ARTIGO – A voluntariosa. Por Marli Gonçalves

llorarcrunchPassamos dias ouvindo falar maravilhas deles, lembrados e homenageados na abertura e no encerramento, aparecendo sempre felizes, cordatos e sorridentes, mesmo quando obrigados a usar uma roupa horrorosa como aquela dos que entregavam as medalhas. Disseram até que o sucesso do evento se deveu muito a eles, aos milhares de voluntários que participaram da Olimpíada e que ainda ouviremos falar atuando na Paraolimpíadas.

Palavra positiva, ato positivo, merecedor de elogios, tudo o que se faz de oferecimento, de bom grado e boa vontade nesse mundo tão cheio de egoísmo e tristezas é bom motivo para reconhecimento. Pensei na palavra também como singular, desprovida de bens, desinteressada, perambulando por aí à procura de alguém que precise de alguma ajuda. Os voluntários normalmente são seres quase invisíveis. Foi importante vê-los materializados, brasileiros e estrangeiros, mais de 50 mil inscritos, entrevistados, fichados, vasculhados, que tínhamos medo de ataque, de infiltrados, lembra?

Voluntários são também alguns movimentos, do nosso corpo, por exemplo, quando repetimos instintivamente reflexos, que, contudo, também podem ser involuntários para confundir o cérebro, de onde saem todos os comandos.

Mas pega a palavra daqui, estica ela de lá, puxa para cá, não é que acabei por chegar à política nacional? Nos novos voluntários da pátria? Estamos cheios deles, todos agindo em nosso nome, juntos e misturados. Afinal, não é bolinho ficar ali num grupinho ardiloso e visivelmente minoritário sentado juntinho na primeira fila defendendo há meses um legado fracassado, tentando atrapalhar qualquer bola quicando no gol, e às vezes até esporte virulento, exercício de chatice, lance teatral, bola cantada e ensaiada. Um mini coro, que já integra o folclore. Narizinho, Lindinho, Jardim de Infância, andam cheios de hematomas de tanto apanhar nos plenários da vida.

E tudo isso, para defender quem? Nada menos que A voluntariosa, que fez e aconteceu, ou não fez, não viu e aconteceu. Avisada, deu de ombros. Ignorou aliados e desalinhados. Caprichosa, teimosa, imperial. Assistiu o país indo para o ralo e, se fizermos as contas nos deixou completamente sem governo praticamente desde que assumiu o segundo mandato, em mentirosa eleição. Não houve dia de sossego, em que não tivesse de se defender de alguma acusação, grande parte das vezes ou vinda de pessoas e do universo ao seu redor ou sobre elas próprias e seu partido. Tem a praga da Casa Civil, a saga da tesouraria do partido, a síndrome da amnésia, a crise de golpe-soluço; tem os momentos de históricos discursos sem-pé-nem-cabeça ao som de caxirolas. O bate o pé, bate aqui o meu pezinho, birrenta, marrentinha.

Sem esquecer, claro, mas isso até é acessório, os momentos regime, momentos pedaladas no meio dos carros para demonstrar tranquilidade, dias de cara virada para o padrinho e ataques de fúria vazados para a imprensa. Fora o lado tinhoso e o jeito de dar chás de cadeira memoráveis a certas pessoas. Virou refém de si mesma se distanciando sem perceber dela própria, da tal coração valente, da mulher ativa que enfrentou um câncer, a ditadura, a prisão, a primeira a chegar à presidência.

Vivemos, involuntariamente, os últimos dias de um doloroso processo que ninguém em sã consciência gostaria de estar vivendo, mas para isso foi levado, e não há como não admitir isso, nem que seja com seus próprios botões, que ainda vejo amigos queridos se debatendo publicamente em estertores. Cada dia é mais claro que o motivo do papel que vai ser julgado para o afastamento é um, pesado, mas um; e que aqui do lado de fora o motivo pelo qual o povo está bem pacato assistindo o desenrolar da novela é o conjunto da obra, visível de forma límpida, sentido na pele de várias formas, diversificadas peles.

Ninguém aguenta mais – essa é a verdade. Voluntários já estão a postos – espero – para logo depois dessa falação toda com direito a choros, fúrias, gafes, e que veremos entre batidas na mesa e palavras duras, começar a empurrar a engrenagem para o dia seguinte em diante.

Botando os olhos bem abertos, de butuca, em cima do homem que se voluntariou para ocupar o espaço e o poder, e que também desde que sentou na tal cadeira faz de tudo para se desvencilhar da trama que também fiou.

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Marli Gonçalves, jornalista – Só falta aparecer algo como aquela imagem do Tio Sam procurando voluntários com o dedo apontado, dizendo que precisava de gente para a guerra. Imaginem que filme de terror.

SP, ligada em Brasília para setembro raiar, 2016

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ARTIGO – Os Conformistas. Por Marli Gonçalves

Repito: ando pensativa. Creio que você aí também não deve estar muito diferente se tem acompanhado os acontecimentos. Ou a falta deles. Quando ocorrem, os fatos têm se sucedido com velocidade espantosa, vertiginosa e tudo parece muito pouco confiável. Mas ficamos calados, à espreita

BUDA

Falo globalmente, que ficar só nesse nosso quintal seria muito pobre em elementos para fazer uma análise convincente ou mais aproximada. Aqui, sempre digo que deve ser algo na água que bebemos, mas no mundo só pode ser, sei lá, os efeitos do Sol. O aquecimento global, o derretimento da calota polar, o sumiço das abelhas? O que tem de coisa acontecendo no mundo todo que é fora de uma ordem qualquer, sem sentido e insana, e que dá para todos os dias encher o balde dos noticiários e ainda transbordar, uma barbaridade.

Enquanto a chama olímpica passa de mão em mão há dias se aproximando conduzida por brasileiros de todos os tipos, quase nos distraímos e ela já se avista da reta final de sua pira final. Ouço que 45 Chefes de Estado estarão por aqui nesses dias olímpicos em que viraremos o hotel-creche do mundo, responsável por hospedar e cuidar do que todos os países têm como as suas pequenas joias, seus atletas, os seus campeões. Mais alguns mandatários e suas turmas. É muita responsa.

Pronto. Por mais que queiramos negar, não gostar e nem nos interessar, a realidade chegou e não é coisa igual foi a Copa, de um esporte só. Me parece mais significativo, mais simbólico, mais mensagem de paz mundial um evento com tantas modalidades envolvendo tantas nações, tantas raças, tantas histórias de superação.

E em cima da bucha, a pesquisa recente Datafolha mostra que mais da metade da população nacional está contra a Rio 2016; 63 % acha que, pior, trará prejuízos.

Agora? Tarde demais. Ouviram essa expressão, que foi muito comum nos anos 70 e 80? – “Já era!”

Seja o que Deus quiser. Vamos continuar nos conformando, e torcendo, mesmo que no íntimo, para que tudo saia como os conformes, embora estejamos pressentindo e vendo em todo o redor recorrentes pensamentos da temeridade do momento em que fomos lançados, sem querer fazer trocadilho.

Para completar, o que acontece? Exercícios simulados constroem na ficção várias formas de ataques, e como eles seriam enfrentados, o que – desculpem – acho muito louco. Qualquer um que já tenha participado de um treinamento de incêndio sabe do que estou falando. Não é sério. Lembro que trabalhava no último andar de um prédio muito alto e enquanto descia as escadas num treinamento desses não pude deixar de observar um certo absurdo naquelas cenas, as pessoas conversando, falando ao celular, com bolsinhas nas mãos, batendo saltinhos, passando batom. Realidade é sempre cruelmente inédita.

Pensava nisso quando prendem uma dezena de jovens acusados de conspirarem um ataque terrorista brasileiro e os mostram ao mundo como troféus. Vejam se não é nonsense – fale alto e tente não rir: terrorista brasileiro. Repita: terrorista; brasileiro.

Não combina. O vampiro brasileiro de Chico Anysio, creio, é mais possível. Esse fato ainda requer muita explicação e esmiuçamento; tem quem garanta até que a arma que compravam era só de paintball. Alguns parecem até caricaturas de Allah, com suas barbichas. E ministros aparecem batendo no peito, chamando-os de amadores e “porraloucas” (sim, saiu da boca de ministro). Tememos os profissionais.

Fosse só as Olimpíadas que tem nosso conformismo! Faz a lista.

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Marli Gonçalves, jornalista – Inconformada.

SP, 2016

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ARTIGO – Prepare seu coração. Por Marli Gonçalves

boygirl3Dtoons_onRollerCoaster_169x169_anigraphics-rollercoaster-600814Sim. Calma. Respira. De novo. Vamos. Não adianta se desesperar. Ainda teremos emoções bem fortes pela frente nos próximos seis meses. Sim, já se passaram seis meses, a metade, deste ano. Incrível, não pode ser só eu que acha que o tempo está voando sob nossos pés. Feliz segundo semestre de 2016!

Aos trancos e barrancos, descendo e subindo ladeiras, tropeçando, prendendo a respiração, arregalando o olho, prestando atenção, pulando poças, se desviando das flechas. Vai mesmo parecer corrida de obstáculos, labirinto. Ou trem fantasma. O que já está seguro: temos de enfrentar os dias de cabeça erguida. Me dá sua mão. Eu preciso de uma mão.

Já se deu conta? Vamos indo juntos, pensando. Primeiro, algo suave, as estações. Meses de inverno com frio. Frio, que até a gente tinha se desacostumado. Previsão de tempo seco, nada de ficar se esquentando debaixo do chuveiro. Vai passar também toda uma primavera, daquelas, para que a gente sempre acredite que ela traz coisas boas, novas, coloridas, amorosas, perfumadas, belas.

Lá pro finzinho do ano, que a coisa vai ficando quente (ou fria, depende; mas me refiro à coisa), chegará o verão e suas modas. Engatilhado, o Natal, o Ano Novo, a vontade de pensar só coisas boas e otimistas, roupinhas brancas, e todas aquelas palavras e gestos de todos os anos, com hohoho e tudo.

Mas antes vai ter muito protesto, muita manifestação, muito barulho por tudo e por nada, que agora a gente gostou de ir para a rua, de vermelho ou de verde e amarelo, carregando plaquinhas. Tem a votação do impeachment no Senado, os julgamentos pendentes nos tribunais superiores. As ruas vão fazer pressão, queda de braço, ver quem grita mais alto. Os jovens estão sedentos por causas, e só não temos mais tantas greves porque para ter greve precisa ter trabalho e isso anda bem escasso. 14 milhões de desempregados em todas as faixas podem ocupar um país, acabar de pará-lo, puxar o freio de vez, deixando a marca no asfalto.

Tá bom, vou maneirar, refrescar um pouco, e lembrar que teremos quatro feriados nos próximos seis meses: 7 de setembro, 12 de outubro, 2 e 15 de novembro. Sim, verifiquei; caem em dias da semana, para serem enforcados. Esquece o Natal que esse vai cair no domingo.

Voltando à nossa conversa, todos os dias dos próximos seis meses ouviremos falar as mesmas palavras como uma cantiga: João que delatou Maria que delatou o Pedro, que contou que não sabia de nada. José preso; Francisco com tornozeleira. Antonio nega. Paulo condenado. Ao fundo só ouvimos contar os milhões, bilhões, desviados de algo que ao fim e ao cabo era nosso – fomos roubados.

No meio dessa cantação toda, ouviremos também obrigatoriamente a cantilena e os jingles de campanha para prefeitos e vereadores. 2 de outubro tem eleição. Não temos bons candidatos, mas temos eleição, e vamos ter que votar e uns serão eleitos. Obrigatório.

Está pensando que eu esqueci agosto? Como poderia? Deve ser votado o final da novela Dilma, e o fim do seriado Eduardo Cunha, para ver se enfim as peças se ajustarão melhor e algum futuro poderá ser previsto mais solidamente, que agora está no ar, como os devaneios e baboseiras. Spoiler: os dois serão varridos.091_snowjump_cat_gifs

E vamos todos estar com as mãos juntinhas rezando para que nada de muito grave ocorra durante as Olimpíadas, logo esse ano, por aqui, no Rio, na calamidade. De 5 a 21 de agosto, muita fé. Vale promessa, virar o sapo no telhado, subir no Cristo Redentor de joelhos, qualquer coisa. Só rezar para que não seja baixo astral coletivo. O mundo todo olhando para cá. Para lá.

Mal respiraremos saindo dessa e logo, de 7 a 18 de setembro, a agonia vai voltar durante as Paralimpíadas. Mais atletas, mais perigos, mais Rio de Janeiro.

O mundo todo, eu sei, estará bem ocupado. Vai ter dor de pescoço de tanto ter de se virar de lá para cá para assistir a tanta coisa acontecendo na Terra, quiçá no espaço, quiçá no subsolo, quiçá vinda do céu, ou invadido pelo mar que anda querendo se espreguiçar. Eleições doidas na nação mais poderosa do mundo, numa terça-feira, 8 de novembro, com competidores díspares e atitudes inusitadas em movimentos perigosos. O Reino Unido arrumando as malas para se mudar, morar sozinho. Bolsas sensíveis a qualquer movimento mais brusco. E o terrorismo à espreita com os delírios de suas virgens, suas proibições e dogmas em Estados e organizações paramilitares e religiosas.

Bem, então, como eu ia dizendo…. Prepare seu coração para as coisas que eu já contei.

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Marli Gonçalves, jornalista – A profissão que existe para contar as histórias dos dias que virão, tentando entendê-los. E ultrapassá-los, porque afinal falta pouco para virar o ano.

Réveillon do segundo semestre, mais uma metade, tim tim, 2016

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ARTIGO – Calamidade. Por Marli Gonçalves

caldoINJUSTIÇA, INJUSTIÇA! Também quero poder decretar estado de calamidade particular. Existe? Pedir por aí um dinheirinho para pagar umas contas, poder honrar as dívidas no banco, me embelezar e ainda sobrar algum para eu receber bem uns amigos, com certo conforto, e eles já estão chegando… medical_16

 

Por que eles podem e a gente não? Virou tudo mesmo uma casa da Mãe Joana, né? Não vai parar. A capacidade nacional de nos surpreenderem diariamente não se esgota, embora nos deem imenso desgosto. Expõem, sim, mas o esgoto das veias políticas que drenam o desenvolvimento de um tudo que queremos, de um lema que seria, creio, só mais ou menos assim: cresça e deixe crescer.

Mas não. Agora essa última novidade. Que vergonha. Além de arrasar o país com medidas alucinadas, foram lá fora e gastaram uns tubos, buscar um evento do porte das Olimpíadas, e para acontecer logo depois de uma Copa que foi totalmente esquecível, deprimente mesmo. A vantagem que Maria levaria, ou que possivelmente Maria levaria (vai levar?), seria mostrar mais o país, atrair investimentos, gente, turismo, que falassem de nós.

E dar o que falar é nossa especialidade. Conseguimos, sim, que falassem de nós – e muito – até antes de começar o tal grande evento e sua tocha andante: estupro coletivo, tiroteios, balas perdidas, briga de facções, ciclovias de geleia, resgastes cinematográficos, piratas, zikas & Cia, caxumba, gripe. Falta só invasão de ETs. Mais: corrupas de todas as cores e tamanhos, dois governos, líderes de cabelos tingidos de asas da graúna e outros com esposas que arregalam tanto os olhos para grifes que os olhos ficaram assim – arregalados de vez.

Aí um governador (provisório, diga-se de passagem) acorda de manhã, abre a janela, olha para o Cristo Redentor e é iluminado pela ideia de decretar calamidade pública, assim sem mais nem menos, vapt-vupt. Teve preguiça de pensar em outro nome, vai calamidade pública mesmo, que é bem intenso, dramático, deve ter pensado. Imagine vocês se ele ia notar que há um protocolo internacional e que calamidade pública se decreta em casos de desastres, em geral naturais, de muito grande porte. É mais que Estado de Emergência – é desastre de nível 4, gigante.formatura

Devia ao menos ter pensado outro nome, para carioca gostar, com algum “S” ou algum “R” para musicar na fala. Mas não. Calamidade pública. Sem “s”. Sem “r”. Podia ter decretado: “sujou geral”, “parada sinistra”, “orçamento bolado”, “acabou o Caô”, “ajuda aí mermão”.

É ou não é loucura? É tipo jogar a toalha, desencanar, entregar o jogo, sair andando e dando de ombros, abrir a porta do avião e jogar o pacote, roleta russa, ligar o foderaiser no máximo. Do céu choverá os recursos que disfarçarão a má gestão de tudo o que fizeram até agora, durante um tempo até com guardanapos de linho na cabeça e sorrisos bêbados para selfies mundo afora.

Entendo que muitos de nós, eu inclusa, temos passado por dias meio assim, com nossa calamidade particular de cada dia. Vontade de fazer picadinho de boletos, fritar tarifas e impostos numa panelinha, botar uma gravação debochada para atender aos cobradores. Decretar falência, bolso furado, mandar tudo pro ar!

Mas temos nomes a zelar, uma tal reputação que precisamos respeitar, e uma cidadania a considerar.

Eles não têm nada disso.slide_268882_1863925_free

Marli Gonçalves, jornalista – Adoro o Rio por muitos motivos. Um deles é que fui feita lá.

São Paulo, metade de 2016

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Olimpíadas/Terrorismo/Segurança: eles juram que estão ligados no assunto. Veja material oficial do Ministério da Degesa

Estruturas antiterror estarão presentes em toda a área de atividade olímpica

Rio de Janeiro, 26/11/2015 – O comandante do Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo (CCPCT) do Ministério da Defesa, general Mauro Sinott, apresentou, nesta quinta-feira (26), o planejamento de ações antiterror que será executado durante a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.

foto filipe barra- min defesaDe acordo com o general, que é chefe do Comando de Operações Especiais do Exército, toda a área onde serão realizadas atividades olímpicas contará com uma estrutura especifica anti-terror.
Segundo Sinott, a distribuição de centros de enfrentamento ao terrorismo se dará a partir de uma estrutura maior que é o Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo, e que ficará ligado ao Comando Militar do Leste.
Os chamados Centros de Controle Tático Integrado (CCTI) estarão junto de cada núcleo de segurança nas cidades-sede dos jogos de futebol e também em todas as áreas de competição do Rio de Janeiro. “Toda a arquitetura de força do Ministério da Defesa estará fracionada em cada área de jogos, com condições para agir junto das forças de segurança pública em caráter de pronta-resposta, o que é fundamental”, disse.
O general destacou também que é partir desse formato que toda a expertise das Forças Armadas, especialmente no setor de Defesa Química, Bacteriológica, Radiológica e Núclear (DQBRN), poderá ser aliada ao trabalho da segurança pública.
Para tanto, Sinott ressaltou a importância do trabalho integrado que vem sendo desenvolvido pelos mais diversos órgãos de segurança, como os ministérios da Defesa e da Justiça, além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal, entre outros. “Conseguimos construir um ambiente de interação com todas as forças de segurança pública, num formato de integração total para podermos ter agilidade, não só nas ações de inteligência, como também para o emprego da Força, caso seja preciso”, explicou.
As ações de enfrentamento ao terrorismo do Ministério da Defesa para as Olimpíadas Rio 2016 foram apresentadas durante o Briefing Internacional promovido pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE) do Ministério da Justiça, que reuniu representantes de mais 70 países que participarão das competições no ano que vem.
Na ocasião, autoridades de orgãos como Polícia Federal e Abin também apresentaram suas estruturas de enfrentamento ao terror, dando destaque ao trabalho integrado que vem sendo priorizado pelo governo brasileiro, sempre com base no Plano Estratégico de Segurança Integrada (Pesi) e no Plano Tático Integrado (PTI) para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Estágio de Percepção de Ameaça Terrorista (EPAT)
Ao finalizar sua apresentação, o general Sinott falou ainda sobre o plano de sensibilização e dissuasão que será executado pelo Ministerio da Defesa, em parceria com Abin e Ministério da Justiça, com o objetivo de capacitar as pessoas que estarão na linha de frente desse grande evento a perceber e denunciar situações suspeitas.
“Nosso objetivo é atingir o máximo de pessoas para que elas estejam atentas ao papel preventivo de suma importância que elas também terão nesse processo”, afirmou. Segundo o general, nos próximos meses será iniciado o processo de sensibilização, que terá como foco as pessoas que trabalharão nas Olimpíadas e que estarão em espaços com grande presença de público, como hotéis, bares, além dos que cuidam da parte de serviço, como taxistas e motoristas de ônibus.
Fotos: Felipe Barra / MD

FONTE : ASSESSORIA DE IMPRENSA DO MINISTÉRIO DA DEFESA

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Olimpíadas: sobre terrorismo e as desinteligências de nosso governo

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Membros da Polícia Federal estão estarrecidos com o planejamento de segurança para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Embora o governo fale em “sistemas”, “inteligência”, “monitoramento e controle”, na verdade quase nada é feito pelas chefias dos órgãos de inteligência do governo. A própria PF não se dá com a Agência Brasileira de Inteligência, que não se dá com a inteligência do Exército, etc, etc.

O governo nem sequer tentou obter a cooperação ou apoio de órgãos de inteligência estrangeiros como Mossad, CIA, NSA, MI6, DGSE, etc.

 Restritos pela lei

Arapongas nem sequer podem monitorar suspeitos de terrorismo: a Abin não pode e a Polícia Federal só faz com inquérito em andamento.
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A Interpol pediu informações sobre o que fazia no Brasil um suspeito de ligação à Al Qaeda. Órgãos do governo desconheciam do fato.

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Terror com o terrorismo. Brasil? Trema. Veja essa série de notas do Diário do Poder

FONTE: COLUNA CLÁUDIO HUMBERTO – DIÁRIO DO PODER
A presidente Dilma deixou líderes mundiais perplexos, ao declarar na Turquia, durante a reunião do G20, que o Brasil está “longe do foco do terrorismo”. Sua afirmação, três dias após o ataque a Paris, precipitou a visita do ministro francês Laurent Fabius a Brasília em pleno domingo. O chanceler socialista foi embora atônito com sinais de “desinteresse” de Dilma pelo tema, a menos de um ano das Olimpíadas 2016 no Rio.
O Brasil promete investir R$ 930 milhões em segurança, para os Jogos Olímpicos. Em 2004, a Grécia investiu seis vezes mais: R$ 5,7 bilhões.
Com o terror em Paris, o governo do Brasil admitiu gastar 15% a mais, em segurança. Mas, até agora, gastou apenas 10% do total prometido.
Além de não investir em segurança, o governo – que abriga o terrorista italiano Cesare Battisti – resiste a uma legislação contra terrorismo.
Após embromar durante anos, somente sob ameaça de sanções internacionais Dilma encaminhou ao Congresso um projeto antiterror.

 

O chanceler francês Laurant Fabius deixou o Brasil mal impressionado com os palpites do aspone Marco Aurélio Top-Top Garcia durante a conversa com Dilma, domingo. Parecia ser ele o chanceler brasileiro.
O desinteresse de Dilma por uma lei contra o terrorismo foi registrado em 2008, num telegrama do então embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, vazado pelo site WikiLeaks. Dilma era chefe da Casa Civil do governo Lula e Sobel não tinha dúvidas: ela sepultou o projeto.doodle-style-ticking-time-bomb_small

ARTIGO – Viramos avestruzes. Parece. Por Marli Gonçalves

?Já que nem é verdade que aquelas aves grandonas, frangões enormes, se escondem, enfiam a cabeça no buraco – até porque nem seriam malucas e a natureza é sábia – a comparação serve só para ilustrar. Porque quem está enfiando a cabeça na terra para não ver, ou fazendo logo como aqueles três macaquinhos – não ver, não ouvir, não falar – somos nós, os humanos. Especialmente nós, os humanos brasileiros, coisa verde e amarela. Puxa, tem nem uminha musiqueta de protesto? Uminha, vai!

animated-gifs-ostriches-22AlôôÔ! Posso saber o que é que está acontecendo? Alguém pode dizer? Será a água (a pouca que temos? Alguém pingou “desmemoriol” ou “apatiol” na caixa dágua geral? Vamos continuar só sussurrando entre nós que a crise está brava, que o país está desgovernado, parado, estupefato, atrasado? Que a crise está batendo toc,toc,toc na porta e a gente ainda fazendo de conta que não está escutando. Logo só o nariz vai estar para fora e a gente saltitando na ponta do pé. Acaso estamos esperando algum super-herói vir nos socorrer? Temo ter de informar que o último que estava sendo esperado, o Batman Joaquim Barbosa, resolveu se recolher e ficar lá no Supremo, onde, aliás, passou a ser mesmo de fundamental importância.

Más notícias: não temos super heróis, o Papa anda super ocupado com outras coisas, que agora incluem até a sua Argentina; fora que ainda, pois é, não está comprovado que Deus é brasileiro – parece que é mentira. Até o Obama cansou de escutar nossas conversas: deve ter ficado pasmo com o que ouvia, negociata em cima de negociata, com o nível geral das conversas, entre si e uns mais que outros, dos políticos, empresários, governantes e assemelhados. No momento mesmo, a cada diálogo revelado nossos cabelinhos ficam em pé, tão “republicanos” que são. “Você é nosso e nós somos teu”, a mensagem escrita pelo petista Vacarezza no SMS mandado ao Governador Sergio Cabral, era apenas um leve, levíssimo, prenúncio do que ainda iríamos ver, ouvir, saber. Tem mais: nossa presidente e seu imenso ministério – um rabo com quase 40 atarracados – está lá batendo pino, zoada, diríamos. Continua irritada e distribuindo tabefes verbais enquanto manda alguns fazerem o papel de sonsos, nos azeitar, amanteigar. Enquanto isso, jornalistas ficam úmidos, babam e se espremem para sorver as palavras do ex, espectro, agora sempre previamente escolhidas, para uma plateia amestrada como focas.sanden

Assim, continuando a ligação animal do início desta conversa, a inflação está galopante e não é para combinar com o ano chinês do Cavalo de Fogo. Estamos com nossa auto estima completamente arranhada, pó unhas e patas de gatinhos e tigrões, e – vai, admita! – nos mantemos em pânico absoluto, sem conseguir antever sobre o que acontecerá até a Copa. Até as eleições. Até a chegada ou retorno do bom velhinho, se é que até ele não mudará de rota com medo de suas renas serem assaltadas ou seus sacos de presente “aliviados”. Isso, claro, se não aparecer ninguém pintando uma faixa, cobrando alguma taxa ou inventando algum imposto novo pro coitado voar nossos ares. Viram como andam nossas estatais.

Não bastasse há uma coisa nervos à flor da pele, faca nos dentes, acometendo a população de Norte a Sul. Não junta nem dez e já alguma coisa pega fogo, a avenida ou estrada é bloqueada, chovem pedras e gases, e o protesto que era para ser pacífico blábláblá. Aposentaram os blackbobocas; foram pra gaveta junto com os ninjas. É ação e reação, só que localizadas. A polícia chega rasgando, bomba pra lá, bomba pra cá. Feridos, na certa. E o espectro da morte por ali, rondando. Qualquer coisa. Uma fagulha. Tudo isolado. Se até organização criminosa protesta! Faz a conta: a frota de ônibus nacional sofre grande e grave revés. Agora já nem saem mais das garagens – os caras vão lá e queimam a garagem inteira. Concentrado.

gifs-animados-avestruces-915622Uma das grandes preocupações recentemente eram os arrastões em restaurantes. Agora já estão alhures, rolando até em lanchonetes e padarias de esquina – devem render só trocados, porque todo mundo está Durango Kid. A coisa está feia. Na dúvida o pessoal das Olimpíadas de 2016 já toma posição, com uma espécie de intervenção. Porque se estão vendo na Copa… Imagine nas Olimpíadas.

Não vou me estender mais porque sei que você sabe. Todos os leitores já se perguntaram coisas como “como assim um quilo de carne estar custando isso?”, “como assim um pedaço de melancia a 10 reais?”, “como assim essa conta de luz, de telefone, celular que não funciona, como assim esses impostos novos, mais essas leis incumpríveis?”, “como assim tanta roubalheira de dinheiro público, agora o pessoal rouba e nem tenta fazer”? Como assim?

ostrich4Falamos entre nós. Ouvimos nas ruas. Vemos a nossa situação e a de amigos. Precisamos e não temos o que pagamos para ter, como Saúde, Educação, Infraestrutura. O burburinho está crescendo, e sussurros qualquer hora viram gritos. Só que está demorando; estamos paralisados e divididos, mesmo concordando em tanta coisa.

Andamos cabisbaixos. Um país triste e perplexo.

graphics-swans-487640Viraremos avestruzes, porque nossas cabeças também não serão visíveis e estarão perto do chão quando tentarmos nos esconder, assustados com tantos predadores. Vamos começar a ouvir o canto dos cisnes. Mas os cisnes – sinto informar – não cantam. São mudos. Iguais a como nós estamos.

São Paulo, 2014Marli Gonçalves é jornalista Nem pensar em Ovos de Páscoa. Até porque podem vir recheados só com ar, numa revolução de coelhos.

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ARTIGO – Alguém aí, por favor, liga o Brasil na tomada. Por Marli Gonçalves

LUZ DE FESTAComeçaremos já interrompendo as nossas transmissões para verificar em qual tomada ligar, qual padrão. Os internacionais? Ou será no nosso mesmo, todo nosso, brasileirinho, particular e original? Tomada de plugue, de pino, redonda ou achatada? Pior, se vai vir ou não com fio terra, expressão que em si já apavora quase metade da população, a masculina, e que confesso que nunca a entendi muito bem; não alcancei, digamos, tal dimensão de grossura. Adianto que a esta altura é inútil se preocupar, já que no escuro ninguém vê nada, só sente

Exatamente o que parece estar acontecendo aqui na política de nossa pátria santa. Ninguém vê mais nada e nada de mais, e a impressão é que as coisas estão sendo feitas no escuro, na maciota, nas negociações, por entre névoas. Que apagão que nada! Liguem as luzes para que a maquiagem dos números e contas públicas não saia torta – maquiagem no escuro é uma roubada. Fica toda borrada.

Valhei-nos, lanternas, velas, palitos de fósforo, lampiões, tochas e luzinhas de LED de todas as cores! Valhei-nos! Janeiro dá passagem ao mês de fevereiro na avenida, e os blocos já estão nas ruas – e não são os blocos de pré-sal, que esse Zinho aí anda esquecido no enredo. E porque essa música que soa nos faz – aos que estão alertas – lembrar daquela velha analogia, a da galinha, do ovo, de contar com os dois não sei onde. Contenha-se.candle_light_lovecandle_light_love_animated

candlelightNo mundo real, aquele que a gente acorda cedo para ir trabalhar, ou se está lento, ou vagaroso, periclitante. Primeiro, porque era o verão, as posses de prefeitos, as chuvas, a chapinha do cabelo, a preguiça, e aí para que começar uma coisa tão próxima do Carnaval? Produção, que é produção mesmo, novos negócios, aquecimento econômico, dinheiro circulando, gente comprando, neca de pitibiriba.

No acender das luzes desse próximo mês os-que-tinham-ido voltarão para nos assombrar lá no mundo imaginário, lá no Planalto Central, naqueles prédios de enormes corredores internos e que parecem uma cuia dividida. Lá retornarão ao poder os (poupe-me de nomeá-los, por favor) novosvelhos, que manterão a iluminação do abajur lilás e da luz vermelha na porta – e lá não é bem um estúdio de gravação.

Lá, onde não tem apagão, não sinhô, seus pessimistas de plantão, imprensa ignara! Lá onde se decidem as nossas coisas. Onde eles estão se juntando num bolinho só, para fazer a tal base de sustentação. A massa pobre, que vai pra batedeira, nem preciso descrever, não?

lightLá. Onde baixam nossas contas de luz, mas é o dinheiro público que vai pagar a parte restante da bondade. Entendeu? Lá onde baixam uma energia e elevarão a outra, que também tem impacto direto e enorme na inflação, na alta dos preços que não param de subir nem no escuro.

Lá onde a chefe é maquiada para aparecer bonita e simpática no quadradinho mágico da sala de todos os brasileiros, anunciando que a luz não será apagada e poderá ser paga. O que, portanto, não precisa ser muito inteligente para ver, poderá fazer aumentar o consumo. Mas garantem que, como Deus é brasileiro, encherá os reservatórios, afastando – fiquem sossegados, Mãe Dilmah dos Lobões sabe das coisas!- o perigo de faltar luz, de apagões, de apaguinhos. Inclusive na Copa. E nas Olimpíadas.

O pibinho vai crescer forte. Lula, finalmente iluminado, poderá saber mais das coisas, senão lendo, talvez ouvindo a rádio no box do chuveiro, de água quente, para cozinhar nosso galo em banho-maria. Estranho, reparou que agora ele só aparece sempre pelos cantos, como se estivesse à espreita de algo, esperando algo, como um chamado; que algo dê errado para ele palpitar; que apareça mais algum inimigo para ele controlar, exterminar, jurar, como fez com o DEM, como fez com a oposição.

A valsa até que transcorreria sem deslizes, já que a essas coisas todas, no fundo no fundo estamos até acostumados.

high_lightsO que perturba, novidade, pelo menos do meu ponto de vista, é que também se está apagando a iluminação que vinha dos cérebros nacionais, as ideias luminosas, a energia para modificar o percurso. Que cabeças outrora pensantes e olhos outrora atentos estão se acomodando no escuro, saindo à luz do dia apenas em bandos para atacar os rebanhos dispersos à procura de um pastor, que no caso não seria um cão.

Nem um clarão. Fiat Lux!

São Paulo, 2013. O poste já está instalado.lampost
Marli Gonçalves é jornalista– Não podemos tocar a energia e nem vê-la, mas é ela que forma e molda tudo o que conhecemos. É bom lembrar que ela não se perde nem se cria; apenas se transforma.

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O que achamos disso tudo? Leia esse texto do Kotscho sobre aquela coisa que aconteceu sábado, no Rio, chamada sorteio da Copa

Antes que esganem, quero deixar claro apenas que não tenho nada extamente contra Copa ou qualquer outro grande evento. Mas tenho tudo contra um país ter atrelado seu próprio desenvolvimento a isso, e com tanta já quase visível roubalheira e com tantas “viagens”.

Leia esse artigo do meu amigo Ricardo Kotscho. Opinião e comentários, dos bons!

Se esta Copa 2014 for igual ao sorteio, estamos mal…

POR RICARDO KOTSCHO

Juro que consegui ver do começo ao fim esta chatíssima transmissão do sorteio preliminar das eliminatórias da Copa de 2014. Ao contrário do escabroso filme sérvio que foi proibido, desta vez vi tudo. E não acreditei no que vi.

Com certeza, foi o evento mais chato e menos emocionante já transmitido pela televisão mundial para mais de 200 países desde a chegada do homem à Lua, em 1969.

Sem entrar no mérito de quem pagou a conta da festa que custou R$ 30 milhões, ou seja, nós, os cidadãos contribuintes (na África do Sul, há quatro anos, o mesmo evento custou  U$ 2 milhões), ninguém merece ouvir meu amigo Galvão Bueno narrando por mais de duas horas um não evento, em que não acontece absolutamente nada de interessante ou surpreeendente, e ninguém entende o que está acontecendo.

Foi um tal de zonas, potes, segunda força, grupo mais fraco, Ana Carolina cantando com Ivan Lins, velhos ídolos do futebol brasileiro formando dupla com jovens talentos desconhecidos do grande público, que nem a seleta platéia reunida na tenda da Fifa/CBF/Globo armada na tarde deste sábado, na Marina da Gloria, no Rio, resistiu ao sono.

O próprio Galvão Bueno flagrou o presidente da AFA, Julio Grandone, o Ricardo Teixeira da Argentina, puxando um solene ronco na primeira fila das autoridades. Quase todas as excelências estavam entediadas, com cara de sono, de quem está só esperando para aquilo acabar logo.

Nem a bela apresentadora Fernanda Lima cheia de pique conseguiu salvar o grande espetáculo que não houve. Só Pelé, o embaixador da presidente Dilma, foi aplaudido.

Se é isto que nos espera na Copa de 2014, mesmo que os estádios e aeroportos fiquem prontos, estamos mal…

Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/

ARTIGO – Até a Poliana já desconfia.

MARLI GONÇALVES

Alô! Seu mundo está cor-de-rosa? Os preços baixaram aí onde você está? Tem dinheiro sobrando para alguma coisa? Está conseguindo atingir suas metas e concretizar planos? Sente-se seguro?

Se você respondeu sim às questões acima, parabéns! Descobri. É você o ET que todo mundo anda procurando alucinadamente. Ou é a própria Poliana encarnada e ressuscitada no Brasil. Ou será uma cruza dos dois? A imagem que me ocorre é terrívelmente maledicente, a de um serzinho verde e rosa (puxou o pai e a mãe), vestido com a camisa de algum time de futebol, por causa da Copa, com um calção de seleção canarinho, todo contente porque vai ter Copa, e com um brochinho de estrelinha na lapela. Sexo embrionário, indefinido, e até liberado, tudo porque vai ter Copa. E Olimpíadas.

Otimista, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Seguro, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Pronto para enfrentar tudo e todos, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Certo de que vai dar tudo certo e que vai ficar rico, muito rico, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Pronto para o que der e vier, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Satisfeito sexualmente, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Rico de espírito, porque vai ter Copa. E Olimpíadas.

Aliás, pelo que estamos vendo aqui nos trópicos a coisa por causa disso está tão boa, mas tão boa, que nem é preciso mais jogar na loteria, nem trabalhar, suar camisa. A redenção já está na nossa porta. Há um desenvolvimento desenfreado no nosso país. Não existem mais pobres – está todo mundo trocando de classe social. Ninguém viaja mais de ônibus, só de avião. Todo mundo tem casa própria, carro, comida na mesa, que beleza. Acabou o racismo e o preconceito. Tem tanta liberdade de expressão – mas tanta – e somos tão livres, que podemos ver tudo, assistir até a filmes sérvios inteiros e completinhos, que a gente deixa esses tais Estados Unidos no chinelo nesse quesito Liberdade. Aliás, como é que pode essa gentinha americana ficar por aí pensando em dar calote em todo o mundo?

Coitados. Eles não vão ter Copa. E Olimpíadas.

Talvez sóóóó daqui a alguns anos vão saber como é viver em um país tão legal como o nosso. Um dia eles vão chegar no nosso estágio de desenvolvimento. Poderão até eleger uma presidente mulher. Tadinhos, tão atrasados! Nunca mais eles tiveram essa extrema oportunidade e honra, e quando foi lá não souberam aproveitar como nós. Mas sempre há esperanças. Quem sabe ainda não elegerão um operário? Talvez um metalúrgico, com enorme sabedoria e cultura. Vão saber o que é bom, como vão aprender. Esses caras não sabem nada. Eles não tem esse jeitinho maneiro que a gente tem; nem apreço pela própria história ( vai perguntar escalação de time lá, vai!). Gente! Eles não têm nem bola redonda! A bola deles é até meio oval, tão pernas-de-pau que são.

Eles não têm Copa, nem Olimpíadas.

Juros altos? Aqui não tem isso não. Inflação? Ué! Os preços estão subindo? Não vi não. Quem disse? Não sei não. Bolhas? Não. Não temos risco nenhum aqui no Brasil de nada disso acontecer. Corrupção? Qual é? Vai dizer que aqui, nesse paraíso, onde vai ter Copa (e Olimpíadas) tem disso? Tem não. Você não assiste tevê? Não está vendo como tudo está ma-ra-vi-lho-so?

Aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.

Seu calo está doendo? Seu sapato está apertado? Ora, relaxe. Vai ter Copa, e Olimpíadas. Seu patrão resolveu fechar a firma (quem sabe já foi comprar ingressos) e você foi posto no olho da rua? Não se preocupe. Como é que ainda não reparou nas zilhões de chances sendo abertas?

Ô, meu! Aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.

Está sentindo solidão? Não se preocupe. Vão vir tantos estrangeiros – gente linda, loura, gostosa, rica, cheia de amor para dar – para cá, que você logo vai encontrar seu par de meias, transar muito, interagir e variar. Ainda não ouviu dizer que há uma fila na porta do país, esperando, loucos para entrar aqui nesse paraíso? Como assim?

Ninguém te disse que eles já souberam de tudo? Que aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.

Aquecimento global é coisa do passado, gente. Está tudo dominado. Temos saneamento básico. Nossas crianças – todas – estão sendo educadas muito melhor do que naquele outro país… – como chama mesmo? Ah, Suiça! Nunca nossas indústrias produziram tanto, nunca exportamos tanto, nunca compramos tanto, nunca construímos tanto, nunca fomos tão lindos como agora. Vai ter Copa. E Olimpíadas.

Nossas estradas estão iguais a bundinhas de bebê de tão lisinhas. Nossas estradas são mesmo um orgulho nacional, igual aos nossos aeroportos e portos. Conseguimos nos livrar de todas as burocracias, de todos os cartórios, nem sabemos mais o que quer dizer papelada.

Ah, mais eu tenho uma novidade! Passamos a produzir papelão, como ninguém nunca dantes nesse Universo. Nossos papelões são melhores do que o dos outros. Sabe por que? Sabe por que?

Eu vou contar. Não aguento guardar segredo: é que aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.

Nossa bandeira, soube, vai ser reformulada. No lugar das estrelas, bolinhas de futebol e outros símbolos de modalidades esportivas. No lugar da Ordem e Progresso, só uma plaquinha: “Ah, eu tô maluco!”

Seremos, pois, todos, de agora até 2016, lindas menininhas Poliana, e de Maria Chiquinha (para homenagear a Sandy, que resolveu botar a dela na janela). Tudo bem também todos os anos que vêm.

Vai ter Copa. Ah! E Olimpíadas!

São Paulo, onde será a abertura das Portas do Paraíso, 2011 (*) Marli Gonçalves é jornalista. Já começa a ter alergia até em ouvir falar em Copa. E em Olimpíadas. Se só assim conseguiremos melhorar o país, o que dizer? Poliana, nos salve!

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Confuso? Confuso é apelido. Leia essa nota sobre um contrato do Ministério dos Esportes

DA COLUNA DO LAURO JARDIM

Contrato confuso

Duas semanas atrás, o Comitê Olímpico Brasileiro recebeu um estranho e-mail de uma tal Iso Expert. Embora ameaça-dor no tom, parecia brincadeira. O texto dizia que a marca Rio 2016 tinha dono e não poderia ser utilizada porque era marca registrada. Como o COB é o óbvio proprietário da marca, ninguém ali deu muita atenção.

Por trás desse e-mail, esconde-se uma curiosa história: a tal Iso Expert foi contratada há um ano pelo Ministério do Esporte por nada menos que 14 milhões de reais para um “serviço de detecção, prevenção e reação a fraudes e uso indevido de marcas do ministério”.

Ou seja, fizeram um contrato milionário com uma empresa que não sabe sequer que a Rio 2016 não pertence ao Ministério do Esporte. Quem se aprofundar na história vai encontrar confusão. Por exemplo: a Iso afirma que o contrato inclui a proteção da marca Rio 2016. O ministério diz que não.

Por Lauro Jardim

Viu isso? O tal logotipo maravilhoso é meio plagiado…Vários já usaram

DO BLOG DO FERNANDO GABEIRA, NO ESTADÃO:

http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/

Logotipo quase dança 

 Fernando Gabeira

(04.janeiro.2011 16:47:54)

  • Para um logotipo de Olimpíadas, o do Rio já tem sua história. Lançado na virada do ano, aceito pela população, ganhou as páginas internacionais, sob suspeita de plágio. De fato, tem alguma semelhança com a marca da Telluride Foundation, que atua no Colorado, com temas filantrópicos. Há também uma certa semelhança com a marca do carnaval de Salvador, de 2004. Todos, no entanto, parecem se inspirar numa das mais conhecidas pinturas do Século XX: A Dança, de Henri Matisse. Um dos donos da agência Tátil, que desenhou a marca, Fred Gelli, afirma que, na verdade, a inspiração foi o Pão de Açúcar, revelando algumas imagens do processo de criação. No meu escritório da rua Alice, posso compreender o impacto visual do Pão de Açúcar. No entanto, a força do quadro pode ter influenciado inconscientemente a todos os autores, do Colorado ao Carnaval de Salvador. Isto é uma característica pós-moderna , a mistura de épocas, abordagens. Os intérpretes do quadro de Matisse falam em integração cósmica, em solidariedade humana, em festa.  Alguns afirmam que o quadro é uma referência à Sagração da Primavera, de Stravinsky.  Observo, porém a forma circular da composição. Isso deve ter encantado os criadores, porque um círculo encanta desde o começo do mundo. Em sânscrito, chama-se mandala. Jung discorre longamente sobre mandalas, no livro O Homem e seus Símbolos. O mandala é tido como a forma que ,na meditação , facilita,  integrar-se com o universo.  O Comitê Olímpico vasculhou marcas mas só descobriu a da Telluride Foundation, tarde demais, no primeiro dia de janeiro. A marca já estava lançada.

O único conselho que posso dar agora, sob o risco de ser processado por plágio pela Johnnie Walker : keep dancing.