ARTIGO – A loucura do vaivém do tempo. Por Marli Gonçalves

O tempo é mesmo bem louco, e nos damos conta disso, dele, do nosso tempo, de repente, com os tais fatos marcantes, em geral marcado em décadas quando são lembrados ou comemorados, sobre alguém ou de alguma coisa. E – repara só, cá entre nós – está um tal de 40 anos disso, 50 daquilo que, brincando, as ruguinhas saem rolando só de ouvir e de se tocar que você se recorda exatamente daquilo, daquele início ou fim. Viveu para ver.

Why We Remember So Many Things Wrong | The New Yorker

Outro dia me dei conta de quantas coisas já assisti, digamos pessoalmente, no sentido real ou de lembrar exatamente desses fatos, dessas pessoas, do que aconteceu, daquele lançamento, do show que assisti em alguma pinguela. Coisas até para a qual nem se dava muita atenção e algumas que viraram sucesso ou marcas históricas hoje em dia.

Temos o estranho hábito de olhar de fora, como se só os outros envelhecessem, e basta ler alguns comentários nas redes sociais para perceber e, naturalmente, o que é pior, observar o quanto somos bem críticos e até jocosos na forma de como vemos, principalmente as pessoas famosas, algumas até nossas contemporâneas. A voz já não tão nítida de cantores, a pele e os cabelos brancos de alguém, o abatimento de tantos outros, as gordurinhas e mudanças que levaram embora a perfeição dos que eram os mais belos de nossas memórias, essas que até tentam nos reter juntos lá naquele passado.

Pensar o tempo é muito doido. Pode ser maravilhoso para reviver. Mas também dolorido, claro, internamente, para qualquer um de nós, e isso se expande quanto mais vivemos. Cada lembrança traz todo um período de volta. É essa lembrança que a gente descarrega do nosso arquivo pessoal – não é nada só de #tbt, quando publicamos às quintas-feiras alguma boa e escolhida imagem de outrora.

Meninos, eu vi, vivi! Quer exemplos, alguns? 37 anos de Rock in Rio! 40, 50 anos de um monte de coisas, e 50 anos é meio século, traduzido. Nossos ídolos, aqueles, Milton, Gil, Caetano, Jorge Mautner, Tom Zé, mais de 80 anos de vida. Baby, Pepeu, 70 anos, juntos com outros tantos. Titãs, e outras bandas desse tempo que festejávamos, de abertura do sufoco da ditadura, completando 40 anos. Os vimos chegando, vivendo, casando, até várias vezes, tendo filhos, netos, alguns já com bisnetos e até seguindo pelos seus mesmos caminhos. Andam bem comuns apresentações e shows de toda a família junta. Aí, então, é que a nossa própria idade fica pregada, grudada, vendo aquela escadinha de gerações nos palcos, o desenho do tempo.

Na política, a mesma coisa, aliás, em todas as áreas, especialmente para nós, jornalistas, que muitas vezes estávamos lá, documentando todos os acontecimentos de nossa época, convivendo diretamente com os fatos enquanto eles se desenrolavam, vimos ascensões e quedas. (Daí, inclusive, antes disso tudo, quando falamos que certas pessoas, você sabe quem, quais, não prestavam e não prestariam, não estávamos fazendo exercício de futurologia, mas sim informando que brucutu nasce e vive brucutu, não tem jeito; e criam brucutuzinhos. Tá aí a prova).

Pensar o tempo, reviver o que passamos, por outro lado, pode ser muito bom, e até revigorante por demonstrar que ultrapassamos tantos desafios, obstáculos, viradas, perrengues, e a experiência que cada um deles nos trouxe. Fazemos uma rápida revisão de amores vividos, perdidos, mantidos, conquistas, aprontos, boas histórias que dariam um programa inteiro do Fábio Porchat. As coisas que gostávamos, as roupas que usávamos e muitas até estão de novo nas ruas, revisitadas nos jovens; agora as achamos estranhas, eram mesmo revolucionárias, mas só lá naqueles tempos – agora encaretaram de vez, copiadas sem criatividade. Conto eu, ou contam vocês que também são vividos, que há muitas coisas que eram bem, enormemente, mais livres e radicais, não precisa nem lembrar de 68 (e olha que aí eu tinha só dez aninhos…)?

Mas, no fundo, esses dias pensei muito no tempo e em seu peso por acompanhar o terrível desenrolar do caso da Mulher da Casa Abandonada, essa senhora estranha e desarvorada que está vendo seu passado emergir e sua vida ruir mais ainda do que a sua própria casa e sua vida miserável dos últimos 20 anos, foragida do crime de escravizar alguém, certamente remoída de lembranças de tempos áureos e abonados que viveu distraída e que ela própria confessa na entrevista que enfim concedeu ao estrondoso podcast do Chico Felitti, o jornalista que levantou a história toda quase sem querer. Curioso, passeando com seu cachorro diante da casa com ar assombrado, como tantas outras casas ruindo, mansões ou não, paredes e acúmulos de coisas e histórias guardadas nessa cidade de São Paulo, onde o tempo tem o mecanismo da pressa, capaz de escondê-las por décadas até que um dia sejam observadas e contadas.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Ora, bolas! Por Marli Gonçalves

Ora, bolas, que se não dermos tratos à bola não conseguiremos sair desses obstáculos e dilemas todos colocados em nossos caminhos; pedras, que ao contrário das bolas, não rolam sozinhas por sopros, necessitam serem chutadas. As bolas são voláteis, ágeis, trazem em si a simplicidade da forma e o movimento. Investidas de encanto nas jogadas garantem pontos. Não é à toa que estão sempre por perto, ganhando seus variados sentidos.

BOLAS -
        OBRA DE YAYOI KUSAMA

Vamos precisar todos bater um bolão. Porque ganhar um bolão é só sonho de apostas e loterias de toda a vida, e que em geral se esvanecem semana após semana, como as bolinhas de sabão. As bolas, pensa, estão em quase tudo, paradas, móveis, correndo, pulando, fazendo e acontecendo. Até esse vírus maldito que parou o mundo, que forma tem? Bolinha, cheia de espetos, mas bolinha.

E olha que pode ser por isso mesmo que as bolas e bolinhas – estampadas, em todos os tamanhos, cores, combinações, claro sobre escuro, escuro sobre claro – estão  novamente no auge da moda e para qualquer lugar que se olhe, estarão lá, nos vestidos, blusas, sapatos, gravatas – andam empurrando para lá as listras. Petit pois, em francês, como ervilhas. Poás, em bom português.

Lembram da brincadeira que se faz com as mãos, e os ossos são vistos como elas, bolinha ui, bolinha ui?  Não lembra? Coisa antiga. Tudo bem. Mas você sabe que é bem bom fazer exercícios com uma bolinha nas mãos, fisioterapia barata, antiestresse, alivia as tensões a ansiedade, fortalece os punhos. Quando você aperta uma bolinha dessas, ocorre uma tensão muscular e ao soltar, o movimento vira um relaxamento não apenas físico, como também emocional. Usada também para massagens; e tem ainda aquela bola maior – bola suíça ou bola de Pilates – com a qual se faz uma sorte de exercícios de ginástica.

Estudos afirmam que apertar bolinhas com durezas diferentes, com a direita, com a esquerda, ajuda até a resolver problemas diferentes, embora os pesquisadores ainda não consigam explicar bem o porquê. Uma bolinha mais rígida serviria para lidar com questões de “ligar os pontos”: combinar informações existentes, comparar ideias – como um quebra-cabeça, palavras cruzadas ou uma charada. Por sua vez bolinhas mais macias ficaram ligadas ao pensar criativo, criar soluções do zero.

As bolas surgem nos mais variados contextos, inclusive nos jogos amorosos – se falava em dar bola para alguém, quando o interesse por outra pessoa precisava ser demonstrado. Tudo bem, isso é cringe? Ok, mas você entendeu – já deve ter dado bola para muita gente por aí.

Uma das maiores e mais originais artistas plásticas do mundo, Yayoi Kusama, uma japonesa hoje já com 92 anos, passa a vida a criar com elas, as bolas. Arte que a tornou famosa e salva da própria esquizofrenia – ela vive há décadas, por livre vontade, em um hospital psiquiátrico, mas nunca parou de criar com o que chama “pontos do infinito”.

Ora, bolas, ora, porque pensar em tantas bolas? Aconteceu só de lembrar que o fim do ano está aí, e imediatamente vieram à tona na procura de por onde andavam aqui em casa as bolas de Natal, aquelas bonitas, cheias de brilho, que usamos para as decorações, as coitadas que dormem em caixas o resto do ano.

Junto, veio a sensação de que o tempo corre rápido demais e que andamos girando em torno de nós mesmos sem conseguir solucionar nosso próprio país, um ambiente que ficou muito mais pra lá de tóxico  nos últimos anos em que temos sabido e ouvido diariamente os mais estapafúrdios comentários e que aos homens de bem deve causar o famoso e doído chute nas bolas, os testículos.

Esperando ainda que não esteja ocorrendo, para fugir dessa realidade, nenhum aumento no uso de bolinhas, que hoje estou terrível em lembrar termos antigos, e como pelo menos eram assim conhecidas as pílulas, psicotrópicos.

Ah, verdade! Trocaram uma letra. Agora chamam de bala!

Bolinha, ui, bolinha, ui, bolinha! E os meses se passaram. Veja com suas próprias mãos. Ligue os pontos.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – O presidente boko-moko. Por Marli Gonçalves

Vamos relaxar, brincar um pouco, pensando no presidente boko-moko. Ele está fazendo tudo para o país, tal qual caranguejo, andar para trás e pros lados. Quer voto impresso e, entre outras, com a sua turma ataca nossas importantes conquistas. Só tirando muita onda com a cara deles, lembrando do que, então, poderíamos até querer de volta também.

PRESIDENTE BOKO-MOKO - FICHAS TELEFÔNICAS

Escrevo na máquina de escrever? Mando para vocês via telex, ou no teco-teco? Ah, já sei, enviarei um fax. Ou reproduzirei por mimeógrafo. Claro, só depois de comprar um pergaminho, que preciso perguntar onde tem. Telefonarei do orelhão com minhas fichas, que a fila da Telefônica lá da 7 de Abril está grande, dando voltas – muita gente querendo o plano de expansão. Mando um bip? Vou é jogar na loteria para ver se me arrumo na vida. Tem de furar o cartão da loteca.

Subo ou desço a Rua Augusta a 120 por hora? Olha só quantos Gordinis, Romisetas, que lindos SP1, coloridos, e cada cor tinha nome no documento. “Lanchas”, como o Galaxy, o Dodge, bancos de couro que a gente escorregava para lá e para cá a cada curva. O russo Lada, dizem, só vai aparecer quando cair uma tal de proteção nacional, de um tal presidente contra marajás, que também vai cair – pelo menos foi o que a vidente em borra do café disse.

Não, vou paquerar. Para achar os endereços, Guia de Ruas, aquele catatau. Qual tênis uso? Pampero, Conga, Bamba, Kichute? A bota branca, né? Olha só o cara com chinelo de borracha de pneu e bolsa com franjas. Cabelo Pantera ou capricho no laquê? Gente, olha aquele arrumadinho! Comprou na Ducal? Na Casa José Silva? Mesbla? Ah, aquilo no cabelo dele emplastrado é gomalina. Deve ter passado lá no Banco Nacional. Ou terá sido Sudameris, Bamerindus, Banespa, Real? A lista é grande dos bancos falecidos.

É, já tivemos mesmo muitos bancos, grandes, mas agora temos só uns três para escolher. Lembrei até de minha primeira conta, que abri no Sudameris, lindo o nome completo: Banco Francês e Italiano para a América do Sul. Achava tão glamuroso. E o talão de cheque, então? Era azul marinho, cheio de estrelinhas. É, talão de cheques é o nome daquele bloquinho que a gente recebia para usar, muitas vezes sem fundinhos. Sim! Tinha cartão de crédito. Era passado numa maquininha com papel carbono. Aliás, tudo usava papel para desespero das árvores.

Cadê os parques de diversões? Tinha um bem legal aqui na Avenida Santo Amaro, e o primeiro PlayCenter na Avenida Brigadeiro, com tobogã? Depois, foram morrendo também, ou ficando enormes e muito mais caros e inacessíveis. E a maçã do amor, os realejos com seus papagaios, tudo foi ficando distante.

Deu fome: o coquetel de camarão que era só pra quem “podia”. As panquecas do Rick Store. Oi, tempos do Hamburgão, Hamburguinho, Chico Hambúrguer, que era bom demais se lambuzar. De sobremesa, banana split. Ou, mais chique, mousse de papaia com pingadas de licor de cassis. Nossa, nunca mais os sonhos da doceira Abelha. A Dulca ainda existe, mas que decepção! Sem baba-rum, sem aquelas dezenas de opções, hoje sobrou só um mil folhas, mas sabe como é a economia, né? Agora dá pra contar as tais folhas. Cuba Libre (que assim seja! – logo, um dia!), Ginger Ale, Seven Up, Grapette, quem toma repete!

Mas a gente se divertia sim. Às vezes até cometendo pequenos crimes. Você teve o anel brucutu? O brucutu para fazer esse anel era uma peça, o bico do lavador do para-brisa dos Fuscas. Ah, era deixar o fusca na rua e lá ia embora o brucutu. Só valia se fosse assim, roubado.

Na moda não dá pra falar muito porque parece mesmo que tudo vai e volta. Tinha courvin, helanca, salto carrapeta. A revolucionária mini saia, usei muito, o que me valeu até a brincadeira à época de ser a jornalista com o cinto mais largo da redação, olha só! A calça de duas cores, a boca de sino, a cintura alta, a baggy. A modelo Twiggy, a mais magra da história, que era quase um olho com cílios, de vez em quando a gente vê alguma na rua. Hoje tem mais essas botocudas, com bocas que parecem ter sido picadas por abelhas selvagens, unhas em inexplicáveis e desajeitadas garras, com as quais devem até se flagelar em algumas horas, se me entendem.

Esses dias li por aí alguém falando sobre skates, como uma coisa de 20 anos atrás. Socorro, Revista Pop! Diz para eles que por aqui isso é coisa bem mais antiga, de quase 50 anos, madeira e rodas de patins o sucessor do rolimã. Eu estava lá, raras meninas, descendo as ladeiras de uma praça no Sumaré, tinha uma boa no Morumbi. Até que a polícia dava uma “batida” e a gente tinha de sumir.

Para finalizar, só tem uma coisa, importante: esse retrocesso todo que o presidente Boko-Moko insiste e está levando o país, além de querer a volta do voto impresso, não é legal, como essas lembranças. No passado tivemos mesmo coisas muito boas, sim, mas foi exatamente nesse passado que vivemos também uma ditadura, uma noite de 21 anos nessa tal pátria amada ao som de Don e Ravel, ame-o ou deixe-o.

Caiu a ficha?

*- Boko-moko: brega, kitch, cafona, ultrapassado, de mau gosto, fora de moda, gosto ou atitude duvidosa na estética. Gíria dos anos 60 e início dos anos 70.

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BOKO-MOKO

ARTIGO – Hospício Brasil ou Brasil, Hospício de todos? Por Marli Gonçalves

Será um plano maligno para que todos fiquemos totalmente insanos, e que acabemos por cometer alguma loucura para salvar o país deste hospício? Porque não é possível que a gente passe mais uma semana como essa, sem que a nossa sanidade seja comprometida

Segunda, terça, quarta, quinta…a pressão sobe e desce descontrolada, a ansiedade e a inquietude dominam. Uma hora a gente acha que o golpe vem aí, em outra, que o golpe até já foi dado. Minutos depois, o assunto é outro, e a avalanche continua. Você entra no chuveiro e quando sai já aconteceu ou ouviu mais algum desatino vindo lá de onde você sabe.

A pandemia se agravando, mais de três mil mortos por dia, vacina que não chega para todos, oxigênio e medicamentos que faltam. A miséria se espalha, e não há como sair, mesmo que apenas até ali, sem encontrar alguém mendigando, envergonhado, por fome. E um povo preocupado que os shoppings estão fechados, as festas rolando por aí, com gente jovem reunida rebolando funks, cassinos clandestinos sendo fechados todos os dias, revelando sempre um mesmo tipo de gente odiosa e uniforme.

No Rio de Janeiro, três crianças – pobres, pequenos, pretos, mirrados – sumidas há três meses, Fernando Henrique, 11, Alexandre, 10, Lucas Mateus, 8, saíram para brincar e não se soube mais deles, o tempo passa e eles não aparecem nem nos noticiários. Nos noticiários está outra criança, Henry Borel, 4 anos, morto. Como? Mais um caso envolvendo um político, miliciano, o tal vereador Dr. Jairinho, paidrasto, que pelo entendido até agora aterrorizava o menino nas barbas, ops, cílios, da própria mãe que com ele se juntou há alguns meses. Coitadas das crianças, e o que também devem estar sofrendo nesse hospício que se tornou o país, dominado no poder, ocupado na política por um bando dessa gente, repito, odiosa e uniforme, um padrão.

No país que este ano, ao contrário da tradição de só começar depois do carnaval, parou totalmente exatamente depois dele. E vai continuar parado e chorando se depender do real entendimento geral do que passamos, do que está acontecendo. Já é catastrófica a incrível normalização de tantas mortes diárias, de perdas, e o dia seguinte, o dia seguinte, tudo parecer normal até que novos números superem os anteriores e tudo se repita hora após hora, hora após hora, no seu tique-taque infernal e contínuo. Quando, talvez um dia, pudermos ver com clareza o saldo de vidas e histórias e futuros perdidos, esse saldo será julgado.

Comecei falando do temor, do golpe, vejam só a preocupação que temos de ter enquanto esse “ser” estiver no comando da Nação. Os militares mexeram suas pedras, e todos foram trocados de uma vez só de todos os poderes por, pelo visto, a sua maioria não aceitar o envolvimento das Forças Armadas nas pretendidas loucuras de um capitão descontrolado. Agora, sob novo comando, aparecem os substitutos, que entram mudos e saem calados. A apresentação para a imprensa me pareceu um desfile, sim, mas de moda, como se novas fardas estivessem sendo lançadas por manequins. Primeiro, postados de lado, um atrás do outro, os três. Quando seus nomes eram ditos, viravam-se de frente para a plateia por segundos, logo retomando uma dura e ensaiada posição inicial. Exatamente como nos desfiles de moda, assim que o “estilista”, o Ministro da Defesa, sai do ambiente, eles saem atrás, em fila, sumindo atrás de uma porta.

Mas nesse hospício todo, ainda há humor! O Datena há semanas em seu programa grita a tarde inteira “Só no nosso?”, mostrando vídeos do povo reclamando de preços, de tudo, e em clara referência que “nosso” é esse, a que parte do corpo se refere. Agora, até gostei, o governador João Doria resolveu responder também com humor ao ridículo apelido que os bolsonaristas insistem em usar contra ele, chamando-o de calça apertada, como se isso fosse grande ofensa. Doria prometeu vacinar todos eles, a começar pelo Eduardo Bananinha Bolsonaro, o filho 03; e com calça apertada, frisou.

Aliás, qual o problema desses caras com as calças do governador? Não é muita falta do que fazer? É ou não é um grupo que faz do país um hospício, que apenas faz mal e tenta nos enlouquecer? No mínimo, de raiva. Não estamos – ainda – com camisa de força, embora imobilizados; mas, sim, totalmente isolados, inclusive nas fronteiras, do resto do mundo, por sermos considerados bem perigosos.

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ARTIGO – Esculhambação nacional. Por Marli Gonçalves

 

Esculhambação, avacalhação nacional, bagunça total, descompasso geral. Vamos aproveitar tanto piche, mas para pichar os fatos que nos cercam e os caras que os criam. E nem venham dizer que a economia isso e aquilo porque a realidade das cidades desmente a olhos vistos, a olho nu.  O nível do debate político dança na boquinha da garrafa, enquanto tragédias se sucedem e nos encontram inertes, abobalhados. Inclusive mais uma – a de fazer parecer que só Lula salva. Não é hora. Com tudo isso, nosso outubro é prévia de horror

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As terríveis e enormes manchas negras e oleosas, grudentas, atacam, se deslocam para lá e para cá no oceano, tingindo e melecando nossas praias, a água, nossa areia, matando nossos bichos, minando ainda mais a nossa imagem no mundo inteiro e que já está, como é que se diz? Abaixo do piche uns bons metros! E aí? Ninguém sabe, ninguém viu, e as semanas se passam com o povo enxugando gelo com pás e rastelos. Os governos do Nordeste precisam chegar a processar a União para obter ajuda, mesmo a básica, a das boias de contenção, para que ao menos os rios de suas regiões também não sejam atingidos. Há um mês vemos esse filme de horror, com um ministro do Meio Ambiente limpinho, sobrevoando as áreas e as soluções calçado com seus sapatos engraxados e exibindo colete néon luminoso, que ele é homem de moda, capricha no visual.

No Governo Federal – nem me perguntem como é que chegamos a isso – conseguimos que acabassem reunidas um grande número de pessoas sem a menor condição de governar, desprovidas de bom senso, diplomacia, conhecimento, capacidade de negociação. Tem só uns dois ou três que se salvam e ficam tentando se esquivar para também não serem atingidos – no caso, por um lodaçal que mistura insultos, gravações, xingamentos, traições. Por conseguinte, se esses estão lá, acabaram puxando com os votos que obtiveram o que há de pior para o Congresso Nacional. Os poderes e as forças em conflito marcam o ano. O ano inteiro – dez meses que parecem uma eternidade, um pesadelo do qual não conseguimos acordar.

A oposição se aquieta, boiando em sua piscina limpa, até porque nem precisa se esforçar muito porque o próprio presidente Bolsonaro, sua família, sua turma, seus apoiadores reais e robôs dão cabo de se afundarem sozinhos. E, assim, nesse momento ganha tempo para de novo focar naquele que parece ser o Único, o Salvador da Pátria, a perfeição, o Grande Líder, que está preso, mas dando entrevistas tão incensadas que são publicadas em capítulos. Lula tem opiniões sobre tudo e todos, mas nunca usa esses espaços para sequer um segundo de autocrítica, de rever a participação nesse processo que nos levou a tudo isso, não estende a mão à enorme parcela, inclusive uma parte da esquerda, e que questiona o seu partido e as suas decisões.

Acontece que isso se espalha. As informações, por exemplo, de como um prédio pode ruir inteirinho de uma vez só, como se os seus moradores estivessem em um sono profundo e deixassem que as colunas de sustentação que já estavam péssimas fossem detonadas por pedreiros de alguma empresa inexperiente e barata, explica a apatia que se abate sobre nós. Explica muita coisa, Brumadinho, os meninos do Flamengo mortos no abrigo, as milícias, as mentiras, os feminicídios, os viadutos que viram abrigos e focos de incêndio, toda a série sem número de desgraças que acompanhamos como quem vê um seriado na tevê, esperando o próximo capítulo.

Essas pessoas, enfim, somos nós, brasileiros, que não acreditam nas informações sérias, sem educação suficiente que formem profissionais capacitados. Somos aqueles que não tomam providências quando elas devem ser tomadas, que adiamos as decisões, deixamos sempre tudo para a última hora, que não acreditamos em riscos, que vamos deixando as coisas seguirem até que elas enfim desabem sobre todos nós.

Que achamos bonita a esculhambação, porque, afinal, somos brasileiros, Deus deve ser também. Nem se repara mais que esse Brasil que canta e é feliz anda bem calado. E inerte.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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Mundinhos particulares. Por Marli Gonçalves

 

Andei rassudocando esses dias – gosto muito dessa palavra, rassudocar, e que também significa refletir, pensar, mas que a mim sempre parece mais profunda, tipo ir longe pensando, solto – sobre como está cada vez visível a formação de mundinhos particulares. Muitos, muitos tipos, grupos, turmas, e também, infelizmente, mundinhos de classes sociais, de opiniões políticas…

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Outro dia, passando a pé por um bairro cheio de tititi aqui de São Paulo de nome esquisito, e que a mim só lembra trânsito, buzina, o Itaim Bibi, foi a primeira vez que reparei em um desses acentuados mundinhos particulares que vêm se formando, o de classes sociais. Todo mundo vestido no mesmo padrão, roupas de marcas (bem expostas, inclusive, para todo mundo saber que marcas, calcular o valor), cores padrão, neutras, como diria o meu irmão, os homens são “Josés Serras”, blusa azul, calça bege. Tem também, claro, a versão “João Doria”, camisa branca engomada, o casaquinho jogado nas costas, sempre de cores celestiais, azulzinho, amarelinho, verdinho.

Reparei também no olhar… um olhar, um ar superior, não sei como não tropeçam nas calçadas esburacadas. Capazes de passar por cima de você, os jovens mais ainda, não se desviam, como se o outro fosse trespassável; se estiverem ao celular não preciso nem descrever.

Muito louco porque parecem mesmo saídos todos de uma mesma forma, ou melhor, de uns três tipos de formas, no máximo. Poucos nas ruas a pé, aliás. Ali é lugar que se usa o carro. Então, reparei muito também nos bares cheios dessa juventude dourada, em plena tarde de um dia de semana, como se não houvesse amanhã. As mulheres, com os cabelos lisos, fluídos, nos quais constantemente passam os dedos em toda a extensão, não sei como não se cansam, e também não sei como os cabelos não caem aos tufos de tanto serem puxados para manterem-se lisos, grande parte em matizes de loiro dégradée. É um tique. De onde é que pegaram isso? – pode ser das influenciadoras digitais? Já não é mais aquele charme, instrumento de sedução, sinal, quando a mulher mexia no cabelo quando se interessava por alguém.

Mas quero falar de outros mundinhos, de como acaba que todo mundo está falando só com seus iguais, juntos, em bolhas. Só deixam suas bolhas particulares, em alguns casos, para tentar furar o olho e a bolha do outro, especialmente se o assunto é a política. Os que vem defendendo de unhas e dentes o atual governante, se pudessem cortavam as cabeças de quem se opõe, e que logo é chamado de petista, mesmo que deteste o Lula e seus etcs. Por outro lado, nós adoraríamos apenas que nos ouvissem, porque argumentos não faltam para chamá-los à razão. Aí rola o stress, a provocação, e, ainda, o fim de amizades. Sim, ainda, porque chegou no limite e não dá, por exemplo, para gostar de alguém que goste de alguém que goste de um torturador sanguinário, assassino, entre outros disparates.

As bolhas estão se formando e explodindo. São muitas, em muitos outros assuntos, formando guetos. Bolhas de opções sexuais, bolhas de gêneros, bolhas de raças, bolhas de redes sociais, como se cada uma delas pudesse sobreviver sozinha.

Não podem. Bolhas estouram e a gente pode estar juntos dentro de uma delas, algo que nos una, como a bolha da economia que, furada, vai fazer sobrar geleca para todos, raças, cores, credos, classes, sexos e opções, posições, seja o que for. A mundial anda tremelicando. E não é de sabão.

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FOTO: Gal Oppido

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Lançamento oficial 20 de agosto, terça-feira, a partir das 19 horas na Livraria da Vila, Alameda Lorena, São Paulo, SP. Já à venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Papai faria 100 anos. Por Marli Gonçalves

Parece título de Gabriel Garcia Márquez, mas na verdade é porque andei lembrando que o meu pai completaria 100 anos nessa próxima semana. Chegou só aos 98, cansado da vida que viu.  Um Século, e a sensação que agora estamos voltando, mas a um tempo errado

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Que século foi esse! Visto 100 anos para trás poderia parecer que o mundo ali entraria apenas em desenvolvimento e progresso, com a arte imperando, invenções importantes, um ciclo de glórias, inovações. Em paz, depois da tristeza da Primeira Guerra Mundial que atingiu em cheio a Europa, e que buscava renascer de suas cinzas. Os “Loucos Anos 20” eram vividos com alegria, com importantes transformações de costumes, e a vida parecia ter adquirido novos sentidos. Os Estados Unidos tornara-se uma das maiores potências e era também centro de irradiação de novidades em todos os setores.

O cinema florescia, a música – o jazz e o blues envolviam a exuberante vida noturna, a moda libertava mais o corpo da mulher, que deixava de ser mera coadjuvante. Já votava, se fazia presente e atuante nos acontecimentos, na opinião, na literatura, na pintura. Espetáculos, movimentos como o Surrealismo, o Dadaísmo, na moda, Coco Chanel. Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, entre tantas outras descobertas e avanços.

No Brasil, os reflexos são simbolizados na Semana de Arte Moderna, embora sempre seja a política um fator de atraso, e aqui não foi diferente. Mas havia a reação, as pessoas estavam felizes e parecia que um mundo novo chegaria, com igualdade, deixando pra trás a crueldade.

Triste sina. Com a quebra da Bolsa de Nova York, a 24 de outubro de 1929, deu-se a Grande Depressão e uma nuvem carregada pairou, finalizando o período dos sonhos. De lá para cá, outros vieram, foram, vieram, insistiram.

Mas as promessas de que os horrores das guerras não se repetiriam, que o desenvolvimento acabaria com a fome e com a miséria, que a ciência triunfaria, que os homens e mulheres se respeitariam, tantas promessas… vêm ficando pelo caminho. Que cessariam as perseguições por etnias, credos, raças, gêneros, que direitos civis e humanos seriam respeitados, quantas promessas! Estamos no espaço, mas destruindo a Terra que habitamos.

Tudo isso e muito mais passa diante de meus olhos quando lembro de meu pai, com quem convivi bem de perto nos últimos anos de sua vida. Hoje vejo por que ele era tão cético – já tinha vivido quase um século para saber, ter certeza, que os “papagaios de botina”, só assim se referia aos políticos e líderes, não têm palavra e pouco pensam no bem-estar geral. Com sua pouca cultura, mas muita vivência, acompanhou as ondas do tempo que chegou aos nossos dias.

Tristeza de ver o país disputado por toscos, de esquerda, centro e direita, que nos deixaram completamente sem opções em todas as esferas. Angústia de assistir ao desfile de falsos e hipócritas buscando manipular a opinião pública com moralismos, como se ela própria não pudesse ver e sentir com clareza o ambiente em que vive, não tivesse discernimento nem carregasse de memória a enorme lista do que precisa realmente de atenção e de construção.

Estamos voltando, regredindo, e diretamente ao que de pior houve nesses últimos cem anos.

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 – Marli Gonçalves, jornalista – Como gostaria agora de ver os nossos Anos 20 com outro ângulo, para querer viver até os 100 e poder contar novas histórias de outras gerações.

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Brasil 2019, limiar

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ARTIGO – Moro, na marra, morou? Por Marli Gonçalves

Morou? ( entendeu, compreendeu, manjou, sacou, apreendeu, atinou, captou, percebeu? ) Já fui logo correr atrás de uma gíria bem de época para poder combinar com o climão geral. É uma brasa, mora! Ele já deu entrevista dizendo com todas as letras que jamais seria político, mas voltar atrás no que já se disse, e esquecer o que se escreveu ou prometeu, é praxe por aqui, e ele não será mesmo nem o primeiro nem o último. Como se moverá Sergio Moro nesse tabuleiro?

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Não aguentei o ar de suspense em torno da decisão do juiz Sergio Moro de aceitar ser o xerife do novo Governo Bolsonaro, ops, aceitar ser o Super Ministro da Justiça + Segurança Pública + Funai + CADE + PF + uma penca de órgãos. É de um amigo a melhor definição sobre o fascínio e atração do poder: a limusine na porta. Essa limusine veio caprichada, com o tanque de combustível tão cheio que pode chegar até a próxima eleição, daqui a quatro anos. Se não for abalroada, porque também pelo que assistimos não faltarão inimigos, que esse povo é mesmo uma brasa, mora!

Primeiras sugestões: tirem os espelhos das salas. Comprem paletós para os egos. Aumentem as soleiras das portas. Não bebam nada que oferecerem. Não aceitem bombons de estranhos. Rezem. Depois penso outras formas de sobrevivência no habitat Bolsonariano.

Mas tudo vai depender de tudo, morou? Primeiro de não ocorrer nenhum pega interno, por exemplo, com o astronauta Marcos Pontes, que deve estar se mordendo todo. Indicado Ministro da Ciência e Tecnologia, despencou do noticiário assim que o Moro apenas informou que iria se encontrar com Bolsonaro para conversar e decidir. E logo já chegou ao Rio de Janeiro com uma nota oficial prontinha no bolso do paletó. Prevenido, esse juiz.

Imaginem a ciumeira geral e aquele certo temor. Afinal, ninguém sabe ao certo a dimensão de tudo o que o paladino juiz sabe, ouviu, leu, guarda na toga, esconde atrás do sorriso enigmático.

De um lado cartada de mestre de Bolsonaro – “mito” atrai “mito” para perto de seu controle – não consigo deixar de pensar, porém, que também ele arrumou uma boa sarna para se coçar, abriu a porta de casa ao único e maior rival que poderia ter nesse momento. O povo brasileiro resolveu acreditar que existe e sair atrás de seres novos para arrumar os trilhos.

Ao mesmo tempo, também muito espertamente, com Moro, Bolsonaro alivia as próprias costas, divide as responsabilidades.

Heróis, paladinos, donos da verdade no Céu e na Terra, concentração de poderes, emissão contínua de motes religiosos, juntando gente certinha, aparadinha, tradicional. O momento que se espalha pelo país é masculino, branco, cara lavada, usa cashmere jogado nos ombros, passa gel no cabelo, adora uma camisa branca engomada, um terno cinza mal cortado. Não tem brinquinho, barba, nem tatuagem, rabo-de-cavalo e tiara, então nem pensar. A República agora é “Barra da Tijuca”, classe média, zóio azul, vai em outro hospital, e até o time para o qual torce não tem só preto e branco.

man_hampsterÉ aguardar no que vai dar, e logo, o que vai mudar até na moda e costumes que espalharão. Não será uma revolução nem um golpe. Dois meses até a posse e ainda muita água pra rolar debaixo das teias que Bolsonaro planeja montar e que já atraem as moscas azuis.

Está tudo tão rápido que até resolvi fazer e convido você a participar: um programinha – faço gravações quase diárias #ADEHOJE, #ADODIA, em vídeos curtos e naturais de conversa ou mesmo desabafo sobre as incertezas do momento e o nosso inabalável otimismo e vontade de que as coisas deem certo, mesmo quando ficamos com os dois pés atrás. Nas redes sociais, Facebook, Instagram, no YouTube, no site e no blog. Me acha, vai!

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Marli Gonçalves, jornalistaA gente precisa ficar conversando o tempo inteiro, para ninguém dormir no ponto.

Brasil, Final de 2018, na organização para andar

 

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ARTIGO – E se…?Por Marli Gonçalves

question-mark23Todo mundo se pergunta um monte de coisas, disso tenho certeza, mesmo que sejam inconfessas algumas dessas dúvidas, medos, anseios e angústias. Algumas dúvidas existenciais; outras, cotidianas. Outras, aterrorizantes; muitas, apenas pueris. Outras, engraçadas ou apenas curiosas, de curiosidade. Elas até podem ser divididas por temas. Ou não. Elas vão chegando, vão saindo, uma puxa a outra. Pior é que nenhuma tem uma resposta precisa. Tudo começou quando…question-mark-boy

Eu me perguntei: – E se a água acabar?

E se o ebola ficar descontrolado? E se aparecer outra epidemia, pior, mutante? E se a febre chikunguya não for controlada e se mostrar ainda pior do que a dengue já é? E se o plano não cobrir?

Aí o alarme disparou, de vez. Vocês podem chamar do que quiserem, nóia, envelhescência, insegurança, bad trip. Só que a cascatinha de perguntas é bem razoável. Pior, real. “Mais pior” ainda: possível. E você, nunca se perguntou nada?

QuestionMarkE se você amasse sem esperar nada? E se cada vez que alguém começa com a frase “falando a verdade” estivesse pronto a mentir? E se as pessoas acharem que não vale a pena? E se a língua portuguesa continuar a ser assassinada?

E se a gente perder? E se as pesquisas estiverem totalmente erradas? E se a pesquisa não for verdade? E se a gente descobrir que não há verdade absoluta, nem mal que nunca se acabe?

question-mark-fishing-16439E se as drogas forem legalizadas? E se esses radicais se multiplicarem? E se o PCC conseguir abrir filiais e tomar conta de tudo? E se eles derem um Salve Geral? E se a geração nem-nem ganhar poder?

E se nos dividirmos ainda mais? E se as redes sociais enjoarem? E se os jornais forem superados? E se as emissoras forem todas alugadas para as igrejas? E se a gente for obrigado a rezar?

E se acabar a nossa paciência? E se houver revolta? E se o dólar subir mais ainda? E se eles resolverem se vingar? E se proibirem tudo? E se os Felicianos e Levis da vida derem cria sem usar o aparelho excretor? E se eles continuarem mentindo? E se os de sempre não pararem de nos roubar? E se a Justiça continuar cega e meio surda? E se a censura piorar? E se resolverem proibir? E se ficar mais caro?

E se a gente for obrigado a andar de bicicleta? E se a gente precisar usar máscaras? E se o ar secar igual à água? E se a chuva for tóxica? E se o mar resolver crescer e inundar?

question-mark94E se acabarem todas as abelhas? E se as borboletas resolverem sumir também? E se derrubarem as florestas? E se lotearem o Pantanal?

E se continuarem chamando negros de macacos pelo mundo afora? E se continuarem fazendo das mulheres cidadãs de segunda classe? E se nossas crianças continuarem sofrendo o diabo na mão de malditos? E se for pior do que se imaginou?

E se a situação da China esquentar? E se as religiões produzirem legiões de fanáticos loucos por guerras e destruição? E se eles estiverem blefando? E se a internet acabar isolando as pessoas? Se todos os povos quiserem ocupar alguma praça? E se as polícias reagirem com bombas? E se o efeito moral for devastador?

E se virar moda delatar? E se deletar for mais fácil do que debater? E se a boca de sino voltar? E se a pochete mostrar que é prática? E se voltar a moda hippie? E se for liberado o topless? E se proibirem chinelos de dedo?

E se acabar a gasolina? E se continuarem a beber tanto álcool? E se proibirem os calmantes? E se tiver de ser assim?

E se empatar? E se perder? E se for pior do que se imaginou? E se tiverem ensinado errado? E se a gente se arrepender?0_Question-Mark-842

E se tiver trânsito? E se a gente atrasar? E se a greve for geral? E se não der para ir? E se o pneu furar? E se o ônibus não passar? E se outro avião cair? E se o relógio parar? E se estiver estragado? E se não entregarem o que prometeram?

E se você se perder dele? E se ele se perder de você? E se não tiver tempo?

E se quiserem acabar com a minha espontaneidade?

Bem, aí eu vou espernear. Já que, para muitas destas outras perguntas, só resta mesmo coçar a cabeça e dizer um bom e sonoro palavrão, conformado: – “Ih! F…”

São Paulo. E se fosse Rio de Janeiro? Brasília? 2014question-mark105-26241Marli Gonçalves é jornalista – Profissão boa para quem está sempre perguntando, querendo saber. E se fosse psicóloga, o que, acreditem, quase rolou?

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Vai se preparando. O palco quente da Virada Cultural é esse: o Cabaret do Heitor Werneck

joshow1Heitor Werneck ousa mais uma vez no Palco Cabaré da Virada Cultural

O estilista e produtor de eventos Heitor Werneck, pelo terceiro ano consecutivo será o responsável pelo figurino e atrações do exótico palco Cabaré da Virada Cultural, que acontecerá nos dias 17 e 18 de maio na capital paulista.

De forma ousada, criativa e sensual, serão apresentados diversos estilos de dança, como: egípcia, árabe, tribal (africana), hula hula, burlesque chair dance e vampire belly dance. Além, das extraordinárias performances de contorcionismo (circense) e striptease burlesco.

Heitor, também idealizador e organizador da festa fetichista mais conhecida de São Paulo, o “Projeto Luxúria”, promete inovar mais uma vez e surpreender a todos com sua criatividade peculiar, salientando a força e o conceito da diversidade cultural.

Para saber mais informações sobre a Virada Cultural Paulista, acesse: www.viradaculturalpaulista.sp.gov.br

cabaret heitorFONTE : ASSESSORIA DE IMPRENSA DA VIRADA CULTURAL

Não é que o povo está aderindo à foto na privada? É o WC planking

Já não bastando os que morreram, caindo de varandas, e nos lugares mais inusitados, agora a onda é fazer planking na privada! Peguei alguns exemplos.

 

Planking de privada
ganha adeptos e vira
hit na internet

ARTIGO – Deve ser moda. Deve ser. Só pode ser.

MARLI GONÇALVES

Lembro sempre do coelho da Alice, aquele que comemora desaniversários todos os dias. Mas no caso falaremos é de deselegâncias, que o povo anda fazendo a torto e direito todos os dias. Tem também umas manias…

Encontros marcados e desmarcados em cima da hora, como se não fizéssemos mais nada a não ser sempre estar à disposição, com um tapete vermelho, pronto a ser estendido. Respostas prometidas que nunca chegam. Projetos solicitados para “ontem” que se desintegram no ar junto com quem pediu. Ando notando e anotando que – digamos – a “etiqueta”, a mínima, a básica, a da educação, virou mesmo uma coisa fora de moda.

Se isso ocorre habitualmente no mundo empresarial, onde sempre há algum dinheiro envolvido, deve andar muito pior ainda no convívio social. Nem é mais o caso do tal telefonema do dia seguinte que as mulheres (como se não acontecesse com os homens) tanto esperam. Esse já virou mito. Lembro que chegava a ficar tirando o telefone do gancho toda hora para ver se ele estava funcionando mesmo, queria ouvir o barulho da linha, e era capaz de brigar feio se alguém ousasse “ocupar” o aparelho. Sempre achava que exatamente naquela hora a pessoa ia ligar, ia dar ocupado, e baubau. Quando não havia tanta tecnologia nos sujeitávamos a cada uma! E nem vem: você também já fez isso. Apenas admita.

Agora não, já estamos na sala da Casa da Mãe Joana, e com os pés em cima da mesa. Se nego diz que vai ligar, bah! ninguém mais nem acredita mesmo, tal é a esbórnia. E logo agora que não há mais tantos álibis de dificuldades com o advento do celular, SMS, caixa postal, orelhões, telefone sem fio, fora redes sociais, etc. Outro dia me toquei de uma morte horrível – que não chegou a ser registrada e lamentada – e de uma coisa que, pelo menos para mim, era parte da “família”: a coitada da secretária eletrônica, que sempre levava culpa por alguma coisa, ou por pegar o recado e não transmitir, assim como falhar justamente quando não podia, às vezes por mera falta de luz. Eu amava minha recadeira. Hoje, a aposentei. Ela, que ficava em casa quando eu ia trabalhar; e o telefone fixo, aliás, aposentado junto.

Agora também todo mundo mente, na cara dura. O que é pior, contando com a ajuda da péssima qualidade dos serviços públicos que realmente estão inacreditáveis – e eu sei por que me obrigo a usar pelo menos duas operadoras para me garantir. Mesmo assim, toda hora tem um esperto (a) tentando! Você pode ter passado o dia atendendo o celular, de um monte de gente, parado em um mesmo lugar, sem nem passar em túneis. E quando pergunta por que AQUELA pessoa não ligou, a resposta, invariável. “Eu liguei, mas não dava sinal”. Ou, pior: “Liguei, mas caiu na caixa postal”. Carambas, Caracas, caracolas: para o que serve a “!%#@+*” da tal caixa postal? Não foi criada exatamente para pegar a mensagem?

Ou as pessoas são tão tímidas que não conseguem falar com a boca no microfone? O que custa?…hum hum

Enfim, deve ser moda. Outra: você dá passagem para o sujeito atravessar na rua, e ele vai lento, balançando a bunda, olhando pra sua cara com certo ar bovino; isso quando não atravessa a rua de costas, na diagonal e ainda te xinga se bobear. Tem essa, outra, o de se fazer de bobo para viver, de desentendido: você pergunta uma coisa, ou observa algo, vê claramente que a pessoa ouviu muito bem, mas esta, talvez por hábito, “ganha tempo” e devolve: “Hein? Hein? Como? O que disse?”

Só pode ser moda. Você, recheado de razão, vai reclamar de algo. Por exemplo, com o síndico. Ou com a empregada de casa. No trabalho. Na loja. E o que acontece? O outro lado vem e te despeja uma história que não tem nada, nadica de pitibiriba, a ver com o caso, em geral mais triste do que a crucificação de Cristo, ou para justificar, ou para te deixar com a cabeça caída. Responde, mas mandando tal carga negativa que você tem vontade é de sair dali voando e se internar num convento, passar a cuidar apenas de atividades filantrópicas, doar tudo o que tem. Agora, aprendi: fez isso? Ah, vai ouvir um cabedal, uma cachoeira, um rio caudaloso de problemas porque aí recolho todos – os que eu já tive, tenho e talvez terei, ou li sobre em algum lugar; peço emprestado os problemas dos amigos e afins, criando mais detalhes verdadeiramente escabrosos, pingando sangue, suor e lágrimas. Ora, façam-me um favor!

Deve ser. Deve ser moda. Só pode ser. Ou bactéria. Pegou na política também. Petistas e simpatizantes andam batendo verdadeiros recordes nisso, em torcer a porca, mudar o foco quando são flagrados, explicar que não é bem assim, “ô gente ruim”! Não há assunto, denúncia, fato comprovado que apareça que eles não digam que tudo não passa de mera invenção da mídia conservadora burguesa que não quer deixar que acabem as injustiças sociais e pretende detonar as grandes conquistas dos trabalhadores, travar o desenvolvimento e o crescimento da Pátria. Todas, claro, vantagens obtidas apenas por ele, O Criador, claro, O Lula, quando o mundo começou – não sei se você sabe, fato que ocorreu apenas em 2002, Ano da Assunção. No futuro não haverá arqueólogo, sociólogo, que entenda essa Era, nem chupando os ossinhos que escavarem.

Impressionante. E eu achando que já tinha visto de tudo.

São Paulo, 2011, 9 anos DDP (Depois Deles no Poder)(*) Marli Gonçalves é jornalista. Aliás, também deve ser moda ser jornalista. Porque agora todo mundo, incluindo atores e humoristas, se apresenta como repórter, jornalista, apresentador de tevê, comunicador, famoso, entrevistador, perguntador, blogueiro. Fuja dos que se dizem “independentes”. É moda, e vai passar..

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ARTIGO – Vista-se com isto.

                                                                                                            MARLI GONÇALVES   Já que agora somos livres para dizer e apelar para o que queremos, vamos desfilar por aí. Suba nessa passarela. Já pensou se usássemos nossos corpos como cartazes, com roupas que passassem recados por aí? Quanta coisa para dizer! Mensagem do dia. Tabuleta. Bandeirinha. O que você escreveria na sua?

O menino vinha andando, mãos no bolso, um ser normal, aparência tranquila. Mas ele – só pode ser – queria mesmo é se comunicar sem falar, mantendo informadas as pessoas com quem cruzasse, para que ficassem longe – me pareceu que era uma preguiça até peculiar de explicar muito. REVOLTADO: era o que diziam as letras brancas em sua camiseta preta. Apenas isso: revoltado. Ninguém sairia com uma dessas, sem se sentir assim. Sem estar assim. Sem ser assim. E revoltado com tudo, sem exceções. Palavra forte, essa.

Vi esta cena já há alguns dias, mas ela ficou na minha cabeça. Vamos virar cápsulas daqui a pouco. Penso que cada vez mais, até por conta de tantas tecnologias, nos fechamos em nós mesmos. Isso não é bom. Pensou se, por exemplo, a gente pudesse ter uma eletrotela na cabeça, que ficasse passando o noticiário, o “nosso” noticiário? Um Twitter vivo? “Não fale brusco comigo. Estou na TPM”. “Quero que o mundo acabe em melado”. “Hoje vou à luta”. “Passa um SMS”. “Só ligo a cobrar”. “Dormindo em pé”.

Já conhecemos aqui nesta terra um presidente que, quando começou a se isolar, comunicava-se por intermédio da camiseta com a qual corria no fim de semana, e chegou até ao deselegante “aquilo roxo”. Um tanto grosseiro, mas esse cidadão ainda continua por aí, de volta aos círculos íntimos do poder. Devia usar uma assim: Bandido.

Aperfeiçoando a minha invenção, já pensou se fosse como uma máquina da verdade, daquelas que lêem seus pensamentos? O que diria a eletrotela de Dilma Rousseff? E quando está ao lado de Michel Temer? Você não tem essa curiosidade? De vez em quando, admita, também não imagina e põe balõezinhos na cabeça das pessoas, ou na sua mesmo, com um pensamento que fica ali pairando? Sabe aquele desenho que tem bolinhas e o balão, para denotar que é apenas um pensamento? Alguns são realmente censuráveis.

Não é tão louca a ideia, gente – já existe, já vi, passa uma mensagem vermelha, um banner, mas só para duas ou três palavras, fixadas na fivela do cinto ou mesmo no peito de uma camiseta. Você programa. Não é a coisa mais bonita do mundo, mas escuta só que não vai demorar e algum maluco beleza lança algo em laser, ou holografia, 3-D, neon, tinta invisível. Vai ser um aplicativo.

Aqui só fiz aperfeiçoar a “criação”, dar uma de stylist, e desejando única e exclusivamente melhorar o entendimento entre os humanos que não anda nem um pouco fácil. Mal ou bem, se a gente pensar, essa onda de tatuagens não deixa de ser essa forma de expressão, só que mais radical; imagem eterna. Faz, mas não dá para mudar mais de ideia, nem de estado de espírito. Se tatuou dragão, não vai mostrar borboleta; se tatuou beija-flor, não dá para virar urubu de uma hora pra outra. Não pega nem bem. Sacou?

Melhor então é voltar à proposta inicial, roupas. Uma palavra. No máximo duas, uma composta ou substantivo + adjetivo, um sinal de pontuação. Pensei também se não seria uma boa uma coisa até mais intelectual, mas que também dissesse tudo sobre você. Viajei na ideia de um vestido preto, simples, com bom caimento, com as letras no peito, brancas: “BALZAC?”. Ou talvez apenas SADE, SARTRE, DALI, CONFUCIO, PICASSO, DA VINCI, PELÉ. Depende de quem você gostaria de estar representando, ou de quem você gostaria de ter como se fosse um autógrafo no corpo.

Estampas não faltarão. Inclusive na linha bons desejos. Teve uma época que uma grife fez umas assim, mas começaram a piratear e eles desistiram. A linha era essa: Paz, Amor, Fraternidade, Igualdade, Liberdade. Proponho Verdade, Mentira. Tive um par de meias assim que amava: um era YES; o outro pé, NO. Serviam também como sinalizadores.

Longe da política e da militância a favor de qualquer coisa, podíamos pensar também em uma linha de lingerie especial, para homens e mulheres: Aperte Aqui, Abra devagar, Entre. Fique. Também poderiam ser usados os símbolos internacionais de trânsito. PARE. Curva acentuada à direita. Siga em frente. Cuidado: obstáculo. Livre, à frente. Proibido parar.

Garanto que ia ter um monte de gente comprando, para ver se melhorava a comunicação em casa. Uma coisa bem particular. Ou na rua. Agora podemos tudo, mesmo. Somos quase LIVRES.

São Paulo, TRÂNSITO PARADO. CONGESTIONADO. TÚNEL INTERDITADO. 2011.
(*) Marli Gonçalves é jornalista. Já pensou se combinássemos todos e passássemos a fazer SEGREDO ETERNO também dos nossos gastos com a copa e cozinha?

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Assuntos altamente sérios: como Léa T. esconde o pênis

Lea T. explica a Oprah como esconde o pênis para tirar fotos

DE SÃO PAULO

A top model brasileira transexual Lea T., 28, explicou em entrevista à Oprah Winfrey como faz para esconder o pênis durante sessões de fotos.

“Todo mundo me pergunta isso, especialmente os homens com quem trabalho. É meio desconfortável, tenho que colocar o pênis para trás e usar calcinhas bem pequenas. É bem chato, principalmente quando me sento”, disse Lea T.

“Eu gostaria de poder aceitar meu corpo como o de um homem. Acho que minha vida seria muito mais fácil e seria menos doloroso para minha família… Mas é algo dentro do meu cérebro.”

Lea T. falou ainda sobre sua opção sexual. “Muitos transexuais são gays antes. Eu sempre gostei de homens”.

A modelo comentou também sobre o seu pai, o ex-jogador de futebol Toninho Cerezo. “Meu pai disse ‘se você é mulher, homem, cachorro ou qualquer coisa, eu vou amá-la pelo que você é’.”

No mês passado, Lea T. entrou no ranking mais importante de modelos do mundo, o do site Models.com.

A top brasileira aparece na quadragésima posição, acima de beldades como a argentina Dafne Cejas (47ª) e a holandesa Patricia van der Vliet (46ª).

DO UOL

Que papo é esse? Temer dando ordens na roupa da jovem esposa?

Pincei esse trecho da entrevista do “estilista” André Lama,  quem fez a roupa que Marcela Temer usou na posse presidencial.

O relacionamento, como prevejo, é do tipo papai-filha, ditador-submissa, eu mando aqui?

Ou ele entende de moda e a gente não sabia?

Veja o trecho da entrevista ( coluna Monica Bergamo)

Temer aprovou o modelo?
Se ele não tivesse gostado, Marcela não teria usado.