ARTIGO – Perplexa. Por Marli Gonçalves

Pasma, boquiaberta, aturdida, abalada, abismada, espantada. Revoltada. Perplexa. Só não digo que estou surpresa, porque era bastante previsível que teríamos problemas e embora os fatos que temos presenciado sejam difíceis de aceitar que ocorram nas nossas fuças e saiam completamente até do roteiro que imaginamos em nossos piores pesadelos.

Não estamos sonhando, embora pareça que estamos dormindo um sonho anestésico, irreal, como se o país todo tivesse bebido algo que adormecesse suas reações e estivesse sendo levado desmaiado para algum lugar absolutamente desconhecido. Uma espécie de golpe, sim, mas na nossa capacidade de interceder, por falta de caminhos, de líderes, e de coragem de assumir que estamos com sérios problemas.

E que nosso problema maior tem nome, sobrenome, filhos, apoiadores aproveitadores mal intencionados e malucos, e uma capacidade infinita de nos envergonhar, além de travar qualquer forma de desenvolvimento até tentada por alguns raros personagens bons que também estão incluídos nessa história bufa.

Tudo isso em um momento tão complexo como o que está sendo vivido em todo o Planeta, quando cada vez mais precisaremos de presença, bom senso, capacidade de negociação, respeito, temperança, enormes decisões, seriedade e liderança.

Perplexa. Perplexidade. Justamente a palavra que embute os sentidos e sentimentos contraditórios que estou reconhecendo em muitas outras pessoas, vendo muitos viverem, uma vez que também fala de nossa insegurança, indefinição, incertezas e essa louca paralisação. As encontro nas ruas, trocamos impressões, e cada um vai para um lado balançando a cabeça, inerte, desconsolado. Pessoas de todos os andares, do subsolo às coberturas, da geral aos camarotes.

Diariamente diante de nós se descortina o contrário de tudo isso o que precisamos: shows de ignorância, desrespeito, moralismo e conservadorismo sem noção, irresponsabilidade, provocações, ameaças, que alimentam ogros, libertam demônios que se levantam das profundezas.

Não é piada, embora sempre a gente brinque que o Brasil é o país da naturalmente piada pronta. Já é, não precisa forçar. Estamos na mão de um maluco, ouço de muitos. Agora alguns “aliados” até passam a reconhecer que a coisa está descambando. E não fazem mais nada. Esperam, como se diz, o circo pegar fogo.

E o circo está armado, coberto de gasolina, com um monte de feras famintas de ódio loucas para saírem de suas jaulas e estraçalhar a democracia, apostando no esmigalhamento de todos os poderes.

Somos nós ao mesmo tempo a plateia e os trapezistas, malabaristas, palhaços, mágicos e bailarinas, que sobrevivemos a cada dia enquanto eles encenam esse triste espetáculo, com a paquidérmica anuência que domina, mas muito ainda pela falta de opções de escolha. Parece que dessa terra arrasada não brotam flores novas e viçosas que possamos regar com louvor; apenas ervas daninhas já arrancadas que insistem em tentar se reafirmar.

Economia em frangalhos, insegurança, falta de saneamento básico demonstrado a cada inundação, cada morro que desaba, mata, e não vê comoção nem solução, e as notícias se repetem, muitas vindas de um cercadinho inadmissível e humilhante onde o que um dia ocupou o lugar de Quarto Poder se submete e não consegue formular nem a questão principal – afinal, aonde o senhor quer chegar?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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SUPLICY x POPÓ: O DUELO. Viu a piada de hoje?

Suplicy vs. Popó

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), 69, topou um desafio do ex-boxeador e deputado eleito Acelino Popó Freitas (PRB-BA), 35.

O quebra-pau no Congresso, ao menos desta vez, é para ser levado na esportiva.

Hoje de manhã, véspera de sua posse, Popó brincou que chamaria dois “metidos a lutador de boxe”, Suplicy e o senador Magno Malta (com quem tem afinidades evangélicas), para um duelo no ringue.

Popó ganhou uma vaga na Câmara com a saída do deputado Mário Negromonte (PP-BA), que virou ministro das Cidades.

Sua primeira batalha em Brasília já está marcada: será com Suplicy, nesta quinta-feira (3).

O próprio Suplicy, ex-pugilista na juventude, passou hoje as coordenadas, via Twitter: “Às 8h, na academia de ginástica do Senado”.  

A academia, no entanto, passa por reformas. A assessoria de imprensa do senador avisou que eles procuram novo lugar para a peleja.

Em 2004, Suplicy publicou artigo na Folha sobre sua relação com o boxe.

Entre 8 e 12 anos, o jovem Eduardo treinou com Higino Zumbano, tio do icônico Eder Jofre, e tornou-se campeão da categoria leve.

O treinamento se estendeu à adolescência. “Levava jeito”, afirmou Suplicy.

“Fez-me bem para o resto da vida. Pulava corda. Fazia ginástica tipo sueca, saía para correr no parque, fazia rounds com sacos de areia, “punching-ball”, sombra e finalmente luvas, ou seja, o treinamento com os adversários.”

Escrito por Anna Virginia

http://presidente40.folha.blog.uol.com.br/arch2011-01-16_2011-01-31.html#2011_01-31_17_12_10-148400191-0