ARTIGO – Sombras sobre nós. Por Marli Gonçalves

É uma névoa densa, cinza, triste, que vai se encorpando, tampando a luz, puxando rapidamente mais uma noite e a escuridão de ideias, criatividade, avanços. Ela não vem só da queimada de nossas florestas e campos, mas de uma tentativa de, mais uma vez, buscarem regrar e direcionar atos, visões, fatos, para apenas um ângulo onde o mundo é dominado, atrasado, censurado, muito triste…

Afasta de nós tudo isso, por favor. A quem apelar a não ser à uma mínima consciência de que a realidade é muito mais forte? Que mesmo os que ainda resistem a entender o que se passa, e que não é proibindo que se resolvem as coisas, sejam mais rápidos e percebam que isso não vai dar certo se continuarem nessa toada, porque também serão eles os prejudicados.

Já escrevi sobre os pequenos poderes, mas agora, vendo a cara e a alegria do tal coronel Wolney Dias à frente de um grupo de comandados de avental entrando na Bienal do Livro do Rio de Janeiro para recolher histórias em quadrinhos e livros a mando do prefeito Marcelo Crivella me assustei mais ainda. E logo vieram à tona imagens de tempos tenebrosos, peruas Veraneio misteriosas, com agentes de óculos escuros e ternos xadrezes, que nos espionavam nas esquinas a mando de alguém de cima.

É uma escadinha que só desce. Um presidente falastrão e com problemas sexuais abre a fila e quer proibir cartilhas e que sejam dadas educação e explicações sobre sexo para crianças e adolescentes. Logo seguido por um governador que se diz todo moderno e que manda recolher cartilhas que citavam a questão de gênero. Logo atrás um prefeito, religioso, sabe-se lá como eleito em uma cidade como o Rio de janeiro – nem me peçam detalhes que vocês já sabem o que gostaria de lembrar a todos – que invoca com um cartaz de um desenho de história em quadrinhos, repito, um desenho! Nele, no desenho, dois homens, adolescentes, de uma história de super-heróis da clássica e conceituada Marvel, se beijam. Em seguida, chega o tal coronel… e daqui a pouco o guarda da esquina vai querer recolher seu guarda-chuva cor de rosa porque crê que não é cor de homem.

Não é possível que uma parcela da sociedade ainda teime em não perceber que o que é importante mesmo – inclusive se haverá um guarda lá na esquina se você realmente precisar – está sendo deixado de lado. Não entenda que não é por causa de uma história em quadrinhos que uma criança ou adolescente “vira” gay. E que, ao contrário, é fundamental, justamente para evitar abusos, que as crianças tenham informações gerais sobre sexo, especialmente e porque é sabido que os pais têm grande dificuldade de lidar com isso, falar sobre isso. Vai lá verificar se estão preocupados com o número de estupros e abusos de crianças, com a gravidez de adolescentes, com a prostituição infantil nas áreas de turismo, com tantas coisas que são realidade e não desenhos de histórias em quadrinhos.

Santa Hipocrisia! –  Diria o Batman atual, e que completa agora 80 anos sofrendo bullying por conta de sua parceria com Robin. Até precisaram, tempos atrás, inventar uma Mulher Gato para ver se ele desencantava, mas…penso que também ele não era o gênero preferido daquela libertária, esperta e sensual heroína.

Enfim, não é só a censura que está trazendo essa densa névoa sobre nós. É cada ataque às instituições civis, o palavreado descontrolado para cima de importantes parceiros internacionais, a falta de respeito com as mulheres, as decisões de cortes em bolsas de estudo e pesquisas, o aparelhamento militar sobre a cultura, as ameaças feitas, com raiva e com olhar ejetado, para cima da Constituição.

A lista é enorme, e o que vemos se despedaçar cada vez mais rápido diante de nós é a esperança que no fundo foi quem o elegeu e a todos os outros dessa estranha cadeia de poder.

Pior é que, justamente sentindo isso, que os olhos de mais e mais pessoas começam a se abrir, que eles puxam mais forte a tal cortina de fumaça, a neblina, as sombras.

Faça-se a luz. Deixem o Sol da liberdade, em raios fúlgidos brilhar no céu da Pátria nesse instante, de um povo heroico, o brado retumbante.
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(FOTO GAL OPPIDO)

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Já à venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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Alguém pode me explicar melhor? Teatro colegial? Abin? Teatro colegial na Abin?

Que mané batman, robin, mulher-gato são esses?

TROUXE PARA A GENTE, LÁ DO BLOG DO AUGUSTO NUNES\ Direto ao Ponto

Batman, Robin e a Mulher Gato entram na conspiração contra a cópia brasileira da CIA

Batman, Robin e a Mulher Gato entram na conspiração contra a cópia brasileira da CIA
Em tese, a ABIN é a versão nativa da CIA americana, da defunta KGB soviética ou do M16 dos filmes de James Bond. Na prática, como informa o vídeo, a Agência Brasileira de Inteligência ainda não aprendeu a vigiar os próprios funcionários – ao menos os acampados no Núcleo de Educação a Distância, que assina a peça inacreditável. É difícil saber se a trinca que interpreta Batman, Robin e a Mulher Gato está querendo ensinar português ou técnicas de negociação em situações de emergência. Não consegue uma coisa nem outra.

Batman precisa perder pelo menos uma arroba. A canastrice do jovem Robin é de causar inveja no pior dos veteranos. A Mulher Gato não consegue pronunciar a palavra “exigência”. Se houvesse uma plateia por perto, o elenco dificilmente escaparia do linchamento. Tudo somado, o vídeo já garantiu uma vaga no Museu da Era da Mediocridade. Em pouco mais de três minutos, mostra que o governo federal, no inverossímil começo do século 21, achava que inteligência é alguma coisa que rima com agência.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/