ARTIGO – A incrível marcha da insensatez. Por Marli Gonçalves

Marcha da insensatez acelerada, vil, dá a impressão que o nosso otimismo sobre como sairíamos “melhores” depois desses meses de pandemia fez efeito contrário: encontramos já agora a face de uma sociedade pior, egoísta,  jovens olhando para seus próprios umbigos com cabeças baixas e desmascaradas, as pessoas loucas, desvairadas, pensando que aglomeração é liberdade

MARCHA

Sei, a gente tem a impressão sempre que o clandestino, o escondido, o ilegal é muito mais interessante, divertido, emocionante. Nem adianta negar, que seria hipócrita. Quem nunca?…  Mas o que estamos presenciando não é apenas uma molecagem sem repercussão ou efeito, protestinho por liberdade, blábláblá. Trata-se de vidas que a ignorância está tirando aos borbotões. De uma doença da qual ainda pouco se sabe, mas que se vivo deixa, acrescenta sequelas, e tudo na loteria macabra. Pode pegar qualquer um, pelo ar que se respira. Arrependimento não vai curar depois que o leite derrama.

Vimos – e creio que ainda veremos – marchas incríveis pelas ruas, significativas, mas esse ano assistimos horrorizados apenas a da insensatez. Um país, cidades e estados com leis, planos, normas, indicações, mas quem organiza? Quem fiscaliza? Mesas separadas em restaurantes? Filas com pessoas distantes entre si? Nem na eleição. Medição de temperatura? Quando é feita! – desleixada, e o pior no pulso, porque as malditas informações falsas disseram que na testa dá câncer, e essa coisa pegou no país da ignorância. Não pode torcida no campo de futebol? Ora, sem problemas, o povo põe um telão lá fora e a festa corre solta. Ouvi dizer essa semana que a torcida do São Paulo F.C. foi multada. Aliás, alguém soube de alguma multa real, que tenha sido paga, que tenha havido punição?

Agora, vamos e venhamos: qual parte do Natal 2020 e passagem de ano que vocês não entenderam ainda que será o horror, que não será como sempre, que não poderá ser? Que loucura é essa de se preocupar com compras, enchendo ruas, marcar viagens, “remarcar” Carnaval para o meio do ano? Estamos todos tão desarvorados assim?

A história do uso das máscaras. Muita gente, isso é bom, tem usado corretamente. Mas e os narizes fora delas, as frouxas “para entrar ar” (e muitos vírus), máscaras nos queixos, no pescoço, nas mãos, como pulseiras, penduradas nos retrovisores dos carros? E a invenção das moderninhas, a tal confortável máscara de tricô que as blogueirinhas incentivaram? Claro, toda furada, muito refrescante, e já tá deixando é muita blogueirinha idiota doente. Quem seguiu, também.

(Parêntesis político, por falar em máscaras: cá entre nós, será que agora o tal Russomanno se deu conta do grande erro da assustadora máscara transparente de acrílico que usou na campanha que foi, graças a Deus, por ralo abaixo? No caso dele, cobrir a cara teria sido muito mais apropriado, se é que me entendem.)

Mas quem dera a insensatez estivesse só ligada a fatos da pandemia! Quem dera! Estão acompanhando a tentativa de acabar com os artigos “a” e “o”, trocando por “e”? O tal todes, ao invés de todos ou todas, como exemplo. Acreditam de verdade, mesmo, que assim estarão resolvendo as questões de gênero? Lembram do presidenta da Dilma? Como é que é? Tem gente querendo fazer lei para essa mudança?

Viramos o país do ridículo sem fim, do horror, do medo, da tristeza, do cansaço, com um desgoverno vergonhoso, mulheres violentamente assassinadas diariamente, negros mortos em cada esquina onde se defrontam com policiais ou metidos a, seguranças desclassificados, bêbados dirigindo tão desgovernados como nossos políticos e matando o que não veem pela frente, ou o que suas mentes ou olhos embaçados talvez vejam em dobro. Nosso meio ambiente destruído, apagões não só de energia, mas de qualquer bom senso. Oportunistas espalhados prontos a remarcar sem dó os preços de tudo, tentando retomar seus prejuízos, como se só eles os tivessem tido.

E vamos ficar preocupados com os as e os? Dançando até o chão nos proibidões, como se apenas uma interminável onda existisse, embora já vejamos a outra vindo atrás muito maior? Não tem nada de normal em tudo isso. Nada.

Pensando, talvez, em qual roupa branca usar no réveillon? Desculpem, mas creio que a cor negra será a mais apropriada como uniforme dessa insensata marcha na qual todos acabamos caminhando, empurrados, mesmo que contra nossa vontade.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – O Senhor Óbvio. Por Marli Gonçalves

O esquecido Senhor Óbvio. Ele faz piruetas, dança, samba, se joga, se mata para mostrar as coisas, apontar para problemas que, não tem jeito, vão estourar. Ele vai, ele volta. Dá sinais objetivos, pequenos a princípio, mas reais. Em alguns casos, imagino até o Senhor Óbvio tocando uma corneta no ouvido das autoridades, que teimam em não lhe dar atenção e aí…

As tragédias acontecem. E o Senhor Óbvio, de sobrenome Ululante, não deve acreditar quando escuta no noticiário, por exemplo, que os barracos de madeira debaixo do viaduto pegaram fogo, deixando centenas de pessoas sem abrigo e algumas milhares de pessoas sendo prejudicadas de várias formas entre seu ir e vir, presos no trânsito, ou sem transporte coletivo. Assim é com a fiação elétrica que emite pequenos raios de seus fios descascados. Assim é com o cheiro de gás que antecede explosões.

O óbvio está sempre diante de nós. É evidente, não se esconde, não se camufla, não se disfarça para ser visto a nu por olhos, narizes, consciências. Não deixa dúvidas, salta” à vista”, embora às vezes seja também, digamos, filosófico. Elementar, meu caro Watson.

Mas o Senhor Óbvio é bastante irônico e há fatos e falas que ouve aqui no Brasil que o fazem só mexer os ombrinhos para cima e para baixo, de tão óbvios que são. Mas fatos e falas que viram notícia como se representassem verdadeiramente algo inédito, diferente, real, ou mesmo que não fossem apenas deslavadas mentiras.

Não me diga! – ele exclama, cada vez que se depara com um desses fatos, muitos que, inclusive, já viveu para ver que obviamente não serão cumpridos. Ou que o silêncio caberia melhor naquele momento, para que todos nós não fiquemos tão irritados em ouvir tais declarações.

Em geral, promessas. Por exemplo, a do indicado pelo presidente Bolsonaro para ocupar o importante e estratégico cargo de Procurador-Geral da República, Augusto Aras, e que estava fora da lista tríplice enviada pelos procuradores ao presidente, que a ignorou solenemente. Na sua campanha pela aprovação do Senado, de mãozinhas juntas, garantiu, primeiro que será independente do tal presidente que o indicou acima de tudo e todos. Se seria grato, se haveria moeda de troca? Respondeu: “Minha gratidão é com o país, não com as pessoas”. Antes já havia sido flagrado falando a um senador que o “presidente Bolsonaro não vai poder mandar e desmandar” na Procuradoria.

Quase leva o Senhor Óbvio Ululante às lágrimas.  Só não levou porque o nosso personagem estava às voltas com uma enorme pesquisa – para a qual inclusive pede ajuda de vocês – sobre quantas multas vultosas, milionárias, aplicadas com números lindos e divulgadas com toda aquela alegria pelos apresentadores, como punição, com rigor e etceteras, foram real e efetivamente pagas. Começou a pesquisa pelas tragédias provocadas pela Vale.

Tadinho. Tá lá procurando os recibos. Não tenho coragem de contar a ele que durante décadas esses valores serão contestados.

Outra coisa que o perturba é ainda mais comum. O cara, a cara, ou a empresa/empresário, corruptos ou assemelhados, são pegos pela polícia com a boca na botija. Qual é a mais nova moda de declaração sucinta? “Estamos colaborando com as investigações. Atenderemos aos chamados para esclarecermos tudo”.

– Não nos diga!

Pensamos, eu e o Senhor Óbvio Ululante, que os chamados seriam ignorados, que dariam uma banana (aquela, dada com o braço) aos policiais, investigadores, promotores…

A mesma banana que as autoridades dão aos alertas, aos perigos, e às vistorias que quando mandam fazer pegam os resultados rapidamente. E os mandam, sem dó nem dor de consciência, para a gaveta. Ou, como dizemos no jargão jornalístico, “para a cesta seção”. O lixo.

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FOTO: Gal Oppido

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#ADEHOJE – AS NÓIAS COM O INFINITO. RADARES GARANTIDOS E ASSANGE PRESO

#ADEHOJE – AS NÓIAS COM O INFINITO. RADARES GARANTIDOS E ASSANGE PRESO

 

SÓ UM MINUTO – Juíza com juízo. A juíza federal Diana Wanderlei, de Brasília, proibiu o governo de retirar medidores de velocidade nas rodovias federais. A medida foi determinada numa ação popular contra decisão de Jair Bolsonaro, anunciada no mês passado, de suspender a instalação de novos radares e reduzir a quantidade de equipamentos instalados. Em caso de descumprimento, o governo será multado em R$ 50 mil por dia para cada unidade retirada. Cabe recurso.

Nóia: inacreditável, mas a Folha de S. Paulo implicou com o símbolo usado pelo Bolsonaro na cerimônia – juntou ao 100, de cem dias de governo, em verde e amarelo, o símbolo do infinito – o oito deitado. Para a repórter, há temor de perpetuação no poder, de ditadura. Socorro. O infinito, que aparece também na fita de Moebius é também o símbolo da Rede! Tanta coisa de verdade, lá precisa invocar com uma bobagem dessas?

Assange preso: incrível, parece que envelheceu décadas, como deu para ver pelas imagens.

ARTIGO – Vai ficar aí parado, só olhando? Por Marli Gonçalves

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VAI FICAR AÍ PARADO, SÓ OLHANDO?

MARLI GONÇALVES

Onde andam os machos e as fêmeas de verdade? Ando muito impressionada com a apatia que parece estar tomando totalmente a cabeça e o corpo dos brasileiros e, mais uma vez, pergunto se não será a água cada vez mais enlameada que bebemos. Garoto é morto, asfixiado por um segurança de supermercado, na frente de várias pessoas, e ninguém se mexe? Ou melhor, se mexe, sim, mas para pegar o celular e gravar – na vertical, inclusive…

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Essa é só mais uma. Ainda não digeri o fato do menino Luan, de três anos, ter morrido atropelado por um trem do Metrô de São Paulo. Ele fugiu do colo da mãe e saiu do vagão onde estava. Desespero. Mas ninguém lembrou de acionar a alavanca de emergência. O trem partiu. O corpo de segurança do Metrô levou uma hora, repito, uma hora, para procurá-lo onde obviamente ele teria ido correndo atrás do trem que partiu como se nada estivesse ocorrendo, e onde estava a mãe. O que veio atrás colheu o menino de jeito.

No caso do Rio de Janeiro, um jovem negro, Pedro Henrique, de 25 anos, acusado de furto de alguma bobagem, foi asfixiado e morto por um segurançazinho qualquer coisa em um supermercado Extra, na frente de dezenas de pessoas e da própria mãe, e ninguém tirou o segurançazinho de cima dele. Só ficaram gritando, e, claro, gravando com o celular, para a posteridade, dos filmes nacionais de horror, que farão corar até Quentin Tarantino.

A moça que se aventurou para salvar o motorista do caminhão no qual bateu o helicóptero que caiu matando o piloto e o jornalista Ricardo Boechat está sendo chamada de Mulher-Maravilha. Sua ação magnífica e corajosa foi gravada por celular: enquanto ela tirava enormes pedaços de ferro, movida por força descomunal, o marido gravava… Leiliane Rafael da Silva, 28 anos, ainda teria antes tentado salvar o próprio Boechat, e se não tivesse sido contida teria explodido junto segundos depois. Sua história, sua doença rara, o que inclusive a impediria de ter tanto estresse e feito tanta força física veio à tona depois. (O marido justificou que ficou gravando para mostrar para a mãe dela como Leiliane era teimosa, vejam só).

Agora, por força do destino, do caso que chamou a atenção, conseguirá finalmente a cirurgia no cérebro pela qual batalha há meses. Mulher de fibra.

Sinto que as pessoas estão apáticas pela sucessão de fatos que parecem não serem reais de tão dramáticos. Até esse momento, o presidente da Vale e o presidente do Flamengo ainda não foram presos, pelas tragédias de Brumadinho, mais de 300 mortos e o prejuízo ambiental incalculável, e do Centro de Treinamento, 10 meninos mortos, respectivamente.

Aliás, estão por aí distribuindo todos os dias suas declarações estapafúrdias e tentativas de se isentar dos fatos. Os jogos continuaram marcados, os treinos feitos no mesmo lugar e a rigorosa lentidão das apurações, desnecessárias, porque a culpa já é tão evidente, tão visível, que apenas protelam. Só para lembrar, o Flamengo, desde 2017, tinha recebido 31 multas pelas instalações sem segurança. Quer que eu repita? 31. Vai ver se pagaram alguma, se tomaram providências. No caso de Brumadinho, a própria Vale admite que já havia até calculado o que ocorreria com o rompimento da barragem, quantas mortes seriam estimadas, etc.

É difícil assistir impassível à covardia humana na realidade. O engraçado é que no mundo virtual todo mundo é macho, xinga, fala o que quer, chama para briga, mas protestar de verdade, agir? Uai.

Sinto isso na pele cada vez que, por exemplo, bobo até, mas exemplo da apatia e dormência, tiro lixo do pé das árvores por onde passo. Ficam me olhando como se eu fosse uma marciana recém-saída do disco voador, e até olhares de reprovação sinto. Ué, o lixo estava tão socadinho, tão arrumadinho no pé da árvore … Minha campanha é real: #árvoreNãoélixeira. Talvez quando elas caírem em suas cabeças, se toquem. Ou não.

Já me meti em muita encrenca nessa vida, e de nenhuma me arrependo, nem das que me coloquei em risco, algumas que deram boa dor de cabeça. Não consigo ficar parada ou quieta diante de injustiças, abusos, violência contra mais fracos. Mas sozinha sei que não faço um verão.

Onde estão vocês? Onde está todo mundo?

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Marli Gonçalves, jornalista – Aliás, o que está sendo feito – de verdade – para impedir a impressionante morte de tantas mulheres por machos de araque? Já chegam a centenas, só nesse ano que mal começou.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

São Paulo, 2019

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ARTIGO – Placas, sinais e desvios. Por Marli Gonçalves

 O sinal está fechado para nós, todos, os que são jovens, os que já passaram por isso e os que estão chegando.  O tempo passa ligeiro, alta velocidade, e sempre parece que estamos na contramão, sem saber para que lado virar, quando parar. Acabamos sendo multados por isso.

Desde muito criança tenho a mania de ler tudo o que passa pela frente.  Os letreiros das lojas, as faixas espalhadas pelas ruas, os cartazes, os muros. As placas dos carros, inventando expressões e frases surgidas com as três letras. No final do dia o cansaço urbano, incluindo a falta de horizontes daqui de São Paulo, onde procuro frestas entre prédios para espichar o olhar. Não admira que nossa visão seja tão embaçada.

A desorientação é geral.  A da realidade, de nossos caminhos.  Que nos fazem perder-nos sempre e que agora até se julga possível de reverter com aplicativos , mostrando os traçados que bem entendam que devamos seguir. Mas que nos fazem perder ainda mais. Experimenta precisar de orientação: as placas não estarão lá, ou estarão tortas, chutadas, pichadas, sujas, cobertas, erradas.

Por aqui a coisa anda ainda pior, porque é ao léu, ao vento da decisão de algum gênio dentro de algum gabinete. De repente criam uma faixa que não existe, uma ciclovia feita por cones patrocinados de um banco, revertem a mão de direção e você tem de andar e olhar no relógio porque é confusão total de horário para ir e vir. Apareceu agora a mania de pendurar faixas horrorosas atravessando as avenidas e que, se quiser saber qual é o alerta, é melhor parar e ir a pé bem debaixo delas para tentar ler toda e tentar entender o que dizem, sempre com sérios problemas de pontuação.  Já vi uma de cinco linhas, e as letrinhas, Ó, o tamaninho delas. A tal faixa exclusiva de ônibus funciona de tal hora a tal hora, mas só depois de uma outra tal hora, dependendo se se é sábado, domingo ou feriado. Se está quente ou frio, seu sexo, se gosta de azul ou de vermelho, se tomou café-da-manhã, etc.

Sinceramente, anda difícil fazer tudo direito. E preciso lembrar que a tal famigerada faixa de ônibus, que você tem de invadir em alguma hora ou para procurar caminhos ou para poder virar para onde está indo, custa uma multa de infração gravíssima. Tão sem nexo porque igual a que tomam aqueles caras que todo dia a gente vê matando ou aleijando as outras pessoas nas ruas, atropeladas, ou porque estão bêbados e resolveram barbarizar. Gente que anda armada com a direção, pedais e rodas.

Não tem como não fazer um paralelo com o momento que vivemos, essa confusão sem precedentes e que parece um buraco sem fim. É o vai não vai, o não-anda-nem-sai-da-frente, lombadas, obstáculos, desvios, guinadas mal sinalizadas que nos pegam desprevenidos.

Estradas que não dão em nada, pontes que não ligam nada a lugar algum. Ruas sem saída. Rotatórias que nos fazem ficar girando em torno do mesmo assunto, como se outros caminhos nos fossem bloqueados.

Sem direção e congestionados, com duas dezenas de candidatos que se atropelam e que não sinalizam para onde querem nos conduzir, entre eles alguns veículos bem antigos e ultrapassados que já pararam e nos deixaram na mão várias vezes quando mais precisávamos.

Precisamos urgente rever nossas orientações, nossas placas. Que sejam escritas em bom português. Fora. Chega. Não. Já vai tarde. Não somos idiotas. Parem. Cuidado com nossas crianças. É hora de mãos à obra mais à frente.

Que não nos multem mais por seus próprios erros e omissões.

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Marli Gonçalves, jornalista – a minha predileta é “É Proibido Proibir”.  Muito boa para agora, essa época de fazer Carnaval com tudo.

Brasil, desorientado, 2018

Torpedo, torpedo! MS: Encontrado formol em carne da Friboi. E eles dizem que é… da própria carne!

FONTE: http://www.correiodoestado.com.br/cidades/procon-do-pr-encontra-formol-em-carne-da-friboi-produzida-em-ms/264500/

mamãe e papai de boiProcon do PR encontra formol em carne da Friboi produzida
em Mato Grosso do Sul

Processo administrativo já foi instaurado e a multa pode chegar a R$ 7 milhões

ALINY MARY DIAS

Laudos confirmaram a substância na carne
Laudos confirmaram a substância na carne (Foto: Divulgação)

Equipes do Procon de Umuarama, no interior do Paraná, confirmaram na tarde de ontem (1º) que substância química popularmente conhecida como formol foi encontrada em amostras de carnes distribuídas pelo frigorífico Friboi, localizada em Naviraí, distante 359 quilômetros da Capital. A substância pode fazer mal à saúde.

Coincidentemente, o grupo JBS, que é dono da Friboi, recebeu ontem do governo Reinaldo Azambuja R$ 1 bilhão em incentivos para ampliação do grupo em Mato Grosso do Sul, que deve abrir quatro novos frigoríficos.

Segundo a imprensa do Paraná, o Procon do Estado em parceria com laboratório de uma universidade apreendeu carnes de várias marcas para análise, e o formaldeído só foi encontrado no produto produzido em Naviraí.

O Procon revelou que instaurou processo administrativo para apurar a situação e a Friboi foi notificada para apresentar defesa. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) propõe que a empresa reconheça a falha e seja multada, o valor pode chegar a R$ 7 milhões. A data do início da apuração e da apreensão das carnes não foi divulgada.

À imprensa paranaense, a comunicação da Friboi disse que a substância encontrada é produzida pela própria carne. A reportagem do Portal Correio do Estado tentou por várias vezes contato com a assessoria da empresa, que fica em São Paulo, mas nenhuma ligação foi atendida desde o início da manhã.vacas e bois

COM FOTOS. Ministro da Justiça estaciona na faixa do prefeito. Zé Eduardo, Zé Eduardo, respeita pelo menos o Malddad

MINISTRO DA JUSTIÇA deve ter ido na loja da Rua Augusta comprar uns brinquedinhos para seus filhinhos espalhados. Aí chega e na boa não só estaciona no lugar proibido, como devo informar a todos: é uma das novas faixas de ônibus do Malddad Suvinil que espremeu uma rua  que  não tem como, desafiando as leis da física.
PT atropela PT não seria um belo título?

Governo e adjacências: Fica esperto que nessa região aqui a gente patrulha o que pode.

—————-Nas ruas————————–

fonte: UCHO.INFO

Ministro da Justiça ignora a legislação de trânsito e estaciona o próprio carro em local proibido

jose_eduardo_27Fora da lei – Destaca a Constituição Federal, com a devida e merecida ênfase, em seu artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (caput). Acontece que nessa barafunda chamada Brasil alguns são mais iguais que os outros. Ou seja, a lei não vale para determinadas pessoas que acreditam ser possível afrontar a democracia e a legislação vigente. A situação torna-se ainda mais crítica e perigosa quando a lei é escandalosamente desrespeitada pelo ministro da Justiça, no caso o petista José Eduardo Martins Cardozo.

No dia 26 de dezembro, Cardozo decidiu fazer algumas compras atrasadas de Natal e para tanto ignorou as leis de trânsito em uma das mais movimentadas vias da cidade de São Paulo, a famosa Rua Augusta. Sem se preocupar com uma vistosa placa que informa ser proibido estacionar veículos na rua que um dia serviu de inspiração para Hervé Cordovil, que compôs a música “Rua Augusta”, o ministro da Justiça pegou carona na certeza da impunidade, até porque assim pensam os petistas que tomaram o País de assalto. Às 19h50, José Eduardo Cardozo estacionou o Toyota modelo Camry – de cor preta e placas EEH-7586 – em local proibido e adentrou à uma conhecida loja de brinquedos, não dando atenção à placa que informa ser proibido estacionar de segunda à sexta-feira, das 7 horas às 22 horas.

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Se todos os brasileiros têm a obrigação de respeitar as leis de forma incondicional, afinal é assim que uma nação existe, no caso de José Eduardo Cardozo esse dever é ainda maior, pois trata-se de uma autoridade que, em tese, serve de exemplo aos demais. Para a sorte das próximas gerações, mais da metade da população não optou pela continuidade da bandalheira política instalada pelo PT em todos os quadrantes verde-louros.

Fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades igualmente responsáveis, José Eduardo jamais teria chegado ao comando de uma dos mais destacados ministérios, o da Justiça, uma vez que seu conhecimento jurídico sofre de nanismo se comparado à importância do cargo. De igual modo, fosse o prefeito Fernando Haddad cumpridor dos seus deveres, as fotos desta matéria seriam suficientes para que o departamento de trânsito da capital paulista lavrasse a devida multa, uma vez que os brasileiros não mais conseguem conviver com a corrupção e a impunidade.

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Para quem sonha em chegar ao Supremo Tribunal Federal na condição de ministro, o petista José Eduardo Cardozo deveria ser mais cuidadoso, mesmo que a Corte tenha se transformado em palco de bizarrices jurídicas das mais variadas, apenas porque o PT, responsável pela maioria das indicações, já deu mostras de sua inconteste vocação para o banditismo político.

Por certo José Eduardo deve considerar normal desrespeitar as leis de trânsito, mas um país sério se faz com pessoas responsáveis e cumpridoras de suas obrigações cidadãs. Ao ministro isso pouco importa, porque os petistas aderiram ao enfadonho bordão “você sabe com que está falando?”. Sendo assim, resta-nos ressaltar que José Eduardo Cardozo deve cantarolar, debaixo do chuveiro, uma fase do refrão que Hervé Cordovil escreveu para a música “Rua Augusta”: “Quem é da nossa gangue não tem medo”. E que ninguém duvide dessa porção do PT!

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Já viu um ralo? Esse aqui fala dos cartões corporativos do Governo. E do passado Lula…

 

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Por nossa conta

Outras despesas da Presidência da República pagas pelo contribuinte envolvem caixas de chocolate, DVDs e flores, muitas flores.

 Pergunta na boca do caixa

Eram para d. Marisa ou Rose as 14 caixas de chocolate compradas pelo Planalto com cartão corporativo, quando Lula era presidente?

FONTE: COLUNA CLAUDIO HUMBERTO

ARTIGO – Somos todos pedestres.

 Por MARLI GONÇALVES 

O assunto está na boca do povo, mas ainda não atingiu as mentes dementes dos motoristas nem a dos pedestres que continuam dando sopa ao azar e pensando que estão mesmo em um lugar civilizado   

Meu grande amigo de visual punk sempre atravessava a rua apressado, impositivo, quase se jogando suicida no meio do violento trânsito de São Paulo. Quando estávamos juntos, eu ficava louca e ao mesmo tempo boba de ver os carros parando, educados e solícitos, como se ele fosse o próprio guarda de trânsito encarnado com bloquinho na mão ou fosse as demarcações de faixas dos países onde isso funciona – você põe o pé para fora da calçada e os carros param. “Você acha que alguém vai querer me atropelar? Já pensou o furdunço que ia ser?” – e caía na gargalhada. Funcionava.

Passado o tempo, não sei se ele ainda faz isso, mas sei que está bem, lindo e diferente, com seu cabelo espetado e tatuagens em todo o corpo, sempre aprontando alguma coisa especial – agora são festas que libertam o fetiche interior de cada um. Lembrei-me dele também porque nos últimos dias o assunto pedestre anda fervendo. Por vários motivos. Por causa da campanha a favor, das multas milionárias impostas a quem é pego sacaneando, e por causa de pesquisas que dizem que a maioria dos brasileiros se locomove é a pé, ao contrário do que podíamos pensar. Pensei também por causa das muitas marcas de sangue nos asfaltos da vida – o moço inteligente que voltava para casa a pé e foi atropelado por uma Land Rover desgovernada, uma professorinha aposentada atropelada na faixa e dezenas de outros anônimos, que não voltaram, todos mortos no espaço de um tempo de atravessar, de uma calçada a outra. Será menos perigoso atravessar um rio de jacarés?

Ser pedestre é mesmo uma das coisas mais perigosas e também uma das mais democráticas. Todo mundo é pedestre. E uma hora atravessa a rua, ou alguma coisa. Igual aquela velha piadinha que perguntava “Por que o frango atravessou a rua?” – seguida de várias respostas. Uma criança: Por que sim. Aristóteles: É da natureza do frango cruzar a avenida. Marx: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de atravessar a rua. Martin Luther King: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos. Einstein: Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo. Heloisa Helena: A culpa é das elites estelionatárias,caucasianas e aristocráticas que usurpam a população de frangos e mostra a sua capacidade de luta em defesa dos seus direitos.

A infâmia sobrou até para o Paulo Maluf: O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito novamente vou construir galinheiros deste lado para o frango não ter mais que atravessar a rua. E um pouco para o Lula e sua sabedoria: Atravessou porque queria se juntar aos outros mamíferos.

Não importa como, por que, onde, contra quem. Um dia atravessamos. Pedestre pode ser estátua, soldado do Rio de Janeiro, e até a linguagem rasteira. Mas há uma guerra nas ruas, isso há. No momento em que o pedestre vira motorista, do motorista que esquece que também é pedestre -há um pega pra capar. O cara do carro de trás que buzina, chato, e que acha que você o está atrasando na vida porque deu passagem ao velhinho, e parou para não matar. E nessa guerra, também democrática, há o próprio pedestre que vem maluco ao seu encontro, para te atropelar como se fosse ele uma jamanta de lata, ou um blindado. Ou mero suicida. Deviam aprender com os viralatas mais espertos que só faltam apertar o botão do semáforo.

Ouvi dizer que vão vender a “mãozinha” em miniaturas, no comércio popular. A mãozinha é uma, de papelão ou plástico, como um tchauzinho na ponta de uma vara, que alerta com um PARE e que está sendo usada nos cruzamentos paulistanos – uma bem grande – para conscientizar a população dos dois lados.

Mas esse personagem da cidade, o pedestre, é sui generis. Nunca vi fazerem teste de bafômetro em alguns, mas deveria ter. Nunca os vi serem multados por atravessarem fora das faixas, na diagonal, falando ao celular, mandando SMS (isso eu já vi!), mascando chicletes, olhando para a sua cara cinicamente, balançando a bunda, andando com roupa toda preta no escuro, surgindo de trás de postes e árvores. Também nunca vi pais, mães, babás serem multados por primeiro colocar os coitadinhos na frente, como se o carrinho dos pequeninos fosse armadura.

Também são eles, os pedestres, e assim somos nós todos, que são assaltados, que se machucam nas calçadas, que viram o pé, escorregam, tropeçam e se estabacam nas mal cuidadas vias e infinidades de minas terrestres das grandes cidades, onde até bueiros voam pelos ares, cachorros podem morder, e portões de garagem podem abrir ou fechar nas suas cabeças.

Mas nem tudo é ruim assim, não. Andando, o pedestre consome mais calorias e emite menos gás carbônico na atmosfera desse mundo tão horrivel. Andando, pode observar melhor as belezas dessa vida e virar o pescoço quando uma dessas passa, também pedestre, com um bom rebolado, e isso até pode virar uma composição de sucesso – olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela, menina, que vem e que passa…

Pode ir devagar, ou ligeiro, correndo, andando. Mas, solto, nesta solitária atividade, também pode encontrar um amor como nas propagandas de tevê, onde isso é comum. Pode encontrar um amigo. Dar chance à vida. Uma chance que só ocorrerá quando todos lembrarem que é só uma questão de tempo e espaço. Há quadrúpedes inveterados. Mas todos somos pedestres.

São Paulo, lufa-lufa, 2011(*) Marli Gonçalves é jornalista. Pedestre. Não gosta que peguem no pé. Motorista. De vez em quando esquece de por a flechinha quando vai virar.

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Bueiros explodem. Queimam, machucam, podem matar. Ah, a Light paga 100 mil por cada um, no Rio

Bomba-relógio

 A Light, de energia elétrica do Rio, vai pagar R$100 mil de multa por (novo) bueiro que explodir. E nós ainda contamos piada de português.
 
Nota da Coluna Claudio Humberto – www.claudiohumberto.com.br