Não assisto o BBB, porque não dá tempo, nem eu sou muito a fim. Mas, como faço até com as novelas, leio. Ou seja, sei do que acontece porque leio diariamente dezenas de jornais, revistas e sites e blogs e tudo …. às vezes acabo sabendo mais do que quem assiste.
Ontem, pedi a um dos médicos que acompanho o trabalho e que mais admiro, Dr. Alexandre Saadeh, psiquiatra, psicodramatista, professor da PUC-SP, médico assistente e Coordenador do AMTIGOS (Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual) do NUFOR, do IPq, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, respondesse para a gente a seguinte questão:
– A presença de uma transsexual, operada, no BBB, com todo esse alarde, ajuda em algo? No esclarecimento? Ou apenas é mais uma utilização indevida, que ainda aumenta o preconceito e as dificuldades? Ou, ainda, pode servir para que haja um aumento de pedidos para um serviço ainda disponível para poucos aqui no Brasil?
DR. SAADEH RESPONDE:
“Apesar dela ter se operado na Tailândia, penso que divulgar o tema, sem apelação, é sempre bem vindo. Atualmente, aqui em São Paulo, o número de cirurgias aumentou, além de termos mais centros de atendimento à população. Só gostaria de dizer que nem todo transexual se prostitui ou gosta de aparecer.
Aliás, a grande maioria nem quer chamar a atenção ou fazer alarde e sim viver discretamente. Se forem explorar o passado da participante, que seja pelo lado positivo, de batalhadora e não pelo negativo. Os transexuais, sejam eles mulheres transexuais (MtF) ou homens transexuais (FtM), são como qualquer outra pessoa, apesar da incongruência entre o sexo anatômico e sua verdadeira identidade de gênero.
Aguardo, receoso, o resultado da aparição dessa transexual num programa de grande repercussão, lembrando que ela não representa o todo do grupo ao qual pertence, mas que deve ser respeitada por sua coragem”.
* Alexandre Saadeh: psiquiatra, psicodramatista, professor da PUC-SP, médico assistente e Coordenador do AMTIGOS (Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual) do NUFOR, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Não é demais, o Dr Saadeh?