ARTIGO – Jogue limpo, que está sujo, feio e malvado. Por Marli Gonçalves

Tá feio, muito feio, e a conta vai chegar para vocês. Será que consegue jogar limpo, ao menos sabe o que é isso? Resta um mínimo de bom senso? Queremos rezar para quem a gente quiser, como a gente quiser, onde quisermos, e em paz. Viver em paz. Não se meta. Queremos respeito às nossas decisões pessoais, respeito aos nossos sentimentos e crenças. Cuidem do país, que da gente cuidamos nós. Pare, apenas pare de nos causar asco todos os santos dias.

feio, sujo e malvado lata de lixo da história

 Caro Senhor Bolsonaro e seus admiradores, seguidores, apaniguados, vidrados e etceteras: respeito!

Respeito é bom e todos gostam.  Não vai ganhar no grito, e se acaso isso ocorrer, o grito que ouvirão depois será muito mais alto e perturbador. Segurem sua onda, que a gente pode tentar até segurar a nossa.  O mundo não se resume a vocês, aliás, graças a Deus, e seja em qual deus cada um de nós acredite e venere, ou não! Parem de ser tão crentes que estão abafando por aí com tanta sacanagem, aleivosias, violência, mentiras, ignorância e ódio que espalham por onde passam. Já conseguiram acabar com o orgulho de nossa bandeira, e cores, hoje quase insuportáveis. Buscam comprar votos com a mais lavada cara de pau, distribuindo benesses de última hora.  Joguem limpo. Querem respeito? Nos respeitem.

Não se sabe se atiçando medo já causam uma estranha, inaceitável e impressionante paralisia nas instituições que deveriam proteger, mas que estão rasgando, desonrando e pisando em artigos sagrados de nossa constituição.

Damares, a ex-ministra e agora senadora incrivelmente eleita, já deveria é estar presa e cassada, antes que esse estrupício manche ainda mais o Senado Federal. Se não na prisão, desculpem, em um hospício, interditada, porque ela está – acreditem – precisando de ajuda e tratamento urgente. Está fora de si, vendo muito mais do que Jesus na goiabeira. Isso não é religião: é problema sério, mental, que a faz, como ela própria diz – ouvir pelas ruas até relatos fantásticos de crianças com dentes arrancados para a prática de sexo oral, entre outras sandices que propaga em solos sagrados que ela própria deveria respeitar.

Isso tudo é muito sério. Não tem mais graça alguma nem para fazer memes. Precisamos parar de brincar. Está passando dos limites de qualquer aceitável.

O tal Ônix, candidato ao governo do Rio Grande do Sul, é outro que já deveria é estar sendo preso, processado, anulado, cancelado, sei lá. Não é de hoje, mas agora ousou dizer que os gaúchos deveriam votar nele para terem uma “primeira-dama de verdade”, já que não consegue ser melhor do que o seu concorrente que, sem problemas, sempre se assumiu gay. Homofóbico, preconceituoso, apoia tudo o que é, foi e será de ruim. Se nem ele é de verdade, um ser falso que há anos anda por aí atrás de qualquer poder para se aproximar.

Outro que se diz cristão, e também não dá para entender como os verdadeiros evangélicos se calam diante do uso deslavado de suas premissas nesses embates eleitorais.

Bolsonaro, não dá para listar nesse espaço todo o mal que espalha e permite que se espalhe, agora ainda por cima tentando uma guerra religiosa opondo católicos e evangélicos. O que aconteceu na Basílica de Nossa Senhora Aparecida é simplesmente imperdoável, não há justificativa possível. Aguente o tranco de seus ataques, que essa semana o senhor pisou em calos que não deveria, acredite.

Sabe, já tivemos – e os seus atos agora chacoalham nossa memória – vários seres desprezíveis no comando da nação, especialmente durante a ditadura militar que admira e tenta alimentar. Mas teve um, o tal Jânio Quadros, que saiu da história como maluco, quando governou o país e renunciou e, depois, mais, quando inacreditavelmente foi prefeito aqui por São Paulo. Teve também o Maluf que grassa agora largado doente e só em algum canto. Eles também tiveram apoio por algum tempo, juntaram alguns porcentos gritando “mito”. Mas sabe como é a política, não? Implacável.

O povo também sabe virar uma bandeira como ninguém. Tenta proibi-los de suas coisas, para ver só. Se acaso a resposta já não vier das urnas agora, acredite, não tardará, assim que tomarem consciência do perigo que representa e do que, para ganhar a eleição, fez, e que o país inteiro pagará por isso.

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MARLI GONÇALVES – E nem adianta me xingar e chamar de petista, que não cola. Sou, sim, oposição ao que é ruim. Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Ajoelhar e rezar. Nossa Senhora, seja agora a nossa Padroeira. Por Marli Gonçalves

Nossa Senhora Aparecida, encarecidamente rogo para que faça valer suas consagrações e a energia que tantos milagres já fizeram. Mas desta vez o pedido é maior. É uma voz em uníssono, nem que seja apenas por meros instantes, de 207,7 milhões de brasileiros. Ah, pode somar aí mais uns milhões de outros que, mesmo não sendo brasileiros, gostam de nós, e creem na sua intervenção, a única intervenção que todos, de uma forma ou outra, acreditamos, a divina.

 nossa senhora aparecida, ROGAI POR NÓS!

É tamanha a angústia, que chega até a ser inexplicável, chega a doer no peito, uma enorme tristeza, ansiedade, apreensão. Como se sentisse que algumas portas de dimensões desconhecidas tivessem sido destrancadas, abertas, e delas estivesse emergindo o que de pior há no ser humano – sua inesgotável capacidade de ser cruel, egoísta e disseminar o mal.

Pois olha, tanto, tão forte, que eu pensei. Já pensaram em escrever uma carta para algum santo? Pois não é que não sei se por essa mistura toda de Dia da Criança e Dia da Padroeira, com Dia de eleições e outras datas, semanas de brigas, eu quis escrever um pedido, e logo para a Nossa Senhora Aparecida? Aqui em casa, muito por influência da minha mãe, todos fomos criados muito ligados à Nossa Senhora, ao seu manto azul, à sua imagem que parece refletir exatamente o nosso país. À sua bondade e abrigo a todos. E se ela lembra minha mãe, só posso reconhecer nela o que de melhor há.

Imagem encontrada, pescada do fundo de um rio, despedaçada, cabeça e corpo, vem sendo unida e adorada há três séculos. Novamente destruída em 1978 – ficou em cacos – pelo ataque de um maluco, mais um destes tantos que ouvem vozes apelando pela destruição – foi remontada. Agora, aprisionada em uma cabine de vidro blindada dali só sai uma vez por ano, escoltada.

Pequenina guerreira. Meio estropiada após tantos percalços, feita de barro terracota, 36 centímetros de altura, dois quilos e meio. Ganhou o maior Santuário do Mundo para ela, uma imagem, uma escultura preciosidade que tanta fé impulsiona. Ganhou bênçãos e o reconhecimento de Papas. Da Princesa Isabel ganhou o manto azul ricamente ornado, a coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis. Ganhou um Feriado Nacional. Milhares de pessoas chegam a ela todos os dias, com os pés em chagas, joelhos destroçados, caminhando pelas estradas. Fazem filas e sacrifícios apenas para passar diante dela, erguer os olhos e seguir adiante.

Ela é negra nessa imagem, mas há explicações: ou o tempo que ficou no fundo do rio; ou depois, as dezenas de anos que ficou na casa do pescador, sendo adorada pelo povo local, que à sua frente acendeu muitas velas que teriam escurecido sua tez.

A certeza é a de que Nossa Senhora Aparecida está acima de tudo isso – representa o Brasil de todas as raças, cores, credos, idades, times, inclusive. Sim, até teve evangélico que a chutou, mas isso foi um episódio superado. Ela une todos, motiva respeito. Vou dizer mais uma que que acabo de descobrir e que talvez tenha sido a gota d` água para eu pensar em apelar a Ela nesse momento. Nossa Senhora Aparecida, além de Rainha do Brasil, título conquistado em 1904, de ser a Padroeira do Brasil, desde 1931, é também desde 1967 a Generalíssima do Exército Brasileiro. A única.

No instante em que vivemos, nervos à flor da pele, a volta dos tons verdes, insígnias e fardas, em que famílias estão desunidas e que tudo parece ser assim tão só dialético, o Bem e o Mal, o Sim e o Não, me vejo acreditando mais ainda e orando para que se faça luz, que essa luz mostre o prisma tão diversificado.

Que irradie um calor que se espalhe amorosamente e nós, que apenas desejamos caminhar em paz para um futuro, consigamos seguir em frente sem tantos receios por nós mesmos e por todos que amamos ou consideramos. Haja o que houver, que nós todos sejamos respeitados e tenhamos a nossa liberdade individual garantida.

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Marli Gonçalves, jornalista. É a graça que peço. Rogai por nós, Nossa Senhora da Conceição Aparecida! Te chamo pelo seu nome.

marligo@uol.com.br e marli@brickmann.com.br

Brasil, 2018

ARTIGO – Minha Carochinha querida, por Marli Gonçalves

Sempre, e olha que eu nasci faz muito tempo, pensei na Carochinha como uma pessoa que inventava histórias infantis; pensava em uma velhinha bondosa de voz doce. Mas também sempre a associei a quando tentam me enrolar, mentindo, fantasiando, gaguejando.Tadinhas das crianças que ainda somos.

É a proximidade da data da qual sempre gostei muito, porque sempre ganhei ou mesmo me dei algum presente bobo, que está trazendo à tona memórias do tempo do onça. Pronto. Desenterrei mais um termo. Quanta coisa em um só dia, 12. Dia da Criança. O feriado é por causa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira desta pátria, embora pouca gente lembre porque é que não vai trabalhar e vai emendar este ano, com sexta e tudo. Também descobriram a América num dia desses, Dia Nacional da Leitura, entre outros tantos comemorativos que se instituem, todos os dias, principalmente para passar o tempo, nos parlamentos.

Somei tudo e lá veio a Carochinha, de quem recordei bastante esta semana enquanto ouvia o voto do revisor, ministro Lewandowsky, no STF. Engraçado. Não por ele ter absolvido o José Dirceu, que isso era esperado, mas porque ele passou horas dando uma volta, fazendo rodeios, esticando a conversa, a história, os personagens.Era uma história para boi dormir. Parecia uma criança quando não diz a verdade, desviando os olhos, algo trêmulo, algo tenso. Parecia estar fazendo birra, batendo pé: “Nem te ligo!” “Bem feito, seu nariz tá com defeito!”

Com todo o respeito, que ninguém chega lá em cima, na corte máxima, por acaso: até seus amigos de classe zoaram com ele, como fazíamos na escola com aqueles que puxavam o saco dos professores ou do diretor. Terá ele querido chorar? Terá lido alguns comentários que pipocaram na internet? Visto os desenhos e montagens que fizeram com sua cara? Terá conseguido sorrir, ao menos?

Mas voltando à Dona Carochinha que se existisse estaria boba de ver como é que as histórias vêm sendo contadas para os brasileirinhos e brasileirinhas, vejo que mesmo adultos continuamos sendo tão tutelados que parece que somos incapazes de perceber a realidade. O governo dá ordens, a presidente ralha, o ex faz “fusquinha”. A imprensa quer orientar nossos pensamentos e ideais, seja para um lado, para outro, ou melhor ainda, para nenhum, apenas para uma idiotia, se é que isso existe. Querem separar o que lemos, o que vemos. Até legenda repete a imagem.

Nada melhor do que dar boas gargalhadas disso tudo. Para aguentar o tranco até o fim de nossos dias temos de buscar nossa criança interior, ou se você já a abandonou tente as memórias – certamente, por pior que tenha sido sua infância, as tem. Lembrará do primeiro amor, aquele que meio inconsciente nos deixava tontos. Do primeiro dodói? Da primeira perda? Daquele brinquedo velho e sujo que, um dia, quando voltou da escola ele tinha sumido e nunca ninguém lhe deu satisfação? Dos medos? Dos que tinha e dos que não tinha. Mas agora tem.

Você, acaso, fazia um diário? Sabe onde está? Na minha época as meninas faziam um álbum, bonito, que passavam para as amigas de classe, que nele escreviam algo para a eternidade, como numa cápsula do tempo, invariavelmente pintadinho com lápis coloridos, lápis de cor. Poeminhas, nada que não fizesse hoje muito sucesso no Facebook como pensamento pueril. Outro dia achei o meu: era verde, com capa de madrepérola. Dentro dele achei também um hábito idiota, de adolescente: algumas guimbas de cigarro, acreditem, que certamente haviam sido fumados escondidos por amores de época, mas que não estavam identificadas. Meu livrinho não tinha cadeado, como o da maioria, por medo da famosa invasão de privacidade, a devassa que todos os pais faziam nas nossas coisas, sempre com o famoso aviso: “Não aceite nada de ninguém, nem bombom”. Mas nunca ninguém me ofereceu nem bala. Havia uma lenda que dentro dos doces “eles” entuchavam uma droga. Hoje é a droga que é chamada de bala. Ironia.

Infância, infância, não tive muita, sempre criada no meio e no centro de São Paulo, e no tempo que a dita cuja ditadura comandava as avenidas e as informações. Sem muita saúde, brincava quietinha, sozinha, criando histórias com pequenas bonequinhas que fazia com Bombril, assistindo Cidinha Campos, pimpampum, desenhos com uma bolinha branca que pulava cantando em cima da letra de alguma música. Estudava e era boa aluna.

Interessante também é lembrar de quando perdemos essa infância. Para mim não foi no primeiro soutien, coisa que até hoje odeio, nem mesmo na primeira menstruação. Foi a vida: o suicídio de um amigo que tinha tudo, o que me fez pensar em porquês; foi a separação social – ricos não andavam com pobres; foi a separação religiosa: judeus, para muitos pais, não andavam com goys (não-judeus), e um dia minhas amigas não puderam mais falar comigo. Foi também uma tentativa de abuso sexual feita por um eletricista horroroso me puxando para o seu colo. Foi me dar conta da maldade humana.

Foi quando eu percebi que não acreditava mais nas histórias da Carochinha. Que não havia faz-de-conta.

São Paulo, onde é difícil ser criança, 2012Marli Gonçalves é jornalistaEscrevendo este artigo lembrei de uma palavra que era uma obrigação, meio que uso aqui, porque talvez até hoje esteja no meu inconsciente: o cabeçalho. Tinha de estar lá em cima da página de tudo o que fazíamos. O meu seria assim, há quase 50 anos: Externato Luiz Magnanini, dia 12 de outubro de 1966, escrito com letra bem bonita. Tudo era mesmo muito rígido.

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ARTIGO – Tá na hora, tá na hora!

                                                                                                                                         Marli Gonçalves     É a vida, é bonita. Eu também fico com a pureza da resposta das crianças, como Gonzaguinha cantou. Por mim não teria crescido e tenho dúvidas se, na verdade, não morrerei criança, Plunct Plact Zum

Estou mesmo adorando ver nesses tempos de internet todo mundo virando um pouco mais criança na frente da tela. Se você frequenta alguma rede social deve ter notado que nesses últimos dias grande parte das fotos das pessoas sumiu, dando lugar a figurinhas divertidas e coloridas das memórias de infância de cada um. Tem marmanjo que virou Garibaldo, Tintim, Hommer Simpson e as mulheres viraram fadas e princesas, embora algumas tenham escolhido bruxas como a Madame Min, ou a Maga Patalójika, apropriada para ser a ministra Iriny Patológica, isso sim.

Corri para mudar também. Virei Luluzinha no Twitter e a minha predileta Ariel, a pequena sereia, no Facebook. Na brincadeira também vale usar um avatar (como se chama essa coisa) com uma foto sua, meiga, de quando era criança, gugudadá.

Mas é brincadeira séria, embora nem todo mundo saiba. É forma de se manifestar, parte de uma campanha virtual contra a violência infantil, que aproveita a data que está aí, 12 de outubro. Datinha, aliás, engraçada: vale por três ou mais. É feriado por causa de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. Poderia ser folga também, mas não é, por causa do Descobrimento da América. E tem também o tal Dia da Criança, mas essa data foi inventada só para vender. Primeiro, por um deputado nos anos 20; depois ressuscitada nos anos 60 para vender produtos Johnson & Johnson, brinquedos Estrela e bebês rosáceos, branquinhos e gordinhos.

Se o Brasil fosse um país sério – calma…Não é! – a data ganharia a partir deste ano mais uma boa lembrança. Seria o dia em que milhões e milhões de brasileiros em todo o país sairam às ruas marchando céleres e serelepes contra a corrupção, em um protesto que há dias vem circulando com chamadas pela rede. Mas por que eu tenho dúvidas se isso ocorrerá? Talvez por já não ser mais criança e nem acreditar em Papai Noel. Talvez porque conheça a malemolência de nossa gente, que já viu situação muito pior ainda do que está e fica, e não fez nada – durante bons 20 anos – digamos, tão volumoso a ponto de virar marca. Que me lembro, as últimas das melhorzinhas foram os encontros pelas Diretas-Já! Cobri o movimento, lembro bem, e tinha um tom festivo, no melhor sentido, o de felicidade, as pessoas se davam as mãos em uma única direção. Depois disso só vi grandes ajuntamentos nas paradas gays e religiosas.

As pessoas, como as crianças, precisam brincar, se divertir, ver o lúdico da vida. E esta manifestação que está convocada agora, ao contrário, está chata, mal humorada, cinza, sem cara, sem lenço e sem documento. Ela realmente seria um sucesso se cada um dos bilhões de e-mails passados e repassados ao ponto se materializasse de verdade em gente nas ruas. Mas, amigos, é dia santo, feriado, meio da semana, faz calor, o tempo está seco, não sabemos se pode levar o cachorro, se a polícia vai bater, se vai ter corrupto infiltrado, se põe boné ou não, se levo vassoura ou rodo, se vai ter jogo do timão ou dos timinhos, o que vai passar na televisão na sessão da tarde (o protesto será às três da tarde), onde almoçar, etc.

Estamos muito esquisitos. E, como crianças, inclusive, treinando bullyng na escolinha, grudando chicletes nos cabelos uns dos outros, pondo cascas de banana no caminho. Eu digo que você é feio. Alguém responde mais feio é você que não está falando do tempo do FHC. Eu digo que o governo está extrapolando. Outro pentelhinho vem falar sobre o fim dos miseráveis (onde?onde?). Eu digo que você gosta de lua e estrela; você diz que sou tucano, canarinho, periquito.

Estamos um país tutelado como uma criança. A verdade é que estamos todos nos tratando uns aos outros como crianças e isso está escorrendo para a política. Temos uma mamãezona rigorosa no poder, saindo para trabalhar, enquanto papai bonzinho Lula vai viajar. Temos uns primos que metem a mão na cumbuca e uns tiozinhos da hora. Temos umas senhoras de Santana – com a diferença que parece que estas de hoje estudaram um pouquinho – se metendo até na programação de tevê, em prol da “defesa da dignidade”, o novo nome do que elas acham que é moral ou bons costumes.

Nosso vocabulário também está ficando tatibitati, pobre, com poucos termos. Estamos sempre indignados. É indignado isso. Indignado aquilo. Quantas vezes você ouviu essa palavra nos últimos dias?

Diga se não seríamos mais felizes se voltássemos de verdade à infância, mesmo que por momentos, junto com as imagens que trocamos nos perfis das redes sociais. Diga se não conseguiríamos maior repercussão. Não precisaria muito, apenas o espírito da coisa. Ou você vai dizer que nunca foi Frajola atrás do Piu-piu, ou não conhece nenhuma Alice, Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho, Luluzinha, Mafalda, Mágico de Oz, Batman, Superman, Simpson, Teletubbie, Bolinha, Peninha, Donald, Patinhas, Margarida, Metralhas, Zorro, Barbie, Cascão, Cebolinha, Monica, Emilia, Narizinho, Pateta, Professor Ludovico, Popeye, Olivia?…

Já pensou todos na mesma história? O Plunct Plact Zum, pode partir sem problema algum.

São Paulo, era uma vez um reino encantado, 2011(*) Marli Gonçalves é jornalista. Aprendeu a brincar sozinha, construindo os brinquedos que não podia comprar, lendo HQ e assistindo a desenhos animados. Ainda se diverte muito com tudo isso. Só acha que tem é muita gente brincando com os sentimentos dos outros, e isso dá vontade enorme de abrir o berreiro.

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