ARTIGO – SOMOS TODOS OTÁRIOS

Por Marli Gonçalves
 

Fomos chamados de otários, burros, idiotas, e vimos a nossa inteligência subestimada por bajuladores e carrapatos do Poder. Restaure-se a moralidade ou nos locupletemos todos. Também poderemos ser nome de descobertas de petróleo e sonhos, possuir passaportes vermelhos e tirar as férias com segurança nas orlas das praias das Forças Armadas. Ou ao menos queremos mais respeito. Inclusive no trato às damas, primeiras-damas e vice primeiras-damas.  

Esquisita. Meio esquisita a sensação. Uma forte atração para escrever, e os temas leves apenas dançando sem ajustes num frenesi irrefreável e inconstante, passando pela mente em velocidade de letreiro digital. A realidade real, do chão, da vida, do que os ouvidos escutam, os olhos vêem e o coração pressente, se sobrepõem. Somos nós. A rotina renitente e irritante de nossos dias, a obrigatória, socialmente estabelecida sem grandes rodeios está de volta.

Os primeiros dias de o Novo Poder, o feminino, passam sem grandes percalços da líder. Não se soube de nenhum piti, esquentamento ou arroubo. Beleza. Mas, em compensação, o que está vindo de lixo dar na praia da parte do ex-Poder Lula chega a ser aviltante. Primeiro, o Zinho puxa-saco resolve dar o nome de Lula ao poço ( aliás, ótima inspiração com a figura de um poço de promessas) de prospecção do pré-sal. Mas como nem para assumir seus atos serve essa gente, resolveram explicar que a homenagem era aos moluscos, às lulas, aquelas gostosas quando bem fritinhas, em anéis. Não sei você. Mas para mim foi um tapa na cara, além de considerar como se tivesse sido xingada de otária, coisa que, quem me conhece sabe, não perdôo, não suporto, assim como quando tentam me subestimar. Os próximos poços, pela lógica deles, vão homenagear quem? Os crustáceos? Os cetáceos? Ou os aracnídeos?

Não me subestimem. Não nos subestimem. Por favor. As luzes já se apagavam nos palácios e decretos. Que história é essa de dar passaportes diplomáticos para os moleques brincarem aeroportos afora como filhos ou neto de quem um dia foi alguma coisa? Não parece típico daqueles clãs africanos que se parafusam nos seus tronos? Para que querem o passaporte vermelho? Para combinar com as estrelinhas da camisa ou com o broche do partido? Descobertos, eles nem coram – o rubor das faces cairia bem e também combinaria. Este caso dos passaportes devemos ao ex-Celso Amorim. Que já foi.

Quanto às férias na base militar, bem, penso que não é o mais sério, embora absolutamente fora de padrão ético. Deixa o homem descansar, dizem os defensores. Pior foi a resposta de quem veio assumir o “convite” de veraneio, nada menos que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, um dos quadros mais confusos gerados pela política nacional.

Ele não é nada. É tudo. É petista, peemedebista, serrista, dilmista, civil ou militar quando convém. É jurista, constitucionalista, mas admitiu ter mexido no lacre da Constituição. Diz-se moderno, mas apóia o armamento. Diz-se ético, mas considerou ridículas as revelações sobre as férias que diz que deu ao ex. E como tem muita gente lendo esse texto que andou precisando perambular por aeroportos e aviões do país nesses dias, nem preciso lembrar-me de suas promessas – as das cadeiras mais espaçosas, das punições, da severa vigilância, de maior preparação dos controladores, etc. Agora resolveram dar percentuais. 20% de atraso é aceitável. Se passar disso um pouquinho ainda está dentro da margem. Não é lindo? Tenta passar isso para a sua vida! Atrasa 20% suas contas, sua chegada no trabalho, sua vida sexual.

Pelo menos, Dilma está cozinhando o galo dele e de interessados, caças e caçadores. Jobim toma chá de cadeira do assunto que, se pender para o “Oui, France”, resolverá o seu futuro.

Mas ele e a outra parte do cordão dos OS está aí, todos prontos a providenciar benesses. Muito do que devia ter ido, ficou.
Também não adianta a gente falar tanto, eu sei, e sempre me dizem. Tudo é esquecido. Quem presta atenção? Por exemplo, queria entender a “surpresa!” de tantos com o casamento de Temer com a moça bonita. Já faz oito anos! Não foi secreto. Foi estranho, inusitado, cercado de mistérios que circulam até hoje, mas não foi secreto. O excelentíssimo público-leitor estaria desmemoriado? Ou esse assunto se prepara para ocupar as mentes da cidade-capital, onde pecados são muito poucos considerados, e teremos novidades nesse campo logo-logo. Vejo que a vice- primeira dama será tida como uma valiosa e emblemática prenda. E que prenda! Na corte, quem obtiver, sei lá, o favor de sua interferência, será o Don Juan do pedaço, o Casanova do cerrado. Só lembro que Temer pode virar o Drácula.
 

Sexo e poder sempre estiveram misturados na política e na História. O problema é quando essa mistura ainda é batizada com falta de ética e escrúpulos, inveja, bajulação, e com a terrível mania de fazer que notícias virem fofocas. Ou fofocas virem notícias.
 

São Paulo, 2011, de volta.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Ainda esperando que os telegramas do Wikileaks possam reativar e reavivar nossas memórias sobre como exatamente se passou tudo o que se passou. Para ter idéia de quão otários nós somos tratados.
 

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Caso Glauco:Assassino é tido como inimputável… E o amigo dele, o tal Felipe Iasi, ficou de bobo na história. Hummm…

Ah, legal.

Então o tal Cadu é doido. Não responde pelos atos, tais como  arumar um revóver, tramar tudo, pegar um cristo, babaca amigo, para dirigir o carro, ir lá no sítio, matar Glauco e o filho, fugir, e aind dar tiros num policial de fronteira…

Ah, então tá…

dããããã...eu sou doido...

MATÉRIA DO G1 – www.g1.com.br

 

Acusado de matar cartunista não responde por seus atos, diz laudo

Exame psiquiátrico afirma que Cadu é inimputável e sofre de esquizofrenia.
Jovem é acusado de assassinar a tiros Glauco e o filho dele Raoni.

Kleber Tomaz Do G1 SP

Carlos Eduardo Nunes logo após ser preso, em marçoCarlos Eduardo Nunes logo após ser preso, em
março (Foto: Reprodução/TV Globo)

Laudo feito por uma equipe de psiquiatras e psicólogos em Curitiba constatou que Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, que confessou ter atirado e matado o cartunista Glauco e seu filho Raoni em 12 de março deste ano em Osasco, na Grande São Paulo, sofre de doença mental, portanto é inimputável, ou seja, ele não pode ser penalizado criminalmente porque não tem condições de responder por seus atos. O resultado do exame de “incidente de insanidade mental” deu positivo e constatou que o jovem de 24 anos sofre de esquizofrenia, segundo apurou o G1.

No documento, os peritos ainda recomendam que Cadu seja submetido a tratamento da doença mental por uma equipe médica especializada em hospital psiquátrico de custódia. O resultado do laudo foi encaminhado nesta semana para apreciação do juiz federal Mateus de Freitas Cavalcanti Costa e do procurador da república Alexandre Halfen, ambos de Foz do Iguaçu (PR).

Foi para Foz do Iguaçu que Cadu fugiu de carro dois dias após matar Glauco e Raoni em Osasco. Ele tentava atravessar a fronteira do Brasil com o Paraguai, quando  trocou tiros com policiais rodoviários federais, ferindo um deles. Por esse motivo, todo o processo do homicídio que corria na Justiça paulista foi  avocado pela Justiça Federal do Paraná. O Ministério Público Federal também denunciou Cadu por por tentativa de homicídio do policial.

Em seu despacho do dia 30 de novembro, o juiz Freitas Cavalcanti determinou que o laudo fosse remetido para análise do Ministério Público Federal. Segundo a assessoria de imprensa do MPF, o procurador Halfen não quis comentar o assunto. Já a assessoria da Justiça Federal informou que o juiz prefere não se manifestar.

Transferência
A reportagem procurou a defesa de Cadu para comentar o despacho do juiz e o resultado do laudo que constatou a inimputabilidade de seu cliente “Ele deve ser submetido a uma medida de segurança. Tem necessidade de tratamento imediato. A defesa pede para ele ser transferido para um hospital de custódia”, afirmou o advogado Gustavo Badaró, nesta sexta-feira (3).

O defensor quer que Cadu deixe o presídio federal de segurança máxima em Catanduvas, também no Paraná, onde ele está preso preventivamente. O juiz do caso ainda não se pronunciou sobre o pedido feito pela defesa do acusado para que ele vá para um hospital.

Pela lei, como o laudo informa que Cadu não responde totalmente por seus atos, ele não iria para um presídio comum para cumprir pena restritiva de liberdade numa eventual condenação. Em termos técnicos, ele sofreria uma “absolvição imprópria” na Justiça porque tem problemas psiquiátricos. Nesse caso, ele poderia ir para um hospital psiquiátrico em cumprimento à medida de segurança e internação. Por lei, o tempo máximo de permanência em um manicômio judiciário é de três anos, mas existe a possibilidade de prorrogação desse período. Se Cadu fosse condenado criminalmente, ele poderia pegar até 60 anos de prisão.

Cadu foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por duplo homicídio e pela Procuradoria paranaense por resistência à prisão e tentativa de homicídio.

O crime
Em depoimento à polícia, Cadu confessou o crime. Laudo toxicológico feito no acusado deu positivo para maconha. “Ele entrou em surto psicótico”, chegou a dizer o pai de Cadu, Carlos Grecchi Nunes, em entrevista após o crime. Ele afirmou que o filho havia desenvolvido esquizofrenia, que piorou após ele frequentar os cultos de Santo Daime, na chácara de Glauco em Osasco. O cartunista era o líder espiritual da igreja Céu de Maria.

Em depoimento ao delegado que cuida do caso, na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no Paraná, Cadu confessou o crime e afirmou que acabou “com a própria vida” ao cometer os assassinatos. Ele contou que comprou a arma usada no crime e munição na periferia de São Paulo. O plano inicial era sequestrar o cartunista Glauco e levá-lo até sua mãe.

Ainda de acordo com o delegado, o suspeito disse que, para ele, Glauco era um representante de São Pedro. O cartunista também deveria dizer para a mãe do rapaz que seu filho era Jesus Cristo.

O rapaz também inocentou o amigo Felipe Iasi, de 23 anos, responsável por levá-lo até a chácara e acusado de ter auxiliado Cadu na fuga. Iasi chegou a dizer que foi obrigado a dirigir. “Eu estava sob a mira de uma arma. Não sabia onde eu estava, o que estava acontecendo, o que ele queria ali.”