#ADEHOJE – SÓ UM MINUTO – CEARÁ EM CHAMAS E O MEDO NAS RUAS E NAS CASAS

#ADEHOJE – SÓ UM MINUTO – CEARÁ EM CHAMAS E O MEDO NAS RUAS E NAS CASAS

Quem passou por aqui ou estava em São Paulo em maio de 2006, quando os ataques do PCC fizeram mais de cem vítimas sabe o que o Ceará está passando nesses últimos dias. É um terror indescritível. Você não sabe o que pode acontecer a cada passo. Se vai conseguir chegar ou sair, trabalhar, buscar filhos, viver. Hoje, lá, com a chegada da Força Nacional, os ataques estão ocorrendo no interior do Estado. Aqui em São Paulo, o bate-cabeça da segurança pública continua. Ontem, plena tarde de domingo, uma perseguição policial de mais de 12 quilômetros acabou com um bandido morto, mas dois pedestres que estavam passando em frente a um shopping foram baleados. Houve ainda mais um caso na Zona Leste, e uma grávida acabou atingida. Mas também dentro de casa as mulheres que deveriam estar sob leis de proteção continuam sendo mortas.

ARTIGO – Deus-dará. Por Marli Gonçalves

DEUS-DARÁ

MARLI GONÇALVES

Ao deus-dará, a deus-dará, o deus-dará. Deus-dará? As formas são variadas, todas corretas, mas a verdade verdadeira é que estamos na mão, largados, ao acaso, à própria sorte, e que a situação chegou a um ponto tal que é o que pode explicar não só a eleição de Jair Bolsonaro com seu slogan recheado de Deus, mas a fé ardorosa com a qual as pessoas acreditam que solucionará tudo como se fosse o próprio.

Você viu ou alguém deve ter comentado com você. Luz do dia, Bairro do Brás, São Paulo, Capital, um grupo ataca impiedosamente no meio do aglomerado de pessoas fazendo compras em um dos principais centros populares, milhares de pessoas todos os dias, todas as horas. Agem em conjunto, como hienas. Gravata em um, arrancam tudo que podem, jogam outro no chão, levam celulares, arrancam a corrente de mais um. Saem tranquilos, se dissipam e voltam a se reunir em minutos. Enchem de porradas e roubam um homem que, desnorteado, vai falar com dois policiais que passam ali no momento, numa rotina modorrenta, como se nada estivesse acontecendo. Eles, os policiais, não param nem para ouvi-lo. O homem fica ali falando sozinho. Foi gravado. Passou no principal noticiário de tevê.

Avenida Paulista, domingo, fechada aos carros, milhares de pessoas passando, passeando. No principal cruzamento, da Rua Augusta com a Avenida, calçada com o chão loteado por hippies (sim, ainda existem, exatamente iguais, apenas mais cabeludos, rastafaris e bem estranhos e agressivos) com seus artesanatos e costumes de sempre. Um grupo deles estende de qualquer jeito uma madeira próxima ao fio da calçada, joga carnes, linguiças e ali faz um churrasco bem fumacento sem a menor cerimônia. Parados na frente dessa cena, um grupo de fiscais vê e nada faz; um grupo de policiais vê e nada faz. Os policiais ainda respondem, ao ser inquiridos, que nada fariam por medo da “reação” da população. Tá gravado. Por mim, inclusive. Filmei, porque se me contassem que era normal fazer churrasquinho desse jeito, na Avenida Paulista, não acreditaria. Ah, os policiais também não se moveram quando o grupo tentou me intimidar enquanto registrava a cena.

Na esquina de um dos locais mais caros e “elegantes” de São Paulo, Jardins, o restaurante não se faz de rogado: pegou um tapete, sim, um tapetinho, e estendeu sobre a calçada – sobre, repito, tampando – o bueiro que está ali para o escoamento da água. Uai, para eles, qual é o problema?

Na mesma região os pés das árvores viram lixeiras com sacos e sacos de lixo, detritos de toda ordem, saquinhos com cocô de cachorro (adianta catar sem dar destinação?), madeiras, vassouras, caixas, tudo bem socadinho. Pode ter um poste do lado, mas o povo acha legal botar tudo nas árvores, e ainda olham feio quando se chama a atenção para o absurdo do ato. Depois ninguém entende porque qualquer garoa derruba dezenas de árvores por aqui. Com minha campanha particular – #árvoreNãoéLixeira – pelo menos duas ou três salvamos. Mas é um stress.

Digo daqui: São Paulo está ao deus-dará. Imagino que não esteja diferente o resto do país. Falo dos lugares por onde passamos diariamente, onde vivemos, e dos direitos básicos pelos quais pagamos impostos caros. Viadutos despencam, crateras abertas nas ruas, assaltantes agindo à luz do dia, calçadas esburacadas, que cada um faz como quer, criando montanhas-russas. Acessibilidade? Não me faça rir.

Leis não servem. Exemplo, a do telemarketing que é proibido, piriri pororó. Quantos telefonemas você já recebeu só hoje? Onde conseguiram seu número, seu nome? Não adianta tentar se livrar deles, agora também mandam incessantes mensagens para os celulares.

Conhecei a verdade e a verdade vos libertará. Frase que ultimamente temos ouvido frequentemente. A verdade, então, seja dita: estamos ao deus-dará. Como – e quando – vamos nos libertar da incompetência?

Deus dará conta? Já estão pondo na conta dele o país inteiro.

#arvorenaoelixeira

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Marli Gonçalves, jornalista – Não adianta reclamar nem pro policial, nem pro bispo, nem pro Papa. Muito menos para as autoridades.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Brasil, ano após ano.

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ARTIGO – Bang Bang geral. Por Marli Gonçalves

Mãos ao alto! A bolsa ou a vida!– ah, agora nem tem mais isso. É a frio mesmo, ou com aquele linguajar de “mano”: perdeu. O mundo está virado. As pessoas estão loucas. Loucas e inseguras, em todos os lugares. Nos centros urbanos. Nas cidades do interior as explosões viraram rotina. O medo impera em todas as classes sociais, e a morte pode vir por nada. Ou por tudo isso.

 Mas não se preocupem. Os seus problemas acabaram. O governo acaba de anunciar a criação de mais um órgão, instituição, elefante branco, ralo, nome, título pomposo – você escolhe como quer chamar o tal SUSP – Sistema Único de Segurança Pública, seja lá o que isso queira dizer. Se acompanhar seu irmão da Saúde, o SUS, já viram em que brejo estaremos.

Vai fechando a garganta e agora piora porque a gente assiste ao crime, várias vezes, com vários ângulos, gravados por câmeras – às vezes até da própria vítima – espalhadas pelas cidades que ainda são burras. Câmeras, quem sabe um dia se por ventura nos transformarmos em cidades inteligentes poderão servir para garantir sobrevivência, não só registrar o que já está virando até certo sadismo. Algumas tevês ainda editam ou cortam partes mais violentas, outras aumentam a audiência mostrando tudo, ad nauseam, repetidamente, com apresentadores babando em cima.

Teve bate-boca severo por aí esses dias, com o caso da PM que, certeira, detonou o peito do ladrão na porta da escola onde estava com a sua filha. Houve  outros casos de reação, mas esse foi emblemático, porque era uma mãe, policial, loura, véspera de Dia das Mães, e ainda homenageada com flores pelo governador em ano de eleição; tudo bem enganchado, como se fala na linguagem jornalística.

Quem em sã consciência pode criticar? Há muito não via uma legítima defesa tão bem executada, exímia. O problema é que isso está dando margem para a volta dos dinossauros, dos trogloditas que ficam atirando insanidades de seus computadores, e acabam apoiando e piorando essa terrível escalada da violência – o bang bang – em que vivemos, ressalte-se que não é só no nosso país. Mas aqui temos mais ignorantes de plantão ou, pior, nas ruas, como candidatos, se aproveitando da aflição alheia.

Não há seriedade em torno de soluções. A intervenção no Rio de Janeiro – e as alarmantes ocorrências diárias contínuas com aumento de 86% de tiroteios, por exemplo – demonstrou ainda que não há também respeito a qualquer farda, nem verde. Virou um pega para capar. Uma caçada cruel. Bandidos X policiais X cidadãos, em todas as ordens dos fatores.

O buraco, que não é só o da bala, é mais embaixo. Não há políticas públicas ou sociais que analisem os fatos, a expansão das organizações criminosas, as regras penais, socialização, corrupção de autoridades. Pensam em criar verbas para segurança expandindo nada mais nada menos do que os jogos de azar, loterias. Deve vir algum também dos senhores das armas e suas empresas de calibres mortais.

Enquanto isso, as pessoas por aí pensam em se armar para enfrentar o clima de Velho Oeste, os arrastões nos saloons, defesa de seus bens e propriedades. Daqui a pouco algum gênio da raça vai propor a distribuição de vistosas e brilhantes estrelas de xerife.

Para se armar, tem de saber o que é uma arma, como se usa, onde guardar, e ter a cabeça no lugar. Há muitos anos, ainda no Jornal da Tarde, fiz um curso de tiro (e modestamente creio que ainda atiro bem) para uma reportagem sobre o assunto. À época estava frequente a morte de adolescentes que esqueciam a chave para entrar pé ante pé em casa de madrugada, e de crianças, mortas pelos próprios pais e suas pistolas guardadas debaixo do travesseiro. O coitadinho sentia medo no meio da noite, ia pedir achego na caminha e tomava um tiro, ali na porta do quarto, confundido com invasores. Vi muitos casos.

Temo uma nova onda de armamento. Nunca tive problemas com armas, que meu pai usava e sempre me ensinou o perigo delas. Mas gosto mesmo é de lembrar de minha mãe se defendendo com boas panelas na mão, ou com tamancos de madeira que tirava rápido dos pés quando alguém mexia com a gente.

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Marli Gonçalves, jornalista – Apenas para lembrar: há profissões que obrigam a jamais recuar diante do perigo ou de algum fato, mesmo não estando em serviço. Médicos devem se apresentar. Jornalista é outra delas – o dever de denunciar malfeitos é juramento (espero que os novos profissionais saibam disso). Os policiais também o são 24 horas, fardados ou não. Não tem nem conversa.

marli@brickmann.com.br/ marligo@uol.com.br

 Brasil, segurança seria progresso, 2018

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ARTIGO – Marielle: esse crime terá castigo. Por Marli Gonçalves

Marielle: esse crime terá castigo

Marli Gonçalves

Mulher, negra, lésbica, vereadora, combativa, corajosa, jovem. Marielle, de cara, juntou sete motivos para exasperar muita gente, tanto a ponto de ser executada friamente numa viela do Estácio, no Rio de Janeiro. “Se alguém quer matar-me de amor/Que me mate no Estácio/Bem no compasso, bem junto ao passo/Do passista da escola de samba/Do Largo do Estácio”… – profetizou Luiz Melodia

Assim, Marielle passou definitivamente à História. Balas que estavam por aí perdidas, literalmente, desde 2006, a encontraram no Estácio. Quatro delas. Todas na cabeça, como se não só quisessem matá-la, mas também as suas ideias, sua beleza, seus pensamentos. Pouco importava a eles quantas vidas levariam junto, como levou a do motorista Anderson Gomes traiçoeiramente, três outras dessas balas amargas nas costas. Balas malditas do lote UZZ-18, arsenal que já havia sido usado na maior chacina de São Paulo, em agosto de 2015, o horror quando 23 pessoas, muitos jovens, foram mortas. Quantas balas mais estarão por aí?

Balas que mataram de amor que o país inteiro dedicou e demonstrou nas horas seguintes e que nos mantêm inquietos e alertas até que se descubra tudo. Quem foi? Quem “foram”? – que isso é coisa de mais de um. Por quê? Quem mandou? No pé de quem Marielle pisou? Queremos ver a cara deles e, podem apostar, serão todos homens.

Enquanto isso estamos sendo obrigados a ver outras caras que por mais que se esforcem, não conseguiremos nunca acreditar em suas compungidas expressões, muito menos no silêncio escandaloso preferido por certos outros, e nem em muitas de suas condolências com palavras poderosas acompanhadas de pouca ação, que pouco importam. Um, o religioso prefeito, se apressou em dar o nome de uma escola, decretar luto oficial. Outro, o presidente do país, falou, falou e não disse nada, com sua oratória de sempre, voltada a si próprio. Sim, é inaceitável; sim, atenta contra a democracia. Foi até mais longe quando puxou a intervenção na segurança – a intervenção que não interviu, não interveio, e ao que parece, não intervirá na crescente violência que destrói a Cidade Maravilhosa. Presidente esse que meia hora depois sorria fazendo politicagem com a turma de um tal programa “Brasil mais jovem”, puxando um minuto de silêncio com apenas 30 segundos e posando com uma bola nas mãos. Eu disse bola. Que bola foi essa?

O que o Brasil mais jovem verá não dá para calcular nesse momento dramático. Mas o que está vendo é de revirar o estômago. De um lado, oportunismo político deslavado. De outro, manifestações nas redes sociais que chegam a dar vergonha e que expõem a degradação humana, uma sociedade má, burra, doente. Atrás de seus quadradinhos com fotos, ou de pseudônimos tonitruantes, do alto de suas vidas vis e egoístas, despejam o que há de pior, aplaudem mortes, querem comparar quem morre pior do que outro, e chegam a ensaiar um “bem feito, quem mandou cuidar de direitos humanos”. Essa gente mata sem puxar gatilho; mata com o veneno que destilam, com a ignorância que exibem, com o atraso que causam.

Que tiros foram esses? São iguais aos tantos que matam os policiais, as crianças, os pais e mães de família? Não, esses foram ainda piores de alguma forma: vieram com endereço certo. Mais perigosos, mais elaborados, combinados em cima de uma clara simbologia.

Mataram, e pela culatra, esses tiros também os matará. Criaram um símbolo imortal de luta, uma movimentação nova, doída, onde as mulheres brancas e negras, lésbicas ou não, mães ou não, também se mostrarão mais corajosas e combativas. Nas ruas. Cobrando o resultado da investigação. Queremos ver a cara de quem apertou esse gatilho. Queremos olhar bem a cara de seus cúmplices. Poderemos guerrear contra a maldade que nos cerca e aproveita uma ocasião como essa para sair de seu buraco profundo.

Esse e outros assassinatos do mesmo dia marcaram com sangue o calendário: um mês da intervenção militar na segurança do Rio de Janeiro; quatro anos da Operação Lava Jato, que só levanta as pontas desse tapete que nos derruba diariamente.

O tiro que queremos ver no coração da corrupção, origem de muitos desses males, continua guardado, sabe-se lá onde, sabe-se lá com quem.

Marli Gonçalves, jornalistaMarielle, com as letras de seu nome posso escrever o meu. Escrevo.

marli@brickmann.com.br / marligo@uol.com.br

Brasil, ferido.

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Imagem: Foto/Ilustração de Marielle - Catraca Livre

Cenas explícitas da guerra urbana e selvagem entre blackbocs e policiais na noite de ontem. FOTOS CARLUCHO

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ARTIGO – Sossego em lugar algum. Por Marli Gonçalves

Ninguém mais tem sossego, esse bem tão simples e valioso. Ninguém, por melhor, mais bonito, rico, culto, etcetera etcetera que seja. Não há mais local seguro. Não há idade, cor, sexo, transsexo, nacionalidade ou religião a salvo. Nem quem vive de tirar o sossego dos outros está a salvo. Que mundo é esse onde chegamos?

No bar, no restaurante, no aeroporto, no estádio, na escola, na casa noturna, as gargalhadas e boas conversas com amigos, o paladar da degustação de um jantar e a alegria podem ser interrompidos em segundos por um grupo de malucos armados, alguns vestidos com bombas e com vale-transporte “boom” para o paraíso que imaginam alcançar com sua dedicação e fanatismo. Os senhores da guerra e das armas devem estar orgulhosos do que conseguiram: inquietar um planeta.

Pois falo do terror, e falo também do outro terror – esse que está bem aqui, bem nosso, que nem ideal tem, mais comum, que desce o morro, não para morrer, mas para matar por uns trocados, um relógio, um celular. Que mata por prazer. Que vaga pelas ruas à cata de seus alvos, entre os descuidados, entre os distraídos, ou que não deviam estar ali naquela hora, naquele momento. Bestas, cada vez mais jovens, cada vez mais numerosos, querem tomar na mão grande o que nunca pretenderam conquistar pelo bem. Homens e mulheres que sob algum comando geral, estranhamente sempre muito pouco identificado, atacam. Eles não têm futuro e acham que ninguém pode ter. Qualquer movimento brusco, qualquer tentativa de se defender pode valer uma vida, tirada ainda mais rápido e sem piedade.

Vida que vale nada, pouco; aliás é o produto que vem sendo mais desvalorizado na bolsa da existência. Tempos violentos esses, sem poesia nem para atos extremos – antes, há uma ou duas, três décadas, ainda havia restos de um certo romantismo e elegância, uma certa aventura, para os que buscavam seus ideais patrióticos ou políticos, em guerrilhas e roubos arrojados. Ladrões que mereceram admiração pelo estilo que executavam seus crimes. Ou até os que amavam tanto que o ciúme corroeu a alma ao ponto de quererem matar para continuar sendo únicos, paixões cheias de literatura.

sport-graphics-water-skiing-619865Hoje não são mais histórias bonitas, daquelas que dá vontade de escrever sobre elas, saber o que as motivou, como tantas vezes na vida de repórter encontrei. Agora são apenas notícias cruéis, curtas, sem emoção, que se sucedem e preenchem com estardalhaço os programas policiais das tardes na tevê, narradas por apresentadores que dão ênfase automaticamente a algumas palavras ou frases que repetem para deter nossa atenção, com vinhetas repletas de sangue estampadas no rodapé. Truque.

Não há sossego em lugar algum. Isso esgota nossos nervos, e andamos olhando para os lados, desconfiados de tudo e todos, pouco solidários, cada vez mais isolados e em rede virtual onde também ali é preciso atenção, não dá para relaxar. Podem estar do outro lado, fingindo, mentindo, enganando, querendo roubar você. E você pode cair no truque, no golpe, mesmo que esteja em casa, quietinho, de pijama e chinelinho. Não abra. Não acredite.

A polícia apavora – os tiros podem sair pela culatra, perdidos, e alguns deles, dos próprios policiais que podem estar nos dois lados da questão ou defendendo sem eira nem beira umas leis próprias de mundo cão, que autorizam forjar provas plantando armas e drogas, incriminar inocentes.

Cidades pacatas do interior, onde decididamente não havia disso, agora sofrem com a reprodução do que de pior viaja no tempo, nos ventos das grandes capitais. Bancos explodem. Cracolândias tomam suas lindas praças e se expandem por debaixo das soleiras devastando seus garotos, puxados pelos braços do tédio e das informações que chegaram alimentando o bichinho do consumo, do se dar bem.

É visível que está difícil e perigoso viver. Mais ainda enfrentando o maior de todos, o desassossego da natureza, indomável em seus quatro elementos, terra, ar, fogo, água, que também mandam recados e podem se rebelar de vez – e caso isso seja com grande força pode devastar e tornar tudo um grande descampado, um nada, finalmente com uma quietude. Um sossego. Mas um que, creio, não é o que desejaríamos.

Que susto!Marli Gonçalves, jornalista – O que vejo e o que me preocupa.

SP, 2016

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Enquanto isso, a Shakira (!) mobilizava um batalhão de polícia na frente do Hotel Emiliano…

Umas 15 adolescentes inofensivas na porta do Emiliano hoje em São Paulo, antes da saída de Shakira para o show.

Mas havia aparato de policiais, da Rota, ocupados com isso.

Tenho um filme do momento “fechar o trânsito” para ela sair…E quem ficou ali esperando… restou buzinar.

( vou tentar postar logo)

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