ARTIGO – O Homem não está nada bem. Por Marli Gonçalves

O homem não está bem; não está nada bem. O homem está confuso, nervoso, não sabe o que fazer, anda inseguro, percebe que está perdendo poder e que já não é mais invencível, daí reagir muitas vezes perigosa e virulentamente. O homem vê que a cada dia tem de dividir o poder com serenidade. Percebe que os tempos são outros e que há reação a qualquer de seus desmandos.

Sei que tudo isso se enquadra muito bem no que vivemos, e que claro deve ter vindo à sua cabeça a figura do presidente que essa semana, parece, criou, percebeu e sentiu a temperatura máxima, e essa não era um filme da tarde de domingo, muito menos do feriado nacional com tantos significados e que conseguiu transformar este ano em um dia de ódio e horror, terrível e tenso para os brasileiros.

Tudo bem que não dá para deixar passar isso em branco, vendo o desfile em verde e amarelo de tanta gente paramentada abanando a bandeira, confusa, enganada e/ ou apenas ignorantes em busca de um líder, sendo usada sem dó por oportunistas, pessoas más, para não dizer outras coisas, com pretensões da pior espécie, querendo fechar os horizontes da liberdade e da democracia. Brincando perigosamente com o futuro.

Claro que esse Homem aí, o que conclamou e tramou o que espantados assistimos, também não está bem, não está mesmo é nada bem. Mas isso não é de hoje. Esse aí nunca esteve bem, e em nada do que fez, nem como militar, muito menos como político, ocupação que exerce há mais de 30 anos sem brilho, e que por golpe de sorte e das condições daquele momento eleitoral foi posto no poder máximo.

Mais do que evidentemente não estar bem, repara só: esse Homem está bem maluco – não é impossível que acabe numa camisa-de-força – desorientado, inconsequente, e literalmente atirando para tudo quanto é lado na tentativa de se manter nele, no tal poder que, parece,  subiu para sua cabeça e, pior, para a de todos os seu filhos, parentes, amigos e ministros que o seguem nessa balada insana seja em cima de palanques, na frente da câmera de suas insensatas lives ou no cercadinho que se tornou o ponto de encontro da turminha que o anima.  E num país que se desmancha, precisando tanto de um governo.

Muito chato. Só imagino e adoraria saber detalhes de qual foi o real bastidor, os fatos que o levaram a apelar para a pena de Michel Temer para criar uma nota pública que pudesse por panos quentes e frios, pelo menos por hora, na perigosa confusão que armou. Queria ser a mosquinha que pudesse ver a real, que normal não foi, não caiu do céu esse arrego que deve estar causando forte azia e indisposição, inclusive em quem saiu atrás dos trios elétricos do horror achando que estava abafando.

Mas, enfim, pulando esse assunto que já deu, o que é visível é que o homem, o ser masculino, esse que já não aguento mais ver aparecer diariamente envolvido em tantas notícias de crueldades e feminicídios, talvez até por conta e somada a situação nacional, não está nada bem, e se debate angustiado. Com o avanço do movimento feminista, com a entrada cada vez mais expressiva  das mulheres no mercado de trabalho e lutando por sua independência e participação igualitária, as bases do tal domínio do macho estão ruindo à nossa frente, sendo levados pela onda de força que vem sendo demonstrada pelas mulheres, especialmente nesse momento de superação, da pandemia, onde fomos tão e mais brutalmente atingidas.

É preciso destacar esse momento importante. Porque dele poderá vir, finalmente, um novo mundo e quero estar aqui para presenciar e celebrar o resultado dessa luta de toda uma vida. Torcendo para que essa lufada, enfim, sopre cada vez mais forte aqui e em todo o planeta.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os nossos loucos (primeiros) dias de setembro. Por Marli Gonçalves

O que será, que será? Posso quase apostar que muito barulho por nada, que vão dar com os burros n`água. Sempre aprendi que cão que muito ladra fica rouco e não morde. Poderemos esperar, contudo, que uma primavera floresça – sementes também têm surgido em meio a esse setembro que já chegou, veio se esgueirando entre tantas ameaças. O golpe deles já foi esse: exatamente como queriam, passamos os últimos dias falando dessa gente, de suas ameaças e boquirrotices.

loucos dias de setembro

Nem contamos até 10 – nem precisa, porque já andavam armando confusão desde bem antes deste mês. Coisa chata, como se não tivéssemos tanto a resolver no nosso dia a dia. Como se o país estivesse a mil maravilhas e não com uma inflação galopante e ameaças reais, as de falta de água, de energia, de saúde, vacinas, e tudo o mais.

Mas setembro chegou e com ele umas luzes poderosas que ainda podem realmente mudar algo, se forem coesas. Vindas da total perda de paciência com o desgoverno e inquietude agora bastante expressa objetivamente pelos empresários líderes dos principais setores da economia, surpreendentemente até do agronegócio, que souberam até afugentar e se sobrepor aos medrosos que pularam fora com medo de puxão de orelha e bicho-papão. Os que ficaram firmes em seus manifestos sabem que tudo vai melhor com democracia e paz. Claro, sempre melhor para eles, diga-se de passagem. Mas têm poder.

Quando até os bancos e banqueiros se mexem, o sinal está claro. E de qualquer forma ele ainda está fechado para nós, os que assistimos ainda inertes ao andamento desse espetáculo deplorável, o momento da política nacional que tanto nos fraciona, estilhaça; não é mais nem que nos divide, porque agora tem de um tudo.

Tem os adoradores, os que antagonizam, com seus erros de cada lado. Adoradores! Seja de um, seja de outro, se me entendem. Aí não tem conversa, nem explicação, apenas uma espécie de amor platônico. Precisam de um paizinho que os guie, acima de tudo, seja o que fazem ou fizeram, mesmo que tenha sido em situações justamente que nos levaram ao desastre atual.

Entre os adoradores estão os que ainda não conseguem perceber ou já estão se dando muito bem com o fundo do poço; tem os que pensam igual, e sonham dia e noite, rezando ou não, para que retrocedamos em tudo ao século passado no que ali havia de pior, de atrasado. Do outro lado, os que ainda não admitem qualquer outra nova possibilidade, mesmo que próxima do razoável para unir – só enxergam um homem, sua barba e, ultimamente, também as suas coxas firmes. Tudo bem, vai, que ninguém mais pode fazer tanto mal quanto o atual perturbador geral da Nação está fazendo.

Perigosos, nessa miríade há os que acham que estão, como meu pai diria, por cima da carne seca, sendo que no fundo estão é como nós, à mercê de tudo de ruim. São os que – só pode ser – cegos e surdos, mantêm-se ocupados em se desfazer de informações sérias, da imprensa, que xingam cada vez que esta os chama à realidade. Gostam das mentiras que os alimentam, e imaginam uma Pátria toda verde e amarela, não gentil, armada, onde pensam que um dia poderão se dar bem. São agressivos e a maioria dos que devem ir sem máscaras às ruas dia 7 para apoiar a familícia, já que a vida comezinha deles também não lhes dá outras diversões além da beligerância com que tratam temas sociais ou de comportamento.

Agora surgem – o que até positivo é – os mais ou menos, que há dois meses preparam outra grande manifestação, mas para o dia 12: arrumadinhos, esses, entre eles muitos arrependidos com o apoio que deram a Bolsonaro em 2018, tentam consertar o que acabaram criando. Têm e mantém críticas aqui e ali a algumas decisões do Poder Judiciário, STF incluso, ao Congresso, se apresentam como centro e centrados, numa pauta confusa, e buscam uma pista, uma terceira ou quarta via, mas que tenha afinidade com a mão inglesa, direção à direita. Também prometem fazer barulho e são organizados.

Enfim, há opções para quase, ressalte-se, quase, todos os gostos. No dia 7 até com locais diferenciados para não se estranharem ainda mais.

Passando tudo isso pode ser que surjam novas brechas onde, então, poderemos – nós, o que ainda não acharam espaços confiáveis – nos encaixar.

Aí, então, será a primavera.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Tá frio; tá quente: o jogo nacional e mundial. Por Marli Gonçalves

Tá frio; tá quente. Quando a gente acha que a coisa está indo, ela está é voltando, e em cima da gente. Até o tempo está igual: você não sabe mais nem se está quente ou frio. Se põe ou se tira. Não é brincadeira, não.

TÁ QUENTE; TÁ FRIO

Confesso: todo dia ao acordar, assim que dá, que lavo a cara, abro os olhos, me entendo no mundo, aciono o celular para verificar se algo mudou. Virou mania. Se o cara caiu. Se já foi interditado ou preso. Se avançamos, e se a situação – essa situação geral que vivemos, e digo geral, porque geral é mesmo, uma vez que, sinceramente, nada está bom, correto, nos trilhos – teve uma conclusão. Tenho bom humor, porque senão a decepção paralisaria. O que acontece todos os dias é que surgem mais pontos, mais fatos, e a confusão geral continua essa loucura, que eu até diria: está coletiva.

Porque só pode ser uma loucura coletiva, altamente transmissível. Aqui, pelo presidente que não governa, mas não para de demonstrar seu total despreparo para o cargo, que deixa o país como uma nau sem rumo. Ele governa de um barquinho, onde faz subir para acompanhá-lo o que de pior há em nossa praia, e que não cansa de chamar para o naufrágio que avistamos no horizonte.

Loucura no mundo, para uma geopolítica desconcertante, principalmente depois da pandemia ter bagunçado mais ainda o coreto. A impressão é de que, neste retorno, os países mais fortes sairão pisando a cabeça dos mais fracos, galgando uma montanha de corpos. Nada tem sintonia. Primeiro fazem; depois vão ver no que deu, lamentam, dão entrevistas e soltam farpas uns contra os outros.

Estamos todos com os olhos vendados e apalpando a História. Está quente? Logo o balde de água fria faz com que comecemos tudo de novo, e esse tudo de novo que digo nos leva ao século passado, com suas guerras (frias e quentes, aliás), religiões mortais, ideologias sanguinárias, padrão “já vimos esses filmes”.

Nem sei mais se as crianças ainda brincam disso, ou do que é que elas brincam quando não estão – até sem ter ainda noção – sendo vítimas das atrocidades e desse desenrolar do futuro que encontrarão.

Muitos artigos têm sido escritos dando conta que o presidente Bolsonaro não está (embora nunca tenha sido muito) normal das ideias. Cada vez que ele abre a boca, e o faz todos os dias, emite claros sinais disso. Cercou-se ainda de pessoas que pegaram a mesma tendência e que surgem dos gabinetes e dos ralos. Todos, que a gente nem sabe bem quem são – impossível listá-los de cabeça. O da Economia, o serzinho Paulo Guedes; o da Educação que você deve ouvido por aí; o cordato da Saúde, enfim, até os militares que abaixam a cabeça e batem continência para todos dançarem diante das graves e visíveis ameaças à estabilidade. A qualquer estabilidade. Inclusive a nossa, emocional.

As notícias são claras, cada vez mais mostram os fatos no momento exato que acontecem, com imagens e sons estridentes. E se repetem, como se não tivessem tempo nem de respirar. Ainda aparecem os querem brigar com elas, não acreditando, negando, seguindo líderes corruptos, que mancham os caminhos por onde passam.

Nós estamos confusos, sem conseguir achar a luz. Está frio. Está quente? O “agora, vai” fica pelo caminho. Continuamos agindo como os robôs que diariamente são ativados na vida digital, como se tudo isso fosse normal. Não é.

Minha proposta é que troquemos essa “brincadeira”. Lembram daquela – cor, flor, fruta – que alguém ficava lá pensando na letra até que falássemos STOP?

STOP!

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Golpes. Eles estão entre nós. Por Marli Gonçalves

Golpes. Golpe. Nunca ouvimos tanto essas palavras malditas. Nunca estiveram tão presentes e em suas mais variadas formas, de algum jeito sempre tenebroso. Perigoso. Eles nos cercam, ameaçam, nos põem em prontidão constante. Sempre tem algum que vaza, nem que seja um golpe de ar que resfria.

golpes

Tudo quanto é tipo de golpe. Todo dia alguém cria mais um, inclusive, sempre terrível, sempre com atos para ameaçar alguém, insidiosos como serpentes prestes a dar o bote. Pior, são criativos, e infinitos em seus estragos. Em geral, feitos, pensados maquiavelicamente para roubar, iludindo. Roubar até a nossa própria liberdade como vem sendo ameaçado todos os santos dias por esse desgoverno que parece pretender, sim, o golpe máximo, que nem mais é militar, mas sim acabar de vez com o país já tão maltratado, doente, miserável, ignorante.

Dificilmente os golpes são bonzinhos, ingênuos, mas sempre são tentados primeiro de forma a parecerem a salvação de alguma “pátria”, alguma questão. Assim, se realizam, enganam, penetram, inclusive entre os mal intencionados que adorariam ganhar algum de forma mais fácil, sem trabalho, e que se tornam, justamente por isso, presas fáceis. Esses, em geral, são enganados por estelionatários oferecendo vantagens que parecem baratas aos olhos de inocentes ou mal informados; ou, mesmo de tantos que parecem, como disse, sempre desejarem ser os espertos. O final da história é sempre ruim, seja para um lado ou outro.

Sempre alguém sai machucado. Na política, por um golpe de direita ou de esquerda desferido certeiro contra a democracia – esse o Golpe de Estado, que já conhecemos bem, infelizmente, mas parece que o aprendizado está passando, mesmo depois de recentes 21 anos de amargor e horror. Eles querem ser os que dão o golpe de misericórdia. Acham sempre que o deles será o de Mestre.

No amor, tem o tal Golpe do Baú, por exemplo, coisa antiga, que tanto apavora os ricos até que sejam enredados. Tem o Golpe da Barriga, outro, bem démodé, que tantas crianças infelizes põem no mundo, nascidas apenas para render, e que é constante sabermos de mais um, mesmo que a princípio se mostre cheio de encantos românticos e legais. O amor, aliás, origina uma série de formas de engano que levam a dar – e tomar – muitos golpes. Que machucam muito.

Os idosos, em geral, são as maiores vítimas de tudo quanto é tipo de golpe, às vezes até vindos de suas próprias famílias ou de quem eles ousaram confiar.  O golpe do bilhete premiado é um dos mais comuns. Bobo, até, mas ainda acontecem. Para catar a sofrida aposentadoria, os golpistas têm se esmerado em criatividade. Uma maldade sem igual.

Não está fácil para ninguém se livrar deles, dos golpes, porque estão vindo de todos os lados e formas; nos e-mails, nas redes sociais, no tal zap, com hackers malditos que invadem tudo. Nos roubam e se divertem. Não pode haver distração para não cair nesse buraco. No telefonema que avisa sobre o “sequestro” de alguém; nas instituições fantasmas que pedem doações, nos boletos falsos, nas compras que não chegam. No motoboy que vai buscar o cartão “clonado”! Até os que entregam a comida agora tentam passar valores extras no cartão. Na compra e venda de carros que nem existem. No emprego que, para conseguir, tem de pagar antes alguma “taxa”. No imóvel lindo da praia, das sonhadas férias, que, alugado, era apenas um terreno baldio iludido por uma foto tirada da internet.

Os golpes financeiros estão atingindo sofisticação máxima. É Pix e pow, golpe! Bitcoins, rentáveis, pirâmides que sempre acabam demolidas com vítimas nos escombros e na miséria. Notas falsas; outro dia apareceu uma de 420 reais! (que bicho teria na estampa? – a hiena, certamente, porque os golpistas dão muita risada na cara dos que enganam).

O nosso maior problema é estarmos totalmente nas mãos dos bandidos de todas as classes sociais (e partidos, e ideologias, e tudo o mais). Sem defesa. A polícia diz que vai investigar. Os bancos ficam mudos, e mudos continuam. As agências reguladoras e órgãos oficiais não mexem o traseiro para evitar o vazamento de dados – esses, vendidos nas esquinas do comércio popular. Os meus, os seus, os nossos. Os deles, em geral, são bem guardados.

Tomamos golpes de todos os lados. Até de falta de ar ao encontrar os preços subindo em escalada, com o momento aproveitado por oportunistas, só aumentando a fome, a miséria, o subdesenvolvimento. São golpistas esses que adoram essa confusão que está o país, insuflam os conflitos que jogam fumaça nos olhos. Esses que querem arregimentar “patriotas” para o caos com seus estúpidos argumentos e mentiras.

Insolentes, aproveitadores, os que deviam nos proteger, ameaçam com golpes e agora até na bovina versão de “contragolpe”, seja lá o que queiram dizer com isso.

Urgente, que tenhamos, sim, um golpe, mas de sorte, e que nos livre de todos esses males.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os medos nossos de cada dia. Por Marli Gonçalves

Nossos medos, os meus medos, os seus medos. Todo dia ouvimos falar em retomada. Flexibilização. Dá uma angústia, ao invés de alegria, por não vermos o bicho totalmente dominado. Vemos as ruas cheias, inclusive de caras de pau sem máscaras gritando suas ignorâncias. Nas cidades, o som do burburinho, das buzinas. Vacinados, muitos, mas mesmo assim, vulneráveis; uma dose, duas, três, contando com a da gripe. Você já se sente seguro?

medos

Todos os dias ouvimos também os ecos das variantes e suas letras gregas mais transmissíveis e terríveis; sabemos de pessoas próximas doentes. Importantes, morrendo, mesmo depois de ter feito tudo certo. Como passarinhos que saem dos ninhos, e acabaram atacados por gaviões que os esperavam, silentes. Países se fechando de novo por muito menos do que o que ocorre aqui, onde ultimamente desgraça pouca é bobagem, a começar nas políticas, incluindo os malfeitos e a guerra das vacinas que não chegam aos braços, mal distribuídas. A tal média móvel que nos informam num sobe e desce infernal e ainda números absurdos de mortes e contaminações – registre-se, essas são apenas os dados oficiais desse Brasilzão de Deus, onde um grita e o outro não escuta. De dez mil em dez mil, fica mesmo difícil estar tranquilo.

Pouco se fala dessa angústia, não temos ajuda real que anime a sair por aí, o que torna difícil não cuidar apenas de um dia após o outro, e olhe lá. Medo, temor, receio, pavor. Ansiedade, insegurança. Tudo muito próximo.  Parece uma praga, uma tranca. Mais de um ano e meio depois, a estranha sensação de que o mundo não só mudou, mas que está travado, correndo atrás de seu próprio rabo, em círculos e ondas. Sem saber exatamente, e o que é mais estranho, de nada, nem do tempo que as vacinas protegem, nem de como controlar as novas cepas, o que pode vir por aí em novas ondas, muito menos como fazer o que nós, individualmente, já estamos sendo obrigados, a tal retomada, girar a roda. O nariz fora da porta, o pé na rua, a vida social, uma tal vida normal que, creio, para as gerações atingidas ainda por muito tempo de nada será normal, até que isso tudo seja pelo menos um pouco ultrapassado.

Aliás, e até mudando de tema, embora tudo pertença a um pacote só, os relatos sobre os problemas ambientais que ouvimos esses dias já é outro bom motivo para tremedeiras: aquecimento global, derretimento de geleiras, incêndios, enchentes, frios e calores intensos – já não são mais previsões, mas o que até já estamos presenciando e ainda há quem duvide.  Tudo muito interligado, as doenças, os fatos, a natureza. Nossa saúde.

Sou marcada, não por uma outra pandemia que não tenho século de vida, mas por uma epidemia, a da Aids, que nos anos 80 e 90 vivemos de perto e levou embora muitos amigos, e o meu melhor amigo. Ela nunca passou, apenas mantém-se controlada e como há ainda hoje quem não acredite que esta também afeta a todos, foi sendo deixada num cantinho, sem cura, sem grandes avanços na pesquisa, mais de 30 anos depois, empurrada com a barriga. Agora, inconformada, perdi de novo muitas pessoas importantes, trechos de minha existência, de nossa história, a minha e a do país.

Nessa realidade do coronavírus o mundo até levantou o bumbum da cadeira, aliás deve ter quem esteja ganhando muito com isso. Mas não é o suficiente para acabar com o medo. E em um momento que tudo quanto é tipo de maluco negacionista esteja aproveitando para angariar seguidores, aproveitando o progresso nas comunicações, especialmente a internet, para disseminar mais ainda mentiras e esse pavor que nos faz não reconhecer mais nem os próprios familiares, amigos, vizinhos, como no piores filmes de ficção: viraram seres possuídos por um mal para o qual, parece, não há exorcismo, informação, livro, atestado que cure.

Escrevo sobre isso, sobre esse sentimento que nos paralisa, porque estou vendo que pouco se fala sobre o que passa dentro de cada um de nós, esse mal estar, e que temos sempre tanta dificuldade para expressar. Sei que não estou sozinha e, como todos, reconheço que não temos mais muito tempo a não ser realmente enfrentar, fazendo tudo direito continuamente, e dando a mão a quem precisa – são muitas essas pessoas, em todos os locais,  ao seu lado – da forma que nos for possível.

Coragem. E terceira dose já!

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – O presidente boko-moko. Por Marli Gonçalves

Vamos relaxar, brincar um pouco, pensando no presidente boko-moko. Ele está fazendo tudo para o país, tal qual caranguejo, andar para trás e pros lados. Quer voto impresso e, entre outras, com a sua turma ataca nossas importantes conquistas. Só tirando muita onda com a cara deles, lembrando do que, então, poderíamos até querer de volta também.

PRESIDENTE BOKO-MOKO - FICHAS TELEFÔNICAS

Escrevo na máquina de escrever? Mando para vocês via telex, ou no teco-teco? Ah, já sei, enviarei um fax. Ou reproduzirei por mimeógrafo. Claro, só depois de comprar um pergaminho, que preciso perguntar onde tem. Telefonarei do orelhão com minhas fichas, que a fila da Telefônica lá da 7 de Abril está grande, dando voltas – muita gente querendo o plano de expansão. Mando um bip? Vou é jogar na loteria para ver se me arrumo na vida. Tem de furar o cartão da loteca.

Subo ou desço a Rua Augusta a 120 por hora? Olha só quantos Gordinis, Romisetas, que lindos SP1, coloridos, e cada cor tinha nome no documento. “Lanchas”, como o Galaxy, o Dodge, bancos de couro que a gente escorregava para lá e para cá a cada curva. O russo Lada, dizem, só vai aparecer quando cair uma tal de proteção nacional, de um tal presidente contra marajás, que também vai cair – pelo menos foi o que a vidente em borra do café disse.

Não, vou paquerar. Para achar os endereços, Guia de Ruas, aquele catatau. Qual tênis uso? Pampero, Conga, Bamba, Kichute? A bota branca, né? Olha só o cara com chinelo de borracha de pneu e bolsa com franjas. Cabelo Pantera ou capricho no laquê? Gente, olha aquele arrumadinho! Comprou na Ducal? Na Casa José Silva? Mesbla? Ah, aquilo no cabelo dele emplastrado é gomalina. Deve ter passado lá no Banco Nacional. Ou terá sido Sudameris, Bamerindus, Banespa, Real? A lista é grande dos bancos falecidos.

É, já tivemos mesmo muitos bancos, grandes, mas agora temos só uns três para escolher. Lembrei até de minha primeira conta, que abri no Sudameris, lindo o nome completo: Banco Francês e Italiano para a América do Sul. Achava tão glamuroso. E o talão de cheque, então? Era azul marinho, cheio de estrelinhas. É, talão de cheques é o nome daquele bloquinho que a gente recebia para usar, muitas vezes sem fundinhos. Sim! Tinha cartão de crédito. Era passado numa maquininha com papel carbono. Aliás, tudo usava papel para desespero das árvores.

Cadê os parques de diversões? Tinha um bem legal aqui na Avenida Santo Amaro, e o primeiro PlayCenter na Avenida Brigadeiro, com tobogã? Depois, foram morrendo também, ou ficando enormes e muito mais caros e inacessíveis. E a maçã do amor, os realejos com seus papagaios, tudo foi ficando distante.

Deu fome: o coquetel de camarão que era só pra quem “podia”. As panquecas do Rick Store. Oi, tempos do Hamburgão, Hamburguinho, Chico Hambúrguer, que era bom demais se lambuzar. De sobremesa, banana split. Ou, mais chique, mousse de papaia com pingadas de licor de cassis. Nossa, nunca mais os sonhos da doceira Abelha. A Dulca ainda existe, mas que decepção! Sem baba-rum, sem aquelas dezenas de opções, hoje sobrou só um mil folhas, mas sabe como é a economia, né? Agora dá pra contar as tais folhas. Cuba Libre (que assim seja! – logo, um dia!), Ginger Ale, Seven Up, Grapette, quem toma repete!

Mas a gente se divertia sim. Às vezes até cometendo pequenos crimes. Você teve o anel brucutu? O brucutu para fazer esse anel era uma peça, o bico do lavador do para-brisa dos Fuscas. Ah, era deixar o fusca na rua e lá ia embora o brucutu. Só valia se fosse assim, roubado.

Na moda não dá pra falar muito porque parece mesmo que tudo vai e volta. Tinha courvin, helanca, salto carrapeta. A revolucionária mini saia, usei muito, o que me valeu até a brincadeira à época de ser a jornalista com o cinto mais largo da redação, olha só! A calça de duas cores, a boca de sino, a cintura alta, a baggy. A modelo Twiggy, a mais magra da história, que era quase um olho com cílios, de vez em quando a gente vê alguma na rua. Hoje tem mais essas botocudas, com bocas que parecem ter sido picadas por abelhas selvagens, unhas em inexplicáveis e desajeitadas garras, com as quais devem até se flagelar em algumas horas, se me entendem.

Esses dias li por aí alguém falando sobre skates, como uma coisa de 20 anos atrás. Socorro, Revista Pop! Diz para eles que por aqui isso é coisa bem mais antiga, de quase 50 anos, madeira e rodas de patins o sucessor do rolimã. Eu estava lá, raras meninas, descendo as ladeiras de uma praça no Sumaré, tinha uma boa no Morumbi. Até que a polícia dava uma “batida” e a gente tinha de sumir.

Para finalizar, só tem uma coisa, importante: esse retrocesso todo que o presidente Boko-Moko insiste e está levando o país, além de querer a volta do voto impresso, não é legal, como essas lembranças. No passado tivemos mesmo coisas muito boas, sim, mas foi exatamente nesse passado que vivemos também uma ditadura, uma noite de 21 anos nessa tal pátria amada ao som de Don e Ravel, ame-o ou deixe-o.

Caiu a ficha?

*- Boko-moko: brega, kitch, cafona, ultrapassado, de mau gosto, fora de moda, gosto ou atitude duvidosa na estética. Gíria dos anos 60 e início dos anos 70.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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BOKO-MOKO

ARTIGO – Estamos numa fria. Por Marli Gonçalves

Entramos e estamos numa boa fria, numa gelada, num enorme saco sem fundo. É tanta coisa acontecendo de esquisito, de ruim, e sem que possamos resolver de vez ou tomar medidas rápidas e objetivas – a solução não está só em nossas mãos, mas na de todos e em tantas mudanças e acertos – que só resta, sei lá, espirrar. Espirrar com muitos desses culpados de nossa frente

Saltos, piruetas, manobras espetaculares no asfalto, nos tatames, no mar, fôlego na piscina; as mulheres arrasando, a garotinha em cima do skate, a outra bailando com movimentos precisos bem na cara de suas próprias dificuldades. Orgulho, vitórias, e não só, também as derrotas, trouxeram distração para mais de 100 metros nas notícias e madrugadas olímpicas. Vimos novamente, felizes – mesmo que por instantes – a bandeira nacional tremulando sem que ela nos causasse essa certa repulsa que tanto fizeram que conseguiram nos fazer dela até enjoar nos últimos tempos.

Soubemos das incríveis lutas e histórias de superação dos atletas – os vimos felizes e também desolados quando ficaram pelo caminho em suas modalidades. Pelo menos ali acompanhamos um país se esforçando, lutando para se firmar e melhorar. Temos mais alguns dias para acompanhá-los e torcer.

Mas agosto está aí, sempre teremos agosto. E já está vindo embalado pela pandemia que continua matando muito mais de mil pessoas por dia e querem que isso pareça normal, quando vemos outros países indo e voltando de medidas restritivas nesse vaivém estonteante. Aqui, o pimpão prefeito do Rio de Janeiro, por exemplo, decretou que vai estar tudo bem até o outro mês e até já marcou feriado e festa. Uma vergonhosa corrida de Estado contra Estado, cada um querendo parecer melhor que outro, em campanha aberta, como se não bastasse o furdunço que virou o Governo Federal.

Às vezes acho que a água que os dirigentes e responsáveis pela condução do país tomam contém mesmo alguma coisa a mais – só pode ser. Não atingimos ainda nem os 20% de imunizados com as duas doses. Há ainda um inacreditável número de pessoas contrárias às vacinas ou que não voltaram para a segunda dose, quando necessária, como o é para a maioria. Ainda vemos quem tenta escolher qual marca tomar – e muitos desses estão tombando pelo caminho. O Ministro da Saúde ousa proclamar vitória e ações do governo, como se não tivéssemos já quase 560 mil mortos e mais de um ano e meio de pandemia muito mais cruel por causa dos erros deles.

Agora, as aulas vão voltar – e não se tem a menor ideia de como resolveremos os sérios problemas da Educação, da evasão, do atraso no ensino. O Ministério? Além de uma fala maluca do ministro, outro batendo no peito por feitos não feitos, pôs no ar uns anúncios moderninhos. Volta também o showzinho diário da CPI que, quando acabar, teremos um relatório enorme, e precisaremos torcer muito é para que ele não vá dormir em alguma gaveta.

Quem chacoalhou esse país para ele estar assim tão dividido? Quem abriu a tampa do bueiro para tantas absurdas ignorâncias? Um queima o Borba Gato; outros vêm e jogam tinta vermelha nas homenagens a Marighella e Marielle. O fogo queima nossa memória. As mentiras e notícias falsas se espalham e ecoam. O presidente monta um circo para dizer o que já sabíamos de suas acusações sobre as eleições – que ele não sabe de nada, não prova nada e isso é só mais um assunto para manter o percentual cada vez mais baixo de quem o segue, ainda achando que ele presta, mesmo vendendo seu mísero poder para outros míseros carrapatos que grudam em tudo que é governo, seja de qualquer lado do colchão. Não adianta virar, desvirar, por ao Sol.

É inverno e até o frio intenso e recorde que há muito não aparecia ataca o Sul e o Sudeste, expondo nosso total despreparo para qualquer situação extrema e a miséria que grassa nas ruas que acomodam friamente mais milhares de recém-chegados. Os preços disparam, sem controle, enquanto turistas fazem horrorosos bonequinhos de neve e a geada acaba com as plantações.

Estamos mesmo numa fria na qual entramos sem saber ainda como sair dela, estranhamente escaldados.

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Sob e sobre ameaças. Por Marli Gonçalves

Vivendo sob constantes ameaças, e que só aumentam, vindas de todos os lados. Não bastassem as lutas para controlar a pandemia, o surgimento de novos vírus e outras doenças esquisitas, os problemas com energia, água, temperatura, economia, no Brasil vivemos mais um pesadelo, o político. Qualquer homenzinho, ou serzinho verde oliva, agora aparece cheio de marra, e ameaçando a democracia.

Ameaças

Temos muitas dúvidas, perguntas, pedidos de esclarecimentos, e temos ouvido quase sempre as mesmas não-respostas. Repara quantas vezes, nós, da imprensa, perguntamos, perguntamos. “Mas até o momento não obtivemos resposta”. Todo dia. As revelações, gravações, denúncias, fatos e fotos, falas e gestos se sucedem.  Parece que estão brincando de governar, e estão; sem rumo. Mas jogam pesadamente pelo poder – e com as nossas vidas.

Para quem já viveu momentos difíceis, apenas uma clareza: antes, sabíamos exatamente o que, quem, como estávamos combatendo ou de quem deveríamos nos defender. Agora, apenas a ignorância grassa e é como se o inimigo morasse ao lado, e possa surgir nos surpreendendo. Os descobrimos entre pessoas próximas, amigos, familiares, numa divisão sem igual. Contaminam todos os ambientes.

Os ataques podem ser tão sub-reptícios que até uma deputada acorda machucada, com fraturas, e sem saber exatamente o que ocorreu denuncia poder ter sofrido um atentado. Muito louco? Não, se pensarmos que agora tudo é mesmo possível, inclusive para quem amigo deles era; e inimigo deles, virou. O que aliás tem sido muito comum: o abandono desse barco que navega sem sentido e em uma tenebrosa maré. Maré obscura, armada, violenta.

Ultimamente, não sei como, descobriram uma palavra que usam para tudo e que duvido saibam exatamente qual o seu sentido: “narrativa”. Escuta só uns minutinhos de CPI. Escuta um minutinho do discurso de justificativas e negações deles. Até o presidente, que não é o maior afeto ao vocabulário humano, outro dia disparou “narrativa” para lá e para cá. Lá vem ela: tudo que os afeta é narrativa incorreta.  Só a deles – e que vem eivada de ódio e erros – é que deveria ser ouvida.  Tentam adestrar com decorebas os seus bovinamente seguidores, pouco importa o que falam, mesmo que logo depois contradigam-se.  O recheio de informações falsas que usam cria uma espécie de hipnotismo, repetições ao molde de treinamento de animais. Contam um conto, aumentam muitos pontos.

Isso não é ideologia, direita, esquerda, volver, nem centro, nem de cima nem de baixo. Para ser ideologia tem de haver inteligência, conhecimento, estudos, lógica, contraposição, debate. Assim a gente descobre porque é tão difícil lidar com eles, são apenas chucros estes que estão no pódio do poder central, ladeados por muitos outros, instalados em outros poderes. Infelizmente, inclusive na imprensa, muitas vezes a pesados soldos.

Agora a questão é duvidar das urnas eletrônicas, pregando o voto impresso, mesmo que se diga e repita a confiança nessa forma de voto. Não deve passar essa iniciativa. Tomara que não. Mas eles inventarão outras ameaças nesses meses que antecedem a eleição do ano que vem, e que infelizmente ainda não nos apresenta uma lista de candidatos fortes o bastante para recolocarem o país nos trilhos.

“Se urnas são confiáveis, dá um tapa na minha cara”, pede Jair Bolsonaro, ao duvidar do próprio sistema eleitoral que o elegeu, sem apresentar provas.  Será que vai ser preciso agendar? Pode entrar quantas vezes na fila?

Ele que está pedindo. Nós não ameaçamos, mas ainda creio que saberemos como nos defender.

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ARTIGO – Gangorra ou de pulinho em pulinho. Por Marli Gonçalves

Assim vamos indo, de denúncia em denúncia. Aos sobressaltos. De pulinho em pulinho, na gangorra do sobe e desce, do que vai e do que vem. O título da coluna seria “de soluço em soluço”, e que eu já estava pensando bem antes, vocês sabem de quem, começar a soluçar e dar golfadas. Mas não é sobre a saúde do presidente, pelo menos não só, mas sobre o Brasil e os nossos enormes sustos do dia a dia.

gangorras

Troquei o soluço pela ideia que estamos saltitantes sobre fogo e subindo e descendo. Uma coisa, uma hora; na seguinte, já não é mais nada daquilo. Pode ser melhor, mas em geral tem sido é pior. Chega a tontear a quantidade de informações que recebemos, vindas das mais variadas fontes. Ultimamente em on, off, ou ainda com sons de claras gravações de voz ou ainda quando assistimos vídeos completos comprovando as barafundas, negociatas. Fora, com CPI a pleno vapor, documentos, e-mails, ofícios para lá e para cá que vêm à luz, de acordo com a maré, investigações ou interesses.

Ah, falei CPI a pleno vapor. Esquece. Apenas fumacinha, brasinhas, pelo menos nas próximas semanas. Que no meio da coisa quente, pegando fogo, eles resolveram entrar em recesso, que férias não é privilégio só dos juízes e apresentadores de tevê importantes. Fuémm.

Um dia está tudo bem, a economia está “crescendo” – e nos mostram percentuais em geral só de zero vírgula alguma coisinha. No outro, surgem as quedas, mas de dados como níveis de emprego, atendimentos, sempre de percentuais com mais números bem gordinhos antes da vírgula do percentual. A verdade é aquela: só procurar que acha. E temos tantas letrinhas pra procurar, PIB, taxas, juros, inflação, projeções e estatísticas que sempre depende se a procura for por notícia boa, média ou ruim. Depende do dia. Tem dados para todos os gostos. Difícil fica é acreditar em alguns.

Na política, a coisa tá louca. Desarvorada. Há dias com uma série de acontecimentos tão quentes que você acha que o governo não vai resistir nem até aquela noite.  Você fica que nem maluco tentando acompanhar e entender tudo, vê a terra tremer. Aí a noite chega e nada. Você vai dormir, e quando acorda corre para ver se eles ainda “estão por ali”, e lembra que se não estiverem você até ficaria bastante feliz. Mas, na verdade, tudo recomeça especialmente com os arranjos que são feitos na calada das noites.

Nos últimos dias, o DataFolha disparou a fazer pesquisas e o resultado delas –  nada me tira da cabeça  –  creio que  foram as responsáveis por uma boa parte dos soluços do presidente, mostrado em queda livre, perfilado pela maioria da população inclusive como inábil, pouco inteligente, entre outras absolutas verdades reveladas, essas pouco secretas, que no caso não se trata de novela das onze. Entalou. Entupiu. Deu indigestão.

O corpo fala. E o de Bolsonaro estava e está gritando faz tempo. Pelos olhos, pela pele, pelos poros, e até pelos perdigotos. É sabido que soluços podem ter causas psicológicas como ansiedade, tristeza, agonia e depressão.   O corpo somatiza.  Verbaliza que algo não vai bem na mente. E a cura depende, além de medicamentos, do reconhecimento das emoções e sentimentos. E esse reconhecimento, no caso, não ocorre. Só ejeta ódio. Somatização é coisa séria.

Enfim, todos nós somatizamos em algum momento em nossos corpos os sentimentos estranhos. No caso do presidente, fiquei preocupada porque nas minhas pesquisas aqui descobri soluços associados a histerismo. E, pelo menos por enquanto, os médicos o estão tratando com remédios, ou seja, talvez nem tenha mesmo ver com a facada que levou durante as eleições de 2018. Talvez apenas estejam lhe dando calmantes.

O problema é que essa gangorra toda que estamos vivendo não faz bem a nenhum de nós, que ficamos sem saber para onde correr sem que o bicho pegue – literalmente, se pensarmos no vírus que também não para de pregar peças no mundo todo, com seus vaivéns preocupantes.

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ARTIGO – “Teje” preso! Pode levar. Por Marli Gonçalves

Desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente. E muito mais diríamos se nos fosse perguntado, incluindo aí genocida, assassino, atrasado, perigoso e, agora começa a se comprovar, corrupto. Essa semana o sentimento nacional – sobre o perfil do presidente Bolsonaro – ficou mais evidente com o resultado da pesquisa DataFolha. Lava a alma. Desconsideração? Não, apenas a verdade sobre quem nos desconsidera diariamente com insultos, mau gosto, ameaças e impropérios.

forno - teje preso pode levar

“Teje preso”. Pode levar.  A fala do presidente da CPI da Covid, Senador Omar Aziz, ao mandar prender Roberto Dias por não suportar mais, depois de horas novamente ouvindo mentiras de mais um depoente, ainda ressoa. Foi a gota d’água. Já tinham deixado passar um general, o coronel, outros assessores, mas ficou claro que para tudo tem hora. E que ela chega, o que nos dá esperanças de conseguirmos reagir a esse momento que a cada dia fica mais delicado, incerto.

Nada está bem. Tudo muito perigoso, com claras ameaças vindas inclusive de militares bolsonaristas de alta patente, com os quais o presidente se cercou, e que o faz se achar acima de tudo e de todos.

 Há semanas em que a temperatura política atinge a marca da fervura, e a panela transborda. Pois não é que essa semana, enfim, colocaram Bolsonaro na forma para assar, acompanhado por um molho de ministros, militares, assessores, familiares, corrupção pesada, mentiras deslavadas? Não digo que ele tem uma maçã na boca, porque é um ser tão escatológico que dela só saem as piores coisas, bem estamos vendo, mal estamos ouvindo.

O prato está no fogo, mas ninguém consegue dizer qual será o seu sabor, até porque diariamente passa perigosamente do ponto. A carne principal não é de boa qualidade; aliás, é péssima. E os complementos também são de quinta categoria, gente estragada ou pelo passado ou pelo presente, sempre pelos mesmos motivos: poder, corrupção, ganância, despreparo, ignorância. Acenda a luz do forno: o resultado já soma mais de 530 mil mortes de brasileiros, milhares delas evitáveis, fato comprovado por vários cientistas. Se houvesse vacinas, se tivesse havido comando, se não houvesse tanto negacionismo e ignorância, se respeitadas e incentivadas tivessem sido as medidas de proteção e isolamento social. Foram e estão indo embora nossos parentes, amigos, brasileiros que certamente ainda viveriam por um país melhor.

Essa turma que nos desgoverna não merece qualquer condescendência. As pesquisas DataFolha divulgadas essa semana sobre o perfil de Bolsonaro e intenções de voto, mostrando como já é rejeitado por mais da metade da população, descendo a ladeira, esclarece o tamanho da encrenca em que fomos metidos com a sua eleição.

Contudo, já há aglomeração na porta do desembarque, tanto de eleitores arrependidos, quanto de muitos que acharam bonito brincar de política elegendo um capitão naufragado que ousaram erigir como candidato ao maior cargo do país. E eles bem sabiam quem era o tal sujeito. Que não era adequado, nunca foi, nunca seria. Pensaram, talvez, que o controlariam. Mas gente desonesta, falsa, incompetente, despreparada, indecisa, autoritária e pouco inteligente é apenas perigosa. E chegamos a esse estranho momento de retrocesso, ao perigo que o mundo inteiro assiste também assombrado. Que nos envergonha, empobrece, castiga.

Essa semana ouvimos um Basta! mais “redondinho”.  A própria direita agenda protestos para setembro, que eles gostam de ter mais tempo de se arrumar. As provas começam a surgir em dossiês, nos depoimentos, e como o próprio presidente que aparece cada vez mais afoito deve temer, em gravações que surgirão revelando seu conhecimento sobre falcatruas que deixou passar.

Ele está fora de si, mas nós não podemos estar. E, entre as batalhas que devemos travar, está a de impedir a aceitação pelo Congresso da indicação do nome do terrivelmente evangélico André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal. Outra, a de impedir que sejamos obrigados ao voto impresso nas eleições do ano que vem, que parecem distantes, mas estão sendo urdidas à luz do dia.

Enfim, impedir todas as ações desta escalada golpista no país que tem fome, e não pode ver acabar a energia, a luz e o gás que ainda lhe resta.

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ARTIGO – Claudicantes, na corda bamba. Por Marli Gonçalves

Sem saber mais em quem acreditar, no que acreditar. No que realmente está por trás dos acontecimentos. Que momento estranho esse que nos faz parecer sempre estar se equilibrando numa extensa corda bamba e frouxa. Ou, se trapézio fosse, é como se nada haveria para nos dar sustentação do outro lado

CORDA BAMBA

Uma dancinha desajustada. Dois passos pra a frente, logo dois atrás, um para um lado; depois para outro. A coreografia do momento é essa, desconcertante. Quando a gente começa a pensar que as coisas – ôba! – vão andar, atingir um mínimo de normalidade, chuáá, lá vem a água fria. Abre aqui, fecha ali, tudo muito chutado, estranho, descoordenado.

Os fatos se sobrepõem, as lacunas são cada vez maiores. O bombardeio de informações é contínuo. Os planos ficam pelo meio do caminho. Sonhos interrompidos. Vidas interrompidas. Os números que flutuam dia após dia, e que acompanhamos como se deles entendêssemos realmente. E quando se busca a realidade, bater a real, como se diz, percebemos que no fim é mesmo cada um por si. Salve-se quem puder. Poucos podem. Resta ter a certeza de que estamos vivendo para ver um dos momentos mais delicados da história mundial e, especialmente, nacional.

Confusos? Não mais do que os atônitos parlamentares que acompanhamos no desenrolar da CPI que há meses faz a dancinha do caranguejo. Uma hora surge uma fantástica revelação na qual acreditamos piamente que irá nos livrar do martírio político que há anos nos aborrece diariamente. Em outra, os vemos batendo cabeça, porque juntam coisas com as quais não sabem lidar, o velho filme das CPIs que acabam apenas sendo como novelas que acompanhamos no horário nobre e que agora nem valeria ver de novo nesta urgência em que clamamos e necessitamos de soluções.

O contador da morte não para e avança além do meio milhão rapidamente. Mais de mil mortes por dia parece que nem arranham mais, que nada significam – e tentam nos convencer que está tudo bem; só um pouco mais de 12 % da população vacinada de forma completa e as porteiras começam a serem abertas para ver no que dá. Viramos experimentos. E vemos o pior da humanidade, a desumanidade, o oportunismo, o acentuamento da desigualdade.

Mas quem disse que não temos assuntos? Os impropérios proferidos pelo presidente todos os dias. O ministro que – sem enrubescer – vai na tevê nos “acalmar” dizendo que não vai ter racionamento de energia elétrica, a mesma que tem reajuste de mais de 60% – claro que não vai ter! Ficaremos no escuro, nem à luz de velas, que o preço delas também está pela hora da morte. Caia na estrada e perigas ver voltarmos à era de esfregar pauzinhos para fazer fogo e cozinhar.

O governador presidenciável ganha as manchetes assumindo ser gay em entrevista combinada. Ótimo, que bom, aplausos, mas qual foi a pressão, super natural, para que o fizesse agora, mais de dois anos de eleito? Surpresa para quem? Teria sido apenas mais uma planejada jogada de marketing? Nada parece sincero nesse mundo onde apenas poucos conseguem planejar seus passos.

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ARTIGO – Cringe? Mas o que é que é isso, minha gente? Por Marli Gonçalves

Cringe? Algum Trapalhão falando? Alguma ferramenta de desentortar parafuso? Ah, ainda está é para nascer quem, independente de geração, seja X, Y, Z, XPTO, venha dizer o que usar, fazer, vestir, pensar, para ganhar algum imbecil selo de aprovação social. Rótulo é para produto em prateleira de supermercado.

CRINGE?

Pois eu vou cringear uns tantos! Está tudo bem, maravilhoso, não? Ninguém mais tem o que fazer, no meio dessa hecatombe que estamos vivendo, além de querer patrulhar costumes? Decidir, impor, o que pode ou não pode, o que é legal ou não?  Mais uma bobageira surge com o tal termo da moda para os uniformizados que seguem os tais influenciadores – cringe, que chatinho! Vergonha alheia, o que significa? Ok. A gente tem, mas você bem sabe de quem, no momento. Aliás…

Um país caminhando para a lama movediça e a moçada (termo bem cringe…) aqui do pedaço, e que adora copiar gringos, vem querer ressuscitar “guerra de gerações”? Milennials (nascidos nos anos 80) X Geração Z (anos 2000 em diante) andam se batendo por aí querendo determinar o que se deve ou não fazer, usar, vestir, ver, viver, etc.

Chegou ao cúmulo da idiotice. Engraçado é que ultimamente eu já vinha reparando num expressivo aumento desse tipo de coisa, de comportamento, mas que ainda não tinha nome, nem ainda era “moda”, pelo menos nem tanto para ganhar, como agora, matérias e matérias discorrendo nababescamente sobre o que significaria o tal termo cringe. No Instagram, a hashtag #cringe já passa de 23 milhões de publicações. No Tiktok, vídeos com essa hashtag já ultrapassaram 10,5 bilhões de visualizações. No Google a busca pelo termo cringe aumentou 70% nesta última semana.

Esse politicamente correto de querer obrigar – especialmente entre os mais jovens, adictos de redes sociais e adoradores da vida de influenciadores digitais, essa nova espécie humana – a seguir uma régua é um malefício tão grande à diversidade, à liberdade, que dá nos nervos, especialmente de quem, como eu da geração lá atrás, chamada Baby Boomers, nascidos nos anos 50 em diante.  Lutamos tanto por conquistas, pelo futuro, pelas revoluções, tanto sangue se perdeu nisso! Para agora virem nos dizer que – é bobagem desse nível, escuta só – por exemplo, que café da manhã é cringe. Que falar boleto é cringe. Qual emoji usar! Paro por aqui para não enjoar ninguém. Que a lista é longa. A palavra, em inglês, existe, e na verdade é verbo. Significa: sentir-se muito envergonhado ou constrangido; encolher-se ou recuar com medo de alguém ou algo que pareça poderoso e perigoso. Sentir-se “cringido” é, então, sentir-se menor, pior?

Querem coisa mais reacionária do que isso em comportamento?

Mas, como ia dizendo, e já estava até mesmo prevendo escrever sobre isso alguma hora, venho me irritando muito em perceber como algumas pessoas – na verdade gente sem graça e sem personalidade – gostam muito de tentar estabelecer o que é que é “chique” – e falam assim, como se fosse grande verdade, acentuando o “chique”. Daí – só pode ser – o número de carros prata, gente cinza, prédios cinza, prédios e pessoas beges e assemelhados, essa sem graçura que domina o que é “aceito” socialmente, inclusive tentando determinar a idade de quem pode ou não pode usar isso ou aquilo, se não quiser receber risadinhas, olhares de muxoxo ou reprovação. O .

Viva a comunidade LGBTQIA+, esta que subverte, colore, se revolta e modifica, se arvora e bem por isso tem conseguido se destacar e se impor em meio à mesmice. Ela é a reação de todas as gerações a esse maldito maniqueísmo que hora ou outra tentam nos impor, inclusive e especialmente na política.

A propósito, alguém pode me explicar que “mané” é essa nova onda de ser “embaixador/ embaixadora” que acomete o país? Ninguém mais é representante de marca ou causa. Agora é “chique”: contratam pessoas famosas para serem embaixadores e/ou embaixadoras. No meu tempo, que é o dos dicionários, o sentido é outro: 1.  categoria hierarquicamente mais importante de representante diplomático de um Estado junto a outro; 2. na carreira diplomática, título de ministro de primeira classe.

Coisa mais cringe essa, né?

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