ARTIGO – Se uma mulher incomoda muita gente… Por Marli Gonçalves

Uma mulher incomoda muita gente. Muitas, incomodarão muito mais. Impressionante como vem sendo grosseira e até às vezes muito boba a razão e forma dos ataques, comentários e críticas feitas à Janja logo nesses primeiros dias de governo Lula.  Só isso já deixa bem claro o quanto nós mulheres estamos ainda distantes de nossa participação ativa ser avaliada normalmente, sem paixões, sem ciúmes, sem clima de fofoquinha de salões de beleza. Que, inclusive, todas sejamos respeitadas por outras todas – somos a maioria desta nação.

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Momento político tenso. Novas perspectivas. Posse de um líder político e de um partido que renasce para um terceiro mandato anos depois, após período de prisão e baixa total. Consegue reunir uma admirável frente mais ampla de apoio, vencendo uma tumultuada eleição, ameaças de crises e golpes. Forma uma equipe de ministros que pela primeira vez reúne um número recorde – embora ainda minoritário – de mulheres. Ele próprio surge rejuvenescido, e a grande novidade é a companhia de sua nova, mais jovem e bastante ativa esposa, Janja, Rosângela Lula da Silva, 56 anos, socióloga, ativista. E feminista, que bom!

Uma posse histórica, com imagens importantes e simbólicas. E o que ainda nós ouvimos de ecos? O bafafá ao redor da roupa que Janja usou, pela primeira vez ao contrário de um vestido, um elaborado conjunto com pantalonas, com detalhes em bordados manuais e tingimentos naturais, roupa sobre a qual já ouvi de um tudo. Para que entendam do que estou falando, também até vou dar minha “opinião”, que a gente repara mesmo em tudo, mas não é esse o problema: adorei o rabinho do paletó, adoro rabinhos; detestei o bege, porque detesto bege. Pronto? Ah, Teve Lu Alckmin também, outra criticada, mas que vergava um elegante e mais do que clássico vestido branco, midi, pouco abaixo dos joelhos. Chega? Vamos amadurecer?

O que quero dizer é que qualquer coisa que falassem ou vestissem, especialmente a Janja, seria criticada. Qualquer movimento seu passa a ser alvo, e já de forma desmedida, alimentado pela imprensa, inclusive. Porque ela já deixou claro que vai, sim, ter voz, governar ao lado do marido, ter papel de destaque, opinião, e, embora, claro, já maravilhada pelo poder imediato tenha falado bobagens, citado a Evita, essas coisas, não ficará em segundo plano, invisível. Foi quem organizou a posse, que teve até a cadela Resistência, ao lado de representações de toda a sociedade, pobres, mulheres, negros e negras, crianças, deficientes, índios, lgbtqia+, todos participando da colocação da faixa presidencial (depois que o fujão foi pra Disney) e subida da rampa. Os ataques foram severos, e a vida de todos esses representantes foi escarafunchada pela direita raivosa que ainda não admitiu a sua derrota. E mais outros, gente rabugenta, até mulheres que não conseguem ver ninguém se dar bem. Admitam que foi uma sacada de gênia, e a imagem rendeu capas de jornais do mundo inteiro.

Ela, Janja, desde que apareceu ao lado de Lula, mostrou de forma evidente  sua personalidade forte e que não é igual à nenhuma de algumas das primeiras-damas recentes que conhecemos, em geral relegadas, ou como invisíveis, ou como recatadas e do lar, ou submissas religiosas que só apareciam em péssimas situações pontuais. No pós-ditadura, apenas Ruth Cardoso, intelectual brilhante, esposa de Fernando Henrique Cardoso, se destacou nesse posto. Mas era, digamos, discreta, como essa sociedade absurdamente machista ainda acha que todas as mulheres devem ser. Acabou, minha gente. Acordem.

Se tudo isso vai dar problema será outro ponto, e aposto que sim, já que visivelmente Janja conseguiu em pouco tempo reunir desafetos, inclusive no próprio grupo político. Aguardemos os próximos capítulos.

Neste Brasil absolutamente confuso, dividido, desorientado e desordenado que emergiu dos últimos anos levaremos ainda muito tempo para sanar o que vem saindo desse criadouro maluco. Qualquer assunto hoje racha, divide, polemiza, vira tititi no qual se perdem dias em discussões nas redes sociais e grupos de amigos. Vide o espaço ganho pela chefe do cerimonial que organizava com   rigor e elegância o desenrolar da posse, e o seu vestido de bolinhas. O vestido de bolinhas é que foi o destaque; não o seu trabalho.

Temos muito o que fazer e nós, mulheres, temos um papel fundamental nessas mudanças. Todos vão ouvir muito falar de nós, mulheres, de nós todas, e das ministras e das providências que precisarão urgentemente ser tomadas para acabar com os graves problemas nacionais e que nos afetam diretamente. Vamos ter de lutar por leis, pela igualdade, pelo fim da violência e feminicídios, por condições de saúde, educação, saneamento, habitação, meio ambiente, pelo respeito às novas formações familiares, e a nós mesmas.

Estejamos com cocar, minissaias, chinelos ou salto alto, por favor, vamos falar sério, enfrentar juntas, porque haverá sempre muita reação, assim como houve quando nos Anos 70 começamos a nos mobilizar nessa luta, e parece ainda hoje que estamos no começo, mais de meio século depois. Sei bem o que é isso.

Respeitem as minas!

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MARLI - MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, feminista, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – O presidente boko-moko. Por Marli Gonçalves

Vamos relaxar, brincar um pouco, pensando no presidente boko-moko. Ele está fazendo tudo para o país, tal qual caranguejo, andar para trás e pros lados. Quer voto impresso e, entre outras, com a sua turma ataca nossas importantes conquistas. Só tirando muita onda com a cara deles, lembrando do que, então, poderíamos até querer de volta também.

PRESIDENTE BOKO-MOKO - FICHAS TELEFÔNICAS

Escrevo na máquina de escrever? Mando para vocês via telex, ou no teco-teco? Ah, já sei, enviarei um fax. Ou reproduzirei por mimeógrafo. Claro, só depois de comprar um pergaminho, que preciso perguntar onde tem. Telefonarei do orelhão com minhas fichas, que a fila da Telefônica lá da 7 de Abril está grande, dando voltas – muita gente querendo o plano de expansão. Mando um bip? Vou é jogar na loteria para ver se me arrumo na vida. Tem de furar o cartão da loteca.

Subo ou desço a Rua Augusta a 120 por hora? Olha só quantos Gordinis, Romisetas, que lindos SP1, coloridos, e cada cor tinha nome no documento. “Lanchas”, como o Galaxy, o Dodge, bancos de couro que a gente escorregava para lá e para cá a cada curva. O russo Lada, dizem, só vai aparecer quando cair uma tal de proteção nacional, de um tal presidente contra marajás, que também vai cair – pelo menos foi o que a vidente em borra do café disse.

Não, vou paquerar. Para achar os endereços, Guia de Ruas, aquele catatau. Qual tênis uso? Pampero, Conga, Bamba, Kichute? A bota branca, né? Olha só o cara com chinelo de borracha de pneu e bolsa com franjas. Cabelo Pantera ou capricho no laquê? Gente, olha aquele arrumadinho! Comprou na Ducal? Na Casa José Silva? Mesbla? Ah, aquilo no cabelo dele emplastrado é gomalina. Deve ter passado lá no Banco Nacional. Ou terá sido Sudameris, Bamerindus, Banespa, Real? A lista é grande dos bancos falecidos.

É, já tivemos mesmo muitos bancos, grandes, mas agora temos só uns três para escolher. Lembrei até de minha primeira conta, que abri no Sudameris, lindo o nome completo: Banco Francês e Italiano para a América do Sul. Achava tão glamuroso. E o talão de cheque, então? Era azul marinho, cheio de estrelinhas. É, talão de cheques é o nome daquele bloquinho que a gente recebia para usar, muitas vezes sem fundinhos. Sim! Tinha cartão de crédito. Era passado numa maquininha com papel carbono. Aliás, tudo usava papel para desespero das árvores.

Cadê os parques de diversões? Tinha um bem legal aqui na Avenida Santo Amaro, e o primeiro PlayCenter na Avenida Brigadeiro, com tobogã? Depois, foram morrendo também, ou ficando enormes e muito mais caros e inacessíveis. E a maçã do amor, os realejos com seus papagaios, tudo foi ficando distante.

Deu fome: o coquetel de camarão que era só pra quem “podia”. As panquecas do Rick Store. Oi, tempos do Hamburgão, Hamburguinho, Chico Hambúrguer, que era bom demais se lambuzar. De sobremesa, banana split. Ou, mais chique, mousse de papaia com pingadas de licor de cassis. Nossa, nunca mais os sonhos da doceira Abelha. A Dulca ainda existe, mas que decepção! Sem baba-rum, sem aquelas dezenas de opções, hoje sobrou só um mil folhas, mas sabe como é a economia, né? Agora dá pra contar as tais folhas. Cuba Libre (que assim seja! – logo, um dia!), Ginger Ale, Seven Up, Grapette, quem toma repete!

Mas a gente se divertia sim. Às vezes até cometendo pequenos crimes. Você teve o anel brucutu? O brucutu para fazer esse anel era uma peça, o bico do lavador do para-brisa dos Fuscas. Ah, era deixar o fusca na rua e lá ia embora o brucutu. Só valia se fosse assim, roubado.

Na moda não dá pra falar muito porque parece mesmo que tudo vai e volta. Tinha courvin, helanca, salto carrapeta. A revolucionária mini saia, usei muito, o que me valeu até a brincadeira à época de ser a jornalista com o cinto mais largo da redação, olha só! A calça de duas cores, a boca de sino, a cintura alta, a baggy. A modelo Twiggy, a mais magra da história, que era quase um olho com cílios, de vez em quando a gente vê alguma na rua. Hoje tem mais essas botocudas, com bocas que parecem ter sido picadas por abelhas selvagens, unhas em inexplicáveis e desajeitadas garras, com as quais devem até se flagelar em algumas horas, se me entendem.

Esses dias li por aí alguém falando sobre skates, como uma coisa de 20 anos atrás. Socorro, Revista Pop! Diz para eles que por aqui isso é coisa bem mais antiga, de quase 50 anos, madeira e rodas de patins o sucessor do rolimã. Eu estava lá, raras meninas, descendo as ladeiras de uma praça no Sumaré, tinha uma boa no Morumbi. Até que a polícia dava uma “batida” e a gente tinha de sumir.

Para finalizar, só tem uma coisa, importante: esse retrocesso todo que o presidente Boko-Moko insiste e está levando o país, além de querer a volta do voto impresso, não é legal, como essas lembranças. No passado tivemos mesmo coisas muito boas, sim, mas foi exatamente nesse passado que vivemos também uma ditadura, uma noite de 21 anos nessa tal pátria amada ao som de Don e Ravel, ame-o ou deixe-o.

Caiu a ficha?

*- Boko-moko: brega, kitch, cafona, ultrapassado, de mau gosto, fora de moda, gosto ou atitude duvidosa na estética. Gíria dos anos 60 e início dos anos 70.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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BOKO-MOKO

Papel de seda para fumar traz homenagem ao Glauco Villas Boas: Bem Bolado. Veja que lindo

A Bem Bolado é uma marca criativa fantástica que conheci, na mais do que criativa economia criativa. Ainda por cima é de uma amiga por quem tenho grande admiração e que há muito não via até reencontrá-la há um mês. Grande Andréa! Olha sÓ viu pedir para ela anunciar aqui, com a gente!

Beijão, Marli

___________________________________FONTE DESSE MATERIAL : ASSESSORIA DE IMPRENSA DA BEM BOLADO_________

BEM BOLADO BRASIL LANÇA LINHA DE PAPEL PARA FUMAR HOMENAGEANDO O CARTUNISTA GLAUCO VILLAS BOAS

 O cartunista que ajudou a transformar a página de quadrinhos da Folha de São Paulo num painel preciso e bem-humorado recebe homenagem da Bem Bolado Brasil.  Celebrar Glauco Villas Boas com uma linha de papéis para fumar (as populares sedas) foi a maneira que a Bem Bolado Brasil – empresa 100% brasileira de artigos para tabacaria –, “bolou” para lembrar ou apresentar o trabalho de Glauco ao seu público. Muita gente tem (re)descoberto a genialidade das crônicas desenhadas por Glauco por meio das sedas Pop. “Glauco soube criticar com inteligência e ironia questões sociais polêmicas, como sexo e drogas”, diz Thiago Alesócio-diretor da Bem Bolado.

 nova coleção das sedas Pop Linha Glauco Limitada conta com cinco tiras de personagens “glauconianos” que marcaram época, entre eles Doy Jorge & BagulhãoOzetês e Cacique Jaraguá. Cada desenho está estampado na primeira folha (de proteçãodos livretos, que já podem ser encontradas em tabacarias, headshops e nas melhores padarias e bancas de jornais. 

 Glauco publicou na Folha de São Paulo por 30 anos, a partir de 1977 (diariamente, desde 1984). Em 2007, Glauco, que liderava um centro de estudos do Santo Daime, foi assassinado por um frequentador com problemas mentais. Sua afiada verve para criticar o cotidiano verde-e-amarelo, produziu tiras que, apesar de criadas originalmente sob contextos bem diferentes do de hoje, mantêm-se espantosamente atuais.

 A BEM BOLADO BRASIL

 A Bem Bolado Brasil nasceu a partir da reunião de quatro jovens empreendedores, com a proposta de ideias inovadoras, com outro enfoque, do bem. No mercado de produtos para tabacaria, apesar do pouco tempo de estrada, a Bem Bolado já conta com mais de 30 produtos, incluindo três linhas distintas: Pop, de apelo jovem e popular; Premium, para o público mais refinado; e Brown, orgânica e dedicada ao outside lifestyle. Além disso, produz as piteiras mais vendidas do Brasil detém a significativa marca de dois livretos de seda Pop vendidos por minuto no Brasil.

Saiba mais pelo site www.bemboladobrasil.com.br 

ou @bemboladobrasil

 


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