cara e a alegria do tal coronel Wolney Dias à frente de um grupo de comandados de avental entrando na Bienal do Livro do Rio de Janeiro para recolher histórias em quadrinhos e livros a mando do prefeito Marcelo Crivella me assustei mais ainda. E logo vieram à tona imagens de tempos tenebrosos, peruas Veraneio misteriosas, com agentes de óculos escuros e ternos xadrezes, que nos espionavam nas esquinas a mando de alguém de cima.

É uma escadinha que só desce. Um presidente falastrão e com problemas sexuais abre a fila e quer proibir cartilhas e que sejam dadas educação e explicações sobre sexo para crianças e adolescentes. Logo seguido por um governador que se diz todo moderno e que manda recolher cartilhas que citavam a questão de gênero. Logo atrás um prefeito, religioso, sabe-se lá como eleito em uma cidade como o Rio de janeiro – nem me peçam detalhes que vocês já sabem o que gostaria de lembrar a todos – que invoca com um cartaz de um desenho de história em quadrinhos, repito, um desenho! Nele, no desenho, dois homens, adolescentes, de uma história de super-heróis da clássica e conceituada Marvel, se beijam. Em seguida, chega o tal coronel… e daqui a pouco o guarda da esquina vai querer recolher seu guarda-chuva cor de rosa porque crê que não é cor de homem.

Não é possível que uma parcela da sociedade ainda teime em não perceber que o que é importante mesmo – inclusive se haverá um guarda lá na esquina se você realmente precisar – está sendo deixado de lado. Não entenda que não é por causa de uma história em quadrinhos que uma criança ou adolescente “vira” gay. E que, ao contrário, é fundamental, justamente para evitar abusos, que as crianças tenham informações gerais sobre sexo, especialmente e porque é sabido que os pais têm grande dificuldade de lidar com isso, falar sobre isso. Vai lá verificar se estão preocupados com o número de estupros e abusos de crianças, com a gravidez de adolescentes, com a prostituição infantil nas áreas de turismo, com tantas coisas que são realidade e não desenhos de histórias em quadrinhos.

Santa Hipocrisia! –  Diria o Batman atual, e que completa agora 80 anos sofrendo bullying por conta de sua parceria com Robin. Até precisaram, tempos atrás, inventar uma Mulher Gato para ver se ele desencantava, mas…penso que também ele não era o gênero preferido daquela libertária, esperta e sensual heroína.

Enfim, não é só a censura que está trazendo essa densa névoa sobre nós. É cada ataque às instituições civis, o palavreado descontrolado para cima de importantes parceiros internacionais, a falta de respeito com as mulheres, as decisões de cortes em bolsas de estudo e pesquisas, o aparelhamento militar sobre a cultura, as ameaças feitas, com raiva e com olhar ejetado, para cima da Constituição.

A lista é enorme, e o que vemos se despedaçar cada vez mais rápido diante de nós é a esperança que no fundo foi quem o elegeu e a todos os outros dessa estranha cadeia de poder.

Pior é que, justamente sentindo isso, que os olhos de mais e mais pessoas começam a se abrir, que eles puxam mais forte a tal cortina de fumaça, a neblina, as sombras.

Faça-se a luz. Deixem o Sol da liberdade, em raios fúlgidos brilhar no céu da Pátria nesse instante, de um povo heroico, o brado retumbante.
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(FOTO GAL OPPIDO)

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Já à venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – UM TERÇO DE BRUCUTUS NO PAÍS

#ADEHOJE – UM TERÇO DE BRUCUTUS NO PAÍS

 

Só um minuto – Depois de dias de um ataque de declarações estapafúrdias do homem que nos desgoverna, vamos começando outra semana, agora com a volta dos trabalhos nos Parlamentos e no Judiciário e nas escolas… Eles param, nós continuamos sempre. Matérias hoje mostram o óbvio, 1/3 dos brasileiros pensa igual ao presidente, dessa forma tosca, em relação ao meio ambiente, direitos humanos, tudo o que nos é tão caro. Esse um terço será sempre o que ele guardará sob a asa que esperamos não se espalhe. Ao contrário, diminua a cada dia, o que de alguma forma já estamos vendo, porque bom senso não faz mal e precisamos que o país seja melhor.

O SÉRIO DESMATAMENTO QUE PRETENDEM ENCOBRIR TRAZ NOVOS CAPÍTULOS. Agora querem por um militar no Inpe e mudar a forma de monitoramento.

Trump, depois de dois ataques em apenas um fim de semana, com dezenas de mortos e feridos, reage. Promete pena de morte! Como se quem atira estivesse preocupado com isso.

ARTIGO – Limites terrivelmente irresponsáveis. Por Marli Gonçalves

 

Nossa paciência tem limites. O que podemos ou não fazer têm limites. Até a loucura tem limites. Nesse momento quem está dirigindo o país está brincando de testar os limites. E isso tem um limite. Não é política. É provocação.

Todo dia, toda hora, aqui, ali, em áreas técnicas, sociais, comportamentais: o presidente Jair Bolsonaro está abusando não só dos seus próprios limites, e ele têm muitos, limitado que é, como de nossa inteligência, paciência, honra e capacidade de suportar os ataques que desfere. Como se brincasse, parece. Como se não tivesse o que fazer e ficasse inventando. Como se estivesse se divertindo com nossa agonia. Não é agonia de ideologia, de direita, esquerda, de quem é a favor ou contra, esse insuportável debate no qual o país está mergulhado. Já são mais de seis meses que estouram em nós os limites do seu amadorismo, desconhecimento, pessoalidade.

Essas últimas dessa semana transbordaram. Primeiro, em encontro com pastores, a promessa verdadeiramente ameaçadora de indicação em breve de um ministro do Supremo Tribunal Federal, STF, “terrivelmente evangélico”. Como assim? Além de termos de buscar o máximo de laicidade nas instituições, o que isso significaria, especialmente na cabeça dele? Um ministro da Corte Máxima, seja o que for pessoalmente, homem, mulher, gay, católico, ateu, umbandista, evangélico, alto, baixo, magro, gordo, vegano, preto, branco, pardo, caboclo – o que for – deve seguir uma única luz: a Constituição Federal. O que é que Bolsonaro acha que alguém como ministro “terrivelmente evangélico” modificará? Descerá sobre nossas cabeças novas leis? Todas as imagens sacras serão execradas? Teremos de usar saias abaixo dos joelhos, como as mulheres-postes? Cortar cabelo nunca mais? Proibir unhas e batons vermelhos? O dízimo já pagamos.

Desculpem, mas respeito muito os evangélicos, e sei que entre eles há gente do bem, inclusive trabalhei com muitos que conseguiram que eu própria revisse meus preconceitos. Sei que até eles, em particular, não concordariam com muitos dos ideais e pensamentos bolsonarescos, porque sabem que estaria sendo celeremente criada mais uma terrível forma de discriminação contra eles próprios – aliás, já a caminho.

Para completar, o presidente resolveu dar um inesquecível presente de aniversário ao filho 03, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL/SP. Sua indicação à embaixada brasileira nos Estados Unidos, em Washington, o mais importante cargo da diplomacia nacional, de estratégica importância política e econômica. As qualidades do moço? “ele fala inglês e espanhol”, “não é aventureiro” … entre outras que é melhor nem citar para não nos aborrecer ainda mais, a todos nós.

Mas o próprio Eduardo Bolsonaro foi ainda mais longe na sua própria apresentação, acrescentou que fez intercâmbio lá, e que fritou hambúrgueres. Disse acreditar que será melhor visto por ser filho do presidente, que não é nepotismo e acena com a aprovação logo de quem? Do doido chanceler sabujo de Olavo de Carvalho, Ernesto Araújo.

O prestigiado Instituto Rio Branco e o Palácio Itamaraty já devem ter começado a ter as paredes trincando, rachando, implodidas. Que o Senado nos livre de mais essa barbárie, recusando a indicação, furando bem furado mais esse balão de ensaio.

Não tem graça. Em seis meses está havendo um desmonte de toda uma organização, de todo um país, de conquistas fundamentais, qualquer coisa que se pergunte resulta em mostrar a total divisão do país, numa dialética maligna.

Mais: é cruel termos de dar atenção a assuntos de tanta ignorância em um momento do país em crise, com discussões envolvendo nossas vidas e nossos futuros, como a Previdência. Aliás, já fez os cálculos? Acha mesmo que será essa reforma que salvará a pátria? Só se a gente viver e sobreviver – e muito – para ver.

Isto não é política. É acinte. Passa terrivelmente de qualquer limite.

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Marli GonçalvesJornalista, Consultora de comunicação, Editora do Chumbo Gordo. Repara que a campanha presidencial já começou. E repara também que não é exatamente para a próxima eleição marcada para 2022. É para antes, bem antes.

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Brasil, quanto falta?

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ARTIGO – Nossos invernos infernos internos. Por Marli Gonçalves

Pode até fazer frio, mas o clima continuará bem quente por aqui no país do dedinho de arminha, da torneira que não vai parar de vazar e das falas, atos e decisões do homem que nos desgoverna sem ter ao que parece qualquer preocupação ou noção dos estragos que semeia com olhar tenso e sem brilho. Pare para pensar quem é que está se dando bem com tudo isso

O inverno é isso. O país tropical anda rendido. E absolutamente perplexo no dia a dia dos últimos meses assistindo a um espetáculo diário de besteirol sem qualquer graça, sem roteiro e com o apoio solene de comediantes medíocres de stand up. Sim, eles, de pé, em cima de palanques, tribunas, altares, púlpitos, onde quer que estejam, é só esperar, dali coisa boa é que não vem. O caso é pensar como chegaremos às próximas estações.

E, seja em quem foi que você, leitor, possa ter votado, não é possível que não perceba que estamos na famosa sinuca de bico, beira de precipício,  esquina do horror, e que não há reforma que resista a uma crise depois de outra, a tanta insanidade em verde amarelo, azul e branco – que agora aparece até na gravata que o homem coloca para anunciar  os amigos nos espaços vazios das crises.  O patriotismo é mais do que apenas refúgio; pode ser o biombo que esconde a incompetência ou algo mais que ainda não se revelou por completo. Apenas em parte.

Não adianta em público fechar os olhos, fazer marra, considerar-se feliz por tanta perturbação, pelo quanto pior, melhor, ou bater no peito, arrumar briga nas redes sociais, xingar a todos de comunistas ou “petistas”, dizer que “estamos” atrapalhando, e que não queremos o fim da corrupção, patati patatá. Esses discursos não cabem mais depois de 180 dias de sandices, isso sem contar todas que já foram disparadas durante o período eleitoral. O governo anônimo, sem marca, do Marcelo Álvaro Antonio e agora do Jorge Antonio de Oliveira Francisco, os nomes de nomes.

Tudo o que se poderia até ter acreditado que ocorreria, veja só, não ocorreu. Os índices continuam ladeira abaixo, nenhuma reforma, e agora até de reeleição já ousou falar, convencido, o mesmo que a negava. Se alguém ainda punha fé na ampla presença de militares de alta patente no sistema, apure seus ouvidos e ouça o burburinho que anda entre eles, tratados com desprezo, este sim, bem patente. No masculino governo sumiram até com as leituras de libras antes tão aplaudidas. Reparou?

Seis meses que se passaram de tal forma que até ser oposição tornou-se dispensável. Também … com essa que temos, desorientada, sem novos quadros, sem liderança. Ser imprensa acaba sendo apenas uma cruel repetição de gritos no escuro. Registra-se de dia o que à noite será mostrado nos telejornais, isso se não tiver havido algum recuo, uma dança sem par.

Depois eles se explicam lá no Programa do Ratinho. Em geral, gravado antes, bem editado. Não é sintomático?

Alguém, em algum lugar, nesse exato momento, deve estar se dando muito bem com isso tudo. É você? Temo que não.

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Marli Gonçalves, jornalista. Observadora.

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Os incríveis primeiros seis meses de 2019

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#ADEHOJE – SAÍDAS, RENÚNCIAS, CHAMADOS, AMEAÇAS

#ADEHOJE – SAÍDAS, RENÚNCIAS, CHAMADOS, AMEAÇAS

 

SÓ UM MINUTO – O último final de semana de maio começa com frio no tempo e calor nos acontecimentos.

A imprevisível manifestação de domingo, que junta alhos e bugalhos sem direção.

A repercussão da renúncia da primeira ministra britânica Thereza May e o que acontecerá com o Brexit, a discussão da saída do Reino Unido da Comunidade Europeia. Renúncia aqui, ali, e até o Paulo Guedes diz que renuncia se não conseguir aprovar a reforma da Previdência em seus termos

O caso da mãe, aqui em São Paulo, que atirou a filha de três anos pela janela e horas depois se atirou também, depois de tentar atear fogo no apartamento – mais um termômetro da confusão mental e problemas que atingem a população.

A liberação dos militares que fuzilaram o carro de uma família e que matou duas pessoas; as discussões sobre o avanço da liberação dos agrotóxicos, o avanço que tentam em cima de áreas ambientais protegidas, todas as mordidas que tentam todos os dias.

 

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#ADEHOJE – O REJEITADO DE NEW YORK. BEBÊ REAL CHEGOU.

#ADEHOJE – O REJEITADO DE NEW YORK. BEBÊ REAL CHEGOU.

 

SÓ UM MINUTO – Como escreveu um velho amigo, Bolsonaro e equipe fazem e falam tantas bobagens e disparates que fica difícil acompanhar, e até por dia, a tal metralhadora giratória. Tantas polêmicas que fica difícil escolher o que destacar. Agora, Bolsonaro pensa em ir para o Texas… já que foi rejeitado por Nova Iorque. Ele está batendo o pezinho e deve estar muito, digamos, bravo, com essa situação. A da semana parece ser mais um embate entre os chatos ligados ao Olavo de Carvalho e alguns militares que já estão se sentindo bem incomodados com os rumos do governo. A ladeira deve ter um limite.

Nasceu o bebê de Meghan e do príncipe Harry, um menininho.

#ADEHOJE – OLAVO MATRACA PRA CIMA DOS MILITARES.

#ADEHOJE – OLAVO MATRACA PRA CIMA DOS MILITARES.

 

SÓ UM MINUTO – E o tempo pode fechar. Aliás, o tempo ainda não abriu nesse governo Bolsonaro que todo dia nos traz lamentáveis surpresas. Olavo de Carvalho, o guru sabe-se lá do quê, mais Os Filhos do Capitão, 01,02,03, se não forem freados a tempo ainda vão piorar mais ainda a situação. Chamo a atenção de todos para os terríveis cortes de verbas que estão ocorrendo, paralisação de projetos importantes, enquanto o Capitão brinca de ser presidente. Estão em risco especialmente o cinema nacional e a produção de seriados, além de tudo o que dependia da Petrobras.

O mundo real não é de caminhõeszinhos, mas de caminhoneiros que estão tocando o terror com a ameaça de greve e divisão das lideranças. Aponte uma área que está andando em linha reta. Umazinha. Não tem. A reforma da Previdência tenta cavar espaço, perdendo alguns dos pontos iniciais

#ADEHOJE – BRIGA DE PODERES. PERIGO À VISTA

#ADEHOJE – BRIGA DE PODERES. PERIGO À VISTA

Só um minuto – Tá pior que reforma de obra! Que tempos! Não há dia que acabe sem que fiquemos sabendo de futricas e desavenças no meio político/ jurídico/ institucional. Em geral, a fonte das crises tem vindo dos filhos do presidente Bolsonaro, Os Filhos do Capitão, 01,02,03.

Mas não tem mais graça, estão atrasando o país. Ando muito impressionada com a subida de tom e de maturidade e força de Rodrigo Maia, que tem sido bastante caro em suas colocações. Num dia, disse que os militares ao tentarem se poupar de entrar na reforma da Previdência, estavam chegando atrasados, no fim da festa. No outro disse ao Moro que ele copiou e colou projeto do Ministro do STF Alexandre Moraes, e que é “empregado” do presidente. Até um deputado do próprio PSL disse que não adianta Bolsonaro mandar à Câmara um abacaxi para ser descascado e não mandar a faca.

#ADEHOJE – O BRASIL DIVIDIDO E AS TAIS FFAA

#ADEHOJE – O BRASIL DIVIDIDO E AS TAIS FFAA

 

Só um minuto – Gente, brinco para poder manter alguma esperança, mas há dias que é difícil até comentar. Hoje o presidente Jair Bolsonaro, o maior frequentador de festas militares que já conhecemos, arroz-de-festa, declarou que “democracia e liberdade só existem se as FFAA assim o quiserem”. Como várias pessoas se perguntam: e se não quiserem? Viramos Venezuela, que é tudo que esse novo governo diz que não quer? Ou? Não queremos isso não! Já vivemos para ver. Isso tudo depois daquele desastroso twitter com o vídeo do que ele acha que são os blocos de carnaval. O Brasil não merece. Não merece. E pior é ver e aguentar xingamentos ignorantes de apoiadores que nem sabem bem do que estão tratando.

#ADEHOJE, #ADODIA – MENOS CONFUSÃO, MAIS AÇÃO, POR FAVOR!

#ADEHOJE, #ADODIA – MENOS CONFUSÃO, MAIS AÇÃO, POR FAVOR!

SÓ UM MINUTO – A gente precisando tanto de um país em movimento, seguro, e as coisas parecem sempre tão confusas. Falações desenfreadas, desencavadas de verdades sobre os ministros depois de indicados. Resistências de todas as partes, inclusive militares, às mudanças na Previdência. O presidente que cala e deixa seguir. No Ceará continuam as chamas e tentativas de explodir coisas. Agora foi um viaduto! Por onde passa o Metrô e o VLT. Ah, João de Deus e a esposa indiciados por posse de armas e ele, por mais um caso de assédio sexual

#ADEHOJE, #ADODIA – O PAÍS DO TROCADILHO

#ADEHOJE, #ADODIA – O PAÍS DO TROCADILHO

Não falei que teremos assuntos todos os dias para dar um blá? Pois é, o de hoje é o Pezão, governador do Rio de Janeiro, que continuava metendo o mãozão nas contas do Estado, seguindo a dinastia de governadores que ou estão ou já foram presos: Garotinho, Rosinha, Cabral…O Witzel ainda não tomou posse, mas é bom a gente ficar de olho, igual à história do um olho no gato, outro no peixe, e vice-versa. Inclusive de olho no Filho do Capitão, Eduardo, filho de peixe, sabem…É um escândalo atrás do outro, e a PF parece estar limpando a gaveta. Hoje foram bem umas quatro operações contra doleiros, drogueiros, corruptos e gerais

#ADEHOJE, #ADODIA – NONSENSE TOTAL: BRASIL E UMA POLÍTICA EXTERNA ESQUIZOFRÊNICA

#ADEHOJE, #ADODIA – NONSENSE TOTAL: BRASIL E UMA POLÍTICA EXTERNA ESQUIZOFRÊNICA

 

Nossa conversa hoje é internacional. Não faltarão preocupações par aa posição do Brasil e sua política externa quando da posse do novo governo em janeiro. Se já tem tanta treta antes da posse! Primeiro, com Cuba, certo ou não, foi uma treta, e perigosa para os brasileiros que ficaram sem atendimento médico. Agora, com o Oriente Médio! Um dos filhos do Capitão vestiu o bonezinho do Trump e de lá dos EUA fala grosso, anunciando que a embaixada do Brasil em Israel sairá de Tel -Aviv para Jerusalém, bem ao gosto americano. Hoje, ainda, vimos no noticiário que o Brasil, digamos, se desconvidou para sediar a Conferência do Clima da ONU que seria realizada aqui em novembro de 2019. Os argumentos são bem frágeis, e o maior fato é que esses caras acham que essa coisa de ecologia, clima, bem, vocês sabem o que eles acham… Para eles, não é nada importante. A gente quer apoiar, confiar, mas com decisões assim…

#ADEHOJE, #ADODIA – AUAUAU, MAIS UM GENERAL. E OS FUGIDOS SE ENTREGANDO

#ADEHOJE, #ADODIA – AUAUAU, MAIS UM GENERAL. E OS FUGIDOS SE ENTREGANDO

 

 

HOJE MAIS UM GENERAL FOI ANUNCIADO EM CARGO NO NOVO GOVERNO. DESTA VEZ FOI SANTOS CRUZ, PARA A SECRETARIA DE GOVERNO, UM CARGO COMPLETAMENTE POLÍTICO DE TER DE LIDAR COM UNS E OUTROS, FALAR COM IMPRENSA…. FUI DAR UMA OLHADA E ELE TEM CARA DE MAU, AUAUAU, AQUELE SEMBLANTE CARREGADO QUE PREOCUPA A GENTE, SABE COMO É? MAS TUDO BEM. É QUE JÁ SÃO CINCO NO FRONT. TEM TAMBÉM DOIS FUGIDOS QUE SE ENTREGARAM: O ESPANCADOR DIPLOMATA, O TAL SERGIO THOMPSON FLORES, E NA BAHIA O CESAR MATA PIRES, DA OAS, QUE TÁ NA LAVA JATO. PERDEMOS BERNARDO BERTOLUCCI, UM DOS MAIORES DIRETORES DE CINEMA QUE JÁ EXISTIRAM, MAS QUE ACABOU CONHECIDO POR UMA CERTA MANTEIGA EM UM CERTO TANGO. O RIO DE JANEIRO DE BUBUIA, DEBAIXO DA ÁGUA. E COMO DISSE, A GENTE SEMPRE ESPERANDO PROVIDÊNCIAS DE ALGUÉM. NÃO DEIXE DE SE INSCREVER AQUI NO NOSSO CANAL DO YOUTUBE. PRECISO DE VOCÊ, DE SUA AJUDA.

É polícia? Não pode. Eles não podem fazer greve, decide STF

 – FONTE: JOTA INFO

 STF proíbe greve de carreiras policiais

Decisão vale para Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, bombeiros, policiais
Márcio Falcão

O Supremo Tribunal Federal declarou nesta quarta-feira (4/5) que é inconstitucional o direito de greve para as carreiras policiais. Com isso, o tribunal veta a prática de paralisações pela Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, corpo de bombeiro militares, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária federal.
Por 7 votos a 3, os ministros entenderam que essas carreiras são essenciais para garantir a ordem pública e a segurança e que, portanto, nenhuma força policial tem direito a aderir ao movimento grevista. Diante disso, a maioria do Supremo entendeu que direito fundamental da sociedade deve prevalecer ao direito individual do servidor.

Votaram para impedir o direito de greve pelas carreiras policias os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e a presidente do Supremo, Cármen Lúcia.

Os ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Marco Aurélio Mello defenderam o direito de greve aos policiais civis, com limites impostos pela Justiça.

O STF discutiu um recurso da Procuradoria do Estado de Goiás questionando decisão do Tribunal de Justiça de Goiás que declarou legítimo o exercício do direito de greve por parte dos policiais civis do Estado. O Estado de Goiás argumentou que exercício do direito de greve ilimitado por policiais civis tem reflexos sociais, econômicos, jurídicos e políticos que ultrapassam os interesses subjetivos da causa.

No julgamento, os ministros estabeleceram a seguinte tese para repercussão geral, ou seja, orientação para instâncias inferiores.

Item 1. O exercício do direito de greve sobre qualquer forma ou modalidade é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.

Item 2. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública nos termos do artigo 165 do CPC para vocalização dos interesses da categoria

A tese para derrubar a greve por forças policiais foi levantada pelo ministro Alexandre de Moraes. O ministro sustentou que as carreiras têm um regime especial e não pode ser equiparada a outros servidores públicos, possuindo até um regime previdenciário e carga horária próprios.

Outra preocupação colocada foi com o fato de os policiais andarem armados e terem autorização para porte 24 horas. “Não existe a possibilidade de o policial entregar arma e distintivo para participar manifestação”, afirmou Moraes.

“Não existe humilhação maior [entregar arma e distintivo] ao policial, isso ocorre quando é suspenso ou expulso”. Não é possível que braço armado, que tem função de segurança queira fazer greve. Ninguém é obrigado a exercer carreira policial”, completou o ministro citando que hierarquia e disciplina são princípios básicos de toda carreira policial.

Para Moraes, as policias são o braço armado do Estado. “E o Estado não faz greve. O Estado em greve é um Estado anárquico. A Constituição não permite.”

Gilmar Mendes reforçou o discurso: “greve de sujeito armado não é greve”. O ministro ainda fez duras crítica a juízes que concedem liminar para evitar o corte de ponto de grevistas e disse que mesmo onde a greve é legítima tem que se ter limites para evitar abusos e que o movimento se confunda com férias. “Tem juiz que tem coragem de dar liminar para que sujeito receba. É mais uma jabuticaba que inventamos”, afirmou.

Ex-secretário de segurança pública de São Paulo e ex-ministro da Justiça, Moraes citou o caso de uma greve de policiais civis na capital paulista, sendo que os manifestantes tentaram se aproximar do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, sendo impedidos pela Polícia Militar. “Num determinado momento houve troca de tiros e um tiro de fuzil pegou a dois dedos do subcomandante da PM. Se esse tiro acerta e o comandante da tropa morre, teríamos uma guerra armada”.

Luís Roberto Barroso defendeu a necessidade de valorização das carreiras policiais, mas citou dificuldades para a liberação da greve para policiais.

“Não há como prevalecer com um caráter absoluto esse direito de greve para os policiais. Nós testemunhamos os fatos ocorridos no Espírito Santo, em que, em última análise, para forçar uma negociação com o governador, se produziu um quadro hobesiano, estado da natureza, com homicídios, saques. O homem lobo do homem. Vida breve, curta e violenta para quem estava passando pelo caminho. Eu preciso dizer que não dá para interpretar essa situação, sem ter em linha de conta, os episódios recentes.”
Luiz Fux afirmou que o direito não pode estar apartado da realidade. “Há outro dado que acho muito importante: quem paga a greve do serviço público é o contribuinte. Isso para mim é algo que define todas essas questões. Quando a criança de colégio público não tem aula, quem está pagando é a criança. Greve no hospital público é o contribuinte que está morrendo na maca fria ao desabrigo, de sorte que sou absolutamente contrário a essa flexibilização que o legislador propôs. Estou concluindo que o exercício de direito greve de policial civil é inconstitucional”, disse.

Segundo Ricardo Lewandowski, “permitir que agentes estatais armados façam greve isso significaria, com o devido respeito, colocar em risco não apenas a ordem pública, mas a própria existência do Estado.”
“Não vivemos na Suíça, na Suécia na Dinamarca ou até mesmo no Japão, onde consta que os policiais nem usam armas. Lá os policiais usam luvas brancas até para ajudar as pessoas a entrarem no metrô. Nossa realidade é totalmente outra”, disse Lewandowski.
Pelo direito

Relator do caso, o ministro Edson Fachin apresentou seu voto defendendo o “limitado” direito de greve por policiais civis. O ministro entende que este é um direito fundamental e propôs que o movimento fosse autorizado previamente e regulamentado pelo Judiciário. Os agentes ficariam proibidos do uso de armas, distintivos, uniformes e emblemas da corporação quando do exercício desse limitado direito de greve.
Seriam liberadas apenas manifestações pacificas.

“Tendo em vista a essencialidade do serviço desempenhado pelos policiais civis, a greve deve ser submetida à apreciação prévia do Poder Judiciário. Compete ao Judiciário definir quais atividades desempenhadas pelos policiais não poderão sofrer paralisação, qual percentual mínimo de servidores que deverá ser mantido em suas funções”.

Fachin foi seguido por Rosa Weber e Marco Aurélio Mello. “Embora já haja maioria negando a servidores civis e não militares o direito de greve, distanciando o tribunal da Constituição cidadã de 88, acompanho o relator”, disse Marco Aurélio.

Márcio Falcão – De Brasília (jota info)